4º Capitulo
A menina da casa assombrada
Liza abriu a porta do guarda roupa para se olhar ao espelho mais uma vez. Deu um toque final no cabelo e passou as mãos pelo seu vestido florido. Aproveitou para ensaiar um sorriso simpático, ia ser útil nas horas que se seguiriam. Perfeito.
Um novo grito quebrou a sua concentração. Irritada, levou as mãos à cabeça e bateu com os pés no chão. Aquilo estava a tornar-se impossível. Não tinham passado nem dez minutos desde que tinha sido chamada a última vez e lá estavam eles, gritando por ela novamente. Ninguém aguenta ser interrompido tantas vezes!
Procurou o seu avião no quarto inteiro. Na Inglaterra os menores não podiam usar magia fora da escola. Assim, não poderia construir um novo. Procurou em todas as gavetas e folheou os seus livros. Não se entendia com aquele novo quarto, nunca conseguia achar nada.
Finalmente achou-o machucado e sujo, debaixo da cama. Em tempos tinha sido branco. Dobrando e vincando, rapidamente lhe deu forma. Mais tarde teria de arranjar alguns no armário do ministério. Finalmente eles tinham posto as cabeças para funcionar e tinham começado a usar os aviões, batizados pelo ministro como memorandos interdepartamentais.
A sua mensagem era constituída por apenas uma frase: "Não voltem a me incomodar". Não queria ser rude para a sua família, mas precisava de paz para se preparar. Precisava de silêncio se queria conseguir alguma coisa. E tinha apenas um dia para estar pronta. Pronta para uma visita na casa ao lado, a casa dos Weasley.
E em silêncio despiu-se e voltou à difícil tarefa de escolher um vestido. E quando acabasse voltaria a colocar-se diante do espelho.
Quarta-Feira, 31 de Agosto de 1988
Olá Gina,
Como estás? Não tenho muito tempo para escrever, os meus pais podem chegar a qualquer momento e eu quero responder-te ainda hoje. Sabes que não o posso fazer à frente deles. Me Perguntaste como vão as coisas. Posso dizer que por estes lados as coisas nunca vão bem.
Sabes bem que não tenho jeito para as palavras, então escrever como estou torna-se bastante difícil. Posso te dizer apenas que sinto saudades. Já passaram quase dois meses desde a última vez que nos encontrámos e vou admitir que me fazes falta. Chega a ser engraçado. Passo dias e dias a remoer as mesmas perguntas e basta-me ouvir um dos teus gritos incrédulos para que a minha cabeça volte ao seu devido lugar. "Não sejas ridículo!" e "És completamente paranóico!".
Tenho uma coisa para te contar. Lembras-te quando te falei do embrulho estranho dentro do armário dos meus pais? Descobri o que era. Uma vassoura nova. É única, fizeram-na de propósito para mim. Acho que a minha mãe se lembrou do meu aniversário e quis compensar-me. Passaram quase nove meses desde que fiz anos, mas não posso criticá-la: não costumamos lembrar-nos do aniversário de pessoas que mal conhecemos.
Amanhã é dia um de Setembro e sei que pelo menos dois dos teus irmãos já estão em Hogwarts, portanto acho que as coisas vão ficar mais leves para o teu lado. Só sobram quatro, certo? Sempre é mais fácil para tu desapareceres. Dia três, no Celeiro como sempre. O que me dizes?
Não me respondas hoje.
Draco
Gina demorou a vestir o seu vestido azul. Tinha acabado de responder à carta de Draco e estava inexplicavelmente feliz. Era bom concentrar-se num outro mundo para variar. O mundo de Draco era misterioso e cruel, mas pelo menos era um mundo sem mortos ou famílias de luto. Um dia ele confiaria nela o suficiente para lhe contar um pouco mais sobre si.
Tinham passado três semanas desde que mandara a sua primeira carta a Draco e na sua casa as coisas iam gradualmente voltando ao normal. A mãe entrara no seu quarto no dia a seguir ao funeral, sentando-se na sua cama com aquela voz suave e carinhosa que ela só usava em momentos especiais. Ia contar-lhe a verdade. Molly ficara completamente chocada ao perceber que Gina já sabia de tudo. Afinal, fora quase insuportável o esforço para entrar no quarto da filha e contar-lhe que perdera uma das pessoas que mais amava. A mãe perguntara-lhe como poderia ela saber e ela respondera simplesmente que não era estúpida. E não era!
Tinha convencido os irmãos a baterem à porta antes de entrar, utilizando a desculpa de que já era uma mulherzinha e não gostava que os seus irmãos entrassem sem aviso no seu quarto. Provocara uma gargalhada geral, mas conseguira. Assim podia trocar cartas com Draco sem um irmão curioso a espreitar-lhe por cima do ombro. E arranjava sempre maneira de se encontrar com ele no Celeiro.
Acabou de pentear o seu cabelo e apertou o seu vestido. Era o dia dos seus três irmãos mais velhos irem para Hogwarts. Aquele seria o primeiro ano de Percy na escola, e apesar de ele não o admitir, todos sabiam que estava ansioso. Quem não estaria? Esperavam por isso desde que Gui voltara com os seus relatos de estranhas e incríveis aventuras. Deixou-se ficar em frente do espelho, passando as mãos pelos cabelos. Para ela ainda faltava tanto tempo.
