Harry Potter e a Maratona Incantatem

Capítulo Vinte e Três – O Sobrenome de Sean

O queixo de Rony caiu. Hermione pôs a mão na boca e teve seu braço apertado com força por Cathy. Harry arregalou os olhos:

-O seu nome é...

-Riddle.-falou Sean, inocentemente.-Por quê? Algum problema?

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Os quatro perderam a fome como se tivessem sido enfeitiçados. Disfarçaram e foram conversar no jardim.

-EU NÃO ACREDITO!-berrou Rony.-Sean... é o filho do nosso amigo Tom Riddle!

-Não pode ser ele!-exclamou Hermione.-Victoria perdeu o filho...

-Isso foi o que ela disse ao Riddle.-falou Harry.- Vocês viram, ela queria se livrar dele...

-Gente... VOCÊS TÊM NOÇÃO DO QUE NÓS DESCOBRIMOS??-descontrolou-se Rony.- Victoria é a profª Dark Angel! Temos outra professora de Defesa Contra as Artes das Trevas que é uma Comensal da Morte!

-E o Sean não sabe!-disse Catherina.- Ele não tem a menor idéia de que ele é o mais jovem herdeiro de Slytherin!

-A mãe dele é uma assassina.-disse Harry.- Com certeza foi ela quem matou Olga Moore e Ashley Chang, é ela quem atacou a Gina e a Julliane!

-E foi ela quem nos mostrou todas as lembranças.-falou Mione.- Como foi que nem nos passou pela cabeça que fosse a própria Victoria quem estava se mostrando pra gente?

-E a pergunta nova é: por quê?-disse Catherina.- De que adianta descobrir o culpado se nós não podemos nos proteger dele e nem denunciá-lo?

-Ei, esperem um minuto.-murmurou Rony.- Sean não pode ser filho de Voldemort. Tom Riddle e Victoria Dark-Angel foram há cinqüenta anos atrás. Sean teria que ser um adulto.

-Victoria se uniu a Voldemort depois de terminar Hogwarts.-disse Hermione.-Ela pode ter engravidado perfeitamente anos depois, pouco antes dele sumir.

-Ainda não descobrimos quem é a Samantha.-comentou Harry.

-Isso nem é mais tão importante.-falou Catherina.- Nós descobrimos o assassino desse ano, mas o que vamos fazer agora?

-Ora, -disse Rony.- Dumbledore.

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As aulas de depois do almoço eram Poções. Rony tentou de todas as maneiras convencer os outros a matarem a aula de Snape para irem falar com o diretor. Mas como dissera Hermione, "o escritório de Dumbledore não vai fugir correndo", portanto tinham que assistir a aula.

Falando em Poções e Snape, se alguém além dele e Jully soubesse da relação secreta que eles mantinham, passaria todas as aulas rindo feito um maluco. Snape tinha que olhar o mínimo que pudesse para Julliane e dar aula normalmente, enquanto ela tinha que conseguir prestar atenção nessa aula disfarçadamente dada.

Mas eles eram mesmo muito discretos. Talvez o segredo deles devesse figurar entre os "cinco segredos mais bem guardados de Hogwarts".

OK, eu sei que o momento não é pra piadas, você deve estar um tanto mal humorado com isso, de o Sean ser filho do próprio Voldemort, de a Victoria ser a profª Dark-Angel. E pode ter certeza de que isso não é só com você. Harry não conseguiu mudar os pensamentos de direção o dia todo. Bom, talvez, numa certa hora... Mas isso é outro assunto, e mais pra frente a gente vê o que aconteceu.

Depois que as aulas da tarde terminaram, o quarteto grifinório rumou direto para o escritório de Dumbledore.

-Victoria Dark-Angel vai ser levada para onde?-perguntou Harry, enquanto andava.-Quero dizer, Voldemort destruiu

Azkaban, ele está quase na porta de frente de Hogwarts.

-Outra ótima pergunta -falou Ron.- Se o pessoal das trevas está tão bem na fita, por que Voldemort está se dando ao trabalho de ter um plano neste ano?

-Talvez apenas os Comensais estejam tão bem.- disse Catherina.- Afinal, se estivesse tão bem Voldemort já teria dado as caras pessoalmente.

Chegaram à gárgula que guardava o escritório de Dumbledore.

-O que querem aí?

Snape. Não é porque agora ele tinha uma namorada que ia deixar de tentar ferrar Harry e seus amigos.

-Temos algo urgente pra falar com o diretor.-disse Hermione.

-Mais importante do que a conversa que ele está tendo com o Ministro da Magia neste momento?-retrucou o professor.

-Meu pai está aí?-disse Rony.- Por quê?

-O Ministro está tratando de assuntos restritos com o prof. Dumbledore.

