Harry Potter e a Maratona Incantatem

Capítulo Vinte e Quatro - A Hora da Poção Mortum

Catherina tinha mudado muito quando estava perto de Harry desde aquele último beijo, o que ao menos pra mim não é nenhuma surpresa. Ele mesmo passava horas lembrando daquele beijo, voava no passado, naquela que era uma das melhores lembranças de sua vida.

Mas agora Cathy mal tinha coragem de olhá-lo nos olhos; o que era até esquisito, vindo de uma garota corajosa e forte como Cathy.

Mas pôxa, ninguém é de ferro!

Bom, o caso é que o mês de abril tinha chegado.

Outra vez Harry não sabia com certeza qual era seu atual estado civil, já que aquele aquele beijo incrível tinha soado a ele como uma reconciliação, mas logo no dia seguinte ele viu que Cathy não pensava assim. Com certeza ela está arrependida, achando que foi apenas uma fraqueza, embora certamente deve ter valido a pena para ela, mesmo que ela não pretenda deixar isso acontecer de novo, pensou Harry.

Bom, pensando bem... ele estava coberto de razão ao pensar isso.

Catherina estava passando por outra daquelas crises eu-sou-complicada-demais-até-pra-mim. Claro, com um beijo daqueles, que menina não teria certeza absoluta de que o garoto gostava mesmo dela?

Mas aí tem a questão da vergonha! Qual seria a melhor oportunidade para conversar com Harry? Como abordar o assunto? Sim, ela já tinha esbarrado nessas perguntas, mas foi como se agora tudo de repente tivesse ficado muito mais difícil, de uma maneira estranha. E também, com tantas coisas acontecendo, já estava na hora de deixar os amores de lado. Epa... amores?

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Rony e Hermione eram quase que o extremo oposto. Ambos estavam morrendo de raiva um do outro, e faziam todos os esforços para não se cruzarem nem na mesa do almoço nem nas aulas, onde se sentavam em carteiras opostas, o mais distante possível. Harry, Catherina e mesmo Julliane não sabiam o que fazer. Mione andava agarrada ao braço de Cathy e Jully, enquanto Rony não largava de Harry um só instante.

-Ele nem quis se dar ao trabalho de me ouvir.-reclamava Hermione, quase toda vez que Cathy ou Jully não a interrompiam com algum assunto que a fizesse esquecer da bendita briga com Rony.

-É claro que você não tinha nada a ver com Groundwell.-falou Jully, depressa.- Mas então, o que você descobriu com ele?

Mione ia abrir a boca quando as três viram o próprio Erin Groundwell, um rapaz alto de olhos cinzentos (bastante parecido com Cedrico, até), estava diante delas.

-Oi, Hermione.-disse ele.-Tenho certeza que te meti numa encrenca...

Não, imagina, só acabou com o namoro da menina, foi o que Cathy e Jully pensaram.

-Mais ou menos, Erin, mas não tem problema.

-Então o seu namorado... ele entendeu?

-Eu não tenho namorado.-falou Mione, abruptamente, com uma piscadela.-Terminamos.

Erin ficou parado, olhando pra ela.

-Puxa vida, Hermione, me desculpe.-apressou-se a dizer então.-Eu não queria ser o culpado disso...

-E você não é. Foi o Rony, com toda aquela desconfiança.

-Bom saber!

Hermione olhou pra trás e lá estava Rony, com Harry do lado, bastante aflito por ver seus amigos brigando outra vez.

-Como se você não soubesse que a culpa foi sua!-retrucou Mione.

-Ah, é? Você se esqueceu de me avisar disso. Será que é porque eu estava ocupado tentando sustentar o nosso namoro e só ouvindo "Estou muito cansada, Ron", "Não vamos infringir o regulamento, Ron", "Por que não vai polir os seus chifres e me deixa em paz, Ron?"?

-Você não tem nenhum chifre, Weasley.-interviu Erin.

-Não tenho? Então qual é o nome disso agora? Galhos?

-Entre eu e a Hermione não houve nada!-protestou Erin de novo.-Por que você não põe isso na sua cabeça dura de uma vez?

-Vou mostrar quem tem cabeça dura!

O resto você pode adivinhar sozinho; pra variar, Rony se descontrolou e partiu para cima de Erin, com socos e pontapés. O outro se defendeu como pôde, mas até Harry e Julliane conseguirem segurar Rony, o coitado tinha um belo olho roxo em potencial.

-Ora, ora, mas que baixaria toda é essa?

