Harry Potter e a Maratona Incantatem

Capítulo Dezessete – A Traição

Julliane correu feito uma doida, assustada com sua própria audácia. Na loucura de fugir, ela teve medo de que Snape visse atrás dela, e não podia tirar a imagem dele da cabeça enquanto fugia. Até se esqueceu de que ele tinha acabado de descobrir seu maior segredo, só conseguia pensar no que tinha feito... Que loucura, um beijo... Finalmente, voltou para o Baile de Natal.

Snape nem pensou em ir atrás dela, já tinha gasto toda a coragem que reunira durante meses naquilo. Ele tinha desconfiado que o nome daquela garota não era Julliane Fletcher desde o primeiro momento em que a vira, reconheceu seus traços... Mês após mês ele a observou de longe, pensando quem ela seria... Quando lhe aplicou a detenção, ele pretendia desmascará-la antes de deixá-la ir, mas quando olhou nos olhos dela daquele jeito percebeu que ela não era apenas mais uma aluna para ele... E deu no que deu.

Enquanto isso, no fim do Baile...

Catherina finalmente encontrou Harry, que tinha se livrado de Cho havia pouco.

-Amanhã os meus avós vêm me buscar.-disse ela.-Sentirei saudade.

-Eu também.-disse Harry, beijando sua namorada.-Olha ali, o Rony e a Mione! Finalmente um baile em que ficamos juntos, não acha?

-Concordo.-sorriu ela.-No baile passado eu já gostava de você, mas vim com o Morgan porque todo mundo dizia que você estava a fim da Cho... Lembra?

-Jully! Onde você se meteu?-perguntou Sean, quando finalmente achou Julliane (que tinha sido esperta o suficiente para pegar as cervejas amanteigadas antes de ir procurá-lo).

-Tinha muita gente no balcão de bebidas.-mentiu ela, com as pernas bambas.-Espero não ter te abandonado.

-Até que não, mas veja só! Que caixa é aquela com o Snape?

Jully se virou, e seu olhar se encontrou com o do professor.

-Ah, são fogos de artifício.-ela disse ao amigo.

-Como sabe?

-Er... Eu ouvi dizerem por aí que Dumbledore ia trazer fogos de artifício para o Baile deste ano.

O teto encantado do Salão Principal exibia uma noite clara, banhada pela lua cheia. E Dumbledore pegou a caixa de Snape, lá havia vários foguetes e o diretor lançou-os com um aceno de varinha. Harry com Catherina, Rony com Hermione, Sean e Jully, Nádia e Malfoy, Gina com Henry ficaram observando os pequenos pontos de luz que encheram o céu e admiraram a todos.

Depois, o King tocou a última música e todos começaram a voltar para os dormitórios, e Harry dormiu feliz por finalmente ter aproveitado muito bem um Baile de Natal.

Na manhã seguinte, Harry se despediu de Catherina.

-Isto aqui -disse ela, entregando-lhe um pequeno pacote.- é o seu presente de Natal. Eu ia mandar pela Nikki, mas não tenho coragem de fazer a coitadinha atravessar o mundo pra trazer um pacotinho desse. Só vá abrir no Natal, hein?

-Tá bem.-sorriu Harry, beijando a namorada apaixonadamente, e aproveitando o beijo ao máximo, já que não tocaria naqueles lábios por quase um mês.-Já estou com saudade.

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Cathy sorriu.

-Você nem imagina a minha situação.

Beijaram-se longamente outra vez e Harry acompanhou Catherina com o olhar até que a porta da carruagem se fechasse; Rony deixou de ficar em Hogwarts; ele tinha ido passar o Natal em casa, assim como Hermione. Como sabemos, a Nádia foi com seu pai para a Alemanha, mas Julliane acabou decidindo ficar em Hogwarts na última hora, senão acabaria passando os feriados às brigas com sua prima, e Ralph e Mundungo Fletcher acabariam descobrindo o namoro dela. Sean também ficou na escola com sua mãe.

A escola estava praticamente vazia, mas para Harry o imenso castelo iria parecer pequeno, já que a insistente Cho tinha ficado por sua causa, e quanto mais ele ficasse na Grifinória mais chances ele tinha de permanecer fiel a Catherina.

