O que eu posso dizer sobre essa fic? A história está na minha mente e não me deixa em paz. Ela quer ser escrita, então vou fazer a vontade dela. :)
Obrigado pelos reviews. Eu abro o email e começo a sorrir igual um bobo na frente do micro. Valeu gente.
Lilibeth: Vc me deixou sem palavras. Que bom que gostou, é tudo que eu consigo pensar para dizer, e isso é muito pobre diante do tanto que eu me senti encantado pelo seu review. Obrigado.
viviane valar: sim Viv, essa vai ser mais pesada. Cicatrizes são coisas muito difíceis de serem curadas.
Eu morro de rir escrevendo o Draco.
Gostei muito sua fic Snape&Harry
Juju-Malfoy: O Remus é um cara muito legal, por isso eu encabeço a campanha para a Lilibeth não matar o Lobo em "Venenos".
Obrigado, de coração, pelo review
Fabi Chan: Obrigado. Eu gosto de casais contrastantes assim.
Holly Moon: Severus e Harry eu já li alguns ótimos. A Viviane Valar tem algumas, e tem o site da Ptyx, minha beta, que escreve maravilhosamente bem esse casal. O endereço é: http : ptyx. ebonyx. org / sem os espaços. Eu recomendo, em especial, a série Mandala. Mas Remus e Draco eu nunca li.
MEL MorganWeasley: Abro o maior sorrisão na frente do micro. Que bom que gostou. Eu gostei muito da sua "Apenas uma Noite"
Claire R. Black: Alguém por favor busque meu ego que ele saiu flutuando janela afora!! Obrigado pelo que você fala no seu review, a gente escreve só pelo prazer de escrever e de mostrar o que escreveu. Lendo isso dá o maior gás para continuar escrevendo.
Tem essa fic em português? Pq meu inglês se resume ao informatês, não dá para ler fic.
Bom, taí o outro capítulo.
Momoni: Uau, agora quem está com um sorriso de orelha a orelha sou eu. Obrigado.
Espero não decepcionar, e nem atualizar muito devagar.
Snape/Harry é muito legal. Aliás, Snape com qq um é legal. Tá bom. Exagero. Com o Hagrid e com Minerva não deve ser tão legal assim. :)
Paula Lírio: Snape para mim é O Cara. Um caso clássico de ame-o ou odeio-o. rs
E seu review não foi nem um pouco confuso, aliás foi muito inteligente e estimulante. O Snape realmente tem várias facetas, a maioria desagradável. Mas fazer o que? O Harry gosta!
Esse capítulo é provavelmente o menor de todos, mas eu me diverti muito escrevendo.
Então vamos ao que interessa.
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Parte I – Outono
Tempo de deixar ir.
Capítulo II – Demarcando Território
País de Gales – 23/09/1998
Draco Malfoy:
A ressaca me acorda. Gosto dela. Não penso, não sinto, não lembro. Perfeito.
Eu movo a cabeça um milímetro e a fisgada de dor me convence a ficar imóvel. Sei que será por pouco tempo, meu estômago não demorará a exigir que eu corra para o banheiro, mas nesse momento estou imerso em um abençoado mal-estar que nubla minha mente e minhas emoções. Se eu pudesse permanecer só assim, respirando...
Merda! Vou vomitar.
Levanto da cama cambaleando, sem saber onde é o banheiro. Não tenho idéia de onde estou. Trombo nos móveis até atingir e abrir a primeira porta que encontro. Dou de cara com um corredor; tem uma porta em frente à do quarto de onde saio e uma mais ao final. A dos fundos está aberta e é um banheiro. Atiro-me lá para dentro fazendo barulho e trombando nas paredes.
Cinco minutos depois, estou caído no chão, ainda abraçado com o vaso, e imaginando se dessa vez eu expeli o estômago ou é só impressão minha. Antes que consiga me mover, estou pensando seriamente em voltar a dormir aqui mesmo, sinto, mais do que vejo, um vulto parado ao meu lado. A voz educada do desgraçado do lobisomem traz a memória da merda que minha vida virou.
-Consegue se levantar sozinho, Malfoy?
-Sai daqui.
-Não.
Ele tenta me pegar pelo braço para me levantar. Minha fúria entra em ação imediatamente. Eu me levanto de um salto, empurrando o filho da mãe para longe.
-Não toca em mim. Ninguém toca em mim, entendeu! Ninguém. – Eu me escoro na parede para não cair, a vertigem forte embaralha tudo ao meu redor; nem mesmo consigo vê-lo. – Sai de perto de mim.
