Harry Potter e a Maratona Incantatem
Capítulo Trinta e Um - Uma Nova Alvorada
O período de provas quase enlouqueceu os alunos de Hogwarts. Harry estava com um ligeiro pânico de ter sido reprovado em Poções, mas soube que tinha se saído otimamente em Defesa Contra as Artes das Trevas e Feitiços. Hermione estava uma pilha de nervos depois do teste de Aritmancia, e não deixou Nádia em paz enquanto não repassou com ela todas as questões da prova, fazendo a amiga temer a própria nota com o resultado da apuração.
Rony estava totalmente despenteado depois do teste de Astronomia, passado por McGonagall, e saiu um pouco em choque, pois descobriu que a estrela Sirius (não podia ser outra) que tinha posto em seu mapa estelar havia ido parar na constelação de Sagitário. Catherina, por sua vez, saiu do teste de Adivinhação prestes a desmaiar, de pura exaustão, e no teste de Transformações ela teve a sensação de ter ido mal, embora achasse que conseguira passar.
Mas semanas depois o pânico passou, quando as notas chegaram e eles viram que ninguém havia ficado em matéria nenhuma, às véspera da final da Maratona.
A Grifinória, particularmente, estava em polvorosa; Rony e Gina receberam um carta emocionada da sra. Weasley, que estava suspirando de orgulho na Toca, feliz da vida por seus dois caçulas decidirem quem seria o melhor duelista de toda Hogwarts.
Rony não estava gostando muito da idéia de ter que lutar contra sua própria irmã. Já tivera que duelar com Draco Malfoy e teria duelado contra Hermione se ela não tivesse faltado. Depois ela alegou ter esquecido, que tinha ficado na sala comunal estudando Transformações.
O dia da final chegou, e penúltimo deles na escola, pois no dia seguinte tomariam o trem para King's Cross. Rony e Gina não se desgrudaram a manhã toda, até a hora do duelo, meia hora antes do almoço. Harry estava louco para ver o duelo, mas quando McGonagall subiu ao palco para anunciar o duelo, uma mão pousou no ombro de Harry.
Dumbledore.
-Sinto muito ter que fazê-lo perder o duelo de Rony e Gina, Harry, mas precisa vir comigo até a minha sala.
Sean, Mione, Nádia e Catherina tentaram lançar olhares compreensivos para Harry. Resignado, ele seguiu o diretor até a sala dele.
Já no lugar, Dumbledore sentou-se lentamente e indicou a cadeira à sua frente para Harry.
-O que tem pra falar comigo, professor?-Harry perguntou o mais educadamente que pôde, por estar perdendo o "duelo do século".
-Quero lhe perguntar se você está pronto para o que vai acontecer no ano que vem, Harry.-disse Dumbledore, os olhos cintilando.
-Bom, eu... Não sei.-decidiu-se o garoto.
-Eu estou quase cometendo uma imprudência deixando que você more com Sirius nestas férias, a segurança é muito maior na casa dos Dursley...
-Mas lá eu sou terrivelmente infeliz.-insistiu Harry.
-Eu sei, eu sei disso. Mas fique tranqüilo, não vou voltar atrás na minha decisão. Mas eu não garanto nem um pingo de segurança na escola ano que vem. Na verdade, eu nem deveria aceitar alunos do primeiro ano aqui, é perigoso manter no castelo alunos que ainda não saibam se defender adequadamente, mas será pior se eles ficarem em casa, sem serem preparados.
Harry continuou quieto.
-Nestas férias você fará dezessete anos, Harry, e a partir daí poderá praticar magia em casa, até mesmo treinar aparatação, e por isso quero que treine mesmo. Contra feitiços e escudos mágicos viriam muito mesmo a calhar.
Harry meramente assentiu.
-Professor -disse ele, mudando de assunto.- Já há uma nova professora de Defesa Contra as Artes das Trevas?
