Paula: Já falei para o Lupin deixar de bobagem, mas ele ainda não me ouviu.
Lilibeth: Minha mestra de ping-pong, se seguíssemos mais o ritmo da natureza talvez passássemos menos frio na alma.
Bárbara: Eu não quero parar mesmo, rs, e nem descobri o que você faria se ficasse brava.
Juliana: Obrigado.
Hikary Kathryn: O Harry estava so provocando o Draco para ele ira a luta. Que bom que gostou
Baby: Eu também quero ação! Vou ter uma conversa séria com Remus e Draco para ver se ele sresolvem agir.
Viviane: o Harry é um grifinório-sonserino
Fabi: Ministerio da Saúde adverte, certos reviews deixam o autor mais metido a besta do já é
Aluada-Malfoy-Snape: O Harry está terrível. Oh menino impossível!
Sophie Sasdelle: E todo mundo quer ver isso logo! Acho que a fic vai ter uns 17 capítulos
JuJu-Malfoy Eram idéias muito... calientes, rs Eu tenho pensado mesmo nessa outra história, mas para janeiro, se der.
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Parte IV – Verão
Sol Quente na Pele
Capítulo XIII – Noite de Lobos
País de Gales – 22/06/1999
Draco Malfoy:
Remus é louco. Eu sou louco. Se eu me apaixono por um lunático, é porque eu também sou um.
Ele está trabalhando como se fosse morrer se parar por um instante. Os abrigos estão prontos, as três camas de armar estão prontas no Quarto do Lobo; a minha está lá também, encostada em uma parede, esperando o dia de ir para o quarto de Remus. Eu gelo e fervo só de pensar nessa hora.
Os outros lobisomens devem começar a chegar na manhã de sexta. Teremos dois dias para descansar, se Remus não inventar de reformar a casa toda.
Acabamos de jantar, e ele comeu muito pouco, faz meia hora. Faz exatamente essa mesma meia hora que ele está parado lá fora olhando o nada. Tem algo sério incomodando Remus, e ele não fala.
-Draco! – ele me grita lá de fora.
Obrigado, Hécate, ele não virou uma estátua de sal, ainda fala e mexe!
Eu saio para ver o que ele quer, e seu humor mudou de novo!
-Respira, Draco!
-Eu faço isso há quase vinte anos, Remus.
Ele ri. Céus, eu não ouvia essa risada de moleque há dias.
-Respira fundo, Draco, e sente esse cheiro.
Cheiro de terra quente, cheiro de mato. Um cheiro que vou relacionar com Remus para sempre.
Ele me observa, concentrado:
-É bom, não é? Vem, vamos fazer uma caminhada.
-Agora? Remus, daqui a pouco vai escurecer.
-Tem medo de andar comigo no escuro, Draco? – Ele simula uma cara de maluco e faz uma voz cavernosa, me obrigando a rir.
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Remus Lupin:
Draco dá uma risada alegre e aceita andar comigo.
Eu preciso de ar, de amplidão. Eu preciso parar de ficar me martirizando.
É início do verão. Tempo de colher o que foi plantado. Tempo em que nossos instintos mais se manifestam. O cheiro de plenitude está em tudo, e mescla-se com o cheiro de Draco, me deixando com a cabeça leve.
Quando atingimos o alto da colina, sento-me encostado em uma árvore, e Draco, depois de hesitar um pouco, deita-se com a cabeça no meu colo. Passo a mão nos fios prateados dele, e Draco simplesmente suspira e relaxa. Meu coração acelera, e meu corpo reage à proximidade. Rezando para que ele não note, eu olho o pôr-do-Sol.
Lentamente o dia se transforma em noite, e o céu enche-se de estrelas. Começo a falar de astronomia, para me distrair, enquanto afago a cabeça de Draco. Ele fica quieto por tanto tempo que chego a achar que dormiu, até que ele se senta e, encostando-se na árvore, me faz deitar a cabeça no colo dele.
Ele mergulha os dedos no meu cabelo e fala baixinho:
-Gosto de noites como essa.
Eu também, meu amor. Só penso, sem coragem de dizer.
Ficamos um bom tempo assim, eu, Draco, as estrelas e o verão.
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País de Gales – 25/06/1999
Draco Malfoy:
Última noite antes da Lua Cheia. Passei a tarde respondendo perguntas de quatro desconhecidos, que precisam confiar em mim o suficiente para se deixarem fotografar. Algumas das perguntas foram de caráter muito íntimo. Quase invasivo.
