-Mudemos de tática então, Rabicho.
-Ah, milorde, que bom... Que bom...
-Desta vez, você irá buscar o que preciso, Rabicho.
-Mas, milorde, seu plano já está em ação...
-É claro que está. Se eu deixasse tudo em suas mãos, este seria um ano perdido. Mas logo irei agir pessoalmente em Hogwarts assim que...
-O milorde não me disse ainda qual será seu contato na escola este ano...
-Claro que não disse, Rabicho. Acha que sou idiota? Desta vez vou deixar Harry Potter com você, você sabe que estarei muito ocupado com Nagini este ano.
-Ah, milorde... Tenho uma coisa a informar.
-Ande logo, Rabicho, pare com essa enrolação.
-Recebi notícias de sua amada, milorde...
-Cale a boca! Não a chame assim, Rabicho. Só eu posso...
-Desculpe-me, milorde, mas recebi notícias dela...
-Fale!
-Ela arranjou um trabalho, vai estar em...
-Quem está aí?
-O que foi, milo...
-Um ruído! Vá ver o que houve, Rabicho. Anda.
Com uma sensação de queda, Harry acordou no meio da noite. Novamente, não conseguira ver Voldemort no sonho, apenas Rabicho, com aquele seu ar assustado de um lado para o outro. Involuntariamente, ele bateu a mão na cama de Catherina, baque esse que o trouxe de volta a realidade. Virou-se para o lado dela e dormiu de novo, tentando ao máximo desviar sua atenção de seus milésimo sonho com Voldemort e Rabicho.
Foi acordado muito cedo, já habituado com as caras de sono de seus amigos, e todos tomaram o café em silêncio. O tempo naquele momento acelerou muito, de modo que a chegada de Arnold e Melinda Black foi rápida, a mais rápida ainda a despedida de Harry àquele belo e desorganizado Brasil. Pensando se um dia retornaria àquele lugar, Harry chegou na rodoviária dos trouxas e, com os malões, os cinco jovens mais os Black passaram por um a parede e deram na estação. O sr. Black foi comprar as passagens para a Inglaterra e a sra. Black foi tomar uma água. Isso deu oportunidade suficiente a Harry para contar a Rony, Mione, Nádia e Catherina sobre seu sonho.
-Ah, Harry, mas isso não é nenhuma evolução...-disse Hermione.
-Uma coisa nós sabemos: -disse Rony.- A tal da Victoria ainda está viva, Voldemort não teve mesmo coragem de matá-la.
-Mas se ele teve notícias de Victoria, é porque não sabia por onde ela andava. Estavam mesmo separados.-comentou Nádia.
-E ele ainda está apaixonado.-ponderou Catherina.
-É tão estranho imaginar o Voldemort com uma mulher...-disse Harry.-O beijo dele não deve ser dos melhores, ele mal tem boca.
-Isso agora.-disse Catherina.- Quando ele era apenas Tom Riddle, ele era até bem bonito.
Harry ia perguntar como ela sabia disso, mas lembrou-se que ela sonhou com sua primeira visita à Câmara Secreta, agora extinta.
-Chegamos em cima da hora!-era o sr. Black, que voltava com as passagens.-Londres em três minutos!
Eles se encontraram com a sra. Black e se reuniram á volta de outro grande bastão. Um dos funcionários pegou os tickets, fez a contagem regressiva e Harry tocou no bastão, e logo ele estava sendo transportado (contrariando informações anteriores) diretamente a Londres.
Meio zonzo, Harry olhou para os lados, e já estava tão acostumado com as cores alegres do Brasil que levou um tempo até habituar-se novamente àquele povo denominado civilizado e culto, com medo frente às ações dos Comensais da Morte.
-Pra onde nós vamos agora?-perguntou Nádia, enquanto caminhavam para uma parede lotada de lareiras destinadas à prática do Pó de Flu.
-Pra casa do Rony.-respondeu Arnold Black.-Sua mãe disse que ficaria com vocês durante esta última semana de férias.-acrescentou, olhando para Rony. Em seguida, tirou um saquinho de Pó de Flu e mediu as pitadas para cada um.
-A Toca!
