Harry Potter e a Maratona Incantatem
Capítulo Seis – A idéia de Malfoy
Sean foi totalmente pego de surpresa. Harry Potter estava ali, bem na sua frente, assustado. Como explicar?
-Você...-começou Harry.-Você é um ofidioglota?
Só quando Harry mencionou a palavra é que Sean se lembrou de uma aula sobre ofidioglossia que assistira em Durmstrang, em Artes das Trevas.
-É... Parece que sou.
Harry não sabia o que dizer.
-Mas, você é um descendente do Slytherin?
Sean não entendeu a pergunta. Acabara de entrar para Hogwarts e não fazia a menor idéia do que viria a ver Slytherin.
-O que é isso?
-Sonserina, o fundador da Sonserina!-respondeu Harry.- Você descende dele?
-Ah, sei lá, acho que não, nunca tinha ouvido falar desse cara.
-Escuta -disse Harry.-Eu também sou ofidioglota, mas...
-Você?-estranhou Sean, em voz alta.- Mas você é...
-Pois é, naquela noite Voldem... Quer dizer, Você-Sabe-Quem me passou esse dom.
-Bem, como eu não tenho uma cicatriz em raio na testa acho que nasci assim.
Harry olhou o emblema no uniforme de Sean.
-Ninguém da Sonserina nunca conversou comigo assim.
-Assim como?
-Como uma pessoa normal. Na sua Casa os caras não gostam muito de mim.
-Ah, isso eu percebi, e digo que não gostam mesmo. Mas tenha certeza que mais da maioria não gosta de você porque tem inveja da sua fama. Quero dizer, não é todo mundo que tem um passado que nem o seu.
Harry forçou um sorriso.
-Quer que eu guarde segredo?
-Que sou ofidioglota? Por favor.
-Pode deixar.
Sean estendeu a mão e Harry a apertou. Nunca imaginou que pudesse fazer um amigo da Sonserina.
Rony e Hermione tinham voltado às boas; depois da última briga na Toca, estavam dando passeios a qualquer chance que tivessem, os outros nunca tinham visto Mione tão sorridente e bem-humorada nem Rony com os deveres feitos bem antes do tempo. Estavam se completando mutuamente.
Harry e Catherina mal se falavam; ela andava muito cansada com as aulas de Vidência tarde da noite, melissa não tinha outra hora, pois nem sempre passava os dias no castelo. Constantemente, ela e Sirius iam patrulhar a Floresta Proibida porque ambos estavam muito curiosos para descobrir como Voldemort escapara do desabamento da Câmara Secreta, no ano anterior. Ao ser perguntada sobre as aulas, Catherina respondia que iam bem, obrigada, entre um ou dois bocejos, e que Melissa estava começando a falar demais sobre Sirius.
-Parece que eles são ótimos parceiros, se é que você me entende. A profª Melissa é mais velha que ele, mas acho que você vai concordar que ela parece uns vinte anos mais jovem do que é.
Realmente, agora sempre que Harry via Melissa Figg ela estava com os cabelos soltos, iam até as costas, com um ar muito alegre e jovial, apesar do trabalho enfadonho que realizava na floresta. Se aquilo não era resultado de Sirius...
-Espero que eles se dêem bem.-comentou Harry.
No dia seguinte, quinta-feira, tinham Defesa Contra as Artes das Trevas. Ninguém andava falando muito sobre essa aula nos corredores, pareciam classificar a profª Dark-Angel como normal.
Por isso, na aula dela ninguém estava muito ansioso, eles apenas pegaram seus lugares e puseram "Os Piores Monstros do Mundo" na carteira, pensando que seria muito mais plausível se fosse Hagrid quem tivesse pedido um livro daqueles.
A baixinha profª Dark-Angel entrou atulhada de livros, cumprimentou os alunos e fez a chamada. Para sua surpresa e alívio, Harry não viu na professora nenhuma olhada curiosa a ele quando ela chamou seu nome.