À tarde receberiam visitas, essa era a razão pela qual ela demorara tanto tempo a vestir-se. Aquele era um dia duplamente especial, um dia de despedidas e de boas-vindas. Os donos da casa para lá do campo de flores tinham-se mudado para ali. Ao fim de anos e anos aquela casa tão bonita que todos diziam ser assombrada voltava a estar habitada. E eles eram feiticeiros.
Desceu as escadas sempre silenciosa, e parou sobre a ombreira da porta, observando e sorrindo. Era bom ver a família voltar à alegria de antes. Os gêmeos e Rony tinham acabado de virar um balde de água em cima de Percy. A mãe estava a gritar com a colher de pau na mão, enquanto por trás dela Carlinhos fazia um esforço para salvar os ovos estrelados visto que ao contrário da mãe não podia usar magia. Percy afastara-se daquele grupo de doidos, murmurando e sentando-se amuado a um canto. Sr.Weasley lia o jornal enquanto levava distraidamente uma chávena vazia à boca. Por fim, Gui, junto da janela, apenas observando o céu azul e brincando com o seu brinco. Há muito tempo que ao descer não encontrava aquele ambiente caloroso e feliz. Ali estava uma prova de que a dor se ultrapassava, por mais profunda que fosse.
Ninguém a notou e ela não fez qualquer esforço para chamar a atenção. Passaria muito tempo até ela perceber por completo porque se sentia separada da sua própria família, mas ali, com apenas sete anos, já começava a compreender. Aquele quadro estava tão completo. O que faltava? Olhando dali parecia estar tudo completo. Percy dissera-lhe uma vez, furioso com mais uma das brincadeiras que eles tinham aprontado, que Gina tinha sido um erro, que nunca deveria ter nascido. Ela sempre soubera que a família a amava, mas sentia-se ressentida por ser a única na família que não tinha sido planejada.
Achou estranha toda aquela calma na manhã em que eles partiriam para Hogwarts e olhou para o calendário. Não se tinha enganado, era dia um de Setembro. E já eram dez e meia. Normalmente naqueles dias ela nem tinha tempo para tomar o café da manhã. Nos anos anteriores tinha visto a mãe e os irmãos correrem de um lado para o outro, subindo e descendo as escadas. E ainda se lembrava que quando Carlinhos entrara em Hogwarts, a agitação do dia um de Setembro aumentara. Então porque razão agora com três irmãos na escola a família estava tão tranquila?
- Er...mãe.
Molly olhou para ela interrompendo o seu discurso por momentos. Foi o tempo suficiente para que os gêmeos escapulissem discretamente por debaixo da mesa, deixando o pobre Rony para trás. Em momentos de perigo, cada um por si.
- Agora não Gina! Estou ocupada!
E voltou-se novamente para o fogão, enxotando Carlinhos que até agora estava de volta dos ovos. Pegou num estranho instrumento de madeira (aparentemente mágico) e inspecionou o estado dos ovos que abandonara momentos antes. Com uma careta agitou a varinha fazendo com que todo o café da manhã já preparado desaparecesse. A seu lado, Carlinhos ostentava a maior cara de desilusão, olhando vagamente a frigideira vazia. Gina teria rido se não estivesse tão preocupada. Sentou-se inquieta. Não era possível que eles se tivessem esquecido.
- Mãe... – Chamou cautelosa.
Como seria de esperar foi ignorada. Ninguém desviou os olhos para lhe dar atenção. Depois de repetir mais duas vezes o nome da mãe, irritou-se, batendo com as mãos na mesa e pondo-se de pé. Foi o suficiente para que todos olhassem para ela. Aquele não era um comportamento normal da pequena Gina.
- Gina, querida. - Molly virou-se, suspirando. - Agora não posso, estou a preparar o seu café da manhã. E porque razão foste tu vestir o vestido azul?
Gina deixou o seu queixo cair e arregalou os olhos. A mãe apenas se virou, nem esperando pela sua resposta. Tomara por certo que Gina já se preparava para subir e mudar de roupa. Poderiam a sua mãe e os seus irmãos ter-se esquecido de um dia tão importante? Mesmo com as malas cheias e fechadas no andar de cima?
- Tudo bem mãe, eu não te atrapalho mais. Posso falar contigo depois. A propósito, que dia é hoje?
- Um de Setembro. - Responderam todos olhando para o calendário na parede (exceto os gêmeos que ainda estavam debaixo da mesa).
Gina não pode deixar de sorrir com aquelas palavras, orgulhosa por ter encontrado um vestígio de sanidade mental na sua família. Pelo menos a vista deles não tinha sido afetada. O pai cuspiu o café que supostamente teria na boca, não fosse a sua chávena estar vazia. Os gêmeos que tinham acabado de atar os cadarços de Percy um ao outro, bateram com a cabeça no tampo da mesa tal foi a surpresa. Gui dera um pulo assim que se apercebera o que dissera, deixando o seu brinco cair do lado de fora da janela. Carlinhos deixara cair o copo que tinha na mão e Rony arregalara os olhos de tal forma que estes pareciam estar prestes a saltar. Por fim a sua mãe, apanhada de surpresa, tinha acabado de lançar os ovos para o outro lado da cozinha.
