Serim: Eu também acho o Harry e o Snape muito parecidos. O negocio das camas:Ele está falando das três camas de armar que estavam montadas no Quarto do Lobo, que é o quartinho onde o Remus passa as noites de Lua Cheia. No quarto do Remus tinha a dele e uma de armar para o Draco.
Sophie Sasdeli: Minha mãe me acha muito bonzinho! Harry e Severus estão bem, e um pouco recolhidos enquanto Remus e Draco se resolvem.
Persephone Dartmoor: Não fica brava comigo não, eu prometo que eles ainda vão se beijar. Sabe que eu não tinha pensado na reação do Ron. Mas depois do susto de Harry e Severus, ele tira Remus e Draco de letra. Eu acho.
Baby: Cá entre nós, eles já piraram.
Bárbara G.: Que posso dizer em minha defesa? Nada. Mas quando o Draco estiver pronto o que tiver de rolar, vai rolar.
Paula Lírio: Eu adoro seus reviews, mas ainda lembro como era época de prova (pausa para agradecer a Merlin por já ter terminado a faculdade há algum tempo e estar livre do estress das provas). Gostei da postura do Harry também, isso ainda vai dar frutos.
Fabi-Chan: Espero realmente não provocar mais enfartes a partir de agora.
Hikary Kathryn: é muito bom saber que consegui emocionar alguém. Esse é um dos capítulos que eu mais gostei, sem falsa modéstia.
Viviane Valar: Eu quis mesmo dar uma história para cada lobo, afinal, como o Draco disse, é preciso ver atrás dos estereótipos.
Eu quero agradecer a todos que lêem essa fic, os que mandam review, ou não. Obrigado, do fundo do coração.
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Parte IV – Verão
Sol Quente na Pele
Capítulo XIV – Olhe-se no Espelho
País de Gales – 03/07/1999
Draco Malfoy:
Jantar com Harry e o professor Snape. Merlin!
Eu quero gritar o que sinto e não consigo. Como, em nome do Mago Louco, eu vou ficar de frente para Snape e esconder dele o que sinto por Remus? Eu não consigo mais.
Remus Lupin:
Os últimos dias foram estranhos. Depois que ficamos sozinhos em casa, Draco frequentemente se isola no laboratório de fotografia, ou sai sozinho para caminhar. Minha alma é um caos completo.
E, no meio disso: Jantar com Harry e Severus. Hécate!
Harry Potter:
Remus e Draco já devem estar chegando. Pela Magia! Vai ser uma noite difícil.
Estive lá algumas vezes essa semana. Draco ainda não criou coragem e Remus... Remus está cego e burro, nesse caso. Se eles não se declararem logo, um dos dois pira. Ou os dois!
Severus Snape:
Harry defende um relacionamento entre Draco e Lupin. Disse a ele que não falaria nada sobre esse assunto hoje, que só iria observá-los. Draco trará as benditas fotografias de lobisomens. Ainda não acredito que me calei diante dessa insanidade.
Eles já devem estar chegando. Grande Salazar! Vai ser uma noite difícil.
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Hogsmeade – 04/07/1999
Severus Snape:
Harry resolveu tomar chá na vila, mas, é claro, leva muito mais tempo do que eu para ficar pronto, e me deixa esperando.
O jantar de ontem foi mais tranqüilo que pensei. É óbvio que Remus e Draco estão apaixonados. Mas não aconteceu nada ainda. Eu diria que Draco não se sente seguro e que Remus o está protegendo.
Aparentemente Remus sabe, pelo menos em parte, o que aconteceu com Draco. Não fiz uma sondagem completa na sua mente, mas creio que sabe mais até do que eu.
As fotos são impressionantes, mas ver Remus transformado trouxe lembranças dolorosas para mim.
Harry notou, é claro. E tirou Draco da sala com uma desculpa qualquer. Pela primeira vez, Remus e eu conversamos sobre aquela noite, vinte e três anos atrás. Foi uma conversa estranha. Dolorosa.
Falamos sobre Black, sobre o pai de Harry, sobre quando traí o segredo dele. Foi muito estranho e difícil falar sobre isso. Em algum momento, nós começamos a nos perdoar.
