Harry Potter e a Maratona Incantatem
Capítulo Nove – Choro, Dúvidas e Consolações
Harry ficou quieto por um tempo, tal foi o seu abalo pela carta de Lisa Black. Nenhum dos quatro falou nada, até que Hermione balbuciou:
-Acho que... Que temos que ir atrás dela...
-Ela não gosta de ser vista chorando.-disse Nádia.- O que vamos fazer?
-Vocês vão para a aula de História da Magia.-falou Harry, devagar.- Eu vou falar com ela.
-Você tem certeza?-perguntou Ron.
-Tenho.-concluiu Harry, engolindo o resto do suco de abóbora.- Vamos logo.
Harry se levantou, pensando que ela devia ter corrido para a Sala Comunal, que normalmente ficava vazia no café da manhã. Dito e feito, mal ele passou pelo buraco do retrato da Mulher Gorda, já encontrou Catherina num cantinho da sala comunal, encolhida e com a cabeça sobre os joelhos. Quando percebeu que Harry estava ali, afundou ainda mais a cabeça.
-Acho que você já leu.-disse, com a voz embargada.
-É. -disse Harry, que também não queria que ela erguesse o rosto, não queria vê-la chorando outra vez.
-Você lembra da Diana?
-Claro.-respondeu Harry.- Você... Vai passar o Natal aqui, não vai?
-De jeito nenhum.-respondeu ela, entre soluços.- Eu não posso deixar a tia Lisa lá, só com o tio Emílio. Ele também trabalha no Ministério do Brasil, meus avós também podem ser...
-E que tipo de proteção você exerceria lá?
-O Supraforce, ora! Se eu entregar pro tio Emílio, talvez...
-Cathy, se os mestiços estão sendo atacados, você não terá tempo nem de pisar no Brasil!
-Harry, eu simplesmente não vou agüentar ficar parada aqui sabendo dessas coisas!
-Por isso você veio pra cá ano passado.
-Por isso eu vim pra cá ano passado.-repetiu ela.- E imagine o que teria acontecido se eu não estivesse aqui.
-Eu já pensei nisso.-comentou Harry.- Mas você não pode estar sempre correndo atrás dos bruxos das trevas do mundo por aí!
-O São Paulo de Feitiçaria deve estar um caos agora, Harry. Só de pensar que eu nunca mais vou ver a Diana... Eu já te contei, ela era minha melhor amiga no Brasil...
No ano anterior, Catherina falara coisas que realmente haviam conseguido animar Harry. Naquele momento, ele se sentiu no dever de retribuir.
-Catherina, não se esqueça que agora o seu lugar é aqui, você não pode se perder das coisas aqui em Hogwarts por causa disso. Com certeza, esse tal de Piore Mago deve ser só um Comensal, logo vão prendê-lo, fique tranqüila.
Só naquele momento, ela ergueu os olhos e Harry viu que estavam muitos vermelhos, embora ela já estivesse mais calma. Ela olhou bem fundo nos olhos de Harry e disse:
-Ah, Harry, me desculpe por esse showzinho, você não devia ter vindo atrás de mim. Acho que já te falaram que você é um grande bruxo, lembro do sonho com a Mione te dizendo isso no primeiro ano. Mas além de tudo, Harry, você é o melhor companheiro que alguém pode querer. Muito obrigada.
Harry estava muito surpreso com essa mudança repentina, e ficou mais ainda quando Catherina o abraçou, e ele não entendeu as intenções daquele abraço, mas pensando bem, isso pouco importava e ele retribuiu o abraço.
-Me desculpe por ter te enrolado tanto nas férias.
-Você está me dizendo que...
-É. Se você ainda quiser, é claro.
Eles se soltaram para se olharem mais uma vez, terminando a cena em outro beijo. Harry nem podia acreditar que Catherina tinha dito aquilo, e quando eles se separaram, ambos tomaram um bom susto ao escutar passos na escada para os dormitórios.
-Tomara que não seja a...
-É ela.-falou Catherina.- Não pode ser outra pessoa.
-Vá atrás dela.-comandou Harry.- Dá tempo de entrarmos no segundo tempo de História da Magia.
Catherina se levantou o mais depressa que pôde, até alcançar a pessoa e constatar que estava certa: abrindo a porta para se enfiar no dormitório e chorar, Gina.
-Gina! Gina, me espera!
A quintanista entrou no dormitório e bateu a porta. Catherina tentou abri-la, mas Gina a havia enfeitiçado.