Gina cruzou o olhar com Rony que, embora ainda de olhos arregalados, sorria. Quem conseguiria permanecer sério assistindo àquilo? O irmão tal como ela, não estava preocupado. Afinal, não era ele que iria para Hogwarts. Só quando notou as duas cabeças junto às suas pernas é que percebeu que talvez aquele esquecimento não se tivesse dado por acaso. Olhou novamente para Rony e obteve a confirmação disso na sua expressão. Depois encarou as duas faces idênticas que debaixo da mesa, olhavam para ela, furiosas. Tinha duas opções, correr ou ir para baixo da mesa e dar um sermão aos irmãos assim que a mãe desviasse os olhos. Não que estivesse arrependida do que tinha feito, aquela brincadeira tinha tido proporções grandes demais. Apenas conhecia os seus irmãos e sabia que não poderia enfrentar os gêmeos furiosos.
Assim que Molly saiu pela porta da cozinha arrastando os seus três filhos mais velhos consigo, Gina certificou-se de que o seu pai estava distraído e deslizou para baixo da mesa.
- Para que foi aquilo? - Perguntou Fred puxando-a pela camisa.
- Para que foi aquilo? PARA QUE FOI AQUILO? - Perguntou ela, descontrolando-se.
Sentiu de imediato as mãos dos irmãos a taparem-lhe a boca impedindo-a de continuar o seu sermão previamente preparado para situações como aquela. Na sala, Rony refugiava-se em cima do sofá, chamando pelo pai. Alguém teria de matar o horrível monstro de oito patas que insistia em persegui-lo. Este apenas se aproximou do filho de varinha em punho, mesmo tendo a certeza que quando chegasse, o monstro de oito patas teria fugido para qualquer sítio que ficasse suficientemente longe da cozinha.
Os gêmeos arrastaram-na para o jardim, um puxando-a pelos braços e outro lhe tapando a boca. Os gritos de Rony podiam ser ouvidos dali. Fred e Jorge deixaram-na sentada junto à porta e depois de se certificarem de que o pai, a mãe e Percy estavam longe, puseram-na novamente de pé e sacudiram a relva que ficara presa à sua roupa. Com palavra gentis, sentaram-na no banco que Percy deixava sempre ali após uma tarde de leitura. Olharam-na nos olhos. Aquilo era demasiado estranho...
- Irmãzinha, querida.
Pelos olhares que os dois irmãos trocaram, percebeu imediatamente que eles queriam alguma coisa. Não sairia dali tão cedo e ficava feliz por isso. Adorava ver aqueles dois pestes a tentarem ser simpáticos com ela, para variar.
Deixou que os gêmeos a elogiassem durante mais um pouco. Se eles estavam a resistir tanto tempo aquilo deveria ser realmente importante. Por fim começou a notar os olhares furiosos que eles esforçavam em esconder e achou melhor parar com aquilo e descobrir logo o que eles queriam. Fosse o que fosse eles tinham-se esforçado. E ela estava a exagerar um pouco.
Colocando uma expressão séria, preparou-se para apoiar a cabeça nas mãos. Tão concentrada estava em fazer boa figura que acabara por errar no alvo, caindo sobre a relva de bruços, com o banco pesado por cima de si. Não demorou um segundo até os gêmeos levantarem o banco e puxarem-na para cima. A adulação começou novamente.
- Querida irmã, não sabes o sobressalto que nos acabaste de pregar! Íamos morrendo de preocupação. Estás bem? Não te magoaste? Talvez seja melhor verificarmos a tua temperatura e fal...
- Fred! O que se passa aqui? Eu caí. - Disse esta última palavra de uma forma lenta. -Não é como se tivesse desaparecido durante três dias. Se tudo estivesse normal vocês estariam a rir desta queda ridícula que acabei de dar.
- Lamentamos pela forma como agimos no passado.
- Fomos uns idiotas.
- Tenta compreender, éramos muito novos.
Gina sorriu interiormente lembrando-se que ainda no dia anterior tinha sido humilhada pelos irmãos, após um tombo semelhante. Ainda não sabia o que os gêmeos queriam, mas eles estavam realmente a esforçar-se. E o melhor ainda estava para vir.
- Mas Gi, tu és a nossa irmãnzinha e nós amamos-te.
Após estas palavras de Fred, Gina percebeu que não era a única preste a cair no riso. Ao lado de Fred, Jorge tentava esconder o pequeno sorriso que se formava no canto da sua boca. Os gêmeos tinham sempre sido bons atores, mas algumas coisas estavam para lá das suas capacidades.
- Sim, não te queremos perder. Não sabes como é difícil para nós assistirmos ao teu crescimento e às pequenas mudanças que ele trás consigo.
- Ainda ontem eras um bebezinho que chorava no nosso colo!
- Por isso tens de compreender que qualquer coisa que te magoa, magoa-nos a nós também.
- Certo... - A pequena acenou, cerrando as mãos com toda a sua força para permanecer séria.- Certo. Basicamente, vocês estão a dizer que... que... gostam de mim?