Remus atuou o dia todo como mediador, está exausto. Eu entendo a necessidade dessas perguntas, mas isso não me faz gostar de respondê-las. Teremos um longo dia amanhã. E uma longa noite também.
Foi com essas palavras que Summers, o mais velho do grupo, se recolheu. Silver, McAllister e Cardiff o seguiram logo depois. Remus ainda demorou um pouco. Nós dois meio sem sabermos o que dizer.
Falei que queria relaxar um pouco e que prometia não acordá-lo quando fosse me deitar. Remus pareceu aliviado e subiu.
Estou cansado, mas não consigo me imaginar indo deitar ao lado dele. Seria.... ah, eu nem sei o que seria.
Pego uma garrafa de cerveja amanteigada e, depois de gelá-la com um feitiço, vou sentar-me na minha mesa e ver a noite.
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Remus Lupin:
Viro-me na cama mais uma vez. Droga. A expectativa de que Draco venha dormir no meu quarto afeta meu sono. No quarto ao lado, três Lobos de ouvidos muito sensíveis devem estar se perguntando por que eu tanto me agito.
Meia-noite! Onde Draco se enfiou?
Desço, e o encontro olhando as estrelas com meia garrafa de cerveja quente nas mãos.
-Está aí há muito tempo?
-Minha vida inteira. Criei raízes aqui, nunca mais vou me mover – responde ele, com sua voz mais arrastada que o normal.
Sento-me ao lado dele.
-Quando construí isso, era para sentar nos bancos e usar a mesa, e não deitar na mesa.
Ele muda de posição, pondo a cabeça no meu colo.
-Você devia estar dormindo. Amanhã a Lua vai roubar você por algumas horas; devia descansar.
-Estou sem sono – minto, enquanto enrosco o dedo em uma mecha do cabelo dele.
-Eu também. Acho que estou ansioso.
-Desculpe pelo interrogatório de hoje à tarde. Eles pegaram pesado.
-Pegaram sim. Mas foi bom. Algumas das coisas que perguntaram..... Tem coisa que eu nunca parei para pensar.
Ele se cala, fechando os olhos.
Nunca em minha vida desejei tanto beijar alguém.
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Draco Malfoy:
Fecho os olhos porque não agüento mais olhar Remus sem beijá-lo. É como se todo o meu desejo estivesse à flor da pele, me queimando.
Nunca me senti tão emocionalmente vulnerável. Tenho de fazer um esforço enorme para lembrar que Remus não me ama desse jeito.
A risada nojenta de Mulciber ecoa na minha mente. "Você vai ter de me obedecer, pequeno Draco." Pequeno, insignificante, fraco.
-Não!
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Remus Lupin:
-Não! - ele grita e, sentando-se rapidamente, começa a se balançar.
Crise de medo. Merlin! Ele captou o meu desejo e entrou em crise!
-Remus! – ele me chama desesperado. - Remus!
Eu o abraço forte, e ele se agarra a mim, lutando para a crise passar.
-Não me deixa, Remus. Não me larga. Não me deixa sozinho. Tão frio!
-Calma, Draco. Eu estou aqui. Vou estar sempre aqui.
Essa crise é diferente. Veio rápida e terminou de repente, mas ele fica mais abatido que o normal, e não me larga. Soluça alguma coisa sobre não ser fraco, mas se recusa a me dizer o que houve.
Seguro-o por um longo tempo.
Em algum momento, nós nos deitamos na mesa, e acabamos por dormir. Juntos.
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País de Gales – 26/06/1999
Harry Potter:
Draco e eu estamos sentados na mesa rústica que Remus construiu, e que parece ser um dos locais favoritos de Draco, vendo a lua nascer.
Depois de um dia agitado, é meu primeiro momento de paz. No entanto é uma paz repleta de ansiedade e expectativa. Vou estar a um vidro de distância de um lobisomem. Fora aquela vez, há seis anos, em que vi Remus se transformar e lutar com Sirius, essa é minha primeira oportunidade de ver um lobisomem de perto.
Draco parece mais calmo do que eu, um pouco melancólico até.
-Quando vamos começar, Draco?
-Ansioso? Combinei com Remus que só iniciaríamos as fotos depois de meia hora que a Lua tivesse nascido. Deixe-os acalmarem-se primeiro.
-Certo.
Eu observo o ar estranho de Draco antes de perguntar:
-Algum problema com você?