-Gina, por favor! Abre essa porta! Pelo amor de Deus! Ah, é tudo culpa minha, eu não devia...
-Vá embora!-ouviu-se a voz de Gina, quebrada pelas lágrimas.
-Gina, você tem que me ouvir, por favor...
-Vá embora!-repetiu a ruiva.-Me deixa em paz!
Harry estava no pé da escada, sem saber o que fazer. Ele sabia há anos que Gina gostava dele, mas não podia fazer nada. Ele fez um sinal a Cathy e ela desistiu, voltando à sala comunal.
Gina escutou os passos de afastando, enquanto chorava de soluçar. Ela sabia que tinha sido uma estúpida por todos esses anos, sonhando com Harry, mas nenhum menino conseguira sequer ofuscar o brilho do famoso Harry Potter, melhor amigo de seu irmão. Gina gostava muito de Catherina, não conseguia sentir raiva... O outro beijo, na final de quadribol, ela nem conseguira ver, Fred e Jorge ficaram na frente, mas ela ouviu claramente os assovios: "Potter e McFisher! Potter e McFisher!"... Mas como nada tinha visto, ela ainda podia enganar a si mesma, mas agora... É claro, Gina nunca tivera esperança alguma, mas não podia se impedir de sonhar.
Ora, mas já chega disso. Perdi duas aulas de Transformações por causa disso, pensou ela, se correr ainda chego na aula do Flitwick. Gina se levantou, esfregou a cara, reuniu seu material e foi para a aula.
-Ah, Harry, o que nós fazemos agora?-perguntara Catherina a Harry, que corriam para o segundo tempo de História da Magia.
-Não sei, o Rony vai matar a gente quando souber.-arfou Harry.
-Coitada, Harry, é culpa minha, ela sempre gostou de você. Se eu não...
-Quer que eu fale com ela no seu lugar?
-Não, eu me viro no almoço.
Entraram correndo na sala de aula, disseram uma desculpa qualquer ao prof. Binns, que mal interrompeu seu maçante discurso sobre a tomada do poder na Ásia por elfos selvagens. Catherina se sentou e tocou muito disfarçadamente na varinha. "Telepatio", sussurrou, de modo imperceptível, e começou a contar o que acontecera para Hermione e Nádia. A Telepatia era muito útil mesmo, imagine conversar mentalmente com seus amigos durante uma aula semi-morta, a começar pela professor que já era um fantasma.
Na saída...
-Mas como você vai falar com ela?-perguntou Nádia, em voz baixa.
-Não faço a menor, estou desesperada.-sussurrou Catherina.-Estou morrendo de pena, estou me sentindo culpada, tô sentindo um monte de coisa junta.
No almoço, elas iram Gina comer muito depressa, com os olhos disfarçadamente vermelhos, e depois saiu correndo do Salão Principal antes que qualquer pessoa pudesse se aproximar, Catherina correu atrás dela.
Julliane, que nada sabia daquela confusão toda, viu cair no seu colo uma carta com duas palavras: "NO WAY". Quando ela foi ver se Sean percebera isso, no meio do caminho seu olhar passou pela mesa dos professores, e ela viu Snape de novo a olhando com aquela mesma disposição. Julliane enfiou no bolso a carta e já saía de fininho quando...
-Onde você vai, Jully?-Nádia perguntou.
-Recebi um berrador.-inventou Julliane.-Vou abrir na sala comunal, é daquela tarefa do Flitwick que eu esqueci de fazer, lembra? Pois é, meu pai tem espiões por aqui...
-Gina...?
A ruiva nem se virou. Estava sentada na grama, encostada numa árvore.
-Puxa, Gina, nem sei como me desculpar, estou tão envergonhada...
-Que é isso.-falou Gina, num esforço para ser justa.- A culpa foi minha, não sei porque eu continuava sonhando com o impossível...
-Pôxa, Gina, eu nem sei o que dizer, não sei com que direito eu pude acabar me aproximando tanto do Harry, você sempre foi quem mereceu...
Gina virou-se, enxugando as lágrimas.
-Se tem algo que eu aprendi gostando do Harry todos esses anos -falou, segurando as mãos trêmulas de Catherina.- foi que a gente não tem o menor controle sobre os nossos sentimentos. Eu me lembro quando, no ano passado, você chegou na Toca com o Ron e a Hermione, o Harry te viu pela primeira vez. O queixo dele caiu, até o Fred e o Jorge ficaram meio bobos...