As últimas palavras tinham lhe saído de tal forma esquisitas que ela chegou a pensar ter sido outra Gina a dize-las. Como se aquela pergunta lhe soasse disparatada, como se o pensamento de que os irmãos poderiam realmente gostar dela fosse irreal. Notou a mudança súbita de expressão no rosto dos irmãos. Os olhos e sorrisos carinhosos voltaram a transformar-se. Agora conseguia identificar os seus irmãos com as suas expressões divertidas. As suas capacidades para representar não eram suficientes para admitirem que gostavam da irmã.
- Gina, vamos parar com isto.
- Tu já percebeste que não estamos a falar a sério.
- Pois, sabemos que não és burra.
- Apesar de pareceres...
- Afinal, és nossa irmã!
- Alguns dos genes que nos constituem devem ter passado para ti também.
O queixo de Gina caiu pela terceira vez naquele dia. Sentiu um aperto no estômago. Inconscientemente tinha acreditado naquela cantiga que os irmãos usavam. Normalmente aquilo simplesmente não pegava. Daquela vez deixara-se envolver demais. Respirou fundo. Se era feita do mesmo material que Fred e Jorge, conseguiria representar como eles.
- Muito bem. Digam de uma vez o que querem. Sabem bem que não temos o dia todo.
A sua voz soou-lhe demasiado fria. Não divertida e brincalhona como a dos gêmeos.
- Estamos a ver que estás a aprender.
- É o seguinte: Queremos fazer-te uma proposta.
- A julgar pelo tempo que vocês gastaram a dar-me graxa, não é uma proposta, é um pedido. - Cruzou os braços sobre o peito.
Todos eles ouviram o grito da mãe, a chamá-los. Deviam faltar poucos minutos para o comboio partir, o pai teria de pedir autorização para usar uma Chave de Portal. E depois todos rezavam para que fossem parar ao sítio certo. Se queria negociar com os gêmeos tinha de ser agora, antes que Percy viesse meter o nariz onde não era chamado. E Gina sabia muito bem que conseguiria algo em troca dos gêmeos... Só não sabia o quê. Fred abriu a porta da cozinha e entrou, para manter a guarda, deixando o irmão gêmeo para trás, para resolver as coisas.
- Muito bem, irmãzinha... - Foi notável a quantidade de sarcasmo colocada nessa palavra. – Eu digo-te o que quero e tu dizes-me o que te posso dar em troca. - Gina acenou, tentando lembrar-se de algo que lhe fosse útil. - Eu quero... nós queremos... bem... dinheiro.
Gina arregalou os olhos de espanto. Ela tinha guardado as poucas moedas que conseguia, ano após ano. Achava que um dia seriam úteis, mas nunca contara nada sobre as suas economias a nenhum dos seus irmãos. Eles não podiam saber. Fazia tudo secretamente, ela conhecia os irmãos. Tinha a certeza de que quando soubessem arranjariam alguma forma de o roubar, mesmo sabendo que isso estava errado. Só o tio Mitch sabia. E ele já não o podia contar aos seus sobrinhos.
- Jorge, vocês acham que eu tenho cara de "pote de ouro no final do arco-íris?" Sabes muito bem que tenho tanto dinheiro como vocês!
Achou que isso resultaria por enquanto, mas esquecera-se de que tal como ela conhecia os irmãos, eles conheciam-na a ela. E Jorge percebeu de imediato que ela estava a mentir. Talvez ele já soubesse da bolsa vermelha dentro do seu armário.
- Esse dinheiro é valioso para mim, eu o guardei.
- Por isso mesmo é que te vamos dar algo em troca. O que tu quiseres.
Lá de dentro Fred protestou, mas Jorge mandou-o calar rapidamente. Agora deixariam a irmã pensar. Provavelmente esqueceria o assunto, já tinham passado por aquilo mais do que uma vez. Mas dessa vez não. Gina sabia o que queria, o problema era arranjar uma maneira de o pedir. Ela queria estar com Draco, no Celeiro. Queria poder estar no seu lugar especial com o seu amigo especial quando quisesse, sem precisar fugir. E ao contrário do que Draco poderia pensar, agora que três dos seus irmãos partiam as coisas ficavam ainda mais complicadas para o seu lado. Sem Percy, Fred e Jorge arranjariam outro alvo. E não seria Rony, muito menos a sua mãe.
- Deixo-te a pensar. Tens todo o tempo do mundo. À noite vou buscar a nossa parte do... acordo.
Jorge virou-lhe as costas e entrou, puxando o irmão consigo. Gina ficou quieta à porta, tentando lembrar-se de uma maneira de conseguir o que queria. A solução apareceu-lhe tão rapidamente como um plano dos gêmeos. Era simples: eles eram a única coisa que a impedia de correr para o Celeiro quando quisesse. O problema eram os seus irmãos. Bastava fazer com que eles deixassem de ser um problema. Os gêmeos já estavam a subir as escadas quando ela os chamou. Correu para eles.
