Respostas às Reviews do Capítulo Anterior:

Lilibeth: Eu só quis dizer que esse retorno (as reviews) é super importante para o escritor, como você bem sabe! Verdade, este Harry é mais maduro, ainda que esteja um tanto desequilibrado no momento.

mki: Que bom que você gostou. Beijinhos pra você também!

Youko Julia Yagami: É isso aí, um Harry mais decidido... a se jogar no abismo! Será que Sev terá de salvá-lo outra vez? oO

Magalud: Fique tranqüila, vai ser super rápido. Fico feliz que esteja gostando.

Baby Potter: É, Harry estava nervoso. Ele, na verdade, estava mal. Ele vai explicar melhor neste capítulo.

Paula Lirio: Será? Mas será mesmo? . Vamos ver!

Karla Malfoy: Ah, ele bem que gostaria de reagir azarando o Harry, mas... algo... ou alguém... irá intervir... Como sempre.

Capítulo 2

— Severus, acho que você deve aceitar Harry como seu aprendiz.

— O quê? Diretor, não pode me obrigar a aceitar esse menino arrogante, que jamais me respeitou. Além do mais, não há o menor sentido nisso, já que ele odeia Poções!

— O garoto está completamente perdido, agora que Tom Riddle não é mais uma ameaça à sua vida. Ele comprou um apartamento em Hogsmeade e está morando sozinho. Seus amigos me contaram que ele está bebendo todas as noites e que, já que você não o aceitou como aprendiz, pretende ficar sem fazer nada, gastando toda a sua herança. Ele cumpriu seu destino de herói com muito esforço. Harry é um mago poderoso, e merece uma chance.

— Então o senhor acha que é melhor colocá-lo nas minhas masmorras? Seria como um interminável duelo de mágicos. Até que um dos dois mate o outro.

Albus Dumbledore abriu o mais irritante de seus sorrisos.

— Pelo menos nenhum dos dois poderá reclamar de tédio.

— Tédio? Quando foi que eu reclamei de tédio? O que eu queria era ter um pouco de paz, agora que Riddle se foi.

— Ora, ora, Severus. Harry é um bom menino. E precisa de você.

Um arrepio percorreu a espinha de Snape, que se limitou a menear a cabeça, em desalento.

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Agora que começava a se acostumar com o fato de não ter poderes, teria de lidar com... Potter. Realmente, os deuses haviam decidido que ele nunca teria paz.

Já seria difícil suportar a presença do garoto se tivesse todos os seus poderes. Do jeito que estava, seria uma tortura digna de Tântalo.

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Potter chegara, se instalara em um quarto vizinho ao seu nas masmorras. Era o início de agosto, e as aulas só reiniciariam no mês seguinte.

Os primeiros dias foram gastos em intermináveis batalhas. Potter trombava com ele o tempo todo, até fisicamente. Severus açoitava-o impiedosamente com suas palavras ferinas, chamava-o de incompetente, inútil, imbecil. Potter retrucava na mesma moeda, chamando-o de patético, teimoso como uma porta, maníaco por controle, canalha seboso, morcego... Enfim, todos aqueles tratamentos carinhosos que eles haviam cultivado em seus sete anos de ódio mútuo.

Que ironia cruel era sua vida, pensava Severus nessas horas.

Mas quando a raiva passava e a frustração ameaçava engolfá-lo, via Potter se refugiando no trabalho. Severus fazia o mesmo e, quase sempre, tudo acabava dando certo.

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Alguns dias antes do início das aulas, Severus chamou Potter para uma conversa e lhe deu instruções claras sobre como deveria se comportar como seu auxiliar em classe. Potter deveria apenas vigiar os alunos para evitar algum desastre no caso de alguma poção sair errada. Deveria seguir estritamente as ordens do Mestre — Severus exigia ser chamado de "Mestre" —, e não contradizê-lo diante dos alunos. Por mais injusta que Potter julgasse uma punição, não deveria enfrentá-lo abertamente.

Severus não imaginava que fosse possível. Mas Potter o surpreendeu, obedecendo a ele nos mínimos detalhes.

Potter não reagiu nem mesmo no dia em que Severus tirou dez pontos de um aluno de Gryffindor por haver revidado ao ataque de um Slytherin, que ficou impune.

Severus sorriu intimamente. Fizera de propósito, para testá-lo. Não esperava que Potter resistisse ao impulso de contestá-lo. Mas resistira.

Depois Potter ficou dois dias sem falar com ele. Por mais que Severus o provocasse, ele só respondia por monossílabos. A princípio, Severus sustentou a guerrinha, não querendo dar o braço a torcer. Mas, enfim, se cansou do joguinho.

