A notícia da chegada dos Revolucionários Colonianos chegou rápido à sede da OZ II, portando, a Aurey Mallaica. Ele reagiu com seriedade.
Vamos segui-los de perto. declarou no concílio dos líderes, que fora reunido de imediato. É tudo o que podemos fazer, por enquanto.
A notícia não chegou imediatamente a Clermont. Não por intermédio da OZ II, ela chegaria mais tarde.

206 A.C.
21 Cercados na África

Estão todos lá. Trowa indicou os Mobile Suits chegando na praia.
Ah, esses ratos, filhos da mãe! Duo exclamou. Já aqui? O que eles querem, um acordo de paz?
Certamente não. sussurrou Wuufei.
Noite. Quente e seca, sem nenhuma nuvem no céu azul-escuro, o mar preto parado como uma lagoa. Na praia, onde poucas ondas lambiam a terra suja e cinzenta, formando espuma, três Sagitários e uma nave, todos da OZ II, haviam descido. Estavam a uma certa distância do grupo revolucionário.
Qualquer tiro de um Mobile Suit poderia explodir aquele lugar inteiro e danificar o planeta inteiro. Mas não de armas de fogo, as convencionais de mão, usadas por humanos e não por grandes máquinas. Para evitar esse risco o grupo revolucionário se mantinha afastado e protegido. Enquanto uma parte dormia e descansava, a outra se mantinha atenta. O medo agora da OZ II era que eles pudessem se suicidar ali, detonando o chão perigoso. Já houveram casos assim, em outros lugares do mundo. Revoluicionários chegam a não ter noção de medo e perigo, e morrem pela sua causa.
Mas estavam ali. Ambos se vigiavam.
Eu só quero saber como Zechs pretente sair desse lugar. fungou Wuufei. Boa pergunta. afirmou Duo. Eles não vão nos seguir?
É claro que vão. É só sairmos dessa área.
E é claro que existem forças nos aguardando. Trowa interviu. No norte, no sul, a leste e oeste. Já sabem que somos nós? Duo perguntou, se sentando no chão. Devem saber. "Os fracassados do ano passado". Wuufei sentou-se também, cruzando as pernas como em meditação. Se não fosse pelas Colônias, eu pararia de lutar.
Por quê?
É uma desonra. Fala sério.
E para você não foi? Wuufei replicou, irritado.
Duo pensou um pouco, a mão segurando o rosto e a contemplar o mar. Estava morto de sono, queria uma cama, deitar e dormir.
Foi. Parece que se moveram. avisou Trowa.
Um Mobile Suit inimigo se ergueu e ia andando a passos vagarosos até eles. Não precisou andar muito. Chegou suficientemente perto para dizer:
A OZ II pede negociação com os revolucionários. Aguardou resposta.
Zechs caminhou numa marcha gloriosa até ele, em sua pose de militar e monarca. Ergueu os olhos até o Mobile Suit.
Sentia uma imensa vontade de gritar, para trazerem Relena, Quatre Winner, Heero vivo. Eu ordeno que Mallaica saia do seu posto e que eu o ocupe! Mas, ao invés disso, seguiu a conduta que o caracterizava:
Não nos interessam nenhuma negociação com a OZ II.
Silêncio total. Ninguém do exército disse nada, embora só os que estavam mais próximos puderam ouvir a resposta de Zechs.
O soldado pareceu entender e se virou para recuar. Silêncio. Só o som dos passos, que faziam marcas na terra, pegadas como feitas por algum ciclope.
E a noite passou. O dia seguinte também.
Em compartimentos nos Mobile Suits, haviam vindo das Colônias alimento, água e armas de mão. É claro que, já no terceiro dia, os dois primeiros mantimentos estavam em falta.
Precisavam sair daquele lugar. Entrar nas densas florestas africanas, saudáveis e habitáveis, não aquele lixo.

Uma chuva leve caía naquela manhã, conseqüente da fina camada de nuvens vinda da frente fria. Era um dia gelado demais para o clima mediterrâneo no verão, mas era mais uma das comuns anomalias climáticas num mundo completamente mudado pela ação do ser humano.
As tropas de vigia da OZ II perceberam movimento por parte dos inimigos colonianos. Cautelosamente, eles iam marchando com seus Mobile Suits rumo ao norte, passando pelas terras estéreis e cinzentas da região, que se estendiam por centenas de quilômetros quadrados, principalmente por toda a costa. Mas ainda não era seguro atacar. Por isso não atacaram.