Harry não saberia dizer o que lhe deixou mais desorientado - se a Chave de Portal Escalada ou o Pó de Flu.- e achou que estava sofrendo de alguma espécie de efeito colateral quando abriu os olhos e se deparou com uma cozinha totalmente diferente da que ele se lembrava: a mesa de madeira estava lida e polida, com um impecável caminho de crochê e um vaso de flores que discutiam qual delas era a mais bela. O cômodo estava mais espaçoso e mais limpo, a um canto uma vassoura enfeitiçada varria o chão enquanto a louça lavava-se sozinha.
Sentada à mesa estava uma sra. Weasley bastante diferente, mais magra e bem arrumada. Com ela, o sr. Black e à porta estava Gina (Harry já se acostumara ao vê-la sempre vermelha).
-Olá, Harry!-exclamou a sra. Weasley, vendo-o.-Que tal a casa? Artur disse que está quase terminada!
Harry estava abismado, não imaginava que a Toca pudesse mudar tanto com uma reforma. Logo depois dele, chegaram Rony, Nádia e Catherina, seguidos pelas sra. Black. O sr. Weasley e Percy estavam no Ministério da Magia, Fred e Jorge treinando no Puddlemere United, e Gui e Carlinhos haviam ido assisti-los. Harry estava pensando que reformas tendem a sujar mais ainda uma casa e não a limpá-la, quando a sra. Weasley sugeriu que fossem guardar seus malões no quarto de Rony, e ao olhá-lo Harry notou que ele parecia com medo de encontrar alguma coisa pelo caminho.
Começaram a subir as escadas; estavam passando pela porta do quarto de Percy quando, inesperadamente, a porta se abriu e ali Harry flagrou o último ser que ele esperava ver ali.
Com um espanador na mão, vestida novamente com trapos e com ar mais saudável da última vez que a vira, Winky, a elfo doméstica, quedou-se imóvel ali, olhando para eles.
Hermione ficou sem fala por um tempo; Nádia e Catherina não entenderam a gravidade da situação, pois não sabiam da fixação de Mione por elfos domésticos, já Harry podia contar nos dedos os segundos de vida que restavam a Rony, que ia tentar consertar a situação, mas Winky disse:
-Senhor Rony Weasley voltou! Seja bem vindo de volta, senhor Rony Weasley... Winky acabou de limpar o quarto do senhor Percy, logo logo Winky trata de sua coruja, meu senhor.
Muito discretamente, Harry observou Winky cumprimentar os outros quatro ( "Dobby manda lembranças, Harry Potter, ele está com muitas saudades, meu senhor!") e descer as escadas. Hermione não falou nada por um tempo, e quando Rony pôs a mão na maçaneta da porta de seu quarto, Harry ergueu três dedos por baixo dos bolsos da calça. Três... Dois... Um...
-O QUE SIGNIFICA ISSO?-gritou Hermione, quando Nádia fechou a porta.- RONALD WEASLEY, O QUE WINKY ESTÁ FAZENDO AQUI?
Catherina e Nádia se olharam, surpreendidas. Era aquilo mesmo que Harry temera que acontecesse.
-Dumbledore entregou-a!-exclamou Rony em resposta.- Quando Crouch morreu há um ano e mais um pouco, ela tentou se matar!
-Rony, mas mesmo assim, como é que você pôde...?-gritava Mione.
-Dobby cuidou dela no ano passado, não sei se você se lembra do estado dela quando nós dois fomos à cozinha! Mal se erguia em pé, se não fosse o Dobby ela teria morrido de fome!
Harry lembrou-se de uma tarde em que Arabella Figg aparecera no castelo e Catherina dera a desculpa esfarrapada de que ia devolver um livro à biblioteca, mas na verdade fora conversar com ela. E naquela mesma tarde, Rony e Mione foram visitar Dobby e Winky na cozinha de Hogwarts.
-É mesmo.-ele intrometeu-se na discussão.-Vocês nunca falaram o que tinha acontecido na cozinha.
A mudança de assunto pareceu funcionar; Rony e Hermione baixaram o tom de voz.
-o Dobby estava feliz como sempre, disse que recebeu um aumento de três sicles e dois nuques, mas a Winky...