Harry enfim desce, pronto para sairmos. Ele me abraça, alegre:
-Agora sou todo seu.
-Não só agora, garoto. Sempre. Você é todo meu, sempre.
Eu beijo a boca que é só minha, e ele me beija de volta. Não estou com tanta pressa assim de ir tomar chá.
Remus Lupin:
Sobrevivemos bem ao jantar com Harry e Severus..
A conversa com Severus foi terrível, mas no fundo necessária. Nunca entendi o que Harry via nele, até ontem. Sob a carranca e os maus modos, existe algo valioso demais.
Perdão. Foi o que nós encontramos ontem. Eu e ele.
Aproveitamos para combinar a ida a Londres amanhã. Severus não demonstrou surpresa quando Draco disse que queria que eu o acompanhasse no exame, mas faz questão de ir também; Harry disse que vai até o hospital conosco.
Hoje Draco acordou ainda mais tenso. A proximidade do exame o está deixando louco.
Praticamente o forcei a me acompanhar em um passeio na vila próxima à nossa casa. Merlin! Eu já penso no chalé como nossa casa. Nossa! Seria perfeito.
Na vila, ele acaba se distraindo. Um Malfoy conversando amigavelmente com trouxas! Draco é incrível.
Só voltamos para casa depois de jantar no pub local. No alto da colina, ele pára por alguns instantes e me olha:
-O pior que pode acontecer amanhã é eles dizerem que estou louco. Vai mandar me internar?
-Não. Nem eu, nem Harry e nem Severus. Você não está e nunca esteve louco. De qualquer forma, com alta ou sem alta, você é bem-vindo aqui.
-Eu sei. – Ele vem até mim, e segura meu ombro. – Obrigado, Remus.
Fico olhando para ele, até ele sorrir de volta para mim. Draco vai conseguir.
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País de Gales – 05/07/1999
Draco Malfoy:
Dormi bem essa noite. Estava receoso de ficar virando na cama a noite toda, ou pior, ter um surto de medo. Mas não. Dormi com uma serenidade que não tinha desde que me descobri apaixonado. Talvez tenha sido a frase de Remus ontem, dizendo que eu sou bem-vindo em quaisquer circunstâncias, ou talvez seja o desespero final que me deixou calmo.
Quando desço, Remus já está tomando café. Ele parece não ter dormido nada, mas me sorri como se o mundo fosse perfeito, e nosso programa de hoje se limitasse a uma caminhada até o salgueiro e o lago.
Ainda consigo manter minha calma quando saímos da lareira no apartamento de Londres. Mas quando, quinze minutos depois das nove horas, aparatamos no hospital, eu começo a sentir medo. Remus percebe imediatamente, e passa o braço por sobre meus ombros. Estamos assim quando Harry e Snape chegam.
Os olhos de Harry buscam os meus e tentam me transmitir confiança. Nesse instante eu descubro uma coisa inesperada: Harry sabe o que é medo, e não me recrimina por tremer agora.
Na hora marcada, a curandeira vem me buscar. Snape faz questão de me acompanhar, e Remus mantém o braço em meu ombro, enquanto Harry avisa:
-Vou esperar aqui. Fica tranqüilo, Draco, vai dar tudo certo.
Eu entro na maldita sala onde estive três vezes o verão passado. Parece que faz uma vida inteira. O enorme espelho, com a poltrona em frente, ainda é o mesmo. As cadeiras dos acompanhantes ficam mais afastadas. A mesa da curandeira e seu assistente fica próxima ao espelho, mas de forma a não refletir nele.
Sento-me na solitária cadeira, e Remus fica de pé ao meu lado, com a mão no meu ombro. Mantenho os olhos fechados; não quero ver o espelho. Sinto Snape apertar meu outro ombro de leve, e o ouço dirigir-se ao seu lugar. Remus abaixa-se e murmura no meu ouvido:
-Eu estou aqui, Draco. Você não está sozinho.
Quase posso jurar que senti um beijo leve na testa, mas é só a minha fantasia.
Remus Lupin:
Dou um beijo na testa de Draco, sem me importar com o que Severus possa pensar. Ele não diz nada, a preocupação com Draco superando qualquer objeção que ele possa fazer.