Mas vamos esquecer um pouco do Harry. Sean não agüentava mais ser chamado pelo sobrenome de sua mãe, como eu já contei um zilhão de vezes, e no dia seguinte, véspera de Natal, ele foi até a sala de sua mãe para ter com ela aquela tão adiada conversa. Ele entrou e encontrou a profª Dark-Angel com a cara enfiada num enorme livro poeirento.

-Mãe... podemos conversar?

Ela ergueu os olhos e deu uma tossida, devido à poeira.

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-Oi Sean! Claro que podemos conversar, sobre o que quer falar?

-Sobre o meu nome, mãe. Por que você fez todo mundo achar que eu sou Dark-Angel? Eu tenho um pai.

-Sim, não nego que você tenha um pai, mas aqui em Hogwarts ele não é bem visto. Estou apenas evitando esse tipo de problema com os seus colegas.

-Mas mãe, ter o meu sobrenome não pode ser pior do que o caso da Julliane, pode? Eu já te contei sobre ela...

-Contou, Sean, mas andei conversando com umas pessoas sobre o seu pai e mais pra frente devemos ter uma conversa séria sobre ele.

-Mais pra frente? Mãe, mais pra frente quando? Eu já sou maior de idade, se eu não tivesse perdido aquele ano devia estar terminando as aulas, seja em Hogwarts ou Durmstrang...

-Sei disso, meu filho, mas agora vou pedir que você confie em mim, estamos passando por tempos em que quanto menos você souber, mais estará seguro.

-Mas mãe...

A porta se abriu. Ali estava Snape.

-Olá, Severo. Você veio buscar os ingredientes, não é?-disse a professora de DCAT, se levantando.-Preciso lhe perguntar uma coisa também... Sean, meu filho, pode voltar para a Sonserina? Espero ter respondido a sua pergunta.

Sean se levantou e saiu, pensando que tipo de coisa sua mãe ia querer perguntar para Snape.

E Jully? Bom, ela continuava na mesma, não há muito o que dizer sobre ela. Passava o dia fazendo as tarefas de férias, às vezes com Harry, às vezes com Sean, às vezes com os dois.

Mas ela passava longas horas de suas noites quase sem sono pensando se os tremores, os arrepios e outras coisas que sentia quando via o professor de Poções indicavam que ela estava se apaixonando por um homem com idade quase suficiente para ser seu pai. Será realmente um tremendo desastre se ela se apaixonasse por Snape! Que qualidades ele tinha para conquistá-la? Ele tinha um nariz maior do que o normal, tinha o cabelo oleoso, parecia ser meio duro, e tinha sido um Comensal da Morte! Era cruel, protegia sempre a Sonserina, onde estavam as qualidades que a atraíam? As qualidades que atraíam uma garota de dezesseis anos da Grifinória, bonita e que poderia muito bem conquistar qualquer outro garoto normal, da sua idade?

Bom, era inútil procurar o porquê, mas o caso era que agora Julliane Fletcher estava apaixonada pelo prof. Snape. Mas, ao mesmo tempo que assumiu para si mesma que sentia isso, decidiu afogar o sentimento com todas as suas forças, ou seja: nem pensar em ficar a sós com ele outra vez, em hipótese alguma permitir que pegasse outra detenção na sala dele.

De jeito nenhum!

Harry acordou na manhã de Natal e a primeira coisa que fez foi pensar em abrir seus presentes, mas logo percebeu o porquê de ter acordado: Julliane o estava chamando, lá da sala comunal. Harry se vestiu bem rapidinho e desceu.

-O que foi?

-Estão te chamando lá fora.

-Me chamando...?

-É Harry, anda.-falou Jully, impacientemente.

Ele estava apenas meio acordado, e por isso nem pensou que logo na manhã de Natal poderia dar de cara com Cho - mas foi exatamente quem ele encontrou, assim que pôs o pé do lado de fora da Grifinória.

-Oi, Harry...

-Oi Cho.-respondeu ele, acordando totalmente.- O que faz por aqui tão cedo?

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-Vim trazer o seu presente de Natal.-disse ela, entregando a ele uma caixinha embrulhada em papel pra presente vermelho.

