Capítulo V – Acontecimentos Imprevistos

Para variar, a dupla aula de Poções estava a ser terrível. Uma poção dificílima (pelo menos para mim) que deveríamos fazer em 70 minutos. Sendo que para juntar os ingredientes necessários, eu perderia uns 20. Grande-Penca-Severus Snape a retirar pontos à equipa de Gryffindor por cada murmúrio que supostamente ouvia. E o facto de ter de ouvir várias das minhas colegas sussurrar sobre a maneira de andar de um loiro no 6º ano de Slytherin, tornavam aquela aula deveras aliciante.

Aquele gajo devia pensar que eu era como as raparigas de Slytherin, todas umas oferecidas. Não me admirava nada que ele já tivesse ido para a cama com mais de metade das gajas do ano dele. Era só Malfoy estalar os dedos e elas estavam aos seus pés. Mas comigo não seria assim, não mesmo! Se houvesse algo entre nós, seria à minha maneira, e não quando ele quisesse! Oh Merlin, o que estava a eu a pensar?! Pensar em ter algo com Malfoy?

- Isto não é bom, isto não é nada bom. - Murmurei pra mim mesma enquanto enfiava para o caldeirão 5 cabeças de sanguessugas quando sabia que era suposto pôr apenas 3.

- Disseste alguma coisa Gin? – Perguntou Colin, que estava ao meu lado, a colocar cuidadosamente o próximo ingrediente da longa lista. Colin adorava fazer poções. Consta que tentou seduzir Gwen Gloda – uma das meninas do nosso ano que também ficava no meu dormitório – com uma poderosa Poção de Amor.

- Nada Colin, não disse nada.

Estava eu a ver a poção evoluir, a pensar nos amassos no sofá – e a desejar repeti-los – quando…

- Ginny, confessa lá, também o achas giríssimo não é? – A voz de Jasmine surpreendeu-me.

- Hm? Quem…de quem estás a falar? – Disse eu distraidamente retirando o meu olhar do caldeirão fumegante.

- Do Draco Malfoy, claro! O gajo mais bom do momento… – respondeu Joanne finalizando com um olhar sonhador.

O meu estômago deu um salto. Tinha estado tão longe, perdida nos meus pensamentos de raiva e desejo pelo loiro, e assim, de repente, perguntarem-me se eu o achava giro, era no mínimo constrangedor.

- Err…não, claro que não, é horrível… – respondi, e vendo os olhares surpresos e duvidosos, resolvi reformular a minha resposta – Quer dizer, ele até é giro, mas, vocês sabem, não faz o meu género. Gosto muito mais de morenos. Exacto, morenos, o loiro está tão fora de moda…

- Oh, mas é girrríssimo. – Disse Francine no seu sotaque francês, mais para ela do que para nós.

- Eu também não o acho assim tão giro, Ginny. Também não faz o género. – Comentou Gwen que estava mesmo ao meu lado esquerdo.

Gwendolyn Gloda era o seu nome completo, mas tal como eu, preferia a abreviatura.

- Obrigada por concordares comigo, Gwen. Mas agora, podiam parar de falar desse veelo? – Elas riram baixinho para não atrair Snape.

Gwen era bonita, de cabelos longos e ondulados, castanhos. Os seus olhos verdes e o seu corpo esguio e formoso eram um forte atractivo para os rapazes, contudo, ela tratava-os como Explogentos.

Assim, à primeira vista a rapariga até era simpática, prestável, e até nos dava uma boa tarde de conversa (principalmente a falar mal das raparigas dos Slytherin). Mas só mesmo uma tarde, por se tentassem repetir isso, iam ficar tão fartos dela que iriam preferir uma aula dupla de Poções. Nem o professor Snape era tão irritante como ela.

Enquanto pensava nisso, descuidei-me outra vez com os métodos precisos da poção.

Em vez de a mexer no sentido do relógio, tinha mexido no sentido contrário ao relógio.