Se você estava pensando que não podia ficar pior, sinto dizer que se enganou; pra deixar a situação realmente péssima, faltava chegar Malfoy, com Nádia bem ao seu lado. É que a maioria dos alunos estava passando por aquele corredor, vindos das aulas da tarde, rumo ao Salão Principal, para jantar.

-O que foi, Weasley? A Sangue-Ruim-Granger já te largou e você está aí se humilhando?

Erin deu uma passo à frente, enchendo-se de autoridade e tocando o distintivo de monitor falou:

-Dez pontos a menos para a Sonserina pela boca suja, Malfoy.

-Você é Groundwell, certo? O grande monitor da Lufa-Lufa... Ha,ha,ha, acho que você se lembra do que aconteceu com o último monitor dessa Casa, não é?

Um ruído surdo de um soco muito forte foi ouvido, assim que Malfoy fechou a boca. Ele caiu sentado com a mão no queixo, e Nádia se agachou para acudi-lo.

Harry ainda ostentava a mão fechada em um punho.

-Nunca mais você vai abrir a boca pra falar de Cedrico Diggory desse jeito!-exclamou ele.

-Potter... você vai se arrepender mesmo de ter feito isso!-gritou Malfoy, se levantando e sacando a varinha.

Erin e Hermione tomaram suas atitudes de monitores: também sacaram suas varinhas e apontaram para Malfoy.

-Guarde essa varinha agora!-mandou Erin.

Malfoy foi obrigado a obedecer; guardou sua varinha dentro das vestes. Ergueu o queixo bem alto e passou diante de todos eles, rumo à mesa da Sonserina.

-Harry, eu odeio dizer isso, mas... menos dez pontos para a Grifinória por aquele soco. Particularmente, eu preferia dar pontos e não tirá-los por isso, mas você sabe, são os regulamentos.-disse Hermione.

-Tudo bem, Mione, eu sei.-assentiu Harry, ainda alegre com o efeito de seu soco.

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Alguns dias depois, Harry e Rony estavam em outro daqueles papos sonhadores sobre animagia, quando Ron resolveu lembrar:

-Mas você não tinha ganhado dois livros no seu aniversário? Um foi o de animagia, mas e o outro?

-Foi... um livro de Poções, presente da Catherina.

Rony franziu a testa com força.

-Credo, por que a Catherina ia te dar um livro de Poções? Pra ver se você e o Snape ficavam amigos e ele te adotava?

Harry fez uma careta.

-Eca, Rony... Também não precisava ofender. Mas espera aí -acrescentou ele, se levantando.-, eu vou buscar o livro e aí te mostro a importância dele.

Ele subiu as escadas, entrou no dormitório e pegou seu livro, abriu na página 74, assim como Catherina o orientava no bilhete que permanecera ali até aquele dia e levou o livro aberto até a sala comunal, no sofá onde Rony estava sentado.

-A Poção Mortum -contou Harry.- é usada pra que se fale com duas pessoas mortas.

Ron ficou quase pálido de susto. Depois, um grande sorriso iluminou seu rosto.

-Ei, Harry, isso é ótimo! Seus pais...!

-É é nisso que eu pensei! Bom, e a Cathy também, quando me deu o presente.

-OK, vamos ver os ingredientes...-falou Ron, resistindo a começar aquela conversinha do tipo bom-e-você-com-a-Cathy-como-estão, pra acrescentar:- A maioria não é muito difícil, mas de todo jeito vamos ter que fazer outra visitinha ao armário particular de Snape, como nós dois e a ... como fizemos no quarto ano.

-Sei, sei.-disse Harry.-Mas isso está me parecendo muito fácil. Não tem nada quase impossível de se arrumar?

-Ora, Harry, seu tapado, é claro que tem.-retorquiu Ron.-A não ser que você saiba pegar uma lembrança dos seus pais e transformá-la em três ou quatro gotas de felicidade pra pingar no final da poção.

Harry deu um sorrisinho amarelo.

-Sabia que não ia ser tão fácil. Pra mexer outra vez com lembranças e coisas desse tipo, vamos precisar da Mione e da Catherina.

Rony fez uma careta parecida com a que fazia anos atrás, quando Harry deixava escapar o nome "Voldemort" sem querer.

-Tem que ter um jeito de conseguirmos sozinhos.

-Rony, deixa de ser cabeça dura. Ou você sabe pegar uma lembrança só de tocar em um lugar qualquer da minha cabeça?