Alguns dos líderes da OZ II sugeriram que a melhor forma era abrir as negociações. Mesmo que os revolucionários tivessem negado que fariam qualquer tipo de acordo, um pouco de insistência misturada à pressão os faria ceder logo, acreditavam eles.
Mas Mallaica disse que não, que era melhor combater com forças armadas.
Primeiro que as Colônias estavam em óbvia desvantagem. Em segundo lugar, o líder da OZ II afirmou que quem comandava o ataque "terrorista" era Zechs Marchise, pessoa em que se era impossível confiar, além de ser esperto como uma raposa. E ainda haviam os Gundams, conhecidos por serem orgulhosos demais para qualquer acordo com o inimigo. Na noite anterior, Mallaica parou, pela primeira vez sozinho e em paz, para pensar no que fazer quanto a esse ataque. Em seu quarto luxuoso, de carpete cinza e cama azul-marinho, meditava. Os adornos imitando o classissismo da Renascença contornavam as janelas altas e ovais, assim como o teto dourado. Ele havia dispensado outros enfeites e mimos, mas havia no canto uma estátua de Vênus ao lavar os cabelos, figura que ele gostava muito. A escrivaninha de mogno com a belíssima cadeira estava entulhada de papéis, Mallaica debruçado sobre eles. Documentos e relatórios de guerra. Assim como Treize, às vezes preferia recebê-los em papéis impressos do que ver na tela de um computador. Encostou-se na cadeira, fechando os olhos para descansá-los.
Não podia parar de trabalhar. Se parasse, iria enlouquecer. Já tantos problemas, e agora surge o pior de todos! E ainda há aquele boato sobre Heero Yuy estar vivo, que se concretizou.
Um dos informantes fiéis de Mallaica, estudante de Clermont, o informara a pouco tempo. Heero Yuy estava a salvo e vivo, vivendo em Clermont com Peacecraft e Winner, uma nova ameaça para a OZ II já tão carregada de problemas. Os especialistas e críticos diziam que a organização não duraria mais um ano, e isso encorajava ainda mais a população insatisfeita a se voltar contra o governo, que se mantinha cada vez mais opressor para segurar as crises constantes.
E ainda havia Sally, a querida Sally. Dessa vez ela não avisou nada, e isso foi extremamente perigoso para Mallaica, pois raramente ele agia sem saber de tudo com antecedência. Ou Sally foi descoberta por eles, ou aquela idiota desistiu de lutar junto do amigo e das origens para passar ao lado da revolução.
Levantou-se rápido da cadeira, correndo até a janela para abri-la. Deixou que o vento montanhês entrasse, leve e calmo. Não estava mais na base marítima, mas sim na principal instalação da OZ II, nos Alpes Suíços. Mallaica resolveu declará-la como oficial para concílios, reuniões e tarefas importantes pois, por estar entre as montanhas, tinha segurança fortificada natural.
Olhou para as montanhas. Como pareciam puras, todas cobertas de gelo. Fechou a janela, vendo seu reflexo, pálido e cansado, no vidro. Como envelhecera. Por que isso não acontecia com Treize? Voltou a se sentar, mais calmo.
O importante era não deixar Relena Peacecraft saber de nada, pois uma ajuda de Clermont e Mallaica caía do trono mundial. Embora tivesse outros planos para Clermont. Ah, sim, já havia imaginado esses planos desde o primeiro momento em que pensou em entregá-la à jovem pacifista.

Não param de nos seguir. Noin avisou o que todos já sabiam. Parecem bem inseguros, nos vendo de tão perto assim. este sim era um comentário novo.
A mesma chuva fina, a mesma terra cinza, as mesmas ondas com espumas, no mar. As tropas se moviam em seus Mobile Suits, andando por terra, como que caminhando, trocando mensagens codificadas. Os outros iam por mar.
Noin disse algo sensato, agora. Wuufei concordou, impressionando-a. Isso não é insegurança demais? Ou o tal Mallaica é assim precavido mesmo? Hein, Zechs?
Não sei de nada sobre ele. Zechs disse, mal prestando atenção nas conversas. Ninguém sabe. Sally pode até saber.
Duo bateu na testa.
Espera, por que ninguém.
Eu tentei arrancar informações dela, e a torturei um pouco. mentiu Wuufei, sem hesitar, pois já esperava que se levantasse essa hipótese. Não consegui tirar nada dela.