Mas havia alguém capaz de fazer tudo o que era exactamente pedido? – Pensei desesperadamente.

Acima do meu caldeirão esvoaçava um fumo esverdeado.

Olhei em volta para os caldeirões dos meus colegas.

Se o fumo que saía do caldeirão de Joanne era de um tom escarlate, é porque era suposto estar mesmo daquela cor. Àquela ali não escapava nada, muito menos em poções. Apesar de odiar tanto Snape como todos os Gryffindors, ela adorava a disciplina. "Mais tarde há-de servir para alguma coisa." – e nunca cheguei a perceber o que ela quis dizer com aquilo.

- O que é suposto ser esse liquido pastoso e repugnante, Miss Weasley? - Quase saltei com a surpresa de ouvir a voz arrastada de Snape soar tão perto de mim.

- Err, hum, é suposto ser a Poção Opiatrum, Professor. – Disse eu, recompondo-me do susto. Obviamente tentando não transparecer o receio que tinha em relação ao estado do meu trabalho de aula.

- Pode dizer-me, Miss Weasley, quais são os efeitos que espera acontecerem àquele que tomar a sua poção?

Muito ao estilo de Hermione, Joanne pôs o seu braço no ar. Contudo, por muito estranho que parecesse, desta vez eu sabia a resposta.

- A quem tomar a Poção Opiatrum, Professor Snape, acontecem efeitos de alteração de humor. Isto é, devem ficar divertidos, sentirem-se capazes de realizar tarefas enfadonhas e ter prazer com isso…

- Cinco pontos para os Gryffindor, muito obrigado Weasley, – Interrompeu-me Snape, deixando toda a sala em silêncio absoluto. Caras pouco convencidas receando pela saúde mental do professor brotavam de todos os lados até este acabar a frase –, mas não é isso que acontecerá a quem quer que bebesse dela. Evanesco.

E todo o liquido desapareceu.

- Terei de lhe retirar os 5 pontos e passar-lhe um trabalho extra sobre "As propriedades das cabeças de sanguessugas". Tome nota Miss Weasley dois pergaminhos para depois de amanhã!

Passados alguns minutos já eu (mais que frustrada) me encontrava a sair da masmorra e avistei, à minha direita, alguém encostado na parede, próximo de um canto particularmente escuro.

Alguém com os braços cruzados, numa posição informal, e com um pé apoiado na parede do corredor que agora estava quase vazio.

A cabeça desse alguém estava baixa, e os cabelos claros, de aspecto limpo e saudável, brilhavam com o crepitar do fogo na tocha suspensa no ar que se encontrava ali perto.

Sem ter percebido, já me estava a dirigir a ele.

Fiquei surpresa ao encontrá-lo ali, mas afinal, estava nas masmorras; Onde naturalmente, era a Sala Comum dos Slytherin, todo o castelo sabia isso.

Ao ouvir os meus passos aproximarem-se dele, Malfoy levantou a cabeça e eu pude ver o sorriso afectado que se lhe formava no canto da boca.

- O que fazes aqui? - Perguntei-lhe, com um ar desconfiado.

- Os Gryffindor é que não deviam andar por aqui. Sabe-se lá o que pode acontecer a uma menininha indefesa quando passa sozinha por estas bandas. – Respondeu Malfoy com um sorriso malicioso. Descruzou os braços e esticou-os para puxar-me pela cintura.

- Tens razão, eu não devia mesmo estar aqui. – Disse eu a sorrir e a virar-me para escapar dali.

Eu sabia perfeitamente que ele só estava ali para me ver, e que não queria que eu fosse embora. E estava tão certa que, ainda nem me tinha virado completamente de costas, e ele já me puxava de novo para si num abraço que eu não conseguia – nem queria – evitar.

- Desculpa. Mas não era suposto bazares. – Disse-me ele mantendo uma expressão longe de arrependida.