-Ela estava pavorosa, Harry, Dobby nos contou que ela chamava os Crouch enquanto dormia. No fim do ano Dumbledore achou que a situação dela estava ficando insustentável e achou que uma nova casa de família seria o ideal pra ela se recuperar, afinal agora somos a família do Ministro da Magia, e vocês viram como a Winky está melhorando.
Harry arriscou um olhar de esguelha a Hermione; ela parecia estar se acalmando.
-Ela ainda sente saudades dos Crouch, é claro.-continuou Rony, aliviado por finalmente estar sendo compreendido.-Insiste em guardar os segredos daquela família, mas vocês notaram que ela está se recuperando muito bem. E você, hein, Mione? Já vinha com aquilo de fale, né? Está pensando em reabrir?
-Gostaria de deixar registrado que nós estamos boiando nessa conversa...-murmurou Nádia.
-O F.A.L.E. - disse Hermione, enfatizando a sigla.- É o Fundo de Apoio a Liberação dos Elfos, que eu fundei no quarto ano.
-E que foi um fiasco.-acrescentou Rony.
Hermione lançou um olhar muito frio a Rony e Harry chegou a se esquecer por um momento de que eles eram namorados. Eram ainda?
-É lógico que foi.-retrucou Hermione depressa.- Se todos os bruxos são preguiçosos demais pra fazerem seu próprio trabalho.
-Gostaria de lembrar que você é uma bruxa.-respondeu Rony, com aspereza.
Já estava demorando pra aqueles dois brigarem, pensou Harry. Nádia e Catherina assistiam à cena, sem saber o que fazer. Elas nunca tinhas visto os dois brigarem daquele jeito.
-E eu gostaria de lembrar também que nasci trouxa, rapazinho.-retorquiu Mione, com crescente raiva.
-Agora você usa sua natureza, não é?-disse Ron de volta. Harry percebeu que ele estava prestes a falar a última coisa que Hermione perdoaria na vida.-Mas quando Malfoy te chama de Sangue-Ruim você se ofende!
-Rony talvez você devesse se acalmar...
-Não, Nádia, deixa ele falar! O que você está insinuando, hein, Weasley? Que também acha que sou uma Sangue-Ruim?
-Agora chega!-exclamou Harry, aborrecido.-Será que vocês vão voltar a brigar como antes? Vocês são nam...
-Somos?-repetiu Mione, em tom indignado.-Sinto informar, Harry, mas não sou namorada desse ruivo metido a besta nem que ganhasse pra isso!
-Ah, é? Eu é que não namoro um tufo de bombril ambulante!
A briga atingira seu auge; doida de raiva, Mione saiu do quarto e Rony, fulo da vida, deu um murro com tudo na parede; não fosse a reforma, era possível que a casa inteira viesse abaixo. Trocando olhares furtivos, Harry voltou-se para falar com Ron enquanto Nádia e Catherina iam atrás de Hermione.
-Rony, você tem noção do que acabou de fazer?-perguntou Harry.
-Tenho, pus aquela menininha de volta no seu lugar trou...
-Em todas as brigas que vocês tiveram até hoje você nunca usou isso contra ela.-interrompeu Harry.- O que aconteceu dessa vez?
-Sei lá, Harry, quando ela me chamou de Weasley eu fiquei p da vida, e como ela me chamou do jeito que o Malfoy me chama, fiz o mesmo com ela.
-Rony, você não acha que Hermione é Sangue-Ruim!-exclamou Harry, indignado.- Você só disse isso pra irritá-la, e disse a única coisa que ela nunca perdoou em ninguém da Sonserina! Você sabe qual é a diferença entre chamar alguém de Sangue-Ruim e chamar pelo sobrenome?
Rony, que já estava ficando calmo, começou a entender a gravidade da situação. Respirando fundo, sentou-se na cama, errando Bichento por mito pouco.
-OK, eu falei besteira sim, mas ela me provocou!
-Vocêsse provocaram entre si.-corrigiu Harry.- Com um pouco de sorte, a Catherina e a Nádia estão convencendo a Mione da mesma coisa agora.
Rony ergueu a cabeça.
-Você acha?
-Claro que sim.-afirmou Harry, abismado com seu próprio poder de consolo.-Agora, você sabe que em cinco minutos conseguiu criticar o fale de novo e insinuar pra ela que Mione Granger é uma Sangue-Ruim. Ela te chamou de Weasley e de ruivo metido a besta. Vocês devem desculpas um ao outro.
