Título: A Única Bruxaria
Autora: Ptyx
Casal: Snape/Harry
Classificação: R
Gênero: Romance, Angst
Resumo: Na batalha final contra Voldemort, Snape perde os poderes mágicos ao salvar a vida de Harry. Slash.
Disclaimer: Os direitos pertencem a J. K. Rowling, Bloomsbury, Scholastic, Warner Brothers, etc. Eu não ganho um tostão - só me divirto com eles.

Saudações da autora:

Obrigada a todos que escreveram reviews para o último capítulo de "Um Amor Impossível": (Lilibeth, Marck Evans, Karla Malfoy, Fabichan, Vivi Snape e Ainsley Haynes) e para o único capítulo de "Um Motivo Lógico" (Lilibeth, Marck Evans, Paula Lirio, Fabichan, Karla Malfoy e Vivi Snape). Obrigada a todos que me escreveram reviews, de modo geral! Sem vocês, sério, eu não deixaria de escrever, mas não iria colocar na Internet.

Menti pra vocês: na verdade, esta história é menor do que "Um Amor Impossível". Os capítulos serão curtos, mas vou atualizar rapidamente. Esta não é uma história tão inocente e engraçada quanto "Um Amor Impossível". É mais... "adulta". Sob certos aspectos, talvez seja mais romântica.

A Única Bruxaria

Quem não lança o olhar ao sol quando este se levanta?

Mas quem afasta o olhar de um cometa quando este irrompe no céu?

(Meditação XVII, John Donne)

Como em câmara lenta, Severus, que vinha correndo na direção de Potter, o viu proferir o Avada Kedavra. Severus teve de parar por um instante, ofuscado pelo brilho verde e perturbado até a alma pela súbita descarga mágica.

Quando tudo começou a se aquietar e o clarão verde se esvaiu, avistou Potter caído ao chão e correu para ele.

O corpo pálido e magro do garoto parecia inerte. Em desespero, Severus se ajoelhou a seu lado e o ergueu, tomando-o nos braços.

Alieno Vis — murmurou Severus, e seu mundo começou a se apagar lentamente.

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Severus perdera seus poderes mágicos. Nos primeiros dias, ele procurara não pensar naquilo. Iria recuperá-los com o tempo, dizia a si mesmo. Rondava a enfermaria em busca de notícias de Harry. O garoto não corria risco de vida, mas ainda estava inconsciente.

Três dias depois da batalha final, Albus Dumbledore surgiu em sua lareira e anunciou-lhe que Harry Potter recuperara a consciência.

Severus respirou fundo, aliviado.

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Passada a preocupação com o estado de Potter, os primeiros dias sem magia se revelaram uma tortura. A toda hora, Severus dizia os encantos e nada acontecia: "Accio" e o objeto não se movia; "Lumos" e a vela continuava apagada; "Incendio" e o fogo teimava em não aparecer.

Praguejando, tivera, aos poucos, de se acostumar a cada um daqueles malditos objetos Muggle: fósforos, esponjas, baldes...

Tivera também de se conformar em andar até as coisas.

Pior de tudo: não podia trabalhar em poções.

As aulas só voltariam em setembro — agora os alunos estavam prestando seus exames de NOM e NIEM. Caso Severus não recuperasse os poderes até setembro, não sabia como poderia dar aulas. Tornara-se, além de um Squib, um total inútil.

Mas havia mais uma coisa que o perturbava.

Usara o Alieno Vis, e funcionara! Severus não conseguia deixar de achar aquilo espantoso. Formidável, em ambos os sentidos da palavra. Terrível, assombroso, assustador. Severus precisava, agora, reconhecer que não era mais seu ódio pelo garoto ou sua preocupação com a salvação do Mundo Mágico o que o obcecava em Harry Potter. Tendo vivido tanto tempo totalmente alheio àquele tipo de emoção, Severus nem chegara a reconhecê-la em si mesmo. Aquilo era uma revelação.

E Harry Potter estava prestando seus exames de NIEM. Logo, o Garoto de Ouro estaria livre para partir de Hogwarts para todo o sempre.

Havia momentos em que Severus pensava em entregar os pontos. Ainda sabia muito bem os efeitos de cada veneno em suas prateleiras...

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Um dia após o fim dos exames de NIEM, Severus escutou uma batida à porta de seu escritório. Abriu a porta e deu com Harry Potter, seus cabelos mais revoltos do que nunca e uma expressão decidida no rosto pálido.

— Potter.

— Professor. Eu... não sei o que dizer.

— Então não diga nada, Potter, e me deixe trabalhar em paz.

— Como... como consegue trabalhar em poções se...

— Não consigo — respondeu Severus, secamente.

— Er... É exatamente sobre isso que eu queria falar com o senhor.

Severus estreitou os olhos para ele.

— Não tenho nenhum interesse em discutir o assunto com você, Potter.

— Escute, me deixe entrar, por favor. Eu vim me oferecer para ser seu aprendiz.

Severus estreitou ainda mais os olhos, em uma expressão de total estranhamento. Aproveitando-se de seu momento de perplexidade, Potter entrou e sentou-se em frente à sua escrivaninha.

Dando um giro repentino, Severus contornou a escrivaninha, e permaneceu em pé diante de Potter.

— Não estou aceitando aprendizes.

— Hermione me contou sobre o Alieno Vis. Ela me disse que, se o senhor conseguiu transferir sua magia para mim, é porque...

— Basta, sr. Potter. Não lhe dei licença para...

Potter se levantou, aparentemente perdendo a paciência.

— Se o senhor não sentisse um afeto muito profundo por mim, o Alieno Vis não teria funcionado. Isso é um fato indiscutível.

— E isso tem alguma importância?

— Acha que me fez um grande bem salvando minha vida? Pois eu lhe digo que não queria ter acordado nunca mais. Sabia que seria aclamado como herói, como estou sendo, mas, na verdade, eu me sinto sujo, podre. Sou um assassino. Ninguém me entende. Nem meus amigos. Nem Dumbledore. Nenhum deles jamais proferiu um Imperdoável.

— O senhor não está sendo coerente, sr. Potter. Como, aliás, de hábito.

— Escute, não seja idiota. Agora que perdeu seus poderes, como vai fabricar poções? O senhor é um dos poucos mestres em Poções do mundo mágico, e seus conhecimentos são extremamente valiosos. Seria um desperdício incalculável não utilizarmos seus conhecimentos. — Potter olhou para ele, com um ar tão decidido que o deixava sem ação, como que à mercê de um trovão divino. Como Albus em seus melhores momentos, Potter exalava magia. — Eu sei que sou péssimo em Poções, mas completei meus estudos e minha magia é poderosa. O senhor pode me ensinar e eu posso ajudá-lo.

— Não preciso de sua ajuda, sr. Potter. E, embora eu não seja mais seu professor, exijo que me respeite.

Potter olhou para o teto.

— Eu o respeito, quando você não é patético — declarou, levantando-se e saindo do escritório do professor com a fúria e a rapidez de um raio.

Continua...