- Tu, a pedires desculpa?! É bonito, mas não sei se vou desculpar… Eu não sou uma menina indef…

E beijou-me. Mais uma vez, não me deixou falar até ao fim. Parece que estava a ficar bastante bom naquilo. Mas sinceramente, eu mesma não sabia se aguentava mais um minuto perto daqueles lábios rosados sem os beijar. Encostou-me à parede e fomos parar a um canto completamente escuro, que mais parecia uma passagem secreta devido à distância a que se encontrava das iluminações.

Tive a sensação de que vinha alguém de um corredor perto daquele e como não queria que me vissem ali com Malfoy, espalmei-me contra a parede e soprei-lhe um sinal para que não fizesse barulho. É certo que o que ele estava a fazer – será preciso referir que estava praticamente a lambuzar-me o pescoço? – não provocava qualquer ruído, mas eu não queria ser vista naquele estado com ele por ninguém.

De repente reconheci as vozes, e vi as figuras. Crabbe e Goyle encontravam-se naquele corredor, e conversavam animadamente. Draco pareceu querer ignorar o facto investindo em mais uma dose de carícias "lambuziantes" por todo o meu pescoço e tórax.

- Quem achas que vai ganhar a aposta: ele ou ela? Hã, Goyle?

- Estou a torcer por ela, ih, ih…

Eles desapareceram e os seus risos ecoaram pelo corredor, que agora se encontrava "totalmente" vazio.

Fiquei estupefacta com aquela conversa entre os dois. Pensei que os iria ouvir falar sobre Malfoy, afinal, só os via perto deste. Ou até a falarem dos novos bolos e sobremesas de Hogwarts. Mas reflecti e cheguei à conclusão que aquilo tinha mesmo de ter alguma ligação com Draco.

Afastei-o sem vontade alguma de o fazer. As minhas mãos estavam pousadas na nuca dele fazendo-lhe carícias, (que eu sabia que lhe agradavam) e perguntei:

- O que é que aqueles dois macacos estavam para ali a dizer?

- Porque é que eu haveria de saber? - Disse ele enquanto me beijava tranquilamente a face e a sua mão passeava no meu rabo, em carícias circulares.

- Vocês não são melhores amigos, ou coisa do género?

Levantou a cabeça, – os movimentos pelo meu traseiro cessaram – deu uma gargalhada seca e ficou subitamente sério enquanto respondia:

- Amigos?! – A sua expressão fria e distante fez-me lembrar a primeira vez que falámos na Janela. – Em Slytherin não há amigos. Somos apenas colegas de Casa, conhecidos, no máximo. Eu, Crabbe e Goyle só nos mantivemos juntos desde o 1º ano porque já nos conhecíamos através dos nossos pais.

- Ok, ok. Não é preciso ficares assim todo mal-humorado. Só perguntei por curiosidade…

- Deve ser impossível ficar mal-humorado ao pé de ti… – comentou Malfoy voltando ao seu estado "normal" com um pequeno sorriso sem demonstrar emoção alguma. E recomeçou com as "carícias" e etc's.

Após um momento de silêncio inconfortável decidi pirar-me dali:

- Pois, tenho de ir pra aula. E tu também. – Não queria voltar àquelas lamexices. Não queria voltar a deixar-me levar pela lábia dele. E acima de tudo, não queria ouvir sermão da professora se chegasse a atrasada à aula.

Mas foi quando o forcei a tirar as mãos de cima de mim, e com um breve beijo no rosto lhe disse "até logo", que percebi o que estava a sentir naquele momento. Eu não me importava de ouvir sermão por chegar atrasada à aula. Eu queria deixar-me levar pela lábia dele. E queria, acima de tudo, dar meia volta e voltar às masmorras, voltar àquele canto escuro que mais parecia uma passagem secreta. Queria estar com Draco Malfoy.