-Ah, obrigado.-disse Harry sem graça. Ele nem tinha pensado em comprar alguma coisa pra ela!-Espere aqui, que eu vou buscar o seu.

Ele voltou para a sala comunal, e já estava suando frio quando achou outro pacote encima de sua cama. Sem pensar duas vezes, pegou o pacote e levou para Cho. Ela pegou para si o embrulhinho, fascinada.

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-Obrigada, Harry! Não pensei que você fosse se lembrar de mim.

Harry sorriu, nervoso.

-Feliz Natal.-disse ele.

-Pra você também.-tornou ela, num grande sorriso.-Até o almoço!

-Até.- respondeu ele, pensando em nem aparecer para o almoço.

Entrou de novo na sala comunal, mais calmo.

-E aí, o que aquela menina queria?-perguntou Julliane, divertida.

-Me dar o meu presente de Natal.-falou Harry.-Você recebeu o meu presente?

-Recebi, Harry, obrigada pelas presilhas.-disse Jully, ainda rindo.

Como só restavam eles em toda a Grifinória, Harry e Jully pegaram seus presentes e ficaram abrindo-os até que chegou a hora do almoço.

A escola parecia realmente muito vazia, pois restavam apenas quatro alunos em todo o castelo: Harry, Julliane, Cho e Sean. Os professores estavam todos lá, e conseqüentemente a escola agora tinha mais professores que alunos.

-Estou me sentindo tão rejeitado.-brincou Sean, no almoço a que Harry acabou indo.- Imaginem que honra, toda a Sonserina só pra mim!

-Não ficou ninguém da Lufa-Lufa.-comentou Jully.-Mas sabe que eu nunca pensei que ficaria sozinha no meu dormitório.

Harry teria acrescentado alguma coisa se ainda estivesse ali, mas teve que sair de fininho para que Cho não viesse atrás dele pedindo pra conversar com ele outra vez. Estava quase chegando na Grifinória quando, fatidicamente, deu de cara com ela pela zilhionésima quadricentésima vigésima terceira vez.

-Adorei o presente, Harry!-disse ela, mostrando um prendedor de capa dourado com duas iniciais em ouro branco, H e C.­-Hoje é o dia mais feliz da minha vida... Você gosta mesmo de mim, Harry! Me deu um prendedor de capa com as nossas iniciais!

Harry quis morrer quando viu que tinha dado para Cho o presente que devia ser de Catherina. Por que elas tinham que ter as mesmas iniciais?

-Cho, acho que você não me entendeu...

-Claro que eu entendi, Harry! Quando McFisher voltar do Brasil você termina com ela... Podemos ficar juntos desde já!

E pulou no pescoço de Harry antes que ele pudesse se esquivar. Logo, ela o estava beijando... no começo ele resistiu, mas como nenhum menino presta nesse mundo logo ele se rendeu, afinal um beijo não ia matar ninguém... E Catherina estava longe, no Brasil, ninguém precisaria ficar sabendo, não é?

Depois de beijá-la, Harry viu em Cho a cara mais feliz deste mundo, e vocês têm noção de como o tão imaculado heroizinho da nossa amiga Rowling está sendo inconseqüente? Imaginem o que vai acontecer quando a Catherina voltar de férias e encontrar o presente dela na capa da Cho? Fim de namoro na certa. Mas o Harry esteve mesmo fora de controle naquela hora. Só que naquela mesma noite, ele já estava andando pra lá e pra cá no dormitório masculino, pensando em como sair daquela enrascada.

Burro, seu burro tapado, mil vezes burro, pensava ele, como você foi se deixar fazer uma burrada dessas? Estou enrascado. Perdido. Já posso até ver os meus restos mortais pendurados nas velas do Salão Principal. Preciso pensar, tem que ter um jeito de me livrar dessa encrenca...

Snape entrou na sala dos professores, alguns dias depois, sem saber escolher muito bem as palavras:

-Minerva -disse.- Eu... Estou precisando ir até... a Grifinória, será que você...

-Claro Severo.-interrompeu Minerva, que lia um livro.- A senha é leão das montanhas.

Snape agradeceu (por mais incrível que este gesto de educação possa parecer) e atravessou os corredores de Hogwarts na calada da noite até a Grifinória. A neve caía lá fora, o frio era paralisante, mas Snape estava com um sobretudo muito grosso e seus tremores tinham outro motivo.