-Sim, Harry, consegui uma em tempo recorde este ano. Fique tranqüilo - estou certo de que irá gostar dela.
-E Astronomia...?
-Já chamei alguém, mas ainda não tenho certeza se a pessoa poderá vir ano que vem.
Ficaram em silêncio por instantes, e quando Dumbledore estava tomando fôlego para dizer alguma coisa, a atenção de Harry foi bruscamente desviada para a lareira.
Alguém chegara através do Pó de Flu. Harry viu ali uma mulher loira, de olhos castanho claros, aparentando ter pouco mais de trinta anos, carregando uma mala e parecendo um pouco zonza.
Harry viu a mulher correr os olhos pela sala, parecendo envergonhada pelo diretor não estar sozinho. Mas Dumbledore não se incomodou:
-Que bom que veio rápido. Vou falar com você imediatamente, Íris.-disse ele, e em seguida se dirigiu a Harry.-Então, espero que estejamos conversados, Harry.
Ele se levantou e apertou a mão do diretor, e ao se virar para ir embora, Harry percebeu que a mulher reconhecera a sua cicatriz, mas saiu da sala antes que pudesse descobrir qualquer coisa.
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Ele não sabia definir o que estava sentindo naquele dia, ante à perspectiva de sair da escola e não ir à rua dos Alfeneiros. Ao chegar na sala comunal, viu uma algazarra tão grande, e procurou por Rony e Gina, para saber qual deles teria vencido, afinal, a Maratona Incantatem.
Ao encontrá-los, reparou que ambos estavam felizes. Teve que chegar mais perto para ver Rony, com um sorriso de orelha a orelha, segurando com orgulho o troféu, que consistia em uma varinha de ouro sobre um pedestal, onde havia uma placa com os dizeres:
"Primeira Maratona Incantatem de Hogwarts"
"1º Lugar - Ronald Weasley"
-Eu ganhei, Harry!-o ruivo exclamou, animado.- Nem consigo acreditar!
-Pra quem se achava diminuído por não ter nenhum dom especial -comentou Hermione, sorrindo -de nada adiantou, você foi mesmo o melhor!
A festa da Grifinória durou quase a tarde toda, Sinceramente, quando Harry percebeu que a hora do Jantar de Despedida estava chegando, ele ficou preocupado.
O humor de todos os alunos de Hogwarts mudara drasticamente à hora do jantar. Expressões de desânimo e cansaço marcavam os rostos das quatro mesas, e Harry viu algumas pessoas começarem a chorar quando Dumbledore iniciou seu discurso:
-Creio que o discurso desta noite terá de ser diferente dos que executo todos os anos.- ele começou, olhando com tristeza para os alunos.- Talvez vocês estivessem esperando uma palavra de consolo, talvez esperassem que eu dissesse que tudo vai melhorar, mas tenho uma obrigação, que é dizer toda a verdade para vocês.
'A situação só tende a piorar. Mas se isso servir como alguma espécie de compensação, não desistiremos de combater Lord Voldemort com todas as forças que nos restarem. Se a força e a coragem de cada aluno e cada professor neste salão ainda não foi testada, tenham a certeza que esta hora está mais próxima do que desejaríamos.
'A nossa antiga professora de Defesa Contra as Artes das Trevas foi morta por Lord Voldemort. Julliane Fletcher também o foi, assim como ocorreram, de forma indireta, as mortes de Ashley Chang e Olga Moore.
'A partir de agora, cada um de vocês será peça fundamental para vencer a Guerra que teve início há pouco tempo. A decisão de que lado seguir só cabe a vocês, e só suas mentes saberão escolher entre o certo e o fácil. Detesto dizer que mais mortes, talvez em número triplicado, nos atinjam a partir de agora. Por isso, o melhor fazer é tornar seus espíritos fortes para a pior guerra que o mundo mágico já viu.