Não se pode ter tudo. Ouvi uma vozinha dizer no fundo da minha consciência. Sim, até podia concordar com aquilo, já tinha estado tempo suficiente com ele, para quê faltar a uma aula?! Ele não vale assim tanto…

Blá, blá, blá; a minha consciência não se calava, e se a tivesse à minha frente, já a tinha amaldiçoado.

Eu tentava convencer-me de que não precisava dele, mas a desgraçada da vozinha dizia-me que eu não ia achar a aula de Transfiguração tão interessante quanto aquele corpo possante, aquele cheiro de homem que emanava dele, e os seus lábios macios como pétalas de rosas por todo o meu pescoço.

Oh Merlin, o que se estava a passar comigo? Num minuto estava a forçar-me a ir à aula, e no outro só me vinham à memória todos os pormenores daquela criatura divina.

Mas afinal, eu precisava dele. Muito. Precisava das suas explicações. Era só isso de que se tratava. O problema é que o serviço veio com extras. E que extras…! Esses extras é que vieram estragar tudo.

Enquanto passava acelerada por um grupo de primeiros anos – a pedirem-me que lhes dissesse o caminho mais rápido para a Biblioteca – dei por mim a pensar de novo naquilo que tinha acontecido, nós, só os dois, no sofá da sala secreta.

Devo ter parecido um pouco infantil naquela noite. Especialmente se levasse aquela teoria de ele-já-levou-meia-escola-para-a-cama a sério. Mas tinha sido tudo tão rápido…eu a chamá-lo pelo primeiro nome, ele a beijar-me, nós no sofá. Foi demais para uma noite só!

E depois aquela conversa dos dois gorilas… Deixou-me mesmo desconfiada. Eu sabia que ali havia coisa relacionada ao Malfoy, e não me estava a cheirar nada bem. O que ele disse sobre os Slytherin, sobre não serem amigos. Devem ser todos uns calculistas…interesseiros. Não me admirava que tivessem apostas a dinheiro entre si como passatempos. Seria Draco de quem Crabbe e o outro estavam a falar?

Decidida a pôr esses pensamentos de lado – por tempo indeterminado – entrei na sala de Transfiguração onde, por sinal, só Gwen, estava ainda sentada.

Esta, com um ar inquisidor e um pouco desconfiado (mas sempre com o seu sorriso agradável), perguntou-me assim que pousei o saco na mesa à minha frente.

- Onde estiveste? Estava a ver que te tinhas perdido.

- Hm…tive de ir a casa de banho e…sabes como é, montes de coisas para fazer na casa de banho. - Disse eu atarantada e a tentar disfarçar o receio de uma pergunta tão simples que me tinham colocado.

- Huh uh, claro. A casa de banho. – Retorquiu uma Gwen pouco convencida. Sempre com o sorrisinho irritante nos lábios e a falar muito perto de mim, ela estava a deixava-me desconfortável. - Sabes, quando estávamos a vir para aqui, eu voltei atrás até às masmorras para te fazer companhia no caminho. E sabes quem eu encontrei lá, tipo mesmo perto da sala onde tínhamos tido a aula? O Malfoy. E estava mesmo estranho…

- Ah…o vosso ídolo. – Comentei eu, buscando desesperadamente por qualquer assunto que interrompesse aquele que estava a caminhar para um campo demasiado perigoso.

- Nosso não, delas! Bem, como eu estava a dizer, foi muito estranho, primeiro vi-o de costas, e reparei que ele devia estar a agarrar alguém…

O meu estômago deu outro salto e pedi a Merlin para que não tivesse ouvido o que tinha ouvido. Mas como é óbvio, já estava a pedir tarde. Como pude eu estar tão distraída que não me assegurei de que não estava ninguém por perto?! Bem, eu até sabia o que responder a essa pergunta…Aqueles lábios rosados e quentes no meio da escuridão daquele corredor gélido…

Já eu estava a divagar outra vez sobre o loiro, enquanto Gwen divagava sobre quem seria "a sirigaita, lambisgóia, e leviana aluna de Hogwarts que se prestava àquelas figuras tristes num local público".