-Vamos deixar a parte mais difícil pra lá por um tempo.-desconversou o outro.-Como vamos fazer pra pegar essas coisinhas básicas no armário do Seboso? Não somos amigos de ninguém que tenha a ficha limpa com ele.

Vocês é que pensam!

-Cala a boca, autora.-xingou Rony.-Nós ainda não sabemos que a Julliane anda se atracando com o Snape!

Ei, o que é isso? Revolução dos Personagens? É bom ficar bem quietinho aí, senhor Ronald Weasley, porque senão eu te faço agora ir de joelhos até a Mione, pedindo desculpas e dizendo que estava totalmente errado.

Felizmente então, Rony tomou juízo e fechou a boca. Não que eu não goste dele, eu sou fã dele, mas ás vezes esse ruivo fala demais, hein?

Desculpem, essas últimas frases ocorreram devido à falha na Matrix. Isso não vai mais acontecer.

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A Poção Mortum era uma coisa muito complicada mesmo. Mas no começo, foi motivo de muita diversão para Harry e Rony, que bolavam seus planos malucos de chegarem até o armário particular de Snape para pegar os ingredientes.

-Eu lanço a Avada Kedavra nele e você entra na sala dele e pega os negócios lá...

-Eu jogo Poção Encolhedeira na cabeça do seboso, aí quem sabe ele fica de uma hora pra outra com voz de falsete?

-Com a Imperius, a gente faz o Snape dançar a boquinha da garrafa...

-Ahhh, imagine essa cena...

Estavam até imóveis de tanto rir, meio que rolando no tapete da sala comunal, quando Catherina e Julliane chegaram pelo buraco do retrato.

-Desculpem interromper o ritual de ioga role-pelo-chão -falou Jully.- mas qual é a graça?

Harry e Rony apenas se entreolharam para recomeçar a rir. As duas ficaram olhando-os, até que se controlassem.

-Só estávamos imaginando algumas... situações...-falou Ron, respirando fundo para recuperar o fôlego.

-Situações pra pegarmos com o Snape os ingredientes da Poção Mortum.-acrescentou Harry, também sem fôlego.

-Até que enfim resolveram fazê-la.-comentou Catherina.

-Poção Mortum? Mas como vocês vão fazer essa poção? Três gotas de lembrança das pessoas...-disse Jully.

-Vamos dar um jeito.-disse Harry.

-Mas com quem vocês vão falar?

-Com... os meus pais.-falou Harry.

-Ah...-murmurou Jully.-Desculpe.

-Não me ofendeu, Julliane, pode deixar.

-Bom, gente, o caso é que temos que chegar ao armário particular do Snape e pelo menos eu não tenho a menor idéia de como vamos fazer isso.-disse Ron.

-Os ingredientes normais não são problema.-falou Jully, recomposta.-Façam pra mim uma lista do que vocês precisam que eu arrumo tudo.

-Ei, como você pretende conseguir isso?-falou Catherina, impressionada.

-Eu simplesmente ADORO essas missões de espiã... Assisti todos os filmes do 007.

-Filmes... Jully, como você sabe o que é um filme?-inquiriu Harry.

-É que o meu pai... Quero dizer, Ralph Fletcher, tinha um grande amigo trouxa, dono de uma locadora de vídeios na Alemanha...

Os outros riram da coincidência.

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Julliane teve mesmo bastante facilidade para pegar os ingredientes de que Harry e os outros precisavam. Quando foi se encontrar com Snape naquela noite, aproveitou uma ausência dele (ele tinha ido buscar outras cartas antigas de Karkaroff que havia encontrado em suas velhas gavetas) para abrir seu armário e copiar vários ingredientes. Abriu uma mochila extra-encolhível (presente de Natal de Ralph) e abriu-a, colocando os ingredientes originais ali, deixando as cópias no inventário do professor.

No dia seguinte, à hora do jantar, Harry e Rony estavam falando assombrados, querendo saber de qualquer modo como ela tinha conseguido tão rápido. Com um sorriso enigmático, ela disse:

-Um espião não revela seus métodos...

De repente, a atenção de Harry foi atraída por Hermione e Catherina, que chevagam naquele momento ao Salão Principal, conversando em voz baixa. E elas não estavam com cara de quem está falando de futilidades, de jeito nenhum.

-Rony -murmurou Harry.-, me espera aqui, eu volto num minuto.

Ele se levantou e foi direto até as duas.

-Ah, oi Harry.-cumprimentou Hermione. Cathy olhou no mesmo instante para bem longe e murmurou um oi bem desconfortável.