- Já sei o que quero! Já sei o que quero! - Os irmãos entreolharam-se com as suas expressões idênticas, confusas. – Eu quero paz. Em troca do dinheiro quero que vocês se mantenham longe de mim. Sem partidas, sem perguntas. Pelo menos durante o próximo mês E o Rony está incluído.
- Gina... sabes muito bem que isso é pedir muito...
- Como se o dinheiro chovesse todos os dias. – Disse Gina sarcástica. Era aquilo que queria, eles teriam de aceitar ou não receberiam a parte deles. - E para que querem vocês o dinheiro afinal?
- Muito bem, maninha. Se é isso que queres. Mas apesar de já teres prometido a tua parte deste acordo queremos-te pedir mais uma coisa. Também não queremos que nos faças perguntas.
Gina acenou. Não se meteria na vida dos irmãos sabendo que detestava quando eles o faziam consigo. Naqueles breves segundos em que a mãe e o resto dos seus irmãos desciam as escadas, selaram o seu acordo apertando as mãos. Agora apesar das maldições que o seu pai lançava àquele que inventara as Chaves de Portal e dos gritos desesperados da sua mãe, todos eles tinham aberto grandes sorrisos. Tinham conseguido o que queriam e acreditavam que nos próximos meses as coisas correriam melhor.
Nunca lhes ocorreu que aquele simples acordo acabava de mudar as suas vidas para sempre.
- O que se passa contigo? – Gritava Lucius Malfoy mais uma vez.
Estavam fechados na sala de duelos, apenas os dois e a grande cabeça de javali que estava ali pendurada desde que a casa fora construída. Lucius jurara que era desta vez que ensinaria o filho a lutar como um verdadeiro seguidor do seu Lorde. Só havia uma pequena falha naquele raciocínio: Draco não era um verdadeiro seguidor do "Lorde", nem nada que estivesse perto disso. Principalmente porque pelo que sabia, esse lorde não existia. Tinha sido morto por um rapazinho de um ano, todos sabiam dessa história. Então porque insistia o seu pai em torná-lo num bom seguidor de algo que deixara de existir à muito tempo?
Não conhecia Harry Potter mas estava-lhe grato. Se ele não tivesse feito o que fizera, provavelmente ele estaria agora entre um circulo de homens que nem possuíam a dignidade de mostrar a sua cara ao inimigo. E nunca teria conhecido Gina. Ela era a razão pelo qual o seu pai quase arrancava os cabelos e se atirava para o colchão negro. Gina impedia-o de se concentrar no que fazia.
Recebera uma carta dela logo de manhã, uma resposta à carta que lhe mandara há dois dias. Quando conhecera a menina, esperava que ela se afastasse dele, descobrindo aos poucos quem ele era na verdade. Mas o contrário acontecia. À medida que o tempo avançava, os seus encontros eram mais frequentes e o número de cartas aumentava, Gina parecia apegar-se cada vez mais a ele.
Nunca pensara que fosse possível. Observara a menina de longe durante quase um ano, começara a conhecê-la muito antes dela sequer saber que ele existia. E agora podia prever todos os seus movimentos e reações. Começava a decorar os nomes dos seus irmãos e já poderia contar algumas situações da vida de Gina, de tantas vezes que ela as contava a ele. Tinha inveja dela e do seu pequeno mundo. A última vez que recebera um olhar carinhoso tinha três anos e nem fora de alguém da sua família.
- Draco Malfoy! – Draco abanou a cabeça tentando prestar atenção ao duelo. – Depois das horas que eu gasto contigo neste sítio é assim que me agradeces? Nem prestar atenção às minhas palavras consegues!
A voz do pai era assustadora, gelaria qualquer um. Draco limitou-se a engolir a resposta que se entalava na sua garganta cada vez que Lucius se dirigia assim a ele. Como se ele tivesse pedido para ter aquelas aulas. A única coisa que queria era voltar para o seu quarto e reler mais algumas vezes as cartas que Gina lhe mandara.
- Assim nunca serás ninguém na vida!
""timo conceito que ele tem de ser alguém na vida..." Pensou sarcástico, agarrando a sua varinha com toda a sua força para não se descontrolar. Podia ver algumas faíscas verdes a saírem pela ponta desta.
Por fim Lucius desistiu. Mais uma aula que não dava em nada. Não sabia o que tinha acontecido ao seu filho, mas parecia que amolecia de dia para dia. Cada vez mais parecido com a mãe. Um dia, dali a muitos anos, Narcisa arrepender-se-ia do que tinha feito.
Draco foi dispensado. Viu o seu pai sair pela porta dos fundos, certamente para se fechar no seu escritório. Apesar da sua ansiedade de regressar ao quarto, Draco permaneceu na sala por mais alguns momentos. Sabia que estava a ser vigiado. O mais tranquilamente que conseguiu, limpou a sua varinha com um dos kits guardado na sala. Depois sentou-se junto da cabeça de javali e deixou-se ficar ali algum tempo, pondo a conversa em dia com a sua amiga.
Quando sentiu a magia abandonar o ar, levantou-se e caminhou em direção ao seu quarto. Estava demasiado concentrado na imagem de Gina para se preocupar com paredes, então seguiu sempre em frente. Elas que se desviassem.