Tal como na aula anterior, concentrei-me mais a imagem do Malfoy, do que na função e técnica de executar um qualquer feitiço que estavam escritas num pergaminho à minha frente.

Captando a minha falta de interesse na aula – que já era habitualmente muita – McGonagall chegou-se perto de mim quando já quase toda a turma tinha saído e comentou:

- Miss Weasley, passa-se algo?

- Não professora, porquê?

- O seu desempenho nas aulas tem estado tão mau como o teu interesse nas mesmas. Eu percebo que a matéria seja maçadora, mas não é assim tão complicada.

- Desculpe professora, eu…

- Parece que hoje todos decidiram ficar distraídos e a olhar para o espaço nas minhas aulas. – Interrompeu-me a professora de manto verde-esmeralda. Ela própria estava a ficar com os olhos desfocados e desconcentrados do que estava a dizer. E quando já me tinha virado as costas, acrescentou num tom indignado: - Até o Sr. Malfoy hoje se lembrou de ficar desatento! Já viu isto, Miss Weasley?!

O Malfoy desatento na aula?! Pensei eu ao ouvir as ultimas palavras da professora. Saí da sala com um sorriso mais-que-convencido. O meu ego lá no espaço. Fingi não ter visto algumas das minhas colegas, que, provavelmente me esperavam para ir almoçar.

Em cada esquina que dobrava, lá estava ele nos meus pensamentos. O seu sorriso afectado. Os seus olhos enigmáticos. Aquela voz manhosa que me conseguia iludir, cegar, e despistar de tudo em que eu acreditava até conhecê-lo verdadeiramente.

Cada vez que fechava os olhos, encandeada pelo sol do Outono, via-o dentro de mim, a sua pele pálida, os olhos fascinantes, o cabelo, o pescoço, aquele rabo…Oh Merlin, ele era bom. E como eu não queria nada sério o que importava se ele era um presunçoso, um Slytherin, ou Malfoy?!

As semanas foram passando e eu apercebi-me de que a ideia que eu havia tido dele, era muito errada. Ok, ele era convencido, tinha montes de manias de superioridade, mas ainda assim…aquela carinha de anjo conquistava-me.

Quando, por fim, estava a passar pelas portas de carvalho que davam para Hall de Entrada – vinda de uma terrível e secante aula de Herbologia –, apercebi-me de que não tinha pensado em mais nada para além do loiro durante todo o caminho. Durante toda a ultima aula a que tinha assistido. Durante toda a ultima semana de Setembro. Resumindo, eu já não pensava em mais nada.

Achei este facto muitíssimo errado. Afinal o que é que se estava a passar comigo? Meia dúzia de beijos e estava naquelas figuras?

Os meus dois últimos ex's não me causaram nada daquilo. Ok, com o Malfoy foi muito diferente. Não dava para comparar. Mas mesmo assim, aquilo não estava certo.

Eu tinha-lhe pedido para não haver mais aproximações daquele "tipo". Tinha-lhe dito que precisava mesmo de me concentrar nos estudos, pois aquele era o meu ano de fazer os N.P.F.'s. Mas nem eu sabia se aguentava mais uma noite tão perto dele apenas para saber as propriedades deste ou daquele ingrediente ranhoso.

Não sabia se aguentava mais uma noite perto dele. Perto daquele corpo atlético, daqueles boxers um pouco à mostra, por baixo da camisa do pijama.

Aquele olhar quente e sedutor que seguia cada um dos meus movimentos enquanto me dizia perto do ouvido "tem cuidado com as asas de morcegos, Weasley, têm de ser cortadas em bocados iguais".

O sorriso malicioso que me atirava às refeições, e que eu, com todas as forças do mundo, fingia não ver. Assim como fingia não reconhecer o que sentia por ele, já haviam semanas. Uma forte atracção! Era o que eu sentia por Malfoy, uma imensa, arrebatadora e provocante atracção física.