-Não exagere tanto, Gina. Eu já ouvi tantos cochichos de meninos sobre você! É muito engraçado ouvir os comentários, eles têm medo do Rony, que é daquele tamanho todo.
Gina forçou um sorriso.
-Quem exagerou foi você... Mas fique tranqüila, eu já andei me forçando a pensar no Harry como um amigo, um pouco mais de tempo e eu já estarei livre. Não se preocupe, por favor, p Harry e você vai estar namorando em menos de uma semana...
-Gina, não fale assim, não precisa... Ah, me desculpe, me desculpe mesmo...
-Está tudo bem, Cathy, não há pelo quê te desculpar.
Catherina agora chorava também, bem de levinho, olhando pra Gina.
-Olha, Gina, eu não sabia que você era tão forte! É verdade, eu sabia que você era uma ótima pessoa, mas não tinha a menor noção de que você era tão forte assim. Você é uma pessoa muito resistente e poderosa e acho que pra você não há elogio maior.
As duas se abraçam.
-Quando descobrirmos quem enfeitiçou aquela sala.-prometeu Catherina.- Você será uma das primeiras pessoas a saber.
-Conversou com ela?-perguntou Harry, no fim do dia.
-Sim, Harry, eu nunca pensei que a Gina poderia ser uma garota de tanta fibra, como ela é. Ficamos uma pedindo desculpas pra outra por um tempão, nós precisamos investigar alguma coisa sobre a Victoria, você não teve mais nenhuma "lembrança"?
-Nenhuma.-respondeu ele.- Mas você sabe que o único modo de investigarmos sobre isso é entrando nas lembranças, seja lá de que modo entramos.
Os dois estavam voltando do jantar rumo aos seus respectivos dormitórios, e quando ficaram de frente para a Mulher Gorda, viram que ela estava muito nervosa, escondendo-se na armação da tela.
-O que você tem?-perguntou Harry.
-Aquilo já foi embora?-perguntou a retratada, sem mostrar o rosto.
-Aquilo o quê?-indagou Catherina.
-Uma coisa... Muito grande, capa preta, tinha uma varinha na mão, falou a senha com uma voz esquisita...
-E você o deixou entrar?-falou Cathy.
-Mas certamente que não!-respondeu a Mulher Gorda, como se tivesse acabado de ser gravemente ofendida.
-E então?-inquiriu Harry.
-Ele bufou bem alto, parecia até um bicho, e foi pra lá.-a mão trêmula da Mulher Gorda mostrou o dedo indicador apontando para uma direção.
Harry e Catherina se entreolharam.
-Eu vou atrás dele.-Harry murmurou.
-Eu chamo o Rony e depois vamos atrás de você.-concluiu ela.-Ele reclamou que nós não o chamamos da última vez, não é?
-Combinado.-falou Harry, apertando bem depressa a mão de Catherina para logo sair andando pelo corredor na direção indicada pela Mulher Gorda.
Quando Harry parou de ouvir a retratada da Torre da Grifinória choramingando, ele não pôde deixar de ter a tradicional sensação de que era observado, não conseguia dar três passos sem dar uma olhada furtiva pra trás.
Não sabia se era coisa da sua cabeça, mas ele podia jurar que alguém o estava seguindo, logo viu uma porta entreaberta.
Aproximou-se, sem abri-la, a ali estava o que parecia uma lembrança esperando para ser vista: novamente os jardins de Hogwarts, mas Samantha agora estava sozinha e do outro lado podia-se ver uma silhueta nova entrando em cena, tudo estava totalmente imóvel.
Do outro lado do corredor, uma janela, por onde Harry olhou uma coruja escura voando até sumir de vista. Quando olhou para a carta que ela carregava, sua cicatriz deu uma fisgada que fez Harry levar a mão à testa.
Ele sacou a varinha e apontou-a para a coruja; se era uma mensagem para Voldemort, a carta devia sem dúvida ser interceptada.
-Accio!
Mas a ave estava longe demais e de desviou, sumindo no horizonte. Harry não teve tempo de ficar desapontado pois Ron e Catherina chegaram.
-O que está fazendo?-perguntou Ron.
-Nada de útil.-respondeu Harry.- Mas vejam isso.
Ele apontou a porta entreaberta, que dava a impressão de dar no real jardim de Hogwarts.