Meu estômago se manifesta novamente, junto com a dor de cabeça.
-Calma, Malfoy. Eu não vou tocar em você. – A voz dele vem de algum lugar à minha frente. – Respira fundo. Isso, devagar agora. Mais uma vez.
A voz dele é calma. Eu automaticamente vou respirando no ritmo que ele sugere. Minha visão clareia aos poucos, e eu já consigo vê-lo. As duas mãos espalmadas na frente do corpo, há uns dois metros de mim.
"Desgraçado. Você tinha que me ver assim? Me deixa em paz!"
-Onde eu estou? – Minha voz sai rouca e assustada. Minha memória ainda está um pouco confusa, a dor de cabeça e a vertigem não ajudam, mas eu lembro bem que estávamos em um apartamento em Londres, e sei que não estamos mais lá.
-No chalé. Lembra-se de que eu disse que viríamos logo de manhã para cá? Na hora marcada eu enviei suas malas e trouxe você.
Eu fiquei completamente à mercê dessa aberração! Essa coisa tocou em mim. Eu não poderia me defender. Minha varinha! Cadê minha varinha!
-Minha varinha, o que você fez com minha varinha? – Ainda estou acuado no canto da parede, minhas pernas ainda não têm força para me sustentar, e estou sem a varinha.
-Calma, Malfoy. Sua varinha está na mesinha ao lado da sua cama. Recomponha-se.
O cretino ainda se vê no direito de me dar ordens. E continua!
– Vou sair daqui para que você possa tomar um banho. Aqui tem tudo que você possa precisar. Vou estar lá em baixo, com um chá que ajudará a curar essa sua ressaca. Se não estiver lá em meia hora, eu volto para buscar você.
-Foda-se. Você não manda em mim.
-Meia hora, Draco.
E o idiota me deixa sozinho.
É quando ele sai que o pânico toma conta de mim. Tento, e não consigo, ignorar imagens do que ele poderia ter feito comigo enquanto eu estava inconsciente. Meu estômago retorce. Arranco a roupa e mergulho no chuveiro frio. Esfrego-me até que minha pele arda. Não consigo conter o choro, mas evito os soluços mordendo os nós dos meus dedos. Ninguém vai me ouvir chorar.
No meu quarto, encontro meu malão. As três garrafas de uísque restantes estão alinhadas sobre ele. Vazias.
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Remus Lupin:
Saio do banheiro totalmente aturdido. Nada do que Severus e Harry tinham me dito me preparara para a realidade. O garoto está perto de enlouquecer.
Rezo para que ele gaste a meia hora, porque eu preciso dessa meia hora para me refazer.
Sento-me à mesa da cozinha com um copo de água nas mãos e tento relembrar tudo o que sei sobre Draco Malfoy.
Lembro-me do garoto arrogante que conheci cinco anos atrás. Ele fazia questão de demonstrar um desprezo absoluto por todos a sua volta. Por mim, inclusive. Parecia-me tão bobo. Um menino mimado e mal acostumado tentando criar seu próprio grupinho de seguidores. Disso eu me lembro bem: Draco não tinha amigos, tinha dois capangas.
Ele era um aluno competente. Mesmo me olhando como se eu fosse um inseto nojento, era um dos melhores nas aulas. Sua arrogância não me incomodava; eu já vivi coisas demais para ligar para um garoto inseguro. Mas hoje! Morgana que me ajude! Hoje eu vi desespero.
Snape não entrou em detalhes; tudo o que ele me disse é que, pouco antes de Malfoy começar o sexto ano, ele sofreu uma série de violências que o fizeram voltar-se contra Lucius Malfoy e, por causa disso, colaborara com Dumbledore. Severus se tornara uma espécie de tutor dele, uma vez que a mãe e o pai eram procurados pelos aurores.
Ele parecia estar lidando relativamente bem com o que quer que tenha acontecido, mas depois do fim da escola ele desmoronara. Severus fora enfático.
-Não toque nele, Lupin. Nem mesmo um aperto de mão. Nem para tirá-lo de um buraco. Não toque nele por nada na vida.
Meu gesto de tentar erguê-lo do chão do banheiro fora totalmente inconsciente. Eu não esperava o medo desesperado nos olhos dele.
Merlin! Esse garoto passou pelo inferno para poder ficar assim
Harry me avisara sobre a bebida.