-O que aconteceu?-perguntou ele.-Vi de longe a cara de procupação de vocês.

-Fala com ele, Catherina.-encorajou Hermione.

Com muito custo, Cathy ergueu a cabeça.

-Eu... preciso te contar uma coisa.-ela disse, com muito esforço.-Você... pode vir comigo?

Como se ele fosse dizer não.

-Claro que posso.

Enquanto Hermione ia sentar-se com Jully, Harry foi levado por Catherina até a sala onde ela tinha suas aulas de Vidência com Melissa Figg. Naquele momento estava vazia, e mesmo que Harry tivesse tentado muito durante o caminho, Catherina não dissera nada sobre o que se tratava. Quando ela abriu a porta, finalmente disse:

-As três gotas de lembrança não serão o menor problema, Harry. Existem duas Poções Mortum sendo preparadas neste castelo. Uma para seus pais, e a outra -Cathy foi até a mesa da profª Figg e descobriu algo que ele viu ser um pequeno caldeirão, com uma poção verde.- para os meus.

-Você também... vai falar com os seus pais?

-É. Quando te dei o livro de aniversário, eu já tinha pensando em fazer uma para mim. Estou pensando o seguinte: e se os meus ou os seus pais souberem de algo importante que nós nem fazemos idéia?

"Mas tem um problema", continou ela. "Essa poção só pode ser usada para as mesmas pessoas duas vezes. Depois, está acabado.

-E como você arrumou as gotas de lembrança?

-Hermione e a profª Melissa cuidaram disso pra mim. Agora -acrescentou, tirando das vestes um frasquinho com um líquido prateado- tudo o que preciso é colocas as gotas na poção. Isso aqui é quase que o mesmo material com que se enche uma penseira, mas é bem mais líquido. Durante mais ou menos meia hora vamos poder falar com eles. Você quer ficar aqui comigo enquanto eu falo com eles, Harry?

Ele se sentiu muito lisonjeado por ver que ela queria que ele ficasse ali.

-Claro.-disse ele.-Muito obrigado pelo... convite.

Cathy respirou fundo, pegou o caldeirão e colocou-o no chão. Depois os dois se sentaram em frente à ele, e ela encheu um conta-gotas de líquido prateado. Uma gota, duas, três gotas.

A poção começou a formar algo como um redemoinho bem pequeno, e quando ficou branca, Harry viu os olhos de Catherina brilhando de pura espectativa.

Alguns tensos instantes se passaram, e então os dois começaram a ouvir vozes, como se ecoassem em toda a sala.

-Estão nos chamando...-disse uma voz feminina, e uma lágrima correu de um dos olhos de Cathy.

-Mas quem será?-disse outra voz desta vez masculina.-Catherina não conseguiria, ou...?

-Pai!-chamou Cathy, à beira do choro.-Sou eu...

Harry segurou a mão dela, para que se controlasse. Então, muito fora de foco, eles virama imagem de dois vultos surgirem na superfície do caldeirão. Aos poucos, foram tornando-se mais nítidos e reais... Quando os rostos de Pedro e Laura McFisher estavam totalmente visíveis, Catherina já chorava.

-Cathy!-exclamou Laura.-Como você conseguiu fazer essa poção? Estamos com tanta saudade de você...

-É que eu tenho uma amiga reveladora de passado, ela me ajudou, mãe... Pensei que eu nunca mais fosse ver vocês!

-Nós também.-disse Pedro McFisher, comovido.-Não achamos que você saberia fazer a Poção Mortum, você foi ótima! E quem é esse garoto com você?

-Este -falou Catherina, com um grande sorriso - é Harry Potter.

O casal McFisher deu outro grande sorriso.

-Puxa, mas é mesmo incrível como você é a cara do Tiago...-murmurou Pedro.-Mas tenho certeza de que está cansado de ouvir isso, não é, Harry?

-Nem tanto... Muito prazer em conhecê-los.-apressou-se a dizer Harry.

-Pena que em tais circunstâncias -disse Laura.- Deve ser interessante conhecer uma pessoa dois anos depois de sua morte.

Todos riram. (N/A- Ok, eu sei... '¬¬)

-Estamos com muitos problemas aqui em Hogwarts, pai.-disse Catherina.

-Bom, parece que sempre há um problema nessa escola.-disse Pedro.-Mesmo quando você estudava em São Paulo, Cathy... Mas Harry, então tudo aquilo que Cathy me contou de seus sonhos aconteceu mesmo com você?