-Isso aí que é uma lembrança?
-É, Rony.-falou Harry.- Assim que entrarmos naquela sala, vamos vê-la.
-Por falar nisso, não sei se o termo certo pra essas coisas é mesmo "lembrança".-preocupou-se Catherina.- Talvez sejam apenas cenas montadas pra nos enganar.
-Essas "visões" podem ser muita coisa.-falou Rony.-Bom, Harry, aí está nossa chance de descobrir mais sobre a Victoria e a Samantha. Vamos?
-Isso está em parecendo é muito suspeito.-suspeitou Cathy.- Eu vou ficar aqui fora, de olho em vocês, OK?
Harry e Rony assentiram, entrando na sala em seguida.
Imediatamente, a porta por onde passaram sumiu, juntamente com Catherina, e a cena começou a se mexer. Samantha ficou olhando para a pessoa que apareceu -ninguém menos que Tom Riddle. Ele tinha uma expressão quase desesperada, que Harry nunca conseguira imaginar naquele rosto.
-O que você fez??-ele berrou.
-Me livrei daquela tontinha da Victoria.-respondeu Samantha.-Ela queria te denunciar, Tom, você não imagina...
-Ela está morta?-perguntou Riddle, ainda mais desesperado.
-Ainda não.-falou Samantha, presunçosa.- Lancei o Portaleonus nela.
-Você o quê??-repetiu ele, furioso.- Samantha, você tem idéia do que você acabou de fazer?
-Claro, Tom, ela nunca mais vai se colocar entre nós dois...
-Nós dois?!? Desde quando existe nós dois, Samantha?
-Desde já, Tom. Você já sabe há tanto tempo que eu...
-Traga Victoria de volta agora!!-ordenou Tom, furioso.-Eu nunca ficaria com você, garota, vê se se enxerga! Estou muito ocupado e você sabe o porquê.-acrescentou, baixando a voz.- O basilisco está muito rebelde, não entende que terá que ficar preso na Câmara de novo. Agora, faça o contrafeitiço, Samantha. Agora.
-Mas Tom...
-Anda, Samantha.
-Que porcaria... Sunoelatrop!
Num estampido igual ao que levara Victoria, ela apareceu de volta, caindo de joelhos no chão. Tom Riddle imediatamente precipitou-se sobre ela.
-Victoria! Como você está? Bem? Meio zonza?
Quando ela percebeu o que estava acontecendo ali, afastou-se com rudeza.
-Não me toque, Riddle! Seu assassino!
À menção de "assassino", o rosto de Riddle tomou a expressão que Harry estava acostumado a ver nele, mais frio e calculista.
-Olha aqui, garota, você me deve a sua vida, se não fosse eu aquela ali teria te largado lá pra sempre.
-Eu não pedi pra ser salva, ainda mais por você, senhor Tom Riddle!
-Tudo isso só porque descobriu que sou o herdeiro de Slytherin...
-Só?! Só!? Como você é cínico! Bem que eu estava estranhando, eu nunca tinha sido atacada mesmo tendo nascido trouxa, mesmo que você dissesse que odiava sangues-ruins, eu achei que você não chegaria a tanto... Te pus acima de qualquer suspeita... Você notou, não? Dumbledore sabe que você é o culpado, mas não tem provas! Ele foi o único que você não enganou!
-Cala a boca, sua vadia!-ouviu-se a voz de Samantha, cheia de fúria.
-Calar a boca?-repetiu Victoria, incrédula.-Calar a boca? Quem é você pra achar que manda em mim, sua cúmplice nojenta?
-Preste atenção, Victoria!-exclamou Riddle.-Você pode me acusar como quiser, masquem irá duvidar da integridade do monitor-chefe?
-Dumbledore!-replicou Victoria, exaltada.-Ele irá acreditar em mim!
-Aquele amante de trouxas acredita em qualquer um, sua tola.-retorquiu Riddle.-Ele não pode fazer nada, nunca irá convencer Dippet sem nenhuma prova!
Victoria virou as costas e saiu pisando firme em direção ao castelo, enquanto Samantha erguia a varinha outra vez, mas era detida por Riddle.
-Deixe-me acabar com ela.-sibilou a sonserina.
-Nunca, Samantha. Vou dar um jeito nela, Victoria pode ficar rebelde agora, mas ainda gosta de mim... Talvez até tanto quanto eu gosto dela... E você, Samantha, vai parar com esses acessos de ciúme pois eu não fui seu, não sou e nunca hei de ser. Seja agradecida e não apareça mais na minha frente por um bom tempo.