Preocupação que divido com ele. Draco está tão pálido que pareceria não ter vida, se não fosse pela força com que mantém os olhos fechados. Olho para Severus. Ele já passou pela experiência de acompanhar Draco antes. Seus lábios crispados e seu cenho franzido me lembram os piores dias da guerra.
A voz da curandeira me chama a atenção. Concentro minha mente em desejar que Draco consiga vencer esse desafio.
-Draco, você está pronto? – A voz da curandeira é séria e gentil.
-Estou. – Draco tenta dar firmeza à sua voz.
-Então, olhe-se no espelho e diga o que vê.
Ele hesita em abrir os olhos, e então encara o espelho.
-O que vê? – a curandeira insiste
-Meu rosto, é claro.
Ela não se deixa assustar pelo tom petulante dele.
-Então, meu jovem, relaxe sua mente e me diga o que vê.
Draco inclina o pescoço e provoca:
-Agora eu vejo Remus e o professor Snape.
Severus remexe-se, inquieto. Esta parece ser uma cena já vivida por eles.
-Draco, volte à posição em que só vê o seu rosto, relaxe a mente e me diga o que vê.
-Nada. Não vejo nada. Que merda!
Draco obviamente não está relaxando suas defesas mentais, o que impossibilita o exame. E seu gênio forte já está começando a se manifestar.
-Draco, por favor, eu sei que não é fácil...
Ele interrompe a curandeira, erguendo-se indignado:
-Você não sabe nada. NADA, ENTENDEU?
-DRACO.
Ele assusta-se quando grito com ele.
-Sente-se agora.
Ele me obedece, mas o queixo dele treme. Consulto a curandeira com os olhos e, mediante um sinal afirmativo dela, eu me aproximo dele. Draco vira o rosto para o lado, zangado e assustado demais.
Sento no braço da poltrona e o trago para meus braços, como fiz tantas vezes nas suas crises de pânico. E, como nas crises, ele, aos poucos, se acalma.
Quando ele está relaxado, a curandeira interfere:
-Draco, será mais fácil para você se o sr. Lupin se sentar ao seu lado e segurar sua mão? – ela fala com ele como uma avó carinhosa, mas exigente, falaria. – Sabe, meu filho, muita gente prefere fazer o exame assim, com alguém em quem confia do lado.
Draco faz um breve sinal afirmativo com a cabeça, e ela traz uma cadeira para mim. Eu seguro a mão de Draco e sorrio, tentando fazê-lo sentir-se confiante.
-Draco, lembre-se, ninguém vai ver o que aparecer no espelho, só você. – A curandeira tenta fazê-lo sentir-se seguro. - Agora, olhe-se no espelho e me diga o que vê.
-Meu rosto, e o de Remus.
-Bom. Relaxe sua mente, e me diga o que vê.
A princípio, nada acontece, então Draco estremece, e o espelho torna-se opaco. Olho por sobre o ombro para Severus que, nesse momento, parece surpreso.
-O que vê, Draco? – a curandeira pergunta.
-Tempestade. Eu escalo uma montanha sob uma forte tempestade.
-Continue, Draco. Suba até o alto.
Draco Malfoy:
-Tempestade. Eu escalo uma montanha sob uma forte tempestade.
Minha mente, a principio, rejeitou a idéia de estar sentado em frente a um espelho me vendo subir por uma montanha durante um temporal.
-Continue, Draco. Suba até o alto.
Então, de repente, está tudo bem, eu não me vejo mais subindo, eu estou subindo. Escalando, para ser mais preciso, sem cordas ou ganchos. Sozinho. O vento está forte e a chuva tornam tudo mais escorregadio e perigoso, mas eu não quero voltar. Seja o que for que esteja no alto da montanha, eu preciso ver.
Eu ultrapasso as nuvens, e atinjo o pico. Vejo uma caverna rochosa em frente a um pequeno platô. Na porta da caverna, um velho, mais velho que a vida, me espera.
-Bem-vindo, garoto.
Eu me aproximo do velho. Seus cabelos brancos caem abaixo da cintura, a longa barba quase os alcança. Está vestido de branco e apoiado em um cajado rústico de aparência forte. Mas são seus olhos que me atraem. Eu os encaro e examino sem pudores, e o velho consente com um sorriso leve. Eu sei que já vi esses olhos em algum lugar. Tão estranhos e tão familiares. Azuis, mas tão claros que poderiam ser chamados de cinzas. Meus olhos!