-Aconteceu.-disse Harry.-Mas já me acostumei a ter que ficar à beira da morte ao menos duas vezes por ano.

-O Lord das Trevas não deu sossego a você, Harry, e, consequentemente, à Catherina também.-disse Laura.-Ela não parou até que a colocássemos em Hogwarts.

-Mas mãe -disse Catherina, devagar.- Se eu soubesse que vir pra Hogwarts faria com que vocês morressem, eu nunca...

-Não diga isso.-interrompeu Pedro.-Você fez uma escolha. Nós morremos mas, em compensação, Voldemort desapareceu de novo. Harry fez algo parecido; se Lílian e Tiago estivessem vivos, Voldemort estaria com todo o seu poder e quem garantiria que ainda estivessem entre vocês?

-Queria que estivessem comigo.-disse Catherina.-Estão acontecendo ataques de um vulto desconhecido, duas meninas já morreram...

-Nós também sentimos muita saudade.-falou Pedro.-Mas você tem aí o Harry e tenho certeza de que tem muitos outros amigos.

-Rony, Hermione, Julliane e Sean.-enumerou Cathy.-A Nádia era nossa amiga também, mas Draco Malfoy a fez se apaixonar por ele, com uma Poção do Amor.

-Só podia ser mesmo um Malfoy.-disse Laura em seguida.-Tem que ter um jeito de trazer a sua amiga de volta...

-Esperávamos que vocês pudessem nos ajudar.-falou Harry.

-Não, rapaz... Sabemos que o antídoto existe, mas não sabemos qual é.-respondeu a mãe de Cathy.

-O tempo da poção está terminando.-falou Pedro, furtivamente.-Agora, vocês dois: tenho certeza de que tudo está para piorar, mesmo com a pequena vitória de Harry no ano passado. Os praticantes de Artes das Trevas estão em todo lugar, à sua volta, esperando o momento certo pra pegá-los. Estou vendo que caiu na Grifinória, Cathy, então não se esqueça de que a maior arma que Harry e você possuem é a coragem. Com ela é que vocês terão que combater a ambição de Voldemort.

-Esperem mais um pouco, por favor!-exclamou Catherina, agoniada.-Eu ainda não contei, sou uma vidente!

-Oh, Cathy!-exclamou Laura, sorrindo.-Estamos tão orgulhosos! Vocês não podem se deixar derrotar em momento nenhum, sejam fortes, ouviram? Boa sorte pra você, Harry, você sabe que o destino de Voldemort está nas suas mãos!

O líquido da poção começou a se mover, e as imagens do casal McFisher foram perdendo a nitidez.

-Adeus, Catherina -despediu-se Pedro, já com a voz longínqua.-Não se esqueça que amamos você! Adeus, Harry!

-Eu também amo vocês!-gritou Catherina, chorando de novo. Harry disse tchau a eles, e logo a sala de Vidência ficou em silêncio.

E em silêncio permaneceu, a não ser pelos soluços de Catherina, que enterrara o rosto nos braços. Finalmente, Harry não aguentou mais e a abraçou com força.

-Calma, Cathy.-disse ele.-Você viu, eles estão bem...

-É...-murmurou Catherina, entre soluços.-Mas o que será que eles quiseram dizer com "tudo está para piorar"?

-Bom, o fim do ano está chegando.-tentou Harry.-E ele sempre nos traz algum perigo, não é? Além do mais, mês que vem vamos fazer os exames de fim de ano.

Catherina fez um esforço para rir.

-Você tá certo. OK, Harry, obrigada mesmo por ficar aqui comigo, mas... Ainda temos outra Poção Mortum para terminar, não é? Vamos sair daqui e procurar a Mione.

Tiveram que tomar muito cuidado pelo caminho para não serem pêgos por Filch, já que estavam sem a Capa e sem o Mapa do Maroto. Mas do mesmo jeito, voltaram ao Salão Principal sem problemas. Ao contrário, no Salão Principal é que encontraram um grande problema.

-Ora, por que você não cala essa boca idiota??-berrava Hermione.

Felizmente o lugar já estava um tanto vazio, nem Nádia nem Malfoy estavam ali para ver o espetáculo.

-Idiota é você, garota, por que não cuida da sua vida??-retrucou Rony.

-Parece que os dois não podem ser deixados sozinhos.-murmurou Harry.

-É, sempre dá o mesmo resultado.-concordou Catherina.

Julliane chegou até os dois.