-Andei vendo as últimas matérias que tiveram.-disse ela, concluindo a chamada.-Monstrinhos com Remo Lupin, maldições com Moody, - ela deu uma pigarreada, indicando a Harry que sabia a verdade sobre Moody.- e ascensão e queda das trevas com Melissa Figg.
Os alunos assentiram.
-Bem, acho que posso dizer que vamos concluir o trabalho do prof. Lupin.-continuou ela, escolhendo as palavras.- Só que agora monstros de maior porte, como ramoras, quimeras, kelpies, dragões, gárgulas, grifos, trasgos e manticores.
Os alunos não ficaram muito felizes. Todos aqueles monstros mencionados eram terrivelmente ferozes.
-Mas não trazer nenhum deles pra dentro da classe, fiquem tranqüilos.
Consolo esse que não aliviou ninguém.
No almoço daquela mesma quinta, Sean foi dar uma passada pela mesa da Grifinória, para falar com Julliane, Harry e, principalmente Nádia. Aquela garota tinha um impressionante apito de chamar sonserino. Quando Sean voltou à sua mesa, foi imediatamente rodeado por três meninas que, pelo menos até o ano passado, faziam parte do fã-clube de Malfoy.
-Ora, Dark-Angel, qual é o problema com as meninas daqui que você vai tanto para o grupinho de fãs do Potter?
-Qual é o problema de eu ter amigos lá? E meu nome não é Dark-Angel.
-Tanto faz.-disse outra menina, impacientemente.-Ele é só um novato, Sally, vamos contar a ele.
-Na Grifinória só entram metidos a heróis.-disse a terceira garota, Sally.- O Potter é o pior deles. Se acha o máximo só porque deu sorte com o Lord das Trevas. Aí ele fez aquele fã clube medíocre, de sangues-ruins e amantes de trouxas. Não se misture com eles, Sean, aqui tem gente muito melhor...
Sean não queria responder para não se complicar, mas (só numa ocasião dessas para ele ser bem-vindo) Malfoy sentou-se para almoçar, com Crabbe e Goyle a tiracolo.
-Ora, meninas, então estão iniciando Dark-Angel no ódio aos grifinórios.
-Isso aí, Draco.-tornou Sally, debruçando-se de frente para Malfoy.- Ele está fazendo amiguinhos naquela Casa idiota, com as duas Fletcher.
Malfoy parou de comer e ergueu a cabeça.
-Que Fletcher?
-A Julliane, que foi transferida comigo, e a Nádia, a prima dela.-respondeu Sean, pouco à vontade.
Malfoy gelou, mas tinha que convencê-lo a se afastar de Nádia.
-A tal Nádia, pelo que vi no ano passado é só mais uma fã do clubinho do Potter. É melhor fingir que ela nem existe.
-É isso mesmo, Draco.-apoiou a primeira.- Aqui tem gente muito mais interessante, você não acha?
Malfoy assentiu de cabeça baixa, olhando a comida. Por essa ele não esperava, tinha que fazer alguma coisa... Dark-Angel, ou seja lá que nome tenha, já era quase tão popular quanto ele, e aquela ainda era a primeira semana de aula. Se ele resolvesse arrastar suas asinhas justamente para a Nádia, com tantas meninas em Hogwarts, ele teria que bolar um plano definitivo. Talvez alguma poção qualquer o ajudasse.
-Vou pra biblioteca. Crabbe, Goyle, vocês vão ficar aqui comendo?
Os dois nem responderam, continuaram comendo. Malfoy bufou, abandonou o prato mal tocado, e foi até a biblioteca.