-Remus, ele bebe de cair se você não vigiá-lo. É como se só bêbado ele tivesse paz. Ele não me ouve, o que não é de se estranhar, e também não ouve Severus. Às vezes eu acho que ele quer morrer. Severus diz que ele só quer esquecer. Mas ele vai acabar morrendo, se alguém não conseguir pará-lo. Eu não sei o que houve com ele, nem Severus nem o professor Dumbledore sabem em detalhes. Ele não suporta o assunto, se recusa a falar, seja com o diretor, seja com Severus, seja com os médicos.
-Harry, não seria o caso de interná-lo? Ele parece precisar de ajuda especializada.
-Ele não está louco, Lupin. Ele só precisa de um tempo longe de tudo. Sei que o que Harry e eu estamos lhe pedindo é complicado. Nós tentamos, mas ele se ressente de ver Harry ter uma vida e ele não. Os médicos são taxativos, enquanto ele não tiver alta no Exame do Espelhamento, ele não pode viver sozinho.
-Você vai se isolar no meio do nada, Remus, é disso que ele precisa.
E eu concordei com essa insanidade! Malfoy talvez não esteja louco, mas eu, Harry e Severus estamos.
Estou começando a preparar o chá quando Malfoy entra na cozinha. A voz arrastada e arrogante é um alívio. É mais fácil lidar com isso.
-Com que direito você mexeu nas minhas coisas? Não se atreva a fazer de novo.
-Sente-se Malfoy. Temos alguns pontos a esclarecer.
Quase sorrio diante da zanga dele. Sento-me de frente para ele, e estendo a xícara. Essa criança parece pronta a entrar em guerra comigo.
-Bebe seu chá, vai melhorar sua cabeça e seu estômago. – Eu tomo o meu, desafiando-o com o olhar. Isso costumava funcionar. E ainda funciona. Ele engole o chá.
-Malfoy, eu recolhi seu malão do jeito que estava, e enrolei você na sua própria capa, mais para a proteção do meu nariz do que por qualquer outro motivo.– Eu o provoco de propósito, e ele reage se empertigando na cadeira. Bom. – O uísque eu joguei fora e, por causa disso, já me comuniquei com Severus. Ele cortou sua mesada. Tudo o que você precisar de dinheiro vai ter de falar comigo.
Ele se ergue, indignado, e parece pronto para começar uma briga.
-Sente-se, Malfoy. – Eu imponho obediência. – Você fez um acordo com Severus e não cumpriu sua parte. Portanto, não reclame. Mas vamos ao que interessa. Essa é uma casa simples. No andar de cima são só dois quartos, um meu e o outro seu, e o banheiro. Um elfo virá cuidar da limpeza a cada semana; portanto, se não gosta de viver em um chiqueiro, sugiro que cuide bem do seu quarto. O banheiro será mantido em ordem; eu não gosto de viver em um chiqueiro.
Não sei se rio ou choro diante do ar ofendido dele quando lhe atribuo tarefas domésticas. Mas aproveito a frágil vantagem psicológica que ainda tenho e não lhe dou tempo de responder.
-No andar de baixo existe a cozinha, meu escritório, a sala de visitas e um cômodo que você pode usar como quiser. Eu cozinho, e você cuida da arrumação depois das refeições.
-Nunca que eu....
A indignação dele agora foi maior que seu controle.
-Isso não está aberto a discussões, Malfoy. Snape explicou a você muito bem que a rotina da casa seguiria as minhas determinações.
-Pretende me manter preso aqui?
Ele está se recuperando, já posso ver a provocação no fundo dos olhos azuis.
-Não, de forma alguma. Você tem toda a área da propriedade para andar à vontade. Mas sua vassoura continua com Severus, pelo menos até segunda ordem. Na sala, existe uma extensa coleção de livros. Fique à vontade. Se quiser comprar qualquer coisa, me fale; se não for alcoólico, eu providencio.
Já estou ficando cansado dessa guerra antes mesmo dela começar.
-Se quiser visitar a aldeia próxima, vista-se condizentemente. É uma vila totalmente trouxa, somos os únicos bruxos no condado. Não saia sem dizer aonde vai. Não o estou vigiando, é só uma questão de segurança; se algo acontecer a um de nós, só podemos contar um com o outro.
Ele me olha com o mais gelado ar de desprezo. Estou próximo a uma crise de riso histérico.
-Nunca entre no meu quarto ou no meu escritório na minha ausência, ou sem bater primeiro. Eu lhe devolverei a gentileza; salvo claro, situações em que você pareça estar com problemas, como ontem à noite.