Harry e Rony se entreolharam, e perceberam que a lembrança tinha acabado quando tudo ficou enfumaçado e eles desmaiaram. No mesmo instante, Catherina viu a porta que se fechara sozinha se abrir e entrou correndo para acordar os dois.
-Estou pasmo.-falou Ron, enquanto voltavam para a Grifinória.- Voldemort era mesmo vidrado nessa Victoria, a cara dele... Parecia até um ser humano.
-E a Samantha é deprimente, hein?-falou Harry.-Toda rastejante, sonhando com Riddle... Se bem que ela seria o par perfeito pra ele, é da Sonserina e pratica Artes das Trevas.
-Eu queria saber onde está o magnetismo animal desse cara.-bocejou Rony.
-Quer mesmo?-disse Catherina.- Eu não sei o que acontece pra existir um vilão tão bonito que nem ele.
-Puxa, mas de novo?-replicou Harry.- Primeiro, o Malfoy é bonito, e agora Voldemort?
-O que eu posso fazer?-disse ela.-Tenho culpa se eles são mesmo atraentes? Acontece que o Voldemort só era bonito quando foi Tom Riddle, agora ele nem é humano! Eu sou uma garota com quase dezesseis anos, pôxa, meus hormônios não dão trégua!
-Ah, ah, ah, se os seus hormônios são pentelhos, não queria ser apresentada aos meus...-disse Rony.- Ainda bem que eu tenho a Mione!
-Ainda bem mesmo.-disse Harry, gostando de mudar de assunto.- E olha que ela mal consegue suprir as suas necessidades...
-Do que você está falando, sr. Potter?-inquiriu Rony, fazendo-se de ofendido.- Está pro acaso insinuando que eu abuso da minha tão querida namorada?
-Nem de longe Rony, imagina!-respondeu Harry.-Falando nela, cadê a Mione?
-A última vez que eu a vi ela estava com a Nádia e a Julliane, voltando da biblioteca, estavam atrasadas pro jantar. Eu vou pro Salão Principal ver se elas ainda estão lá.
Rony saiu correndo; parecia muito ansioso para deixar Harry a sós com Catherina. Percebendo isso, ela disse:
-Mas que ruivinho traiçoeiro esse, hein?
-E olha que você só o conheceu ano passado.-brincou Harry.
Harry sabia que estava na hora de pedir Catherina em namoro, mas não sabia como abordar o assunto...
-Se quer saber, Harry, nem eu.
-Nem você o quê?
-Eu também não saberia como falar isso que você está pensando agora, se estivesse no seu lugar.
-Agora nós já estamos falando disso.-sorriu Harry, vermelho.-Eu preciso fazer a pergunta ou posso continuar na minha cor original?
Catherina riu.
-OK, se for a pergunta que eu estou pensando, é sim a resposta.
-Obrigado por ter piedade de mim.-sorriu Harry, virando-se para ela e a beijando outra vez.
Andaram meio abraçados até o quadro da Mulher Gorda.
-Só uma pergunta antes de entrarmos.-disse Harry.- Por que nas férias de verão você se fez de difícil daquele jeito...?
-Ah, Harry, não é que eu tenha me feito de difícil, mas eu não tinha certeza se eu tinha o mais vago direito de ser a sua namorada, é claro, eu gostava de você desde muito antes do Morgan tentar fazer amizade comigo, mas eu sempre achei que era demais pra mim, não sei se você me entende.
-Ora, eu é que agora sou namorado da portadora do Supraforce!-sorriu Harry.-Aliás, onde está ele?
-Eu não agüento mais aquele broche, só me trouxe problemas, não concorda? Estou usando escondido, por baixo da roupa. Assim, eu não o perco, mas também não fico me exibindo pela escola.
-Agora chega desse assunto.-falou Harry, otimista.-Vamos pra sala comunal fazer bastante farol pra nós dois.
Ela riu e eles entraram, mas logo atrás deles vieram Rony, Hermione, Nádia e Julliane, fazendo muita algazarra e dando os parabéns. De repente, Harry viu Catherina ficar muito vermelha.
-Demorou mas finalmente você conseguiu, hein, Harry?-falou Rony muito alto, atraindo as atenções de todo o Salão Principal.-Atenção, todo mundo, aqui! Este é o mais novo casal da Grifinória!