O lugar estava quase vazio, exceto por Hermione a um canto. Fazendo seus deveres, e Ozzy Welling, da Corvinal, que iria duelar com ele dia 28. Madame Pince observava tudo, e logo Malfoy se enfiou por uma seção qualquer. Sacou a varinha e por um vão entre as estantes, fez o livro que Hermione lia se erguer pelo ar e ir parar no outro extremo da biblioteca. Madame Pince, furiosa, foi até lá com Mione atrás. Malfoy aproveitou a chance e correu para a Seção Reservada, pegando quantos livros de Poções conseguiu esconder nas vestes, e voltou a tempo para sair da biblioteca sem chamar à atenção. Em cerca de meia hora ele devia volta para as aulas, teria que correr até sua sala comunal e examinar os livros. Snape nunca lhe daria autorização para pegar qualquer um dos livros que havia surrupiado, se soubesse das intenções do garoto, por mais que ele fosse seu aluno favorito. Respirando depressa, Malfoy correu o máximo que pôde até a Sonserina.
Malfoy estava cansado de perder para Potter. No quadribol, na Taça das Casas há cinco anos, a atenção dos outros e a garota que ele mais gostava era amiga dele. Mas essa partida ele iria perder.
Afundando num sofá da sala comunal, começou a folhear febrilmente os livros. Todas as poções ali eram proibidas em Hogwarts... E achou a coisa perfeita. Suas mãos tremeram de entusiasmo... Mas os ingredientes todos pareciam muito mais impossíveis que um reles couro de manticora: a maioria talvez só fosse encontrada no acervo particular de Snape ou até mesmo em algum lugar da Floresta Proibida. Iria ser realmente difícil...
Tarde da noite, a turma do 6º ano da Grifinória tinha aula de Astronomia. Era no alto de uma torre, na calada da noite. Harry estava subindo uma escada com Rony, Mione, Catherina, Nádia e Julliane quando, já arfando pela subida, olhou pela janela, viu um vulto de uma ave qualquer, e de repente tudo á sua volta começou a ficar enevoado.
A escada sumiu, seus colegas desapareceram; antes que tivesse tempo de se perguntar se estava mergulhando em lembranças outra vez, sua premonição se concretizara; ele se viu de volta ao Salão Principal, e duas meninas mais ou menos da idade dele discutiam:
-Mas então você sabia o tempo todo, Samantha?-disse uma menina franzina, morena, e pelo emblema do uniforme, da Corvinal. A outra, da Sonserina, tinha cabelos loiros numa trança despenteada, era bem mais alta que a garota da Corvinal.
-Não, Victoria, eu acabei descobrindo, mas você não vai dedurá-lo, não é?
-Mas é claro que vou!-exclamou Victoria, instintivamente tocando seu distintivo de monitora preso à roupa.- Myrtle morreu! E aquele menino do terceiro ano, o Hagrid, foi expulso! Preciso fazer alguma coisa!
-Você não vai falar nada!-replicou Samantha, sacando a varinha.- Você já se colocou entre Tom e eu, e agora não vai estragar a reputação dele!
Victoria baixou o tom.
-Samantha, pelo amor de Deus, use a cabeça, Tom é descendente de Slytherin, Myrtle morreu por causa dele! E eu não me coloquei entre ninguém. Preciso fazer alguma coisa... Falar com Dippet ou Dumbledore...
-Petrificus Totalus!
Victoria foi petrificada, assim como Hermione fizera com Neville Longbottom no primeiro ano, e quando ela caiu no chão, Harry começou a ouvir vozes - pessoas chamando-o. Só então se deu conta de que estava acordando.
-Potter o que você tem?
A profª Sinistra estava bem na sua frente, rodeada por todos os outros alunos. Harry sentou-se na escada, olhando para os lados.
-Ah, professora, não foi nada... Só um desmaio à toa.
-Ala hospitalar, Potter. McFisher, vá com ele e depois volte para a aula.
Catherina e Harry se entreolharam, e retrocederam.
-O que a Victoria fez dessa vez?-perguntou ela.
-Outra lembrança dela.-contou Harry.-Uma sonserina chamada Samantha descobriu que Voldemort era o culpado pela morte da Murta-Que-Geme, e contou à Victoria.
-Você descobriu de que Casa ela era?