Ele não estava acostumado a seguir os seus impulsos, e ele perguntou-se o porquê de estar fazendo aquela maluquice, quando pisou na sala comunal de Harry e de Julliane.

Subiu as escadas do dormitório feminino sem fazer o menor ruído e hesitou à porta do quarto onde Jully dormia profundamente. É claro que ele não ia fazer nada demais. Só olhá-la, o que há de malícia em olhar uma pessoa?

Bom, quando você é o professor mais temido de Hogwarts e está meio que obcecado por uma aluna do sexto ano, que você beijou de um modo impressionantemente ardente dias atrás, e você aparece para vê-la no seu dormitório quando ela está sozinha... Snape, você que me desculpe, mas até uma freira do Nepal que nunca viu um homem na vida iria ver malícia nessa situação.

Piadinhas sem graça à parte, Snape respirou fundo e pisou em toda a sua reputação de lobo solitário quando abriu aquela porta.

Ai, ai... E lá estava a nossa amiga Julliane, dormindo e nem remotamente imaginando que Snape estava ali, bem na sua frente.

Se ele chegou a tocar nela, veremos mais pra frente. Mas posso afirmar com muita segurança que ele passou ali pelo menos uma meia hora, só olhando para sua "amada". Não quero ficar dando descrições quilométricas, vocês podem perfeitamente imaginar a cena... Talvez ele tenha tido a audácia de fazer uma ou até duas carícias na face de nossa amiga, e talvez também tenha sido por isso que ela se mexeu e começou a acordar. Snape tomou um susto enorme, apagou o abajur desesperadamente e saiu do quarto, criticando a si mesmo e se chamando de idiota por ter feito uma coisa dessas, só pra ficar olhando-a... Pois é, ele estava bastante mudado. O difícil agora seria esconder isso dos outros.

Julliane acordou de um sonho e tudo o que viu foi um vulto. A princípio ficou assustada, com medo de que de repente tivessem decidido... Não, isso era impossível. Depois ela se lembrou de seu sonho e pensou que poderia talvez ter imaginado o vulto, e um tempo depois estava dormindo de novo.

Harry não agüentava mais carregar o enorme fardo que era agora a sua consciência. Depois daquele dia ele quase não saiu da sala comunal, fingiu que estava estudando e por isso Jully lhe trouxe algumas refeições até a Grifinória. Estava na hora de ter uma conversa franca com Cho, devolver-lhe o seu presente e pegar o de Catherina de volta. De qualquer maneira, pelo amor de Deus!

Uma idéia maluca lhe ocorreu. Seria uma atitude drástica, desesperada, mas resolveria o problema. Só que não iria tirar o peso da consciência, ao contrário. Eu não serei capaz de fazer isso, pensou ele, vou acabar amarelando no meio do plano.

Faltava apenas um dia agora para que as férias de Natal acabassem. A situação estava ficando desesperadora, e o único meio de sufocar sua traição era executar o plano. No almoço, ele foi até a mesa da Corvinal conversar com Cho.

-Oi, Harry!-cumprimentou ela.-Amanhã os outros chegam, não é? Não vejo a hora.

-Ah... Cho? Podemos conversar... lá fora?

-Claro, Harry.-sorriu ela, acompanhando-o até os desertos e nevados jardins da escola.

-Está mesmo frio este ano, não acha?-disse ela.

-É.- balbuciou Harry.

-Bom, sobre o que você queria conversar?

-Antes de tudo, eu quero te pedir desculpas.-disse ele, sacando a varinha.-Mas estou mesmo num beco sem saída... Obliviate!

Enquanto as lembranças de ter beijado Harry e de ter ganhado dele um presente de Natal desapareciam, ele tirou rapidamente o prendedor de capa com as iniciais H e C. Depois de um minuto ou dois Cho começou a ficar menos desnorteada, e voltou para o dormitório dela, na Corvinal.

-Que coisa feia, Harry.-disse Sean, que estava escondido ali perto.-O que você andou armando pra ter que fazer isso?

Harry ficou pálido até a raiz dos cabelos. Não teria outro jeito senão contar tudo para o rapaz... Sem ter alternativa melhor, foi isso que fez.