Assim que chegou ao quarto atirou-se sobre a cama. Deixara a janela aberta no caso de alguma nova carta chegar enquanto ele estivera fora. Sentiu o roçar das asas de um animal na sua orelha e olhou-o, já sabendo que encontraria uma gaivota branca de olhos azuis. Ficou algum tempo a apreciar a beleza do animal. Aqueles olhos... lembravam-lhes o vestido de Gina. O vestido azul que ele já vira algumas vezes de longe.
Não tinha nada para fazer e não queria sair do quarto sabendo que seria novamente abordado pelo pai para mais alguma das suas lições sem importância. Retirou um livro da prateleira, um dos poucos que não falava de artes das trevas. Um livro de história da magia, já o tinha lido algumas vezes. Inexplicavelmente não conseguia ler mais de duas frases seguidas. Tudo lhe lembrava Gina, a sua única amiga, com os seus cabelos ruivos e o seu vestido azul. Acabou por adormecer, pensando no encontro dali a dois dias. Ironicamente era a primeira vez que ao pensar num encontro com Gina não se lembrava de risos e cores. Vinha-lhe à mente uma única imagem: um rapaz loiro, sentado debaixo da chuva e sozinho.
Gina acordou assustada no dia seguinte. Mais uma vez um daqueles sonhos estranhos que tanto a assustavam. Tentou chamar pela mãe mas percebeu que a sua voz estava demasiado fraca para isso. Já se devia ter habituado, nunca conseguia falar depois de acordar de sonhos como aquele. Após algumas tentativas frustradas para se levantar, optou por ficar na cama e arranjou alguma coisa em que pensar, para se distrair.
Ontem os seus irmãos tinham partido para Hogwarts. Tinha todos saído de casa naquela manhã, mas Arthur ficara para trás quando a Chave de Portal que conjugara os levara para o meio de uma avenida trouxa. À segunda vez tinham acertado. Mesmo tendo chegado em cima da hora, tinham tido tempo para todos os beijos, abraços e recomendações. Carlinhos desaparecera logo que haviam chegado e Gina resolvera segui-lo, o irmão tentava sempre ficar o máximo de tempo junto da família antes de partir. Sabia que ele não gostaria de a ter atrás dela, metendo-se nos seus assuntos, mas ela era pequena, o irmão não a descobriria entre todos aqueles feiticeiros. Fora assim que ficara a saber que Carlinhos tinha uma namorada. Uma menina bonita, de cabelos castanhos, quase loiros, e bonitos olhos azuis, muito vivos. Percebera assim que a vira que era uma lufa-lufa, via-o escrito naqueles olhos tão simpáticos e meigos. Gina ficara encantada com a menina e quando notou que se aproximara demais já era tarde. Mas não ficara chateado. Não, não Carlinhos. Ele nascera no agrupamento dos primeiros irmãos, o agrupamento dos irmãos bons. Era demasiado benévolo para ficar chateado com uma coisa insignificante como aquela. Gostava demasiado da irmã para abdicar da sua infelicidade por coisas que não tinham qualquer importância, por breves momentos que fosse. Se a família tinha de saber, que soubesse. Sempre fora assim, Carlinhos era o irmão carinhoso, Gui o brincalhão, Percy o estudioso, os gêmeos eram os arruaceiros e ela e Rony eram... eram eles mesmos e faziam parte da família precisamente por isso: por serem eles mesmos.
A menina chamava-se Gabrielle e nascera na França. Viera para a Inglaterra há três anos e entrara em Hogwarts onde conhecera Carlinhos. Namoravam há cinco meses. Carlinhos poupou-a a tarefa de guardar segredo e naqueles últimos minutos que ainda tinham, apresentou Gabi à sua família. Fora saudada por um simples olá de Gui e de Percy embora fosse claro que o "ol" de Gui fora para alguém que ele já conhecia. A mãe dera-lhe um abraço apertado. Ficara radiante. Rony permanecera calado, apenas observando. Tal como Gina ele preferia conhecer o terreno onde se movimentava antes de agir. Os gêmeos como seria de esperar tinha ignorado por completo Gabrielle e tinham partido para cima do irmão mais velho, que apenas sorria. Estava feliz, isso estava escrito no seu rosto. E ela gostava dele, até tinha rido das piadas sem graça dos gêmeos.
Mesmo antes de subirem para o comboio, Rony surpreendera-os, furando entre a multidão para chegar ao irmão e à namorada antes que entrassem. Levara Gina consigo, puxando-a pela mão. Sem palavras, trouxera Gabi para junto de si e abraçara-a. Toda a família sabia que ele precisava fazer aquilo antes que eles partissem. Faltava um minuto para entrarem, mas Carlinhos ficou ali de joelhos, olhando para a irmã mais nova. Não se despediu, não lhe deu um beijo na face ou um abraço carinhoso. Apenas a olhou nos olhos e disse: "O que fizeste há bocado não foi correto, não o tornes a fazer. Eu contar-te-ia mais tarde, sabes bem disso". Gina acenara e Carlinhos sorrira. Depois afastara-se e entrara no comboio. Era sempre no dia um de Setembro, quando os irmãos partiam, que Gina se apercebia o quanto gostava deles.