-Só um pouco cansado. Desde ontem estou sendo interrogado por quatro lobisomens desconfiados quanto às minhas motivações. Só hoje à tardinha eles começaram a confiar em mim.
-Compreensível. Eles são perseguidos há muito tempo.
-Você passou algumas poucas horas com eles hoje à tarde, e em você eles confiaram logo.
-Confiaram no meu nome, na fama que eu carrego. Eles nem me viram direito por trás dessa fama. – Minha voz soa amarga. – Quase ninguém vê.
É estranho me sentir tão à vontade para falar disso com Draco. De certa forma, ele me entende nesse ponto. Sendo um Malfoy, ele vive o exato reverso da medalha. E no reverso ele também é invisível atrás do próprio nome.
-Isso realmente incomoda você?
-Incomoda.
-Mas é assim com todo mundo. Eu, Granger, você, Dumbledore. Uns mais, outros menos. Veja eles, por exemplo. – E Draco gesticula na direção dos abrigos. - Ninguém os vê de verdade. Só vêem o fato de que eles são lobisomens. E por trás desses estereótipos estão as pessoas.
E isso veio da boca de Draco Malfoy!
Nós nos calamos, e observamos a lua acabar de nascer e subir nos céus. Quando chega a hora, Draco me entrega parte do equipamento dele e vamos até o primeiro abrigo.
Andrew McAllister. Bruxo, sangue puro, vinte e nove anos, quatro como lobisomem. É sustentado pela irmã e pelo cunhado, porque ninguém o emprega. Era um excelente desfazedor de feitiços antes de ser mordido. Cara simpático, fazia pequenas missões para a Ordem na época da guerra.
Quando atingimos o abrigo e nos posicionamos em frente à janela, que ocupa quase todo um lado da pequena casa, um lobo castanho e altivo nos encara. Meu sangue gela. Não de medo, mas de reverência. Sinto-me como se olhasse para um pedaço esquecido da magia que atuou na criação do cosmos.
Draco se aproxima do vidro e toca, reverente, a tênue barreira. Ele aguarda, respeitoso, até o Lobo sentar-se e, virando-se de perfil, deixar-se fotografar.
Ele usa duas máquinas diferentes, e bate uma infinidade de fotos. Minha função é só acompanhá-lo e lhe passar o que me pede, em voz baixa, com se estivéssemos em local sagrado.
Quando ele termina, volta a tocar o vidro e espera o Lobo se afastar. Dessa vez eu o acompanho no gesto de despedida.
Segundo abrigo. Edward Summers. Bruxo, mestiço. Cinqüenta anos, foi mordido há dez, em uma missão de resgate. Auror aposentado por ter sido mordido a trabalho. Vive isolado do mundo, plantando ervas e depois as vendendo. Hogwarts é seu principal cliente. Repetimos o ritual diante de um magnífico e orgulhoso Lobo branco.
Terceiro abrigo. Joanne Silver. Sobrenome irônico para uma Loba. Bruxa, nascida trouxa, trinta e poucos anos, doze anos de transformações. Estava estudando para curandeira quando foi mordida. Vive entre os trouxas, trabalhando como herbologista. Explica seus sumiços nas noites de lua cheia dizendo que pertence a uma religião exótica. Linda, tanto na forma humana quanto na de Loba, castanha como Andrew.
Quarto abrigo. Thomas Cardiff. Bruxo, com algum sangue trouxa na árvore genealógica, trinta e cinco anos, foi mordido há dois. Acho que está apaixonado pela Joanne. Vive entre os trouxas consertando encanamentos, fogões, brinquedos, bicicletas, qualquer coisa. É o mais agitado dos Lobos. Castanho, como Andrew e Joanne. Altivo, como todo Lobo.
Quinto abrigo. Remus Lupin, bruxo mestiço. Um dos melhores amigos que alguém pode ter. Uma das melhores pessoas do mundo. Trinta e nove anos, trinta como lobisomem. Herói da guerra contra Voldemort. Professor brilhante, afastado da cátedra pelos preconceitos tolos. Escritor. O mais tenaz sobrevivente que conheço. Um Lobo cinzento, lindo e poderoso.
Cinco Lobos. Tão diferentes nas suas personalidades, nas suas histórias, nas suas origens, na forma como vêem a vida. Tão iguais na dignidade com vivem, apesar de tudo.
Draco termina as fotos e nós voltamos juntos e calados para o chalé.
Não sou mais o mesmo Harry. Algo muito forte tocou minha alma hoje.