-Quem é você, Velho?
-Por que me pergunta o que já sabe?
-Você é meu futuro?
-Não. Eu sou uma parte de você.
-Como posso ter uma parte tão velha?
Ele ri e não responde.
-Você é minha parte boa, Velho? E eu sou o lado podre?
-Não. Nada é tão simples assim. Existem outras também.
-Pro que eu estou aqui?
-Para entender.
-Entender o quê? – O diálogo com ele não é fácil.
-Entender seu todo e suas partes.
E com um gesto ele me indica a figura na borda do platô. Sou eu. Ou uma memória minha. Três ou quatro anos, chorando com medo no quarto da Mansão Malfoy. Mas chorando com a boca no travesseiro para não acordar ninguém. Seja o que for que me assustava, era sempre menor que o medo que eu tinha de Lucius.
Olho para o Velho sem entender.
-Todo ser humano é composto de memórias, Draco, e de facetas. Aquela criança assustada é uma memória, eu sou uma faceta. Sou a faceta que pode ajudá-lo hoje.
-E por que essa memória?
-Porque é uma das que você precisa entender.
-Entender? Entender o abandono que aquela criança sofre?
-Mas a criança não abandonou ninguém. Seus pais a abandonaram. Ela não carrega culpa.
-Se ela tivesse conseguido ser mais forte...
-Uma criança, Draco?
Sinto novamente a dor daquele garotinho. A solidão dele. O medo.
-Aprenda com ele novamente, Draco.
-Aprender o quê? - eu pergunto em desafio, e o Velho não responde. Eu conheço a resposta. O garoto sobreviveu. Mesmo com tanta dor, solidão e medo, ele sobreviveu. -Sobreviver não basta, Velho.
O Velho sorri, e a criança some. Eu me vejo com onze anos, estendendo a mão para Harry e sendo rejeitado. As sucessivas derrotas no quadribol, a raiva de Lucius por eu não derrotá-lo, o medo que percebessem que eu não era nada.
-Vê, Draco. Esse garoto é fruto daquela criança. Destrutivo e cruel, para defender seu coração de outras dores.
Então ele me mostra o que eu mais temia ver. Meu corpo nu, violentado e espancado, sangrando jogado em uma cama suja.
-Não!
-Mas, Draco, esse jovem também é fruto daquela criança. Ele aprendeu com ela a sobreviver.
-Sobreviver para quê, desgraçado? Sobreviver para saber que, não consegui me defender? Para carregar a vergonha de ter sido usado como um brinquedo? Um brinquedo nojento de um verme repulsivo. Para carregar o nojo de mim mesmo? EU DEVIA TER ME MATADO! Se eu tivesse um pingo de coragem teria me matado.
-Suicídio nunca foi prova de coragem.
-Você não entende.
-Explique.
-A cada dia que vivo, é como se eu consentisse naquilo tudo. Meu coração deveria ter se quebrado ao passar por aquilo. Eu não devia sobreviver.
-Você não consentiu, nem desejou, Draco.
-Que merda, eu sei! – grito com esse Velho estúpido que não me deixa quieto. – Eu sei que não. Mas é como se fosse.
Ele me olha sério, como se esperando que eu fale mais. Algo nessa maldita faceta me impede de ficar calado, de me esconder da dor.
-Por que um Velho? Por que não outras facetas? Como elas são?
-Está tentando se desviar do assunto. Quer ver outras facetas?
Eu olho para a caverna e, mesmo sem entrar nela, vejo o que tem lá dentro. Me vejo pai, embalando um bebê, me vejo criança, me vejo mulher, me vejo jovem, me vejo pobre, me vejo arrogante, me vejo triste, me vejo apaixonado, me vejo feliz.... são tantas versões de mim mesmo que chego a ficar tonto.
A um gesto do Velho, a visão se desfaz.
-Arquétipos! O que você chama de facetas são os arquétipos!
-Também somos conhecidos assim, e o que viu, é apenas a ponta do iceberg.