Ele fez isso. afirmou Zechs, que havia realmente acreditado em Wuufei quando este contara na Colônia.
Tinha outra preocupação em mente. Olhava à frente, onde já era possível ver algumas árvores cinzentas.
É claro que, quando o plano foi o de chegar à África, Zechs estudou muito sobre a localização das cidades africanas, dos centros militares e hospitais. Um de seus soldados terrestres, Michael Tylon, era africano e pôde explicar melhor a ele sobre o continente.
Mais ao norte começavam a aparecer as florestas, ainda que também poluídas, mas iam ficando cada vez mais densas. Até que a zona nuclear terminava e as imensas selvas africanas surgiam, verdes, e entre elas as cidades e bases militares.
Na noite anterior à partida, Tylon estendera um mapa no chão, com os principais comandantes ao redor dele. Mostrou onde estavam e a cidade mais próxima: Tynley Manor. Poderíamos pegar uma base pequena como refém. Tylon explicou. Era um homem de meia-idade, de pele negríssima, que falava rápido e cheio de sotaque. A África é cheia de bases isoladas que também são cidades, assim como a Arábia. Eu sempre usei essa estratégia aqui, na minha juventude.
Mas se pegarmos reféns, não vamos virar os vilões da história? Duo perguntou a todos. A nossa imagem vai de salvadores a canalhas assassinos, dependendo de como Mallaica vai querer florear isso.
Duo tem razão. suspirou Noin. Também temos que prestar atenção nisso.
Mas podemos disfarçar. Trowa interviu. Não é mesmo? Um belo discurso derrete uma população, ainda mais se for um povo insatisfeito.
Todos olhavam Zechs, esperando que ele respondesse.
Trowa tem toda a razão. Vamos seguir seu conselho, meu caro Tylon. ele disse, por fim. Sabemos que é de confiança.
Obrigado, senhor.
O silêncio da confirmação de todos, mais o muxoxo que fez Wuufei ao pensar que teria de obedecer ordens mais uma vez. Que droga. Sinto muito, mas será apenas por mais muito tempo. disse Zechs, sem mostrar irritação. Mas tem outra idéia, meu caro Wuufei?
Se encararam. Wuufei apenas balançou a cabeça.
As suas idéias malucas me deixam sem saída. falou com sarcasmo. Se foi assim que você liderou a Presa Branca, não me admira que ela tenha durado tão pouco.
O suficiente. admitiu Zechs. Eu não tenho a paciência de um espírito chinês, deveria saber disso. Somos treinados na OZ para fazer as coisas o mais rápido possível.
Antigo método de Treize, que agia com cautela mas rapidamente. Por isso a OZ dominou a Aliança tão rápido, assim como a OZ II também chegou rapidamente ao poder. Se bem que Zechs não inspirara seu ataque basicamente nos ensinamentos da OZ. E Noin, que trabalhara para a organização durante um bom tempo, percebia isso. Sua primeira inspiração foi a Operação Meteoro, ato arriscado dos pilotos Gundam que teve sucesso inicial e ainda os deixou famosos por sua experiência e ousadia. Quem a havia planejado tinha experiência de guerra e estratégia, assim como fanatismo suficiente para não ter medo de perder tudo numa luta arriscada.
E se inspirara em Heero também. Era sabido por todos que Zechs o admirava muito, assim como a sua forma de lutar. Quase se matou uma vez, detonando seu Gundam, e foi uma ação tão imediata que deixou todos incrédulos e assustados.
Mas agora não havia mais Heero. Eram só eles.
Tylon deu as últimas informações sobre o trajeto que fariam na África. Tynley Manor, 20 quilômetros a noroeste, era uma cidade marítima um tanto suja e com uma base militar e uma fábrica de peças para Mobile Suits. A cidade em si era pouquíssimo habitada, mas a fábrica era importante para a OZ II, assim como muitas africanas e sul-asiáticas, primeiro porque eram peças essenciais, segundo que custavam muito barato.
A marcha prosseguiu. Como Tynley Manor ainda estava na zona de risco, as tropas de vigia da OZ II não os atacaram, mas os seguiram de perto.

Os habitantes da cidade se sentiram alarmados quando uma tropa grande e muitíssimo bem-equipada chegou aos seus portões, ainda mais quando viram que não era a OZ II querendo fazer mais negociações.
Os canhões foram apontados para a cidade. Estava indefesa.