-Restritos até para membros da Ordem da Fênix?-disse Catherina.

-Se assim não fosse, estaríamos todos lá.-respondeu Snape.-Agora saiam.

Enquanto tomavam o rumo da Grifinória, Harry lembrou-se:

-No dia em que vi as lembranças em que Victoria dizia que tinha perdido o filho, foi na sala da Dark-Angel, e ela me pegou saindo dali depois disso!

-Realmente... Este ano o tal enviado de Voldemort não deu nem pro cheiro.-falou Ron.-Estamos quase em abril e já sabemos quem anda tentando nos matar!

-Bom, mas ainda não sabemos tudo.-disse Hermione.-Na maioria das vezes o plano de Voldemort é todo direcionado para deixá-lo sozinho com Harry, bem longe da gente e de Dumbledore.

-OK, já que o Snape nunca vai deixar a gente falar com o diretor.-sentenciou Catherina.-Podemos tentar de novo logo depois do jantar.

-Ah... Eu não vou poder ir.-disse Hermione.

-Por quê?-perguntou Rony.

-Tenho uma reunião com os outros monitores... Eles podem achar que os ataques pararam, mas vocês não têm idéia de como eles são doidos por uma coisinha chamada segurança...

Rony olhou para Harry, com uma cara muito desconfiada.

-Você se importa se formos só nós três, então?-quis saber Catherina, não captando a desconfiança de Rony.

-Não, é melhor não atrasarmos as coisas. Olha, gente, me desculpa, mas eu preciso ir...

-Tá tudo bem, Mione.-falou Harry.-Depois a gente te conta o que o Dumbledore disse.

Jantaram num silêncio muito desconfortável. Harry sabia o que Rony estava pensando: que sua namorada o estava traindo.

Mas Harry sabia que isso era só paranóia de seu amigo, e que Mione nunca seria capaz de fazer aquilo com ele.

Mas com ou sem Hermione, não podiam deixar de contar a Dumbledore tudo o que sabiam sobre Victoria Dark-Angel.

Depois do jantar, Rony, Harry e Catherina tomaram outra vez o rumo do escritório do diretor.

-Dumbledore já deve saber que a profª Dark-Angel pe Victoria.-dizia Cathy.-Quando contamos a ele sobre as lembranças, ele disse que sabia quem eram Victoria e Samantha, mas que hoje eram pessoas de sua confiança.

-Mas sabemos que nossa professora de DCAT é uma Comensal assassina e não vamos ficar sem fazer nada.-disse Rony.

-Já vamos ver no que isso vai dar.-falou Harry, dizendo em seguida a senha para que entrassem na sala do diretor.

Dumbledore estava ali sentado à sua escrivaninha. Olhando mais além, para seu armário entreaberto, Harry notou um leve brilho prateado, e percebeu que o diretor deveria ter usado sua penseira havia pouco tempo.

-Ah, olá.-disse o diretor quando os viu.-Harry, Rony, Catherina, o que os traz aqui?

-Descobrimos que Victoria é a profª Dark-Angel.-falou Harry.

-E vieram me dizer que ela é uma assassina e que tem de ser detida de alguma maneira, não é?

-Bom... é.-disse Rony.

-Eu já lhes disse uma vez que conheço Victoria e que ela é uma pessoa que tem toda a minha confiança.

-E por acaso há alguém em Hogwarts no qual o senhor não tenha confiança?-deixou escapar Ron.

-Sim, sr. Weasley, com certeza. Mesmo eu não consigo confiar em todos que mantenho sob o teto deste castelo.-respondeu Dumbledore, na mesma hora.

-E quem seria?-especulou Catherina.

-Bom, srta. McFisher, temo que isso não possa ser dito, pois mesmo não tendo confiança neles, devo-lhes respeito, não concorda?

-Quer dizer que o senhor não vai fazer nada?-disse Harry.-Mas e se Victoria Dark-Angel for a assassina de Ashley Chang e Olga Moore?

-Eu gostaria que me apontasse, Harry -falou Dumbledore, com muita calma.- alguma vez em que pessoas de minha confiança falharam.

Harry ficou quieto, juntamente com Rony e Catherina.

-Mas mesmo assim, tenho uma providência a tomar.-continuou o diretor.- Só que aviso que ela não tem nada a ver com sua professora, Victoria Dark-Angel.

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Malfoy não tinha o que reclamar da vida. Estava namorando Nádia havia meses, e a cada dia ela parecia mais interessante. Mas uma coisa chamada consciência, que raramente demarcava presença nele, começou a incomodá-lo. Nádia não teria nem chegado perto dele se não fosse pela Poção do Amor, ao contrário dele próprio, que gostava dela em sã consciência. Ele tinha mudado o destino da garota... Já chega, pensou Malfoy, estou pensando igual àqueles idiotas da Grifinória.