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Draco Malfoy:
A cada Lobo que fotografei, eu morri e renasci. Mais forte, mais lúcido. Transformado e purificado de alguma forma estranha. Harry também parece afetado.
Entramos na cozinha para um chá. Ele me fita e tem lágrimas nos olhos. Em silêncio, nós nos entendemos.
-Quando vai revelar as fotos?
-Agora. Quer ver? – Eu adivinho a necessidade dele.
-Quero.
Harry me ajuda quase tanto quanto me atrapalha na revelação das fotos. Algumas da maneira trouxa, a maioria no estilo bruxo.
Durante o processo, nós conversamos. Eu e Harry Potter conversamos. Isso é hilário. Se os que estudaram conosco vissem isso, chamariam os curandeiros correndo.
Acabo contando para ele das vezes que já entrei no Quarto do Lobo, com Remus transformado. Depois do que vimos juntos, sei que ele entende.
Depois de vermos as fotos que tirei hoje, ele me convence a mostrar as primeiras de Remus. Ele as olha por um longo tempo.
-Eu entendo por que não quis usar essas, Draco. São íntimas demais. Expõem Remus e você.
-Eu?
-Não reparou ainda, Draco? Alguns fotógrafos deixam traços nas suas melhores fotos. – Novamente Harry me parece velho, muito velho. – Remus já viu essas fotos?
-Já, claro.
-Como ele pôde ver isso e não perceber?
-Perceber o quê?
Morgana! Eu sei o que ele vai dizer!
-Que você o ama.
-Pára com isso, Potter.
Ele ri baixinho e, alegando cansaço, sai em direção à sala para ir para casa. Já na frente da lareira, volta-se e me encara novamente com seus olhos velhos.
-Remus nunca virá até você. Assim como Severus nunca viria até mim. Por motivos diferentes, e inválidos na minha opinião, os dois agem de formas semelhantes. Eles tentam proteger quem eles amam. Eu tive de ir até Severus. Você vai precisar de coragem para ir até Remus e dizer o que sente.
Com um último aceno, ele entra na lareira e desaparece.
Vou até a janela e vejo o sol nascer devagar. Daqui a pouco, Remus e os outros vão começar a voltar para casa.
Salazar!
Ou eu estou louco, ou Harry não só percebeu o que eu sinto em relação a Remus como me incentivou. Estou louco, porque... Merlin! Ele deu a entender que Remus me ama!
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Hogsmeade – 27/06/1999
Severus Snape:
Apesar de cansado, demorei a dormir ontem e, sem Harry na cama, meu sono não foi dos melhores.
Meu menino entra no quarto ao amanhecer.
-Acordei você?
-Não. – Admito que não estava dormindo, mas não preciso dizer por quê.
Ele se prepara rapidamente para deitar enquanto o observo. Parece cansado e emocionado. Quando se aninha no meu peito, eu rompo o silêncio:
-Tudo bem, Harry?
-Tudo.
Inalo o cheiro dele, e insisto:
-O que você tem?
-É que foi tão... tão... tão maior do que eu esperava.
-Não vai me contar?
Ele ergue o rosto e me olha.
-Remus está escrevendo um livro sobre lobisomens. Eu não li, mas pelo que ele e Draco contaram está fantástico. Draco o ajudou em algumas partes do livro e agora está fotografando para ilustrá-lo. Ele tem algumas fotos de lua cheia inacreditáveis. Ele e Remus reuniram um grupo de lobisomens na casa deles. Nós construímos abrigos individuais no terreno do chalé e, hoje à noite, eu ajudei Draco a fotografá-los. Foi uma das experiências mais importantes da minha vida. Foi fantástico. E as fotos ficaram ótimas.
Olho para ele sem acreditar que os três haviam feito tamanha sandice. Minha vontade...
-Não adianta pensar em ir esganar Remus agora, Severus. Draco não deixaria.
-Você não tem noção do absurdo que fizeram.
-Nós os fotografamos através de uma janela de vidro magicamente reforçado. O material dos abrigos era forte e também magicamente trabalhado. Tínhamos quatro rotas de fuga, e tanto eu quanto Draco sabemos nos defender e podíamos aparatar de lá.
Eu me ergo da cama, agitado demais ao pensar em tudo o que poderia ter dado errado. A loucura típica da Grifinória parece ter afetado Draco. Inferno. Olho para Harry disposto a brigar, mas me calo.