-Corvinal. Ela queria denunciar Voldemort, falou em salvar o Hagrid que tinha sido expulso e parecia que a tal Samantha também era apaixonada pelo Riddle.
-Caramba... Ele devia ser um sucesso quando estava na escola. O que mais aconteceu?
-Victoria queria ver o Dumbledore, então a Samantha a petrificou.
Catherina ficou quieta por uns instantes.
-Não tenho a menor idéia do que devemos fazer, Harry... A profª Melissa ontem me pediu pra te avisar que a reunião da Ordem da Fênix é no sábado. O que acha de falar sobre essas visões?
-Sei não. Dumbledore acha que as coisas melhoraram, mesmo com os Comensais da Morte matando aqui e ali... Ele teria um colapso nervoso se eu contasse a ele e toda a Ordem da Fênix...
- Olha, Harry, eu não posso te obrigar a contar, mas as coisas estão piorando à medida que a gente envelhece, é um milagre estarmos vivos ainda, temos dado é muita sorte até hoje, porque ele ainda não resolveu nos matar no susto ou enquanto dormimos.Dumbledore derrotou Grindewald, lembra-se, depois de você ele é a pessoa mais indicada pra vencer Voldemort também.
-Eu sei de tudo isso.-falou Harry, impaciente.- Mas estou pensando em outra coisa agora. Por que ele iria querer que eu soubesse essas coisas sobre suas namoradas dos tempos de escola?
-Eu não sei, mas talvez não seja nem ele quem está mandando essas lembranças. Ah veja, chegamos.
-A madame Pomfrey deve estar dormindo.-disse Harry.-Talvez eu devesse voltar para a Grifinória e você diz pra Sinistra que...
-Não senhor. Esses desmaios não têm nada a ver com a sua saúde, mas é bom se recompor aqui um pouco.
Ela abriu a porta e encontraram todas as luzes da ala hospitalar acesas, e uma menina numa cama, apavorada e tremendo. Madame Pomfrey, que falava com ela, virou-se para trás e viu Harry e Catherina.
-Mas já estão aqui de novo?
-O Harry teve um desmaio.-contou Catherina.- Está um pouco fraco... Eu preciso voltar para a aula de Astronomia, Madame Pomfrey.
-Tudo bem, McFisher, pode ir.-disse a enfermeira.- Sente-se aqui, Potter, fique com a srta. Moore, vou buscar algo pra vocês dois.
Harry sentou-se na cama. A garota à sua frente era baixinha, tinha cabelos castanhos mal presos e olhos claros, estava toda encolhida e parecia muito assustada.
-O que aconteceu?-perguntou Harry.
-N-Não sei direito.-gaguejou a garota.- Eu esta-tava indo ao banheiro e tinha alguma coisa atrás de mim, e quando fui me virar, fui estu-tuporada.
Harry olhou-a. Afinal de contas, o que estava na escola agora?
-Qual é o seu nome?
-Olga Moore, eu... S-Sou da Lufa-Lufa.
-Ah, então você é quem vai duelar com Julliane Fletcher?-ele achou bom mudar de assunto.
-É, vou...
Madame Pomfrey voltou com duas taças de poção, uma para Harry e a outra para Olga Moore, Harry tomou logo a sua e foi liberado para ir de volta à Grifinória.
Ele correu até o dormitório que estava vazio no momento, pegou correndo o Mapa do Maroto e antes que pudesse abri-lo ele viu seu padrinho sentado na cama de Rony. Sirius olhou para ele.
-Olá, Harry, o que aconteceu?
-Como sabia que eu estava vindo pra cá?
-Melissa me contou de uma visão relâmpago que ela teve, de você subindo as escadas pra cá. Então vim pra cá e abri o mapa que está na sua mão. Vim perguntar o que aconteceu para não estar em Astronomia.
Harry hesitou, pensando no que dissera a Catherina que não queria espalhar o que sonhara; mas seu padrinho o observava.
-Um sonho qualquer.-mentiu.- Igual a todos os outros que tenho de vez em quando com Voldemort.