— Potter, se vai continuar de mau humor, é melhor que vá embora.

— Não sabia que, para ser seu aprendiz, era preciso ter bom humor. Não acha muito injusto exigir isso, quando você mesmo é o rei do...

Severus o interrompeu:

— Você sabia dos meus métodos e minhas exigências antes de se candidatar ao posto. Se não é capaz de agüentar...

— Como pode ser tão autoritário a ponto de querer mandar no meu humor?

Furioso, Potter largou a faca e as escamas que estava retirando da pele de uma cobra e foi para seu quarto.

Algumas horas depois, contudo, voltou e retomou o trabalho.

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Às poções mais simples seguiram-se às de dificuldade média, e logo eles começaram a se aventurar em empresas mais arriscadas.

Era inacreditável: aos poucos, Severus recuperava o contato com o mundo que lhe era mais caro, o das poções. Por intermédio de Potter, Severus conseguia ver o produto de seus conhecimentos tomar forma outra vez.

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— Potter, por que você está aqui? — despejou Severus um dia, não conseguindo conter a curiosidade. — Acha que precisa me retribuir porque...

Severus não sabia como dizer aquilo.

— Porque me salvou a vida, é o que quer dizer? — retrucou Potter. — Acha que estou tentando compensá-lo?

Severus assentiu.

— É uma retribuição? — insistiu Severus. — Ou é por pena que está fazendo isso?

— Pena? Não! Eu não... Depois do... depois do Avada Kedavra... Foi horrível. Eu perdi completamente a vontade de viver.

Severus suspirou, e Potter continuou:

— É, eu sei, é extremamente irônico. O senhor perdeu os poderes para me salvar, mas eu não queria mais viver... Eu não conseguia me olhar no espelho, aceitar que era um assassino.

— Potter, você fez o que precisava ser feito. Não há motivos para...

— Por favor, não diga o que todos me dizem o tempo todo. Porque o senhor é o único que sabe. O único que tem alguma noção do que é a força de um Imperdoável, e como ele nos afeta.

Severus estremeceu.

— Você é tão jovem... Eu posso imaginar, Harry.

Fora involuntário. Deixara escapar. Em um momento de fraqueza, chamara o garoto de Harry. Agora não tinha volta.

Harry o fitou, surpreso e... oh Merlin.

O garoto respirou fundo e pareceu tentar manter o controle. Severus não sabia muito bem sobre o quê, mas algo parecia prestes a explodir, contido a muito custo.

— Quando me contaram o que havia feito... — reiniciou o garoto, hesitante. Severus sentiu o sangue afluir-lhe ao rosto subitamente, e apoiou-se sobre a mesa de trabalho. Harry, a seu lado, passou a mão pelos cabelos revoltos, em um gesto que lembrava muito James Potter, mas nem por isso o tornava menos encantador. — Desde que me contaram, não consegui mais parar de pensar.

— Não há nada o que pensar — despejou Severus, tentando recuperar o controle da situação. — Foi algo instintivo, e você não me deve nada por isso.

Quem não lança o olhar ao sol quando este se levanta?

Harry pestanejou.

— Instintivo... O seu primeiro impulso foi o de dar a mim toda a sua magia? É incrível.

Severus deu de ombros, mantendo a custo a cabeça erguida.

— Pois eu não consegui mais parar de pensar nisso — reafirmou Harry. — Em você. E os únicos momentos em que eu me sentia vivo... era quando pensava em você. No que você havia feito. Na sua magia correndo nas minhas veias.

— N-não é assim que acontece — replicou Severus, estremecendo ao notar que gaguejara. — Eu lhe transmiti apenas a magia em potencial. Assim que ela entrou em seu corpo, ela se tornou sua.

— Não importa. Pode ser apenas uma fantasia minha, essa. A de que a sua magia está em mim. Mas ela me faz bem. E quando eu penso que você achou que minha vida valia a sua perda da magia, é só então que eu sinto que minha vida teve algum valor. Porque você viu nela algum valor, mesmo depois que eu já havia matado Voldemort.

Severus podia reafirmar que agira meramente por impulso, mas suas palavras morreram ao fitar os olhos verdes do garoto.

— "Ela me amava pelos perigos que passei, e eu a amava porque ela se compadecia por eles. Foi esta a única bruxaria que utilizei."

— Ahn?

— É uma citação do "Otelo" de Shakespeare. Um dramaturgo Muggle.

Harry franziu o cenho, parecendo refletir.

— E o que quer dizer?

Severus se viu em palpos de aranha, sem saber o que responder.

— Vamos trabalhar, Potter. Já é tarde, e Pomfrey precisava desta poção para ontem.

Continua...