Catherina agradeceu aos céus por Gina não estar ali àquela hora, mas do mesmo jeito não conseguiu ficar à vontade; quando os grifinórios se voltaram para seus próprios assuntos, ela respirou aliviada.
-Rony, a Mione vai ficar viúva.-sibilou ela.- Você não fez nem a metade desse farol pra você com ela!
Ron deu um sorriso muito culpado.
Era o dia do teste de dons da profª Dark-Angel. Os alunos ficaram no corredor frente à sala de Defesa Contra as Artes das Trevas, e a professora chamava um de cada vez. Quando finalmente foi a vez de Harry, ele encontrou a professora sentada numa carteira, pedindo que ele se sentasse à sua frente.
-Bem, Harry... Posso chamá-lo de Harry?
-Sim, professora.
-Antes de tudo, Harry, devo lhe revelar que sou uma desvendadora de segredos. O modo mais prático de ver se você possui algum dom além da ofidioglossia é que eu toque a sua têmpora. Permite-me?
Harry assentiu com a cabeça, e a professora estendeu sua mão direita para tocar o topo da testa de Harry, e ele ficou observando a professora fechar os olhos, fazendo aquela cara de concentração.
-É. -murmurou Dark-Angel, se afastando.- Apenas ofidioglossia, Harry. Alguém já te contou que você é descendente de Godric Griffindor?
-Sim.-responde ele.- No ano passado a profª Melissa Figg descobriu.
-Bem, é só isso. Pode se retirar, Harry.
Quando os alunos foram para o almoço daquele dia, a segunda rodada da Maratona Incantatem já estava muito perto, seria no fim de semana seguinte, por isso os alunos do 6º ano da Grifinória não estavam muito decepcionados por ninguém ter sido informado sobre um novo dom. Pelo menos foi isso que Harry pensava até Nádia reunir Cathy, Rony, Mione e ele na beira do lado entre o almoço e as aulas da tarde.
-Gente, alguém aqui soube de algo novo na aula da profª Dark-Angel?
-Bem...-Hermione se pronunciou, hesitante.- Eu sou uma... Reveladora de passado.
Surpresa entre eles, Rony abraçou sua namorada.
-A professora disse que...-continuou a garota, encabulada.- Que sou a primeira reveladora de passado nascida trouxa de todos os tempos.
-Nossa, se a gente pudesse falar isso pros idiotas da Sonserina...-disse Ron.- Eu ganharia o mês!
-E o motivo pelo que chamei todo mundo aqui -acrescentou Nádia.- é que sou uma felidioglota.
-Está brincando!-exclamou Catherina, num grande sorriso.
-Puxa, estou me sentindo muito excluído!-falou Rony.- Só eu que não sou nada de especial!
Harry achou que o amigo estava brincando na hora, mas quando foram com Julliane pegar o material para as aulas da tarde, ele reparou que Rony estava sinceramente desapontado por não ter nenhum dom; o que era perfeitamente compreensível, em raras vezes Rony, por ter tantos irmãos, conseguia se destacar em alguma coisa, ele queria mesmo escrever para sua mãe falando que era algo de surpreendente como seus amigos.
Eles já estavam chegando na sala de aula quando uma voz desagradável chamou por eles:
-Prof. Snape?-perguntou Nádia.- O que aconteceu?
-Acompanhem-me.-falou Snape, secamente. Ao ver que Julliane ia junto, acrescentou.- Você não, J. Fletcher. Apenas eles.
Harry ficou imaginando do que eles seriam acusados pelo injusto professor quando ele os levou até o escritório de Dumbledore. Lá estava boa parte dos membros da Ordem da Fênix, os que estavam sempre em Hogwarts. O próprio prof. Dumbledore estava no extremo da mesa de reuniões, muito preocupado, conversando em voz baixa com Hagrid. Eles tomaram seus lugares costumeiros na mesa, como também fez Snape. Instantes depois, chegaram correndo Sirius e Melissa, seguidos pela profª McGonagall.
-Creio que todos já estão aqui.-começou Dumbledore, olhando para mais ou menos a metade dos membros da Ordem da Fênix que se encontravam ali naquele exato instante- Posso dizer que não convoquei essa reunião extraordinária da Ordem da Fênix à toa. Aconteceu algo terrivelmente importante horas atrás.
Os membros se entreolharam, curiosos.
-Acabou de começar a Revolução dos Gigantes.