'Pensar que será difícil é normal; não poderemos batalhar nos enganando que será fácil e que todos sairemos felizes e sem perdas, humanas e espirituais. É melhor que pensem que será muito difícil. Mas achar que não temos chance nenhuma é erro maior do que pensar que venceremos Voldemort e seus Comensais em uma única batalha.
'Façam suas escolhas. A Guerra começou.
Quando Dumbledore parou de falar, o olhar de Harry desviou-se para um corredor que dava para as masmorras, onde viu aquela mesma mulher que chegara a Hogwarts pelo Pó de Flu e que o diretor chamara de Íris, parada, observando as mesas das Casas, com um olhar meio que de saudade.
Os alunos estavam se levantando; Harry então tirou os olhos da mulher loira e voltou para a Grifinória com seus amigos, em silêncio.
Quando pôs a cabeça no travesseiro aquela noite, Harry percebeu o quanto o último mês havia voado desde as mortes de Emílio Black e Victoria Dark-Angel e a prisão de Samantha e Rabicho, e como ele agira como um robô durante todo esse tempo, quase sem reagir ao que acontecia à sua volta. Ele continuava com Catherina, Rony com Hermione e Sean com Nádia, mas durante esse tempo ele não ficou a sós com Cathy e duvidava que fosse diferente com os outros dois casais. Eles precisaram daquele tempo para acostumarem-se com a nova situação imposta.
Sirius já havia ido embora de Hogwarts há uma semana, para preparar sua casa para Harry, Sean e Catherina. Na manhã seguinte, depois de um sono ligeiramente perturbado e inquieto, Harry tomou café ainda roboticamente, mas não se incomodou muito. Queria logo ir embora e esquecer um pouco quem ele era e o que viria pela frente dali por diante.
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Harry Potter não era o único que sabia que um ano terrível estava vindo pela frente. Todos agora sabiam também. Rony, Hermione, Catherina, Nádia, Sean, Dumbledore, Snape, o próprio Harry, Sirius, Melissa e Malfoy continuavam sendo Escolhidos, mesmo que a morte de Dark-Angel os tivesse tornado apenas onze.
Hogwarts só havia resistido à primeira tentativa de invasão, e ainda viriam tantas outras, tanta gente ainda iria morrer...Eles haviam tentando, mas Voldemort retornara do mesmo jeito. E não daria certo tentar fazê-lo desaparecer temporariamente como da última vez, pois se não acabassem definitivamente com Voldemort, ele trataria de acabar definitivamente com cada um deles.
E nenhum dos Escolhidos estava propenso a permitir que isso acontecesse.
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N/A - Gente, eu pensei que nunca terminaria essa fic!! E se eu consegui desempacar do capítulo vinte e nove, isso é graças a duas pessoas: à Tete Potter e a verdadeira Nádia Fletcher. À Tete, porque ela foi a primeira pessoa a comentar a Maratona Incantatem, quando só haviam dois capítulos dela publicados no 3V New Age. É incrível como um comentário pode nos inspirar. Por causa dele, escrevi em dois dias todo o fim, desde aquele grito de "Não ouse!" do Sirius. E obrigada Nádia por ter gravado o cd que eu fiquei ouvindo enquanto escrevia tudo e que estou ouvindo agora que estou escrevendo essa nota. Será que um dia você vai terminar de ler essa fic, Ná?
Ah sim, aquele discurso do Dumbledore é de autoria da Lady Voldemort, e aparece igualzinho também no último capítulo de O Novo Professor. Inclusive, aconselho que leiam a fic porque assim será mais fácil entender a continuação desta.
Obrigada mesmo, de verdade, a todas as pessoas que se deram ao trabalho de ler essa fic, eu nunca escrevi algo com tantos detalhes, afinal eu fiquei nisso o ano inteiro de 2003, desde o dia 27 de janeiro, terminando em 16 de dezembro!!
Obrigada de novo, gente, e vejo vocês na continuação sobre o sétimo ano, "Esperança no Sétimo Abismo" !!