Ele está sentado na cama, com as costas apoiadas na cabeceira, os braços cruzados sobre o peito nu. A cicatriz na testa que o tornou famoso desde muito cedo está escondida pela cascata de cabelos negros, que já estão um pouco abaixo do ombro, mas ainda não se decidiram a irem todos em uma só direção. Os óculos não escondem nem as olheiras da noite sem dormir, nem o brilho dos olhos mais verdes que jamais vi. Lindo.
Mas o que me cala é a expressão do rosto dele. Séria, como raríssimas vezes eu vi.
Ele me estende os braços, e eu obedeço. Sento-me sobre suas coxas, com um joelho de cada lado e espero.
Ele desliza a ponta dos dedos pelos traços do meu rosto, e eu me sinto relaxar.
-Eu acho você bonito, Severus. De uma forma diferente do normal.
Não é a primeira vez que ele me diz, e sei que é verdade, pois não podemos mentir um para o outro. Ele realmente me acha atraente.
-Você é mais cego do que parece, Harry.
Ele ignora minha resposta
-Essa noite eu vi um outro tipo de beleza. Eu sei que você tem uma lembrança horrível de lobisomem. Mas essa noite eu vi cinco criaturas absolutamente maravilhosas. Passei parte da tarde conversando com pessoas que passam por coisas que eu e você nem sequer imaginamos, e à noite os vi tornarem-se Lobos. Criaturas magníficas. Sem você, não seria possível. Sem sua poção, eles seriam feras ainda magníficas, mas completamente descontroladas. – Suas mãos agora estão acariciando meus braços, por sobre as mangas do meu camisolão. – Eu desejei ter você ao meu lado a noite toda.
Eu o olho, tentando entender. Seus olhos me mostram que algo muito profundo se modificou nele essa noite.
-Eu amo você, Severus Snape.
Isso não mudou. Ótimo.
-Eu sei.
Deito-me e o puxo novamente para o abrigo dos meus braços.
-Descansa agora, Harry.
Ele dorme instantes depois. E, apesar das provas para corrigir, eu fico na cama com ele durante toda a manhã, feliz em ter meu menino dormindo nos meus braços.
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Remus Lupin:
Usei a chave de portal para voltar ao meu quarto. Draco dormia na cama de armar ao lado da minha. Pela porta entreaberta do Quarto do Lobo, pude ver duas camas ocupadas e uma vazia.
Quando me sentei na cama, Draco abriu os olhos.
-Tudo bem, Remus?
-Sim. – Sorrio ao ver os olhos azuis dele enevoados pelo sono. – Deu tudo certo?
Ele assente com a cabeça:
-As fotos ficaram ótimas.
Ficamos deitados, em camas separadas por pouco mais de meio metro, e eu durmo olhando o rosto dele.
Quando acordo já é hora do chá, e Draco está deitado na cama dele, lendo.
-Oi.
Ele se volta para mim e retribui o comprimento:
-Oi, Belo Adormecido.
Sento-me na cama com alguma dificuldade, e Draco vem me ajudar. Mesmo cansado pela transformação, pela poção e pela ansiedade da noite anterior, sinto meu pulso acelerar diante do toque dele no meu corpo.
Ele levita a bandeja de chá até minha cama e ordena que eu me alimente.
Enquanto eu obedeço, ele me dá notícias dos outros.:
-McAllister disse que ia passar a tarde no abrigo porque não suporta os roncos de Summers, e Summers acordou logo depois e disse que estava cansado de ficar entre quatro paredes. Está roncando lá no vale, debaixo do salgueiro. Cardiff está com a Silver na sala, fazendo um exercício respiratório que ela jura que ajuda. Eu disse que vou conferir abrigo por abrigo ao pôr-do-sol.
-Somos um bando de loucos. Só eu dormi até agora?
-Nós quase não dormimos a noite passada.
-Mas você está acordado cuidando de tudo.
-Harry mandou os dois elfos dessa vez. E antes que você pergunte, Dobby ainda está vivo. Faz tempo que perdeu a graça assustá-lo.
Ele me faz rir.
-Você está bem, Draco?
-Estou. – Ele senta-se na cama ao meu lado, e rouba um bolinho da bandeja. – Eu vou ficar com você essa noite.
-Draco!
-Não discute, Remus. Eu não vou conseguir dormir se ficar aqui sozinho.
-Está certo. Será bem-vindo.
Quando eu vou tirar a bandeja do meu colo, ele se adianta e a levita para longe. Então ele me surpreende, me abraçando e escondendo o rosto no meu peito. Eu o afago sem saber o que pensar, enquanto meu coração dispara enlouquecido.