-Estão aí gritando um com o outro há pelo menos cinco minutos!-exclamou ela.-Por favor, gente, dêem um jeito de fazê-los parar com isso!

-Você fala como se fosse muito simples.-disse Harry, indo até os dois (literalmente) guerrilheiros.- Olha aqui, mas será que vocês não podem deixar de brigar só uma vez?

-É culpa dessa menina estúpida que não me deixa em paz!-reclamou Rony.-Vai cuidar da sua vida, Hermione!

-Estou cuidando!-disse ela, com uma cara de quem estava louquinha pra virar a mão na cara dele.-Seu burro idiota! Não é á toa que vivia se fazendo de coitadinho!

Virou as costas, rumo à sala comunal, e saiu pisando firme.

-Isso já está virando rotina.-reclamou Catherina para Harry.-Eu falo com ela sobre a Poção Mortum, nos vemos na sala comunal.

E correu atrás de Hermione.

-Olha aqui, Rony -disse Harry a Rony, fazendo-se de bravo.-Eu não vou mais ficar te acalmando depois dessas briguinhas, isso já me encheu a paciência!

Rony olhou para ele, furioso.

-Eu sei porque você está defendendo-a, Harry, é só porque ela pode te ajudar com a Poção Mortum! Desculpe-me por não ter nenhum dom extraordinário, sr. Potter, acho que não sirvo pra ser seu amigo!!

-Rony, isso não é hora pra autopiedade!-ralhou Harry.-E eu não estou defendo a Mione, só estou por aqui dessas brigas! -ele estava perdendo o controle, mas nem se importou com isso.- Inclusive, eu não acho que todos os alunos de Hogwarts precisem ficar ouvindo briguinhas de um casal orgulhoso demais pra dar o braço a torcer! Você sabe que a Mione passou longe de te trair, e mesmo assim... Ah, pra mim chega!

Harry também tomou o rumo da sala comunal, para esquecer aquilo e resolver logo os outros assuntos. Rony bufou e sentou-se de novo à mesa. Julliane sentou do lado dele.

-Está vendo, não é, Jully?-disse ele.-De repente, todos me odeiam!

-Não é assim, Ron.-falou ela, tentando ser paciente.-Mas vocês exageram muito nessas brigas, por que você não tenta se controlar da próxima vez?

-Eu até tento, Jully, mas não resisito a uma boa provocação... Sabe o que estou achando? Que estou perdendo a amizade do Harry, só porque não tenho nada de especial...

-Você não devia levar essa história de dons tão a sério, Rony.

-Mas eu não consigo evitar... Às vezes me pergunto se não teria sido melhor nunca ter namorado a Hermione... Estraguei o trio de amigos que eu formava com ela e o Harry.

-Deviam ser mesmo tempos ótimos...

-É, foram. Mas aí chegaram a Catherina e a Nádia, você e o Sean... Não estou culpando vocês, de jeito nenhum, Jully, mas nunca mais foi a mesma coisa...

-Eu entendo, Rony... O Harry namorou a Cathy e você a Mione... O grupo se dividiu. Entçao a Nádia foi enfeitiçada. O Sean tem me dito que está pra fazer uma loucura por causa dela.

-Como assim?-inquiriu Rony, esquecendo de seus próprios problemas.

-Ué, você não sabia que ele é a-p-a-i-x-o-n-a-d-o pela minha prima?

-Claro que sabia, mas eu pensei que ele estivesse esquecendo dela, com toda essa confusão que deu.

-Que nada. Ele me disse um dia desses que vai tomar medidas drásticas.

-E que medidas seriam essas?

Jully ia responder, mas em cima da hora percebeu que Sean estava se aproximando da mesa da Grifinória. Deu um olhar significativo a Rony e ele também o viu, com a diferença de que ele nao pôde deixar de pensar "Aí vem o filho de Voldemort".

-Oi, Sean.-cumprimentou Jully.

-Olá pra vocês.-retrucou Sean.-Mas Rony, o que foi aquele espetáculo agora pouco?

-Você sabe.-disse Julliane.-Outra briga dele com a Hermione.

-Ahhh...

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Bom, voltando á sala comunal...

-Eu queria passar uns cinco anos sem olhar pra cara do Rony.-dizia Hermione a Catherina.-Ele não me deixa em paz!

-Mas Mione, seja sincera: você ainda está apaixonada por ele, não é?

-Ora, Cathy, você sabe que sim.-respondeu Mione bem depressa.-Mas eu não devia. Ele não merece.

