Esperança no Sétimo Abismo
Capítulo Quatro – A história e a véspera
Todos imediatamente foram para o Largo Grimmauld. Nádia foi acomodada em um quarto desocupado e Lupin cuidou de seus ferimentos sem grandes dificuldades, alegando que já sofrera boa parte deles ao longo do que passara nos anos desde o que deu aula em Hogwarts.
No dia seguinte, toda a família Weasley mais Draco e Hermione também se mudaram a antiga mansão Black. Bem, menos os três irmãos mais velhos de Rony, Gui, Carlinhos e Percy, que já tinham suas próprias casas.
Todos os amigos de Nádia mal podiam esperar que ela se recuperasse; queriam saber o mais rápido possível o que tinha acontecido.
-Eles usaram a Nádia para atrair Sean. – constatou Hermione, quando conversaram tempos depois, quando faltava pouco menos de uma semana para a volta a Hogwarts. – Mas eles chegaram a saber que os dois estão praticamente namorando?
-Bem, não foi nenhum segredo que Sean gostou dela desde o começo. – respondeu Harry.
-Estou mais preocupado com outra coisa – murmurou Sean, pensativo. – Por que Malfoy e o outro Comensal me obedeceram?
-Ah, você é o filho do Chefão deles, cara, sem querer ofender. – supôs Rony. – Talvez eles tenham jurado algo relativo a obedecer fielmente aos descendentes de Slytherin, ou coisa parecida.
-O raciocínio é muito bom, Rony – apoiou Catherina. – Sabem, essa história ainda pode ser muito útil.
-Sim, vamos fazer um latão de Polissuco com o cabelo do Sean e sair mandando nos Comensais. – sugeriu Rony, rindo com a idéia.
Estavam no quarto que Harry dividia com Sean, e agora também com Rony e Malfoy. As corujas de Hogwarts haviam chegado havia duas semanas, e não faltava muito tempo para começarem o sétimo ano.
Bateram na porta. Harry e Sean gritaram para que a pessoa entrasse. A cabeça naquele dia verde limão de Tonks apareceu lentamente no vão da porta.
-Sirius está chamando vocês, pessoal!
-Já vamos descer, Tonks, obrigado – Sean murmurou, sem emoção.
-Sabe, vocês deviam tirar essas carrancas da cara! Temos surpresas!
Com um sorriso, deixou a porta e se foi.
-No mínimo vão anunciar o noivado dela com Lupin. – gracejou Catherina, num esboço de sorriso.
Morar no Largo Grimmauld, nos últimos tempos, era como viver sempre numa calçada superlotada de Hogsmeade. Gente subia e descia as escadas o tempo todo. Para as refeições Sirius (e Melissa, que estava quase sempre na casa) infalivelmente tinha que lançar Feitiços de Cópia na mesa e nas cadeiras. A Sra. Weasley se encarregava de aumentar magicamente o espaço da sala de jantar.
Sean estava bastante perturbado com os ferimentos de Nádia. A última vez que tinham visto a garota fora quando pusera os pés em seu novo quarto. Desde então a porta ficara fechada e eles não a viram sair. Íris passava na casa todos os dias para ver como ela estava, Harry bem que tentava, mas não conseguira surpreender os adultos conversando sobre ela uma única vez.
Eles não tinham realmente muita esperança de que as novidades que Tonks anunciara fossem realmente animadoras; ultimamente ela usava aquele tom alegre para dizer qualquer coisa, até mesmo para convidá-los para uma limpeza do sótão. Desceram as escadas e chegaram a uma cozinha pra lá de atarefada; a Sra. Weasley estava colocando uma série de panelas sobre a mesa, e cumprimentou-os alegremente quando chegaram.
-Oh, olá, meninos – disse ela. – Que bom que já desceram. O jantar está pronto. – virou-se para o fogão, instintivamente, mas não teve tempo de salvar o prato que Tonks derrubara.
-Puxa, me desculpe! – exclamava a auror, recolhendo os cacos.
-Ora, querida, isso não é nada – replicou Molly Weasley, sacando a varinha. – O que está fazendo aí? Deixe isso comigo... Reparo!
Imediatamente os cacos se reuniram para formar um prato novinho em folha. Tonks ficou mais vermelha. Da dispensa chegou Sirius, sorrindo para os jovens.
-Olá pra todos – cumprimentou ele, alegre. – Nossa, mas essas caras alegres dariam inveja a um dementador! Qual o problema?
-Que pergunta, Sirius – replicou Rony, se sentando. – Não me lembro de termos algum motivo para ficarmos rindo à toa como você... Aliás, por que toda essa felicidade?
-Estamos esperando Remo chegar para ter certeza – disse a Sra. Weasley, atarefada. – Aliás, crianças, vocês ainda não me contaram sobre as cartas de Hogwarts... Nenhuma novidade... especial?
-Eu... Eu sou monitora-chefe... – murmurou Hermione, os olhos brilhantes de orgulho.
-Grande surpresa – disseram Rony, Catherina e Sean juntos.
Houve então um grande rebuliço de pessoas à volta de Hermione para cumprimentá-la. Tonks derrubou mais alguns talheres no trajeto, Kreacher chegou xingando e resmungando entre suas tarefas, e formou-se uma grande confusão na cozinha; Sirius começou a brigar com o elfo e Hermione ralhava com ele em meio ao muro de pessoas que a cumprimentavam. Logo, ouviram gritos do outro cômodo; a mãe de Sirius despertara, novamente. Sirius continuou sua discussão com o elfo doméstico, e Harry já estava se perguntando quem daria um jeito naquele retrato quando tudo ficou em silêncio de repente e Lupin chegou à cozinha.