No regresso a casa estavam todos abatidos, como acontecia ano após ano. Gina ajudou a mãe com o almoço. Era estranho pôr a mesa para tão pouca gente. Teria de se recompor, receberiam visitas à tarde. E teria de ajudar a mãe a manter os seus irmãos mais velhos arrumados.
Por fim conseguiram chegar ás três da tardes são e salvos. As roupas de Rony tinham uma mancha de suco de abóbora à frente e os gêmeos estavam um pouco amassados, mas eram crianças, certamente os seus vizinhos não ligariam para isso.
O Sr. e Sra. Tompkins pareceram-lhe logo à primeira vista pessoas maravilhosas. Eram simpáticos e sorridentes, distribuindo beijos e cumprimentos alegres. Às vezes eram tão mesquinhos com as suas manias de pessoas da cidade que quase os faziam esquecer quaisquer noções de boa educação e cair na gargalhada.
Eram um casal um pouco mais novo que Molly e Arthur, embora já tivessem uma filha formada. Esta vivia com o namorado no Egito, onde trabalhava no banco de Gringotes. Tinham ainda outra filha. Chamava-se Emely e tinha a mesma idade que Gina. Tinha preferido ficar em casa para organizar as suas coisas e conhecer melhor a casa. Sra. Tompkins prometera que viria com ela o mais cedo possível para que pudesse conhecer a única filha dos Weasley. Gina não dissera uma palavra desde que tinham falado em Emely, mas as duas famílias tinham já decidido que seriam melhores amigas.
Gina foi assaltada por uma violenta dor de cabeça. Ouvira a mãe chamá-la para o café da manhã, lá em baixo, mas não conseguia responder, não conseguia mexer-se. E o que era realmente estranho é que no seu sonho tinha estado fechada numa masmorra, impossibilitada de falar e de se movimentar.
Deixou-se ficar deitada, com as mãos sobre o coração, lembrando-se da flor que enviara a Draco. Mais tarde cairia num semi-sono e só depois a Sra. Weasley cansada de chamar por ela e não obter resposta, viria à sua procura.
Quando a mãe chegou ao seu quarto e a viu ainda deitada, tentou acordá-la. Foi quando verificou que ela não dormia, parecia inconsciente e estava muito quente. Apressou-se a cobri-la com alguns cobertores e foi buscar a varinha para lhe verificar a temperatura. Aquilo estava a tornar-se numa rotina, não era a primeira nem a segunda vez que Gina acordava a arder em febre. Não era grave, com os cuidados devidos ela estaria ótima no dia seguinte.
Gina ficou contente por ouvir isso. O que mais queria era encontrar-se com Draco. Não fazia ideia de que quando chegasse ao final do dia seguinte desejaria nunca ter melhorado. Porque ao menos uma doença aliviaria o peso de consciência que sentiria.
Liza acordou bastante tarde. Teria de ir à casa dos Weasley e isso a irritava. Esperava a hora em que enganaria toda aquela família, principalmente a "encantadora Gina", a única menina entre os filhos que o casal tivera, da mesma idade que ela. Mas aquele não era o dia certo. Tivera outro dos seus sonhos amaldiçoados e nunca acordava bem nesses dias. Acabavam com a sua confiança.
Quando sentiu alguns raios de sol entrarem finalmente pela grande janela do seu quarto, naquele dia chuvoso, Liza achou melhor levantar-se. Ainda sonolenta, despiu a sua camisa de dormir e deixou-se ficar nua diante do espelho. Ainda olhando o seu reflexo, passou as mãos pela roupa dentro do guarda roupa, sentindo os vestidos. Sempre tivera aquele estranho dom. Não era como a adivinhação, era mais incerto, menos concreto. Eram apenas pequenos pressentimentos.
As suas mãos pararam finalmente e ela sentiu o arrepio que a percorria sempre que fazia aquilo. Olhou o vestido. Era um vestido velho, branco com alguns pormenores a dourado. Não o vestia à muito tempo e achou que talvez lhe desse um ar pesado demais, mas acreditava no seu poder, não iria contradizê-lo.
Virou-se de costas para não ficar de frente para o espelho enquanto se vestia. Só se viraria quando estivesse pronta, queria ver o efeito completo. Sentiu o vestido ajustando-se ao seu corpo, não demasiado apertado nem demasiado justo. Era um vestido feito por medida, feito para si. Por mais anos que passassem assentar-lhe-ia sempre perfeitamente. Deixou o cabelo solto, ondulando-o um pouco. Por fim virou-se para ver o resultado.
Devia ter voltado a experimentar o vestido há muito tempo. Os detalhes dourados eram realçados pelos seus cabelos e olhos dourados. O branco ajustava-lhe melhor que qualquer outra cor.
Mais tarde chamaram-na para almoçar e ela desceu, sabendo que tomaria a sua refeição sozinha. Os seus pais já tinham saído, para não variar. De que lhes adiantava procurar a tranquilidade de uma vida no campo se continuavam presos à vida rotineira que levavam antes? A mãe tinha prometido que a levava à casa dos Weasley...teria de pedir a Banks para ir com ela.