Ele estava sentado na grama do jardim da escola, na tarde daquele dia em que Harry, Rony e Cathy foram falar com Dumbledore sobre Victoria Dark-Angel. Olhando para a floresta, percebeu, entre as árvores mais externas, a amazona Faye Fairy.

-Faye!-chamou Malfoy.-O que faz tão perto de Hogwarts?

Malfoy observou Faye erguer a vista e percebê-lo.

-Ah, olá.-disse ela.-Estou só dando uma volta. Pensando na minha casa...

Ele se levantou e foi até ela para conversar.

-Mas você mora na Floresta Proibida, não é?

-Ora, Malfoy, você sabe muito bem que eu estou falando do Amazonas, do Brasil.

-Não seja ridícula, Faye, você não disse que eles te odeiam por lá?

-Mas eu vivi lá por muito tempo, eu nasci lá! Ah, esqueça, garoto, você nunca vai poder entender.

-Por que não? E pare de me chamar de garoto que você não é tão mais velha que eu. Daqui a alguns meses vou fazer dezessete.

-E eu já fiz, garoto. Mas isso não vem ao caso. E aí, ainda com a sua namoradinha enfeitiçada?

-Quer falar baixo? Ela pode estar comigo, mas se ela descobre que está sob a Poção do Amor, ela me largaria do mesmo jeito.

-E seria a coisa mais ajuizada a fazer.-retorquiu Faye.-Só que muito provavelmente ela vai estar apaixonada por vocês a vida toda.

Malfoy subitamente engoliu em seco.

-Você está me dizendo que eu vou passar a minha vida toda com ela?

-Estou dizendo que ela vai gostar de você. Isso porque ao menos eu não conheço o antídoto.

-Bom, -murmurou Malfoy.-Eu não vou passar a vida toda com apenas uma garota, mas tê-la eternamente atrás de mim pode ser legal... Sabe, eu devia dar o que sobrou da Poção de meses atrás para outras menina, seria interessante...

-Isso é muito patético, Malfoy. Qual é a graça de ter uma legião de garotas e nenhuma gostar de você na real?

-O que você quer dizer com "na real"? Na minha Casa todas as meninas me adoram.

-Mais patético ainda. Tantas delas gostando de você como meio que um ídolo e você quis apenas uma menina da Grifinória que te abominava.

-Quando eu a conheci, a Nádia era da Lufa-Lufa. Mas aí teve toda uma confusão... e ela foi re-selecionada, desta vez para a Grifinória.

-Estou querendo dizer que você se apaixonou justamente por alguém que não te suportava.

-Não é que a Nádia não me suportasse.-falou Malfoy, parecendo até outra pessoa.-Ela apenas não me conhecia.

E em seguida contou toda a história do dia em que conhecera Nádia, ocultando, é claro, que Voldemort matara Jake Warbeck usando seu corpo e outros detalhes sujos desse tipo.

-Que coisa mais romântica.-comentou Faye.-E ela te beijou em sã consciência depois disso? O que você fez com ela pra precisar da Poção do Amor?

-Ora, isso... Isso não é da sua conta!

-Tá bem, tá bem... Não quer contar, não conta, não faço questão.

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Voltando a Harry, Rony e Catherina, eles estavam passando pelo Salão Principal, rumo à Torre da Grifinória, quando viram chegar de um corredor paralelo a eles, Erin Groundwell e Hermione, conversando em voz baixa.

-Você acha mesmo que eles vão acreditar?-perguntava Erin, quando, cutucado por Mione, viu os outros três. Rony permaneceu imóvel, e Harry ficou seriamente preocupado com que ele poderia fazer naquele momento.

Mione olhou para seus amigos e percebeu o que eles estavam pensando.

-Gente, não é nada disso...

-Claro que não é.-interrompeu Rony.-Harry, Catherina, por que vocês pararam? Precisamos voltar logo para a sala comunal.-acrescentou, como se Hermione não estivesse ali.

Harry e Cathy se entreolharam e depois para Hermione; ela não sabia o que dizer, e nem eles. Por isso, os dois se apressaram a seguir Rony, e logo Mione vinha atrás deles.

-Rony!-chamava ela.-Quer parar com isso?? Me espera, eu preciso falar com você, com todos vocês!

Rony nem se alterou, mas Harry e Catherina simplesmente não sabiam o que fazer. Até que Harry teve uma boa idéia:

-Eu alcanço o Rony.-sussurrou ele para Cathy.-E você vem com a Mione. Vou tentar acalmá-lo, talvez eles nem briguem.

Catherina concordou com a cabeça, e virou-se para trás para esperar Mione. Já Harry apressou o passo e chegou até Rony.

-Reunião de monitores, pois sim.-escutou-o resmungar.