-O que ele fez?-perguntou Sirius, preocupado.
-Estava apenas dando ordens a Rabicho, foi rápido demais para que eu pudesse entender qualquer coisa.
-Conte-me isso direito, Harry.-disse Sirius.-Como você teve o sonho? Você pegou no sono?
Já estava bastante difícil mentir pra ele e o padrinho ainda pedia detalhes!
-Eu... Desmaiei.-quando percebeu que ia ser interrompido, o garoto decidiu falar mais.- Bati com a cabeça, aí eu aí, foi só isso.
Sirius continuou olhando o afilhado, com cara de preocupação.
-Quantos sonhos você já teve?
-Este é o primeiro. Fique calmo, Sirius, não aconteceu nada de grave.
-Amanhã vou falar com Dumbledore. A reunião está perto e ele decidirá o que fazer.
-OK.
Sirius transformou-se em cachorro. Burro, pensou Harry, agora tanto faz o sonho que você contou, vão fazer farol do mesmo jeito. E a esta altura, Catherina já devia ter contado aos outros sobre o verdadeiro sonho.
Harry ficou pensando se deveria espalhar os sonhos com Victoria, talvez alguém soubesse quem ela era... Mas era muito improvável que Dumbledore se lembrasse de todos os alunos de Hogwarts, ainda mais uma de uns cinqüenta anos atrás...
Para a primeira semana de aulas, aquela tinha sido muito movimentada. Todos os alunos já estavam entretidos em seus próprios assuntos, já saíam inúmeras conversinhas (e brigas) sobre a Maratona Incantatem nos corredores. Assim, na semana seguinte, o Clube de Duelos foi reaberto, e felizmente naquele Harry não teve que falar com cobras em público, ao contrário: fazia o máximo para ficar incógnito, já que ele e Justin Finch-Fletchley não tinham boas lembranças do último.
Desta vez, os professores do Clube de Duelos eram McGonagall e Snape, o que deixou os alunos muito mais tranqüilos do que com Lockhart, afinal, Snape respeitava a profª McGonagall. Eles ensinavam azarações muito úteis e feitiços de defesa, já que nas regras da maratona (fixadas no quadro de avisos) diziam que o primeiro combatente a ser imobilizado, estuporado ou fatalmente desarmado perderia o duelo. Se isso demorasse mais de trinta minutos para acontecer, o desempate seria em um feitiço de cada vez, que não fossem nem de ataque nem de defesa oficialmente, com contagem de pontos por uma lousa especificamente enfeitiçada para isso. Usuários de qualquer manobra de Artes das Trevas seriam imediatamente desclassificados.
No sábado de manhã, a maioria dos professores e alunos apareceram para tomar café mais tarde do que costume; o correio-coruja chegou, enchendo o ar de grandes pacotes, que tanto podiam ser um planetário para a profª Sinistra quanto uma nova ninhada de serpenis para Hagrid, mas o fato foi que Pichitinho trouxe uma carta que despejou no colo de Rony, que abriu-a, leu superficialmente e disse:
-É do meu pai. Está falando um monte de coisas que quer que eu fale na reunião de hoje, disse que não pode vir porque está cuidando do desaparecimento de um tal de Sandwave, que sumiu há mais ou menos um mês.
-Reunião?-estranhou Julliane.
Os outros se entreolharam. E agora?
-Ah, é um modo de falar do Rony.-tentou disfarçar Nádia.- Ele tem uma fixação pela palavra, nós só costumamos conversar na sala comunal sobre umas coisas, nada especial.
-Se é assim, por que o pai dele...?
Em algum lugar do Salão Principal, um berrador começou a cumprir sua utilidade. Era para um menino da Corvinal, e para salvação de Ron, Julliane se distraiu e não perguntou mais sobre a tal reunião.
Conforme o combinado, às sete e meia da noite Harry, Rony, Hermione, Nádia e Catherina se dividiram em duas capas da invisibilidade e foram até a gárgula que guardava o escritório de Dumbledore. Quando Harry já se perguntava como entrariam, Hermione sussurrou:
-Morango tropical.