Ele estremece à simples menção de que esteve vulnerável. Um assunto mais delicado agora:
-Quanto à minha licantropia. – Posso ver primeiro o susto, e depois o nojo nos olhos dele. Ah criança, isso dói! – Meu quarto tem entrada para um outro quartinho, onde vou me trancar nas noites de lua cheia. O professor Snape vai me enviar a poção Mata-Cão todos os meses. Portanto não se preocupe, nem mesmo vou uivar. – Falo diretamente, uma parte de mim quer deixá-lo desconfortável. – Mas se a poção não vier em algum mês, seu único incômodo serão os uivos. O quarto é magicamente reforçado, mas lobos não gostam de ficar presos. Sei que não preciso pedir que se mantenha longe nessas noites.
Ele quer correr daqui. Posso sentir isso. "Já vou liberá-lo, menino."
-Tome. – Estendo-lhe um pedaço de pergaminho, que ele pega, ressabiado. – Horários das refeições, se não estiver aqui na hora certa, eu vou buscar você.
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Draco Malfoy:
Desgraçado, maldito, filho de uma cadela sarnenta, aberração, sangue ruim, monstro. INFELIZ!
Enquanto tento arrumar minhas coisas no quarto que o animal designou como meu, eu só penso que estou sujeito às regras desse .... dessa.. dessa coisa.
E por acaso eu sou algum tipo de escravo, ou elfo doméstico agora? "Snape, eu vou matar você. Primeiro vou torturar você e seu namoradinho, depois eu mato ele, e depois você. Parvo desgraçado, olha aonde você me enfiou."
Está tudo guardado e, pelo pergaminho que a besta pôs na minha mão, é hora do jantar. Melhor descer. Não tenho fome alguma, mas ele é bem capaz de vir aqui.
Só no meio da escada percebo que passei uma tarde inteira sem que minhas memórias me assolassem. Isso não acontece desde o final da escola.
Entro na cozinha, e o cheiro da comida abre meu apetite.
A aberração sabe cozinhar! Há muito tempo não como tanto. Depois do discurso de hoje à tarde, ele está calado, e eu posso comer em paz. Gosto disso. Gosto de não precisar falar. Por mim podemos ficar os dois calados pelos próximos nove meses.
Quando acabo de comer, ele sai da cozinha, me deixando sozinho com a louça. Chego a sair da cozinha sem tocar em nada, mas no corredor, eu paro, escutando o silêncio. Eu me lembro da casa do Potter, em Hogsmeade, da insistência dele em conversar, dos olhos de Snape em cima de mim o tempo todo, de me sentir sobrando entre os dois. Não, eu não quero voltar para lá. Merda! Vou ter de descobrir o feitiço que se usa para arrumar cozinha!
Quando termino, vou até a sala. Lupin colocou uma música suave na vitrola, e está de olhos fechados na poltrona mais próxima da lareira. Eu me sento na outra poltrona e relaxo um pouco ouvindo a música.
Acordo horas depois com Lupin me chamando, sem tocar em mim.
-Está tarde. Vá dormir na cama, criança.
Eu o ouço subir, usar o banheiro, e depois se fechar no quarto. Só então eu abandono a sala, agora silenciosa, e subo.
Arrumo-me para dormir. Tomo a poção que evita sonhos. Eu a tomo há dois anos e às vezes acho que vou tomá-la para o resto da minha vida.
Quando estou entre as cobertas, de repente me pego sorrindo: "Criança!"
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Remus Lupin:
Cochilando ali na outra poltrona ele parece tão doce. Só assim para ele parecer doce.
Abençoadamente ele está dormindo. É como se eu estivesse sozinho.
Olho para o fogo. Escolhi uma batalha a ser travada a partir de amanhã. Boa parte dos livros que comprei são para me preparar para essa verdadeira guerra de palavras que vou começar. Ao mesmo tempo, acabei me envolvendo em outra guerra com o jovem Malfoy. Ainda não sei de que lado cada um de nós está nessa guerra, mas ela também se anuncia árdua.
Sinto uma espécie de alegria selvagem com isso. Sirius costumava dizer que eu disfarçava bem, mas era, no fundo, um lobo insano. "Você tem razão, Sirius. O muito que contenho a fera dentro de mim disfarça isso. Mas, no fundo, eu me sinto melhor tendo uma boa batalha pela frente."
Deixo minha mente seguir a música por horas. Quando vou dormir, acordo o garoto sem tocá-lo. "Aprendi a minha lição, Severus."
Subo na frente, e já estou deitado quando o ouço nas escadas. Aliviado, eu o escuto fechar a porta do quarto.
A sensação que tenho antes de dormir é de expectativa e, na minha mente sonolenta, guerra se confunde com comemoração. Amanhã começa a festa