-Você acha que ela rompeu de verdade?
-Não sei, Rony, mas acho bom deixar isso por conta dela.
-OK... Minha mãe deve estar preparando o almoço...
Rony ergueu o pulso pra ver as horas -um pulso com dois relógios. Rony também ganhara de Nádia o relógio com cinco ponteiros, enquanto o dele estava "Em casa", os outros quatro se encontravam no "Férias".
Eles desceram e encontraram Winky muito disposta, subindo para o quarto de Rony.
-A senhorita Mione Granger está lá embaixo no jardim, meu senhor! Ela disse para Winky pedir libertação, mas Winky tem um bom amo agora,Rony Weasley, Winky não...
-Obrigado Winky.-disse Rony, e o elfo continuou a subir.-Eu ainda não me acostumei com toda essa educação, Harry, às vezes ela me deixa sem graça.
No pé da escada, eles acharam Catherina.
-E a Mione?-perguntou Harry.
-Lá fora com a Nádia, já está bem mais calma.-respondeu ela.-A sra. Weasley está chamando vocês para o almoço, Gina e eu a ajudamos a servir as coisas lá fora, os outros vão chegar logo.
Quando eles saíram no jardim, encontraram Nádia e Mione, que estava com a cabeça muito baixa. A sra. Weasley entrava e saía da cozinha, trazendo travessas e travessas de comida. Gina sentou-se do outro lado de Hermione.
Muito devagar, Rony criou coragem para sentar-se à frente de sua (ex?) namorada, bem depois de Harry e Catherina terem se acomodado. Momentos depois, chegaram Fred e Jorge de vassoura, com Gui e Carlinhos, e em seguida o sr. Weasley com Percy, aparatando. Todos se cumprimentaram e logo começaram a comer.
Fred e Jorge logo de cara quiseram saber como foi Brasil x Peru. Assim como Harry, não sabiam que alguém pudesse inverter uma Finta de Wronski. Percy, por mais incrível que isso possa parecer, não falou de trabalho, e sim sobre um encontro casual com Penélope Clearwater, sua namorada dos tempos de Hogwarts, enquanto o sr. Weasley falou sobre Mcnair, um Comensal da Morte que fora desmascarado e iria a julgamento.
Finalmente, quando já estavam na sobremesa, na sra. Weasley sugeriu que fossem ao Beco Diagonal no dia seguinte, pra comprar o material escolar.
Durante o dia todo, Rony e Mione mal se falavam; como ele não chegara a contar em casa que eles eram mais do que amigos, conversaram apenas pra manter as aparências de que tudo estava bem.
-Este ano é que vamos ver coisas interessantes na escola!-exclamou Rony, enquanto entravam na Floreios e Borrões, no dia seguinte, lendo a lista de livros.-Livro Padrão de Feitiços Avançados, 6ª série, O Guia da Transfiguração Humana, Os Piores Monstros do Mundo...
-Parece que estão nos preparando para o exército.-comentou Nádia.- Pedem ararambóia e couro de manticora em poções... Meu Deus, onde vamos achar couro de manticora? Ninguém seria louco o suficiente pra se aproximarde um bicho desses...
-O que será que deu no Hagrid? Ele pediu "Vida Selvagem e Mágica na Europa"!-disse Hermione, fazendo o comentário pra todos, menos pra Rony.- Pelo título não parece ter monstros venenosos ou explosivos.
-Então vamos torcer para o Hagrid ser mesmo o nosso professor.-disse Catherina.- Ué... A profª Sinistra pediu "Uma Avaliação Planetária pelos Bruxos". Em Astronomia nunca precisamos de livros antes.
-6º ano, gente.-sorriu Harry.
Além do surpreendente material para o ano letivo, eles compararam penas e pergaminhos, e Nádia comprou uma coruja, Prímula. Era branca, mas tinha manchas escuras espalhadas pela penugem. Quando ela entrou na Animais Mágicos, estava sozinha, pois os outros estavam na Artigos de Qualidade para Quadribol, namorando a nova Bluebottle. Ela começou a observar as variadas corujas, e depois de comprar Prímula, ela começava a se preocupar com o couro de manticora, que não encontrara em lugar nenhum. Uma voz atrás dela a fez arrepiar-se até o último fio de cabelo.