A gárgula saltou para o lado e eles entraram.
Como Harry imaginava, Dumbledore estava mais disposto do que no ano passado, mas não descansara com o sumiço de Voldemort. Os cinco jovens se sentaram à mesa comprida da Ordem da Fênix, onde, como da última vez, estavam Sirius, Snape, Melissa e Arabella Figg,Mundungo Fletcher, Flitwick, McGonagall e Lupin, que parecia bastante cansado e trocou um sorriso amigável com Harry quando ele se sentou.
-Em apenas um ano de trabalho viemos nos dando muito bem.-falou Dumbledore.-Especialmente com nossos jovens aliados aqui e a todos vocês que já entregaram tantos Comensais da Morte ao Ministério, que está mais forte do que seria esperado dele.
Alguns membros da Ordem narraram suas aventuras e suas capturas, como também fizeram Melissa e Sirius, sobre suas ingressadas na Floresta Proibida. Quando terminaram sua história, a porta se abriu com tudo.
-Desculpe o atraso, prof. Dumbledore.-era Hagrid, respirando depressa.-Vim correndo... Tenho algo muito importante pra contar.
-Sente-se, Hagrid.-falou o diretor.- O que aconteceu?
O guarda-caça puxou uma cadeira gigante especial pra ele e contou:
-Maxime me mandou uma coruja agorinha mesmo, parecia desesperada, a colônia de gigantes onde ela está não está disposta a estar do nosso lado. Contaram a ela que Nott esteve lá e falou com eles, que o Lord das Trevas estava no poder de novo, e que eles poderiam voltar a... A matar quantos trouxas quisessem.
-Um murmúrio de desânimo perspassou os presentes.
-É a natureza da maioria deles, professor, todos nós sabemos disso. Alguns povoados nas montanhas disseram que o que mais queriam era poder circular novamente entre os bruxos, eu disse a eles que poderiam fazê-lo se provassem que podem muito bem ser civilizados como qualquer bruxo decente.
A reunião prosseguiu; eles arquitetaram estratégias para proteger pessoas, e evitar ataques em massa a trouxas. No finzinho da reunião, Catherina pediu para falar.
-Professor, eu... Acho que devemos destruir o Supraforce.
Harry olhou pra ela, surpreendido. Melissa levantou-se.
-Não, não pode fazer isso, Catherina!
Agora era a garota que estava surpresa.
-Por que você quer destruir o Supraforce?-perguntou Dumbledore, calmamente.
Ela respirou antes de falar.
-Professor, estou sendo ameaçada em sonhos.
-Por Voldemort?-perguntou Sirius, se ajeitando na cadeira.
-É. Ele não se deixa ver. É como se eu conversasse com ele normalmente, mas nunca consigo vê-lo, não faz muito tempo que ele aprendeu a entrar em sonhos.
-De modo algum, Catherina!-disse Melissa.- O Supraforce não pode ser destruído como se fosse a pedra filosofal, ele tem uma essência diferente!
-Por que, professora?
-Confie em mim, Catherina. O Supraforce não pode estar preso bem na sua roupa por acaso, a luta contra Voldemort terá o seu fim no ano que vem, lembra-se?
-Melissa, do que você está falando?-perguntou Sirius.
-Um pressentimento. Harry está destinado a vencê-lo e todos aqui sabemos disso, inclusive ele. No ano que vem, vocês cinco terminarão Hogwarts. E então...
Fez-se silêncio. Harry não agüentava mais ouvir a mesma ladainha e ficar sempre vermelho também sempre pelo mesmo motivo.
-E o que isso tem a ver com o meu broche?-indagou Catherina.
-Muito, mas é algo que eu tenho que falar em particular.
Outro silêncio extremamente incômodo.
-Bem.-disse Dumbledore.- Então mais tarde vocês podem conversar. Rony, vi que seu pai mandou uma coruja com orientações no café da manhã, pode nos contar o que ele dizia?