Ficaram com medo, e depois com raiva. O comandante das tropas informou que eles eram revolucionários contra a OZ II, e que, devido à longa viagem que fariam, precisavam de hospedagem e de alimentos. O porta-voz da tropa, no caso Michael Tylon, foi até os porta-vozes da cidade, em negociação. Quando viu que eles estavam dispostos a ajudar, desde que fossem protegidos da OZ II perante à traição, chamou Zechs e Noin para que negociassem também.
Era uma cidade nos moldes do capitalismo, embora guardasse algumas de suas heranças africanas. O "líder"- um rapaz impressionantemente jovem - se reuniu com os invasores e os parlamentares na sala de reuniões da base, uma sala pequena e rústica que não chegava nem aos pés das salas bem-equipadas das Colônias ou das extravagantes da OZ. Sentado na ponta da mesa, o líder primeiro disse a Tylon, em língua africana, que eles não falavam outra, portanto seria preciso traduzir tudo aos comandantes.
Tylon disse isso a Zechs e Noin, que assentiram. Mas acharam estranho um líder não se prontificar em aprender ao menos a língua mundial.
Primeiro diga que não foi educado assustar todos os cidadãos de Tynley Manor nos ameaçando com Mobile Suits. começou o líder com rispidez. Desculpe. Tylon disse antes de traduzir. O nome do senhor é?
Nyala.
Não muito experiente nesse tipo de serviço, Tylon se dirigiu formalmente a Zechs e Noin, e disse:
O Sr. Nyala diz que "não foi muito educado" assustar os cidadãos daqui.
Noin olhou para Zechs e se inclinou para falar baixo ao tradutor:
Qual o costume daqui para pedir perdão?
Geralmente um castigo ou execução.
Noin arregalou os olhos.
Qual é o costume... er... um pouco menos rígido de ser pedir perdão?
Noin, eu não acho que aderir aos costumes deles não vão ajudar muito. Zechs escondeu um meio riso atrás da mão enluvada. É que Noin parecia realmente pasma com a resposta, e até achara graça, quase dando uma gargalhada, mas conseguindo evitá-la.
Sim, senhora. assentiu Tylon, mordendo o lábio para evitar ao menos um sorriso.
Nyala e os parlamentares esperavam impacientes.
E então?
Os comandantes estão se adaptando aos costumes complexos. Tylon disse com respeito. Por favor, tenha um pouco de paciência, e.
Diga que então pedimos perdão, mas foi por uma causa justa. Noin disse, olhando diretamente para Nyala. Queremos livrar a Terra do poder ditador e opressivo da OZ II, assim como libertar as Colônias Espaciais também. Nós viemos das Colônias, a maioria do nosso exército é nascido lá.
Depois de ter tudo traduzido, Nyala franziu o cenho. Os homens ao seu lado começaram a falar em voz baixa com ele, mas ele apenas assentiu com impaciência. Depois olhou Noin nos olhos ao dizer com rispidez:
É a OZ II quem financia a nossa cidade. Não temos o mínimo interesse em romper com ela, muito menos em lutar contra ela.
Noin balançou de leve a cabeça, afirmativamente. Conseguiu não demonstrar a irritação que sentia pelo líder com modos mimados.
Compreendo. Com licença, posso saber quantos anos o senhor tem?
Para que quer isso?
Uma comparação, apenas.
Tenho catorze. Parecia mais velho.
Bem, Sr. Nyala... reiniciou Noin. Mesmo que a OZ II os sustente, eu não acho... corrigiu o "eu", rápido o suficiente para que Tylon não o traduzisse. Não é de se achar que esse seja o melhor modo de vida. A cidade é poluidíssima, com condições precárias. Mesmo o senhor, líder daqui, não vive em total conforto.
Continue.
A OZ II, assim como a OZ, a Rolme-Feller e a Aliança da Esfera Terrestre Unida, tem posição totalmente autoritária. Ultimamente, os danos à população têm sido cada vez piores. O senhor percebe isso?
Percebo.
Pois, então, nosso objetivo é.
Nyala interrompeu grosseiramente com uma frase brusca. Noin quase se assustou, e olhou para Tylon, buscando o significado.
Ele perguntou se seu objetivo é depor a OZ II e fazer dos senhores governantes da Terra. depois Nyala disse mais alguma coisa e Tylon traduziu. Disse que não mudaria muita coisa.
Noin olhou assustada para Nyala.
Ah, não, nunca!
E quem pode me garantir? o jovem disse quase que ameaçadoramente.