-Eu sei onde você vai encontrar isso.
Em estado de choque, ela virou-se. Atrás dela estava o nem um pouco saudoso Draco Malfoy.
-Imagino que não achará o couro de manticora sem mim.-disse ele, enquanto ela o olhava, cheia de raiva.-Se quiser, eu posso te levar.
"Se eu aparecer sem o ingrediente em Hogwarts, o Snape vai arrancar o meu couro", pensou Nádia, resignada.
-Onde, mestre sabichão?
-Se vier comigo, eu mostro.-respondeu ele, num sorriso malicioso.
-O que te faz pensar que eu não sei da sua armadilha?
-A mesma coisa que me faz pensar que você precisa do ingrediente.
Nádia sentiu mais raiva ainda por ele estar certo.
-OK.-disse, enfim.-É bom que não seja uma cilada, porque senão...
-Anda.-interrompeu Malfoy, impaciente.-Eu carrego a sua coruja.
-O cavalheirismo não é uma qualidade sua.
-Agora é.
Sem ter o que fazer, Nádia seguiu Malfoy até o lugar em que viu uma placa indicando "Travessa do Tranco".
-Aonde você está me levando?
-No lugar onde vendem couro de manticora. Achou que no Beco Diagonal vendem isso? É raro demais.
Nádia não estava gostando nada disso; Malfoy iria apenas fazer um favor? Para sua surpresa, ele realmente a levou a uma loja muito suspeita, mas que realmente vendia o ingrediente impossível. Até pagou pra ela, mas Nádia usou o próprio dinheiro para comprar as porções de Harry, Cathy, Rony e Mione. Quando saíram da loja, Malfoy pôs a gaiola de Prímula no chão e segurou Nádia com mais suavidade do que seria esperado dele.
-Ah, eu sabia... O que você quer em troca?
Mas se arrependeu de ter perguntado.
-Nada que você já não tenha me dado.-respondeu ele, pondo a sacola dela ao lado da gaiola.
-Malfoy, você não pode me obrigar, nem que lance a Imperius.
-Talvez eu te obrigasse, se você não me quisesse.
Nádia recuou.
-Eu nunca mais vou te beijar, seu Comensal doentio.
-Você sabia quem eu era.
-Não, Draco, eu pensava que sabia.
-Olha aqui.-disse ele ameaçador, prensando-a contra a parede.-Eu estou louco por você. Estou apaixonado. Você sabe disso.
-Draco, me solta. Pára de falar besteiras.
-Você só me cala de um jeito.
Ele tentou beijá-la, mas ela virou o rosto, desesperada, e Malfoy acabou beijando o pescoço dela, que ficou inteirinha arrepiada de novo.
-Eu vou gritar.
-Grite, grite bastante. Mas não esqueça que estamos na Travessa do Tranco. Não vai adiantar nada. E você não pode fugir de mim em Hogwarts, Nádia. Não se esqueça.
Malfoy soltou-a, e com os ombros doloridos, ela pegou Prímula e a sacola, dando as costas a ele, saiu da Travessa do Tranco e voltou para o Beco Diagonal.
Ele estava certo, Nádia podia fugir de Draco até o momento que entrasse no Expresso de Hogwarts, mas depois disso... Apesar de ter passado do amor à raiva quando descobriu que ele era o culpado por tudo no ano passado, ainda não conseguia odiá-lo, e a mesma pergunta de Catherina tomou conta dela: por quê?
Ela estava quase alcançando seus amigos quando distraiu-se e esbarrou num rapaz muito bonito, de cabelos escuros, alto e de olhos azuis. Nádia derrubou tudo ("Como estou desastrada este ano!") e ele ergueu tudo com um gesto de sua varinha. Ela olhou para ele, surpreendida.
-Você já tem dezessete anos?
-Já.-disse ele.- Fiz há um mês. E você?
-Dezesseis logo logo.-respondeu ela, sorrindo.
-Prazer. Meu nome é Sean.
-Eu sou Nádia. Você está ainda em Hogwarts?