Catherina ficou imensamente agradecida pelo diretor ter mudado de assunto.
Depois de Ron contar o que seu pai lhe pedira, Dumbledore deu as instruções finais e encerrou a reunião. Cadeiras se arrastaram; Nádia correu para falar com seu pai em particular.
-O que tanto você faz, pai, que eu só te vejo nas reuniões da Ordem? As férias inteiras...
-Eu sei, Nádia, você está certa. Andei trabalhando bastante com seu tio Ralph na Alemanha.
-Mas o que pode ameaçar tanto quanto Voldemort?
-Grupos de matadores. Os Comensais alemães estão matando demais, é um grupo que se chama Ku Klux Kan. Só estou vindo para a Grã-Bretanha para as reuniões. Ah, e como a Julliane está se adaptando?
-Muito bem.-disse Nádia.- Você está indo pra Alemanha agora?
-Estou. Até mais, filha.
Enquanto ela se despedia de seu pai, Harry foi perguntar a mesma coisa a Lupin.
-Eu já te disse, Harry, estou percorrendo o país atrás de vampiros e lobisomens que possam ficar do nosso lado.
-Mas Lupin, onde você está se transformando? Você não tem ninguém pra preparar a Poção Mata-lobo pra você!
-Harry, pode ficar tranqüilo, eu tenho uma amiga que está me ajudando com a poção.
Rony, do lado de Harry, deu um sorrisinho muito malicioso.
-Uma amiga, é?
Se Lupin não estivesse tão cansado, teria ficado muito vermelho.
-Ah, você me entendeu...
-Então na aula de amanhã nós conversamos.-combinou Melissa com Catherina, ali perto.
Os cinco jovens puseram outra vez as Capas da Invisibilidade e voltaram para a Grifinória, que tinha alguns alunos na sala comunal ainda. Julliane, perto da lareira, disse:
-Nossa, onde vocês se meteram?
-Fomos visitar o Hagrid.-respondeu depressa Hermione.- Ele é um grande amigo nosso desde o primeiro ano.
-Muito bem, Catherina.-disse Harry.- Agora você vai me explicar uma coisinha que eu não entendi.
Rony, Mione e Nádia trataram de sumir dali com Julliane, afinal se Harry soubesse de tudo, mais tarde contaria a eles também.
-Que história é essa de ser ameaçada por Voldemort em sonhos?
-Nós sabemos que esse é o hobby dele. Há uns dias ele vem dizendo que estava muito perto de nós. Muito mais do que imaginamos, e que poderia nos matar a qualquer momento.
-Mas você sabe que isso é um blefe. Voldemort preferiria matar seu tão odiado Harry Potter num assassinato cinco estrelas.
-Isso é verdade, mas ele tem dito muito que nunca vai desistir de pegar o Supraforce, pra depois te matar, e... Bom, aí eu já entro num assunto que eu não posso contar a você.
-E por que não?
Catherina estava pensando pela milésima vez nas palavras de Arabella Figg, sobre proteger o Harry, e ele nunca aceitaria saber que foi protegido por toda a sua vida.
-Harry, eu não posso. Tente me entender, eu...
-Ora, por que tantos segredos?-perguntou Harry chateado.
-Harry, por favor... Eu também não gosto de esconder isso, mas eu não posso...
-Ah, vamos mudar o assunto. Por que você não me contou antes que estava tendo pesadelos?
-Pra quê? Se ele tivesse dito alguma coisa que nos ajudasse a descobrir mais sobre a Victoria... Mais ameaças não nos interessam, não é?
Ela era assim mesmo: se está sendo ameaçada, pra quê preocupar os outros? Como se isso deixasse Harry mais tranqüilo, agora ia é ficar pensando em que tipo de coisas Voldemort estava falando pra ela. Mas de repente ele se reconheceu nessa atitude, não querendo contar a Dumbledore sobre Victoria e Samantha.