-O Rony tem um sério problema de autoconfiança, Mione. É difícil pra ele ter uma namorada. É como se ele achasse que de repente você o ia abandonar, ia perceber que ele era inferior ou qualquer uma das outras coisas que ele pensa que é.

-Você acha que ele gosta de mim??

-Não, Mione, ele é apaixonado! Mas se ele quiser voltar, ele não vai ter coragem de dar o primeiro passo... Terá que ser você, não acha?

-Ahã...-murmurava Hermione, quando viu Harry chegando.

-Preciso falar sobre a minha Poção Mortum.-disse ele, quando chegou até elas.

-Ei, falando nisso, e a sua, Cathy, deu certo?

-Deu, mas a gente fala disso mais tarde, Mione. Onde está a sua poção, Harry?

-Embaixo da minha cama, no dormitório. Vou buscar, só faltam as gotas de lembrança.

Enquanto Harry tomava o rumo do dormitório masculino, Mione olhou para Catherina.

-Conseguiu esquecê-lo?

-Estava quase, Mione, realmente cheguei muito perto... Mas quando falamos juntos com os meus pais, e eles foram embora, e ele me abraçou... Eu senti aquilo de novo, como se tivéssemos voltado no tempo.

-Mas vocês se beijaram de novo?

-Não, eu me segurei dessa vez.

-Cathy, por que você e o Harry não reatam logo?

-Por que você e o Rony não reatam logo?-retorquiu Catherina, prontamente.

-É pelo mesmo motivo, então?

-Não, é parecido. Pra vocês, é falta de dar o braço a torcer, é muito orgulho; pra gente, é falta de oportunidade e coragem.

-E se eu falasse com ele...?

-Não, Mione, acho melhor não.

Em seguida, Harry chegou, foi até elas com um caldeirão pequeno numa mão e a Capa da Invisibilidade na outra.

-Pensei em fazermos algo parecido com uma cabana pra esconder a poção.-disse ele.

-Tenho uma idéia melhor -opinou Mione.-Tem um dormitório feminino no andar do sétimo ano que ninguém usa, podemos ir lá...

-Por que haveria de ter um dormitório deserto?-perguntou Harry.

-Eu não sei... teria que perguntar isso pras meninas da sétima, e eu não tenho amizade com nenhuma delas.

-Nem eu.-disse Catherina.-Mas então, como você sabe desse lugar?

-Escutei a Lilá e a Parvati falando sobre isso, é o último dormitório da Torre.

-Subimos nós duas então, e você vai atrás, Harry, com a Capa e levando a poção, tá certo?-disse Cathy.

Harry e Hermione toparam.

Chegando no alto da Torre da Grifinória, Hermione abriu a porta trancada com o velho 'Alorromora'. Harry e Cathy acenderam suas varinhas com o também velho 'lumus', e pôde-se ver que o dormitório estava completamente vazio e empoeirado.

Harry tiou a capa e colocou o caldeirão no chão.

-Agora vem aqui, Harry -disse Hermione, estalando os dedos. Harry foi até ela e Mione o tocou na têmpora.

Ele podia sentir sua mente sendo vasculhada; como se sua vida fosse apenas uma fita de vídeo e tudo o que Hermione fazia era apertar o botão de rebobinar. De repente, cenas do início de sua infância foram surgindo, em ordem anti-cronológica; tio Válter ensinando Duda a andar de bicicleta, e Harry tendo que assistir da calçada, e logo duas pessoas de quem ele não sabia que se lembrava... seus pais! Primeiro, Harry sentiu o coração encolher dentro do peito, lembrando-se de Voldemort matando sua mãe, do rosto dele vários anos mais jovem, contorcido de ódio... Mas depois, cenas felizes vieram à sua mente, entre elas uma visita de Sirius à sua casa. Muito mais jovem, alegre e despreocupado.

Hermione afastou sua mão de Harry, e ele abriu os olhos, surpreso.

-Meus pais... Como posso me lembrar?

-Você viveu isso -disse Catherina.- Tinha que estar em algum lugar aí dentro.

Em seguida, Hermione esfregou as mãos, devagar e ritmicamente. Então Catherina pegou sua varinha e tocou delicadamente na ponta dos dedos de Mione, e ao trazer a mão de volta, veio um longo fio daqueles que Dumbledore tirava de si mesmo para colocar na Penseira. Então Mione tirou um vidrinho igual ao de Catherina das vestes e lá foi depositado o fio.

-Tiliquom!-ordenou ela à sua varinha, e imediatamente, o fio transformou-se em líquido.