Empurraram-me e ouvi uma voz com irritação dizer:

- Sai-me da frente, Weasley!

Draco passou por mim e atrás vinha a dupla de guarda-costas e Pansy, que vinha, praticamente, a correr atrás dele.

Encaminharam-se para o Salão, Draco olhou (Malfoy, Ginny, ele é o Malfoy!) para trás e tentou transmitir-me um olhar doce e de perdão, falhando a anos de luz de distância. Sentei-me, aprecei a vista, e não me preocupei um segundo sequer com quem pudesse ter reparado em toda aquela cena.

Aguardava ansiosamente a chegada de Draco, desejava imenso estar com ele, apenas para ver aqueles magníficos olhos. Aqueles magníficos lábios, aqueles ombros, aqueles belos abdominais, aquele… ok, chega!

Ele tá a demorar. Pensei eu. Para logo de seguida recordar os acontecimentos passados naquela ultima tarde em que nós... O que queriam Crabbe e Goyle dizer com aquela aposta? Entre quem? Estava na janela a contemplar o céu estrelado por cima da minha cabeça, e ao longe avistava-se uma pequena névoa que tapava a lua e dava um ar sinistro à Floresta Proibida.

Ao longe avistei um vulto mas, dado que ainda estava não presa ás minhas confusões internas relativas àquele assunto, não me despertou grande interesse. E, ainda mergulhada nos meus pensamentos, surgiu o tal vulto mesmo à minha frente. Com receio recuei apressadamente e tropecei nos meus próprios pés, acabando por cair.

- Hey Weasley, sou eu, o Malfoy. A reacção das pessoas à minha beleza não custuma ser essa… – Oh, afectadíssimo, como sempre, pensei, rolando os olhos.

- Tava distraída, ya? Doninha convencida…

- Devias tar a pensar em mim, claro

- Baza, já tou pronta. – Ignorei.

- E vais assim vestida? Olha que tá quente…

Eu tinha um pijama grosso (e mesmo assim, muito sexy) comprado numa loja muggle com um casaco comprido, também bastante espesso, por cima.

- Se tiver calor, logo me, err, dispo. – Respondi, enquanto pegava em tudo o que necessitava para as explicações.

Subi para a vassoura e voámos para a Sala Flutuante. Apesar de estar mal iluminada por uma vela, reparei que aquele lugar se encontrava bastante mais organizado do que quando entrei ali pela primeira vez.

- Weasley, decidi arrumar a sala como deve de ser. Foi horrível. Mas espero que tenha ficado mais agradável pra estudar. – Comentou com a sua voz arrastada chegando-se perto de mim vagarosamente.

- Tá melhor. Vamos começar? Tenho outro trabalho extra para fazer. – Disse eu rapidamente, "fugindo" da sua voz sensual.

Eu sabia, perfeitamente, que Draco só arrumara a sala flutuante para me mpressionar, pois, pela primeira vez que me encontrei com ele foi imprevisto e estava tudo desarrumado.

Segundo me constava, as equipas de Quidditch da escola tinham tido um fim-de-semana sem treinos. Mas parece que aqui o Malfoy sempre usou a vassoura…para limpar.

30 minutos depois

Por muito que tentasse chamar a atenção dele, não conseguia. O raio do rapaz não queria saber do que eu dizia, e logo percebi que os seus olhos percorriam o meu corpo, (agora que estava sem o casaco), até encontrar os meus.

- Hum…podemos? Ou vais ficar a olhar para onde não deves a noite toda?!

- Hã? Estava a…não importa.

Apontamentos, poções, bla bla bla. Ele calou-se de repente e eu fixei-o. Vi que ele olhava de novo para mim. Deixei cair a pena no chão, olhámo-nos nos olhos. Peguei na pena, sem tirar os olhos dele, e meti-a no tinteiro tão desastradamente que foi ao contrário.