-Você é o Velho Sábio. Como posso ter um velho sábio dentro de mim?
-Todos os humanos têm. Poucos o ouvem. Ouça-me, então, Draco.
-Vai falar sobre aquilo novamente. – E aponto para a memória da minha vergonha.
-Sim.
-Por favor! Já não me basta o tanto que eu estou sujo, maculado. Já não me basta minha vergonha. Eu devia estar morto. – Minha voz soa cansada até mesmo aos meus ouvidos.
-E perder isso?
Sem que a memória do meu corpo ferido suma, eu me vejo caminhando com Remus. Em rápida sucessão, eu me vejo entrando no quarto do Lobo a primeira vez, vejo a memória do dia em que cuidei dele durante o Eclipse. Vejo o grupo de amigos dele reunidos para verem as fotos que tirei deles como Lobisomens. Relembro Harry me olhando nos olhos, a sensação de segurança quando entendi que Severus realmente se preocupa comigo, o cheiro de Remus quando ele me ampara, e então eu choro.
Deixo que as lágrimas lavem meu rosto, minha alma.
Balbucio como uma criança perdida que não queria aquilo, que não é minha culpa. Quando eu me abraço, não me sinto sozinho. Meus braços são meus, mas são também de todas aquelas facetas e memórias. Pela primeira vez na vida, eu me sinto forte, inteiro. Então eu grito. No início é apenas um grito, quase um uivo. Depois eu grito tudo o que sempre quis gritar para Lucius e Narcissa. Eu os xingo, os amaldiçôo e, em algum momento, sublimo minha raiva. Não perdoei, mas eles não me ferem mais.
Então eu grito com Mulciber. Digo o que ele é. Digo que ele não pode mais me tocar. Grito meu ódio, minha dor. Grito tanto que é como se algo se rompesse em meu peito.
É só nessa hora que me sinto livre e, em meio às lagrimas que não param de cair, grito meu amor por Remus. Eu grito de esperança, eu grito porque estou vivo e posso gritar para o mundo.
Quando eu paro, exausto, o velho sorri mais uma vez e me pergunta:
-E agora, Draco Malfoy?
-Eu vou para casa.
-Vá em paz. Ainda existe tanto a viver... tanto a descobrir. Quando quiser voltar, vai encontrar o caminho.
Ele me abraça, e eu desço a montanha. A tempestade se foi.
Então eu estou me vendo descer a montanha, e minha mente começa a registrar a estranheza de estar sentado e ver outra coisa no espelho. A imagem some, e eu vejo Remus sentado ao meu lado, segurando forte a minha mão. Meu rosto e o dele estão marcados por lágrimas.
-Está tudo bem, Remus. Acabou.
Remus Lupin:
-Está tudo bem, Remus. Acabou. – Draco me diz isso como se nada tivesse acontecido.
Passei a última hora vendo o rosto dele assumir as mais diversas expressões de dor, medo, desespero. Vi-o chorar e, impotente, chorei junto. Então ele gritou como se estivesse sendo ferido, e seu grito lentamente tornou-se uma catarse e seu choro tornou-se de alívio. Então ele voltou. Cansado e vitorioso.
A curandeira explica-lhe o que houve enquanto confere se ele está fisicamente bem. Draco alterna o olhar entre meu rosto e o de Severus.
Quando a curandeira se afasta um pouco, ele chama o homem que primeiro o defendeu para perto:
-Severus, acabou. Nós vencemos. – Ele segura a mão do ex-professor com a mão livre, e a leva aos lábios. – Obrigado.
Se alguma vez Severus esteve próximo ao choro, foi hoje. Eu solto a mão de Draco para que eles se abracem.
A curandeira volta com a alta definitiva de Draco, e instruções para que ele repouse pelo resto do dia.
Severus o ergue da poltrona e o conduz para a sala de espera, Harry vem rápido.
-Eu sabia que você ia conseguir, Draco.
Meu jovem amor sorri, cansado, e apóia-se em mim.
Severus tosse, incomodado:
-Amanhã conversamos sobre a parte prática, hoje Draco tem de repousar.
Harry abraça Severus, intuindo a emoção do amante, e Draco volta-se para mim:
-Me leva para casa, Remus.