-Puxa vida.-murmurou Sean, depois de ouvir a história toda.-Mas também, Harry, por que você tinha que beijar essa menina?

-Eu não sei explicar, pisei na bola... Eu estava com saudade da Catherina, então apareceu uma menina bonita que nem a Cho me beijando... Fiz uma bela besteira.

-Bom, a besteira já está concertada.-disse o outro.-Mas você está pensando em contar o que aconteceu pra sua namorada?

-Acho que não, ela vai perder a confiança em mim...

-Ela vai perder a confiança é se descobrir isso por outra pessoa.

-Você não vai contar, vai?

-Não, de jeito nenhum. Mas e se alguém perceber que a Cho está esquisita e acabar descobrindo que ela foi obliviada?

Harry se lembrou de outra coisa.

-Ah, meu Deus...

-Que foi?

-Eu já te contei que a Catherina é a vidente desta geração?

-Não brinca!

-Sério. Ano passado ela chegou a ser obliviada por Voldemort e se livrou do feitiço sozinha. Ela pode me descobrir se quiser...

-Então, meu amigo, o único conselho que eu posso te dar é: corra pra sua sala comunal e comece a rezar. Reze, faça promessas, comece a andar de joelhos por aí com um terço na mão... Porque é tudo que você pode fazer agora. Você devia ter pensado antes de fazer a burrada!

-Eu sei, eu sei... E se eu contar pra ela?

-Aí eu já não sei. Você é o namorado dela, não é? É você quem tem que conhecê-la.

-Ahã... Acho que vou indo pra Grifinória, rezar... Até mais, Sean.

-Tchau e boa sorte.

Julliane estava jogando xadrez de bruxo sozinha na sala comunal pela quarta vez naquele dia. Ficou observando o rei branco render sua espada a uma dama negra. Vagou então pela Grifinória, procurando algo pra fazer.

Não sei se você lembra, mas a Jully é sensitiva. Ela pode sentir a presença das pessoas, e naquela noite em que Snape foi até o seu dormitório, ela teve uma sensação esquisita, mas não conseguiu ligar a impressão à pessoa.

Decidiu então andar pelo castelo, vendo se encontrava o dono (ou a dona) daquela sensação.

Seus pensamentos já estavam no dever de Transformações quando percebeu que o "vulto" estava por perto. Jully saiu correndo pelo corredor até que...

PAM.

Julliane trombou com tudo e caiu pra trás, sentada. Ergueu os olhos... Snape.

-O que você está fazendo aqui?-perguntou ele, surpreso.

-Eu também tenho uma pergunta.-disse ela, se levantando.- O que o senhor estava fazendo no meu quarto há alguns dias?

Snape ficou pálido, mas como ele já era muito branco Jully não percebeu.

-Eu, no seu quarto? Do que está falando?

-Eu sou sensitiva, Severo. Possuo o dom de sentir presenças. Não adianta tentar mentir. O que estava fazendo no meu quarto?

O que responder?

-Está passando dos limites. Não se esqueça que seu segredo está em minhas mãos.

-Não tenho medo de você, Severo!-exclamou ela.- Dumbledore não me expulsaria de Hogwarts por causa disso?

-Dumbledore certamente que não, mas o que todos na escola diriam? Que vergonha Ralph Fletcher iria sentir, não acha?

-Por que você não cala essa boca?-explodiu ela.-Se você espalhar meu segredo, posso perfeitamente espalhar o que aconteceu na sala dos professores, no dia do Baile de Natal!

-Você não se atreveria.

-Pra ousou tocar meus lábios você me conhece muito pouco, não acha?

-Quer não tocar neste assunto?-disse Snape.- Se eu pudesse mudar algum dia em minha vida...

-... Mudaria o dia em que nasceu, para que não fosse um seboso professor de Poções!-disse ela.- Não o dia em que você me beijou, porque fui eu quem fugiu, não você.

-Não sou obrigado a escutar impropérios seus.-recompôs-se Snape, virando as costas e indo embora.

-Estou de olho em você!-gritou Julliane.-Nem tente aparecer no meu quarto de novo!

E saiu andando para o outro lado, doida da vida.