Quando a retirei para escorrer a tinta, não sei como fiz aquilo, salpiquei-lhe a camisa de tinta.

- Oops…desculpa, estava…ahn, distraída. – Disse-lhe eu (saindo da hipnose) tentando não rir. – Eu limpo. Evanesco.

E…oops ao quadrado, tirei-lhe a camisa. Corei e fiquei super constrangida com a pergunta dele:

- Era isto que q'rias, não era?! Não resististe. – Disse ele com um sorriso cínico na cara.

Corei ainda mais, não sabia o que fazer, por isso olhei em torno da sala e não avistei a camisa em lugar algum.

Ele estava meio deitado, meio sentado no tapete da sala. Os cotovelos apoiados no chão; Aquele corpo semi-nu à minha frente; não consegui tirar o olhar dele.

Mas no que é que eu estava a pensar? Enquanto mordia o lábio contemplava aquela beleza que se encontrava à minha frente. Queria resistir, mas não consegui. E…beijei-o.

Aquela atracção física estava a ir longe demais nos meus neuróniozinhos, tentei afastar-me com a desculpa dos estudos mas não consegui, agora lá estava eu aos amassos na sala privada dele. Isto não podia continuar…

Com o intuito de prosseguir o meu estudo, afastei-o de cima de mim. Pareceu-me assustado e admirado por ter feito aquilo, mas assim que me tinha virado para a mesa, senti a sua mão suave mas fria a procurar o meu umbigo, por baixo da camisola do pijama. A mão daquela linda "criatura" fazia massagens em torno do meu umbigo, e ele aproximou-se beijando-me delicadamente o pescoço, continuando a subir. Estava, definitivamente, a dar comigo em doida!

- É melhor parares, tenho montes de cenas pa fazer. – Disse eu num murmúrio.

- Temos a noite toda para fazer…isso. – Disse-me ele ao meu ouvido.

A sua boca procurou a minha. Quando se aproximou, virei a cara e ele acabou por beijar-me a bochecha. Apesar de estar com sono, queria acabar rapidamente aqueles trabalhos. Mas também queria estar com ele. Fechei os olhos, e os meus pensamentos estavam concentrados naquela noite no sofá em vez de estarem no pergaminho que tinha à frente.

- Pára…

- PÁRA! – Gritei eu enquanto Malfoy me abanava. Vi-o à minha frente, assustado.

- Ginny? Que foi? Acho que estavas a ter um pesadelo e achei melhor acordar-te.

- Ahn…quanto tempo dormi? – Perguntei-lhe, confusa. - Tenho de ir embora, leva-me ao Dormitório.

- Deixei-te descansar só um beca, estavas tão…claro, eu levo-te já à Torre.

- Hey! Tu estiveste a ver-me dormir?! – Disse eu, quando me apercebi. - Se não estivesse tão sonolenta, levavas. - Mas o seu sorriso escondido, de alguma forma, fez-me acalmar.

Peguei nas minhas coisas, ele na vassoura, e dirigimo-nos para a janela.

O Dormitório estava silencioso, entrei, e quando estávamos a despedirmo-nos, não me apercebi na altura, mas alguém tinha acabado de entrar.

- Ginny?!

Fim

Espero que gostem...e que compense este imeeeeeeeenso tempo que levou a actualizar.

Aqui também tive a ajuda da minha krida Antuna (principalmente nas partes mais..kentes).

Rute Riddle - agradeço as reviews, apreciei msm..especialmente vindas de uma autora k eu admiro! Ah, e desculpa, a aula de Poções não foi assim tão interessante

Mki – espero que continues amando a fic! eu amei terminar este capitulo por saber k havia alguém à espera dele!

Se puderem, deixem um comentário! Critiquem-me! Digam-me se isto tá a fazer sentido, pk ás vezes dá-me mesmo a sensação de que não está

Fikem bem, bom ano.