-Sexto ano, estou mudando este ano pra lá, minha mãe vai ensinar Def...
-Nádia!
Os outros a haviam visto; ela sorriu e disse a Sean:
-Aqueles são meus amigos, tenho que ir agora. Até logo!
-Tchau.-respondeu ele, se afastando.
Quando voltou para perto de Harry, Ron, Mione e Cathy, esta última disse:
-Nádia Fletcher, quem era aquele deus?
-Chama Sean, pelo que me disse. Vai estar em Hogwarts este ano!
-Mas de que Casa ele é que nós nunca o vimos antes?-perguntou Hermione.
-Veio transferido, chegou agora.
O resto do passeio foi um tanto aborrecido para Harry e Rony, porque as três meninas não paravam mais de falar de Sean, querendo saber de tudo, até o mais minucioso detalhe. Foram à Florean Fortescue tomar um sorvete e lá se encontraram com a sra. Weasley e com Gina.
Na véspera da volta a Hogwarts, Harry e Rony acompanharam os gêmeos Weasley ao treino no Puddlemere United, onde eles encontraram Olívio Wood, o capitão do time de quadribol da Grifinória, antes de Alícia. Olívio contou a eles que Angelina tinha pego uma vaga nos Chudley Cannons, idéia essa que muito agradou a Rony, que ficou convencido de que, desta vez, seu time voltaria a brilhar. Os dois assistiram o treino e Harry não precisou pensar duas vezes para decidir que agora era torcedor do Puddlemere United.
Quando voltaram para a Toca, encontraram o sr. Weasley examinando uma lista.
-Mas ainda assim, Percy, a escola terá alunos demais.-dizia ele.
-Papai, você não pode fazer nada, Dumbledore dividiu os estrangeiros perfeitamente, nenhuma Casa terá mais alunos.-respondeu Percy.
-O que é isso?-perguntou Rony.
-Os novos alunos de Hogwarts.-respondeu o sr. Weasley, exasperado.- No primeiro ano estão chegando cada vez mais alunos, fora os que estão sendo transferidos do exterior. No sexto ano vão entrar dois alunos, no segundo dois também... Não sei o que está acontecendo.
Nádia e Catherina se entreolharam. Elas haviam sido transferidas, uma da Espanha, a outra do Brasil, de países estrangeiros no ano passado.
-Quem vai entrar?-perguntou Gina, que consertava o livro de Herbologia.
-Um deles vocês não conhecem... Mais a outra acho que você deve saber quem é, Nádia.
Todos olharam para ela. Quando ela ia dizer alguma coisa, uma coruja entrou e entregou uma carta. Os Weasley, Harry Cathy e Mione observaram enquanto ela lia.
-É do meu pai!-disse ela, por fim.-Sr. Weasley, já sei de quem o senhor está falando. É da minha prima Julliane Fletcher, não é?
-Ela mesma.-respondeu o sr. Weasley.- Está vindo da Holanda ou Bulgária, pelo que vejo. Ela fala inglês, não é?
-Claro.-assegurou Nádia.- Julliane é muito inteligente, faz uns três anos que ela sabe inglês.
-Bem, amanhã vocês vão conhecê-la.-disse Percy, como se quisesse se livrar de toda aquela gente em volta.-Rony, Gina, seus malões estão prontos?
-Sim, Percy Perfeito.-respondeu Gina, aborrecida.
-Este ano vai ser muito legal.-confidenciou Rony a Harry de noite. As meninas dormiam no quarto de Gina, que se tornara amiga delas.-Vamos ver transfiguração humana e vamos nos tornar animagos, não é, Harry?
-É...-concordou ele.-E ano que vem vamos terminar Hogwarts.
-Você já sabe o que vai acontecer depois disso?
-Não e você? Vai entrar pro Ministério da Magia também?
Rony fez cara de ofendido.
-Só me faltava essa! Mas Harry, andei mesmo pensando em ser auror... O que você acha?
-Não sei... Acho que a idéia é boa.
Estava na hora de voltar a pensar nisso. O ouro que herdara de seus pais não poderiam sustentá-lo para sempre, ele precisava decidir-se logo por uma profissão, se é que Voldemort não resolvesse matá-lo antes.
Falando nele, o que o estaria esperando em Hogwarts este ano?