Acabou de comer e deixou a cozinha sem fazer qualquer som para não quebrar o silêncio que lhe trazia sempre tanta paz. Olhou-se uma última vez ao espelho e por fim saiu de casa, com Banks ao seu lado. Banks utilizou os seus poderes para os isolar da chuva que cada vez ficava mais pesada. Quando finalmente avistou a grande e inclinada casa dos Weasley, respirou fundo, concentrando-se.
Aproximou-se da porta cautelosamente. Pediu a Banks que fosse para casa, precisava de estar sozinha para fazer aquilo. Encheu o peito de ar e fechou os olhos, preparando-se para o que poderia ser a maior atuação da sua vida. E estava prestes a bater à porta, prestes a preparar-se para um sorriso tímido e um olhar envergonhado quando a viu atrás dela. Estava sobre a chuva, completamente molhada, com os seus cabelos vermelhos colados à sua face. Usava um vestido azul que já tivera os seus anos de esplendor mas que continuava bonito.
Assim que cruzou o olhar com ela sentiu um arrepio percorre-la. Tivera mais um pressentimento e desta vez era poderoso, o mais poderoso que alguma vez sentira. Porque assim que olhara nos olhos de Gina Weasley, Elizabet Tompkins vira-se a si própria.
Viu uma lágrima solitária deslizar pela face de Gina e sentiu que também ela estava preste a chorar. Afastou-se da porta e aproximou-se da menina. Sabia que tinha acabado de ganhar uma amiga, sabia que a perderia e a conquistaria de volta várias vezes, nos anos que se seguiriam. Deveria estar feliz. Mas não conseguia esquecer a imagem que vira nos olhos de Gina. Ela deitada no chão. E junto dela estava a pequena Weasley e um rapaz de cabelos loiros. E a imagem fora clara, eles choravam. Choravam porque a amiga estava morta. Elizabeth soube nesse momento que daria a sua vida por Gina Weasley.
E sem trocarem palavras abraçaram-se debaixo da chuva.
A chuva ficava cada vez mais forte mas ele não sairia dali. Esperaria por ela quanto tempo fosse necessário. Ela viria, sabia que sim. Ela era sua amiga, nunca o deixaria à espera dela sem sequer o avisar.
O frio começou a afetar os seus pensamentos. Imagens negras passavam à frente dos seus olhos. Gina morta, Gina ferida. A preocupação escoava dele, misturando-se com o ar gélido. E lá no fundo ele sabia, ele sentia que Gina estava bem. Então por que não o tinha avisado?
Draco deixou-se cair para frente, caindo sobre a terra molhada. Sabia o que acontecera, Gina abandonara-o. Preferira deixá-lo sobre a chuva a enfrentá-la ela mesmo para vir ter com ele. E isso estava a magoá-lo.
Olhou em frente, tentando vislumbrar a casa inclinada onde a sua amiga vivia. De que adiantava? Já tinha passado tanto tempo...
Esperou, esperou, esperou. Esperou durante horas, debaixo da chuva, até o céu ficar negro. Depois, levantara-se e virara as costas àquele campo de flores amarelas que lhe trazia tantas boas recordações. Ela abandonara-o, deixara o caminho livre para que a solidão o invadisse.
Respirando fundo pegou na velha garrafa e voltou à sua casa, para a escuridão do seu quarto.
N/A: Por alguma razão não consigo fazer parágrafos, logo a apresentação deste capítulo ficou um pouco ruim. O 5º capitulo já está pronto e betado, portanto não deve demorar muito tempo...depende do nº de reviews que eu receber =P .
Bem aqui está o novo capitulo. A menina da casa assombrada. Não me perguntem se essa menina é a Liza (literalmente a viver na casa assombrada) ou a Ginny (com as suas crises existenciais e a raiva pelos irmãos =P), nem eu sei.
As unicas partes que gosto mesmo neste capitulo sao as partes do draco e da liza. E aquele final que eu tinha de por ainda neste capitulo pra ser um final com estilo.
Quanto à profundidade de Ginny. Apesar de ela ter perdido um ano do cap. passado para este (tentativas frustradas de transforma-la numa criança...) vamos todos fingir que os bruxos crecem depressa.
Perdoem-me por ter transformado o arthur e o ron em abeculas ambulantes. Nao foi deproposito...e se notarem que o charlie e o bill sao os irmaos perfeitos nao se incomodem, porque eu realmente tinha de arranjar algum irmao bonzinho pra minha personagem principal. Tive pena dela e arrrangei logo dois...
Deixem comentários.
Agradecimentos:
Videly: E nem dia 15 foi Desculpem...mas agora já está. Enjoy. É a 1ª D/G que você lê? Assim me sinto mal...existem D/Gs bem melhores que as minhas. Leia as da Flora e as da Yellowred. Vai adorar!
Lilith: Consegui melhorar a Gina desta vez? Espero que tenha gostado deste capítulo...
Mari: MARI!!! =P E deste você gostou? Muito obrigado pelo apoio. Engraçado existirem pessoas que gostam da minha fic. Já modifiquei a opção nos settings...Acho que neste capítulo a Ginny se tornou um pouco mais nova. Mas acho que é impossível torná-la menos profunda. Está na natureza dela ser profunda. =P