Não quer ouvir as nossas propostas, por favor? Noin perguntou com irritação.
Ah, claro. Nyala disse. ele fez uma pausa, depois prosseguiu. Seria muita ousadia minha lutar contra a OZ II, mesmo se eu concordasse com vocês. Não há muitas chances de vencer, então.
Zechs se levantou de súbito, e falou educadamente:
Gostaria de vir comigo, por favor?

Oh, sim, Sr. Nyala, o senhor tem de aceitar uma proposta como essa!
Não me diga o que eu tenho de fazer.
Sugerimos que sim. Nós temos Mobile Suits, e eles têm soldados. E bem preparados.
Como vou confiar naqueles dois?
Aquela era a mesma sala, só que agora sem visitantes. Nyala havia sido levado para ver as forças de Zechs e Noin em Mobile Suits e em soldados. Ficaram surpresos com a resistência deles: uma batalha na atmosfera e depois quase três dias na "zona de risco". Mas o que mais os surpreendeu foi ver três pilotos Gundam entre todos eles.
Mallaica havia convencido grande parte do mundo de que os pilotos Gundam eram nocivos e construiriam um governo opressor (é claro que a população se desiludiu depois, com a vinda da OZ II); mas as pessoas de Tynley Manor, e de outras cidades também, conheciam a sujeira da OZ II suficientemente para acreditar em um quarto do que a organização afirmava. Por isso, não aceitaram completamente a "Verdade Revelada.
Nyala apenas tentou não se mostrar impressionado como estava.
Os Mobile Suits, como ele pôde concluir, eram construídos especialmente para duas funções: atravessar sem dificuldade a atmosfera e fugir com facilidade de uma luta. Os EG mostravam ainda mais isso.
E agora, na sala completamente fechada, assim como abafada, os parlamentares discutiam, esperançosos, com Nyala. Este se balançava em sua cadeira de ferro, pensativo, sem saber o que fazer e temendo a reação de Mallaica. Perguntara a Zechs qual era a estratégia dele. Só obtivera a resposta:
A OZ II já está com problemas. Não será necessário fazer muito.
Como não? Problemas? Com tantos soldados, armas e Mobile Suits e tantas bases militares... como a OZ II estava com problemas?
Estava deitado em seu quarto, estirado na cama grande. Sentia a cabeça girar com a voz de todos à sua volta, e a pressão que se acumulava ao redor dele. Dissera que daria a resposta no dia seguinte, e concordou que alimentaria o exército por três dias, não importando se aceitaria se juntar a eles ou não. Tudo o que Zechs disse que queria era abrigo por um tempo - certamente Mallaica já sabia que eles estavam ali - Mobile Suits em grande quantidade e alimentação e água para o exército. A ração era em grande quantidade, mas não havia muita água nos reservatórios da cidade.
Mas e quanto à OZ II?
Se lembrava nitidamente da primeira vez em que vira Aurey Mallaica, vindo à fábrica de Tynley Manor como um grande político. Era um jovem sorridente e carismático. Negociara com o tio de Nyala - o antigo líder - as condições para que a cidade trabalhasse para a OZ II. Mallaica não deve ter cumprido nem metade delas.
A figura de Mallaica ainda lhe impunha respeito, ainda mais agora, que estava mais velho. Mas não agüentava mais as condições de Tynley Manor, por mais que tivesse de disfarçar isso na frente de estrangeiros.
Ahh, você quer se livrar, não quer?! Nyala gritou consigo mesmo para desabafar.
A própria comandante, ou tenente Noir... era Noir? Ela própria não conseguira explicar o porquê de ter de confiar neles. Derrubar a OZ II era o primeiro plano, depois viriam os seguintes, parecia.
Mas não via saída, a não ser a loucura daqueles habitantes das Colônias.
A OZ II não tinha mais o prestígio de antes. Já fora desmascarada várias vezes, por mais que se virasse e voltasse com uma máscara nova. A população já não a suportava mais. Mesmo com tantos exércitos e forças armadas, não é possível conter a população civil por tanto tempo assim. As próprias forças poderiam se voltar contra a OZ II, e se isso acontecesse, medida nenhuma tomada por Mallaica o ajudaria. As forças revolucionárias o esmagariam junto, assim como todos os conservadores. Estava numa corda, e cada vez mais, bamba.
Nyala se levantou rapidamente da cama.
Comandante Zechs! Mandem chamá-lo!
Por Kitsune-Onna