Capítulo III – A Sala Flutuante

- Onde é que...? – Ia eu perguntar, mas logo tive a minha resposta.

Aquilo parecia a cena da plataforma 9 e ¾ da estação de King's Cross em Londres.

Sempre em frente e passámos para outra área.

Era uma sala não muito grande, mas muito bem decorada. Apesar de eu não admirar muito aquelas cores, o preto, o verde e o prateado, faziam uma bela combinação.

No que eu reparei logo, foi no magnífico tapete, preto com alguns fios prateados. Muito moderno, rectangular. Num dos cantos opostos estava um grande sofá verde-musgo, que com certeza já havia servido de cama a Malfoy, visto estar todo amassado e com as almofadas todas desarrumadas. Em frente deste havia uma mesa baixa, com um grande tampo. Estava cheia de livros antigos abertos e uns pergaminhos escritos. No chão, uma pena dentro do frasco da tinta mostrava que o habitante havia abandonado a sala com alguma pressa. No outro canto da sala, estavam duas grandes estantes de madeira escura. Haviam livros que, após me aproximar um pouco (ainda em cima da vassoura), reparei serem sobre Poções e Quidditch, separados por cada uma das estantes, respectivamente. No chão, junto ás estantes, viam-se muitas almofadas negras e puffes da cor do sofá. Provavelmente era o lugar onde Malfoy gostava de estudar.

E o melhor de tudo: as paredes eram invisíveis! Ou melhor dizendo, não existiam quaisquer paredes, o que dava ao espaço um ambiente místico e surreal.

- Bem vinda à Sala Flutuante! – Disse Malfoy ajudando-me a sair da sua Flecha de Fogo.

- Tens muita sorte em ter este sítio sem ninguém para te chatear. Eu tenho de estudar quase sempre na biblioteca por causa do barulho da Torre... WoooW...

Quando pus os pés no chão da sala desequilibrei-me totalmente e pensei estar com tonturas.

O rapaz loiro agarrou-me nos braços puxando-me para junto de si quase me abraçando. Estive tããão perto daquele pescoço, daquele corpo cujo cheiro me provocava verdadeiras tonturas...!

Certo. Ele causava-me tonturas, mas naquele momento foi mesmo devido ao chão que fiquei tonta.

- É o encantamento para que a sala fique invisível. Faz com que o chão fique assim...meio flutuante. Depois habituas-te. – Disse ele com um sorriso confiante. E foi então que percebeu o que tinha dito, e pior: que ainda me segurava. Acrescentou rapidamente enquanto me desamparava os braços. – Isto é, se vieres cá mais vezes.

Eu sorri, e por um momento pareceu-me ver algo avermelhado surgir nas suas bonitas e claras faces. Não deu para verificar porque ele afastou-se depressa sob a desculpa de ir "arrumar a selva que aquele quarto parecia".

- Senta-te. – Ofereceu Malfoy apontando para os puffes, enquanto levitava os livros que estavam espalhados na mesa até uma prateleira vazia numa das estantes.

Caminhei lentamente, e sentei-me, observando-o a arranjar as almofadas do sofá. Se me tivessem dito que eu um dia ia ver Draco Malfoy a fazer arrumações, eu iria chorar de tanto rir. E, sem querer, deixei escapar um riso baixinho quando ele estava precisamente a dobrar os pergaminhos todos a monte.

- Eu sei que não tenho jeito para arrumações, Weasel. – Disse ele tirando os olhos da sua tarefa para me encarar. – Mas não ouses gozar comigo aqui, hum, pode-se tornar um sítio perigoso...digamos assim.

- Estou cheia de medo das tuas ameaças! És mesmo convencido, e eu nem estava a rir-me de ti. – Bradei, a levantar-me. – Não que não tivesse vontade, claro! Mas isso não é razão para me ameaçares dessa maneira estúpida. Ao Potter ameaças, e ele treme da cabeça aos pés, mas eu não sou assim, ya?

- Hey! – Ele parecia estar a ficar assustado com toda aquela raiva nas minhas palavras. Bem, sabem como é aquela teoria dos Weasly: «Cabelos vermelhos, génio intempestivo». E enquanto deixava os pergaminhos a levitar de volta para cima da mesa, ele foi-se aproximando de mim com uma expressão preocupada. – Eu só estava a brincar contigo, porque haveria de te magoar? Podes rir-te de mim as vezes que quiseres, eu sei que tenho cara de palhaço.

- Muu...Muito pelo contrário. – Como era suposto eu conseguir pensar tão perto daquela cara de anjo? E ele continuava a aproximar-se. – Não tens nada de palhaço...Errr...já acabaste as arrumações? – Acrescentei rapidamente para mudar de assunto.

- Sim, e já podemos conversar. Senta-te. – Respondeu. Desviou-se do caminho que estava a seguir e foi sentar-se no outro puff.

Respirei fundo e sentei-me de novo, agora com a minha "leoa interior" a acalmar-se (era como eu carinhosamente chamava à minha raiva).

Ele até era simpático e estava a brincar comigo.

Err, Malfoy, simpático?! Isso dar-me-ia horas e horas de riso, se eu não estivesse naquele preciso momento sentada de frente para ele prestes a pedir-lhe aulas de poções. Mas aquilo ainda não me estava a convencer muito, qualquer coisa estranha se passava naquela cabeça loira. Talvez estivesse sob uma maldição Imperius? Ou talvez ele não era nada daquilo que pensei que fosse. Nada do que Ron, Hermione e Harry diziam que ele era.