-Pronto.-disse Catherina.-Aqui está o conta-gotas, Harry, você é quem tem que colocar na Poção.

-OK.-balbuciou Harry, pegando o conta-gotas cheio. Hermione trancou a porta com um feitiço, e ele pingou o último ingrediente na poção, que ficou branca.

Como tinha acontecido na Poção Mortum de Catherina, o líquido se moveu muito depressa, até que os três percebessem os vultos de Lílian e Tiago Potter se aproximando.

Harry ficou sinceramente emocionado, mas fez o máximo para se controlar. Logo, ele estava olhando para seus pais, e falando com eles, pela primeira vez.

-Harry!-exclamou Lílian.-Como é bom ver você... Estamos muito orgulhosos, essa poção é das mais difíceis...

-Ele sabe, Lílian -interrompeu Tiago, rindo de felicidade.-Nós sabemos o quanto você é famoso, Harry... Quer dizer que você se livrou de Voldemort todos esses anos?

-Até chegar a Hogwarts foi fácil.-disse Harry, controlando-se ainda.-Tive que morar com os Dursley.

-Ah, não!-exclamou Lílian, penalizada.-Mas e Sirius?

Harry respirou fundo, tentando resumir uma história tão comprida.

-Rabicho entregou vocês a Voldemort, depois gritou para uma rua inteira que tinha sido Sirius, depois fugiu e todo mundo pensou que ele o tinha matado. Sirius foi pra Azkaban e saiu de lá há quase três anos.

Lílian e Tiago se entreolharam, preocupados.

-E onde ele está agora?

-Eu vou buscá-lo.-disse Hermione, passando a mão pela Capa e saindo correndo.

-Bom... e quem são suas amigas?-perguntou Lílian, tentando se recompôr.

-Aquela que quase saiu voando se chama Hermione Granger, é minha amiga desde o primeiro ano.-apresentou Harry, virando-se então para Catherina.- E essa vocês conhecem, é Catherina McFisher...

-Outra que faz o possível pra sobreviver, não é?-disse Tiago, animado de novo.-Sabemos do que aconteceu com seus pais, há dois anos... Esse tal de Lord Voldemort pensa que é quem?

Todos riram do que deviam chorar.

-Pai, ele te matou.-lembrou Harry, rindo.

-É, mas o infeliz me pegou de surpresa!-retrucou Tiago, sorrindo.-Foi quase à traição!

-E você sabe, pai, que ele gosta tanto dos tais sangues-puros quando ele mesmo não é? Voldemort é mestiço!

-JUUUUUURA?? Puxa, se eu soubesse disto em vida...

-...só teríamos morrido mais rápido, Tiago!-falou Lílian, fazendo todos rirem de novo.

A porta se abriu de repente, e Hermione entrou, tirando a Capa de alguém que todos viram ser Sirius. Ele olhou para o caldeirão, abrindo a boca pra perguntar o que estava acontecendo, e parou, olhando Tiago e Lílian.

-Oh, meu Deus... A Poção Mortum!

-Almofadinhas, meu velho!-exclamou Tiago.-Harry estava me contando o que passou nesses últimos anos... Você parece muito bem!

-É, agora estou.-disse Srius, não podendo evitar que seus olhos ficassem marejados.-Vocês estão bem?

-Ótimos.-disse Lílian.-Mas o tempo está acabando, Sirius, temos que ir...

-Desculpe não ter sido mais rápida.-falou Hermione.

-Você foi ótima, Hermione.-falou lílian, assustando-a.-Mas temos que ir. Harry, meu filho...

-Fala, mãe.-disse Harry, quase perdendo o controle.

-Você está ótimo, sabia? Eu amo você.

-Eu também te amo, mãe, e você também, pais...

-Ora, assim eu fico vermelho!-brincou Tiago, e todos riram de novo.-Estou brincando, também amo você, filho. Até um dia, Almofadinhas!

-Até lá, um dia vamos estar juntos de novo.-respondeu Sirius.

Os vultos começaram a sumir.

-E o Aluado?-gritou a voz de Tiago, já longe.

-Muito bem, tenha certeza!-Sirius ainda disse.

-Tchau, Catherina, tchau Hermione!-despediu-se Lílian, sumindo de vez.

-Tchau...-as duas responderam juntas.

Então a sala caiu num grande silêncio, e Harry sentiu uma tristeza terrível chegando até ele, e não aguentou. Enterrou a cabeça nos braços para que não o vissem chorar.