-Rony -Harry disse.- não deve ser nada disso, deixe a Mione explicar...

-Harry, deixa de ser babaca.-interpelou Rony.-Minha testa já está até começando a coçar. Mas pode deixar, que eu vou cortar esses chifres pela raiz. Um cara livre não pode ser chifrado, certo?

-Não acredito que você está pensando em terminar com a Hermione sem ao menos ouvir o que ela tem a dizer!-exclamou Harry.

-E o que ela pode ter pra me falar?-inquiriu o outro.- "Oh, Ron, me desculpe, você não podia ter me visto justo agora, bem quando eu estava te chifrando com o frutinha do Groundwell!".

-Rony, não seja ridículo.-implorou Harry.-Pelo amor de Deus, acalme-se e pense... A Mione nunca te trairia!

Tinham chegado ao retrato da Mulher Gorda. Rony falou a senha e Harry entrou logo atrás dele.

-Não sei, Harry, eu te disse aquele dia que ela andava estranha, sempre exausta.

-Então quer dizer que a monitora da Grifinória nunca pode se cansar?-ouviu-se a voz aguda de Hermione atrás deles. Catherina estava do lado dela, apreensiva.

-Mas cansada todas as noites?-retrucou Ron.- Cansada demais pra dar um pouco de atenção para o namorado? Sinto muito se sou peso morto pra você, Hermione, mas era só ter me dito! Não precisava me chifrar com um tal Groundwell da... Lufa-Lufa!

Do jeito que ele falava, parecia um grande crime gostar de alguém da Lufa-Lufa, mesmo que nem fosse verdade.

-Rony, eu não te chifrei.-retorquiu Mione.-Se você soubesse o que andei descobrindo por aí...

-E o que você descobriu, Hermione Granger? As amídalas do Groundwell?

-Você está sendo ridículo! Por acaso você acha que sou o tipo da pessoa que trai o namorado?

-A Mione que eu pedi em namoro não, mas a Hermione sempre cansada e estressada sim!

Harry estava se sentindo terrivelmente desconfortável, e ele viu que Cathy estava na mesma situação. Aquilo não era conversa pra eles ouvirem. Então ele saiu do lado de Ron e Catherina foi com ele até a entrada para os dormitórios.

-Acho que temos que deixar os dois a sós.-sussurrou ela.

-Concordo. Mas pra onde podemos ir?

-Os nossos dormitórios estão cheios dos nossos colegas, talvez devêssemos subir e ficar num corredor qualquer, bem longe daqui. Não estou com a menor vontade de dormir.

-Nem eu.-confessou Harry.-Hoje aconteceu coisa demais, não é?

-É. Mas vamos sumir daqui.

-Dormitório masculino ou feminino?

-Masculino, se as meninas verem você por lá será pior do que se eu for vista por meninos.

Os dois se esgueiraram pelo portal que dava para o dormitório masculino, e Rony e Hermione continuavam brigando:

-Você não tem confiança em ninguém, Rony!-exclamou Mione.-Você nunca põe a mão no fogo por nenhuma pessoa, nem por você!

-Eu apenas não confio em quem não demonstra merecer!-gritou Rony.-E o que você tem a ver com o fato de eu ter ou não autoconfiança?

-Então com isso você quis dizer que eu não mereço a sua confiança.-disse Hermione.-E não dá pra namorar alguém no qual não se confia, não concorda?

-Plenamente!-retrucou Rony depressa.

-OK, então isso é o fim, não é?-disse Mione.-Só pra você saber: eu nem sequer toquei em Erin Groundwell!!

Disse isso e saiu pisando firme, rumo ao dormitório feminino. Rony deixou-se cair no sofá e ali ficou por muito tempo.

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Enquanto isso, Harry e Catherina tinham tratado de sumir. Ambos sentaram-se no chão do corredor, abraçando os joelhos, lado a lado. Conversavam aos sussurros:

-Sabe, Harry, eu ainda não consigo acreditar que... o Sean seja filho de Lord Voldemort.

-Nem eu.-murmurou Harry.-Mas ainda tem a questão dos anos, como o Sean pode ter só dezessete?

-Não sei... Mas o ano está quase terminando. Daqui a alguns meses, Voldemort vai nos encurralar em algum lugar, quase nos matar e antes disso explicar tudo o que aconteceu. Podemos até não passar vivos deste ano, mas vamos morrer sabendo tudinho tin tin por tin tin.

-É verdade.-sorriu Harry, sentindo com uma onda de calor o ombro de Catherina encostado no seu. A sensação era ótima.-Catherina, você... tem medo de morrer?

Ela ficou em silêncio por um momento; depois respondeu, também num sussurro:

-Não, Harry. Quando eu morrer, acho que vai ter muita gente que eu amo muito me esperando do outro lado.