O rapaz realmente estava a tratar-me bem demais. Não que isso me incomodasse, mas não estava nada à espera daquilo. Especialmente vindo de um Malfoy. Mas lá está, provavelmente ele não era como eu o tinha imaginado.

Ou assim eu esperava...

- Então, ainda falas hoje? Ou vamos ficar a ver as horas a passarem?

Oh, ele nunca mudaria. Mesmo que estivesse sob uma maldição, aquele filho da mãe não deixava de ser um estúpido!

- Tás com pressa, é? Bem, o que se passa é...que...precisoquemedêsaulasdepoções. – Disse eu, toda atrapalhada. Podia sentir as minhas orelhas a ficarem quentes. Graças a Merlin tinha o cabelo à frente delas.

- O quê? – Perguntou Malfoy em tom de curiosidade a franzir as sobrancelhas. E acrescentou com um sorriso a formar-se no canto dos lábios-

Ah, aqueles lábios, tão apetecíveis...tão...xiu Ginny, concentra-te.

- Só percebi "preciso" e "poções". Precisas dos meus dons para fazer uma poção que não consegues, é? Realmente ouvi dizer que és uma tristeza nessa disciplina. - Disse com aquele olhar pretensioso e superior. - Talvez queiras fazer uma Poção de Amor para o teu querido Potter.

- É, preciso dos teus dons para fazer Poções – Respondi eu fazendo uma careta, ignorando o comentário sobre o Potter. – Mas não é pra fazer uma só poção. É pra fazer bastantes. Quantas mais, melhor...acho eu.

- O que queres dizer com isso?

- Muitas poções, - disse eu lentamente. Fazendo gestos de como se estivesse a meter ingredientes invisíveis num caldeirão invisível em frente a mim. Por outras palavras, estava a gozar com a cara de ignorante que ele tinha naquele momento. – durante tooodo o ano.

E desatámos a rir. Pela segunda vez naquela noite, parecíamos um verdadeiro par de amigos daqueles que se riem das mesmas piadas, das suas próprias caras e, acima de tudo, riem juntos. Quando finalmente nos controlámos, eu decidi explicar tudo direitinho.

- Preciso que me dês aulas extra de Poções, Draco. Aceitas?

- É claro que aceito! As minhas notas a poções são excelentes, posso ajudar- te na boa. Quando queres começar? Bem, se calhar é melhor virmos sempre para aqui, acho que o teu irmão não ia gostar de nos ver juntos na bibliote...Espera aí, o que é que tu me chamaste?

Ele estava a falar bem depressa como se estivesse contente e excitado com a ideia das aulas. E eu a delirar, ele aceitava mesmo ajudar-me!! Ah, finalmente a minha vingança para com o Professor Snape vinha a caminho.

Mas quando bruscamente, Draco parou de falar a meio da palavra, a sua expressão era de pura antipatia e repulsa.

Quando reparou que tinha mesmo ouvido eu a chamá-lo pelo primeiro nome...

A verdade é que eu também não me tinha apercebido de tal facto.

Mas se nós continuássemos a falar assim, como "amigos" por que não tratá-lo como um?

- Eu chamei-te pelo que julgo ser o teu primeiro nome.

- E porque o fizeste?

- Queres que te trate por outro nome qualquer?! Talvez "Idiota Malfoy" ou quem sabe "Atrasado-Mental Malfoy" ?!

Ignorando o meu sarcasmo ele continuou com a expressão séria e os olhos penetrantes e gelados como duas placas de aço.

- Se ainda há pouco me chamavas de Malfoy...

- Olha, eu não sei porque te chamei assim. Apenas aconteceu, ya? Agora, deixa- te de cenas e diz-me, sempre me ajudas em Poções?

Ele pestanejou várias vezes como que a digerir o facto de eu simplesmente tratá-lo como alguém decente e respondeu (ainda sério):

- Sim, Weasly, eu posso ajudar-te. Amanhã ás 21h vou-te buscar à Janela.

Obviamente eu não estava à espera que ele retribuísse! Mas, certamente, decepcionou-me um pouco ele não o ter feito. Estou a contradizer-me?! Ah, não interessa! O que interessa é que ia ter as aulas! Pelo menos já estava mais aliviada em relação ás minhas notas.

- Então e o teu assunto, qual é?

- Ahn...se calhar já é tarde para falarmos mais, – respondeu Draco olhando para um pulso sem relógio. – Err...não tens sono? Eu tenho. – E fingiu um bocejo.

Bocejo esse tão falso que percebi logo a jogada dele: com certeza que queria livrar-se do que me queria dizer, ou adiá-lo o mais possível. Eu mesma prendi um bocejo que ameaçava vir ao de cima e respondi com firmeza:

- Não tenho sono nenhum. Desembucha!

N/A: Aqui estão os três primeiros capitulos que já tinha prontos, a partir de agora talvez demore mais tempo a actualizar... Isto é, se houver alguém interessado em ler.. :$

Mari, obrigadão pla review.. não tava nd á espera.. (=

Espero que gostem deste capitulo, acabou assim de repente por causa da minha amiga xika k n parava d pedir mais.. :P

Se houver mais alguma alma caridosa a ler a fic.. deixe review, obg.