-Por Deus, o que está havendo aqui? – disse ele. – Tive que dar um jeito na sua mãe, Sirius, mas vocês não paravam com... Ah, vejam só...
Tinha visto o distintivo de monitora-chefe de Hermione, que ela tirara do bolso para mostrar aos amigos ("não acredito que está carregando isso o dia inteiro com você, Mione", dissera Rony.).
-Olá Remo, por favor, sente-se – convidou a Sra. Weasley. – A maioria das pessoas foi jantar em casa, estamos apenas com as crianças e Tonks por aqui.
-Muita gentileza sua, Molly, vou aceitar sim – Lupin sentou-se com um suspiro e olhou em volta. – Trago boas notícias para vocês, rapazes. – acrescentou.
-Acho que já ouvi algo parecido hoje. – comentou Sean, enquanto a Sra. Weasley servia seu prato.
-Parecido, mas com certeza não igual. – disse Lupin, com um sorriso cansado. – Estou vindo do quarto da Nádia. Ela já está melhor. Já pode receber as visitas de vocês e acho que amanhã poderá se levantar.
Murmúrios de alívio encheram a mesa novamente, e finalmente todos estavam sentados jantando. Lupin contou mais detalhes sobre o estado de Nádia.
-Ela já tem quase todos os ferimentos cicatrizados. – disse. – E desde ontem vive reclamando que quer se levantar. Achei melhor deixá-la mais esta noite onde está para ter certeza de que se curou. Mas já podem ir falar com ela, disse que está morrendo de saudade de vocês. Creio que ela também tem muito o que contar – se assim quiser. Gostaria de pedir a vocês que não tentassem arrancar nenhuma história dela.
-Ela já disse alguma coisa sobre todo esse tempo em que sumiu? – perguntou Catherina.
-Muito pouca coisa. Apenas que podemos esquecer sobre encontrar o pai dela. Ele foi o primeiro alvo dos Comensais da Morte.
-Mundungo?? – exclamou Sirius, ao mesmo tempo que Tonks derrubava um garfo. – Morto? Não consigo acreditar!
-Sim, parece mesmo uma coisa absurda. – continuou Lupin tristemente. – Mas não vamos falar disso agora, bem no jantar. Íris veio aqui hoje, Molly?
-Veio – respondeu a Sra. Weasley, um pouco perturbada. – Ela me disse mesmo que estava precisando falar com você sobre... Sobre aquela missão.
-Odeio quando eles começam a falar em código só porque estamos perto. – resmungou Rony. – Mas escuta, cadê a Gina? E o Malfoy?
-Bem, e Gina jantou mais cedo e está fazendo alguns deveres de última hora – disse Tonks. – E o Malfoy... Bem, eu fui chamá-lo, mas acho que ele está fazendo alguma espécie de greve de fome.
-Não teríamos tanta sorte – murmurou Harry. – Se ele morresse de fome seria um problema a menos.
-Não fale assim, Harry – repreendeu Lupin. – O garoto nem mesmo pode voltar pra casa. As coisas já devem estar bastante ruins pra ele.
-Bem, que ele seja bem vindo ao meu mundo. – retorquiu Harry. – Eu passei a minha vida toda sendo odiado na minha própria casa. Queria ter visto a cara de alegria dos Dursley quando souberam que eu não teria mais que morar com eles.
Eles terminaram de jantar, e depois Lupin levou-os pelas escadas até o quarto onde Nádia ficara todo o resto das férias. Só então encontraram Malfoy, que descia provavelmente até a cozinha, sem olhar sequer uma vez para eles. Lupin abriu a porta do quarto em um corredor que não costumavam freqüentar muito, e todos eles se acotovelaram no batente. Quando Harry foi praticamente espirrado para dentro, pôde ver realmente como Nádia estava.
Deitada numa cama larga, com uma camisola enorme e branca, os cabelos jogados sobre os ombros despreocupadamente, o rosto ainda pálido e fraco, os olhos um tanto desfocados, mas ela parecia ainda muito feliz com a presença deles.
Foram chegando mais perto com cautela, não sabendo exatamente onde ficar.
-Oh, droga, será que é possível que pareçam mais desconfortáveis – ela reclamou. – Andem, eu não estou morrendo, podem chegar perto... Que eu saiba, não tenho nenhuma doença contagiosa.
Houve um murmúrio geral em desculpas. Sean se sentou bem ao lado de Nádia, enquanto os outros se espalharam pelas bordas da cama.
-Estivemos preocupados com você, Ná. – começou Catherina.
-Lupin me disse. Contou-me, aliás, que vocês andavam espreitando o meu quarto pra entrar de surpresa. – acrescentou, com um tom de voz meio severo, que em seguida mudou. – Isso foi muito legal da parte de vocês. – ela concluiu.
-De qualquer forma, acho que tenho muitas coisas pra contar pra vocês. – continuou ela. – Lupin também tentou me fazer falar, coitado... Mas eu não conseguia, não sei porquê. No começo pensei que haviam colocado alguma Arte das Trevas em mim, mas felizmente descobri que apenas me perdia em lembranças horríveis no meio da história.
Os outros sorriram, tentando ser compreensivos.
-Nem queiram saber o que foi dormir nesse último mês, tanto os tempos que passei com os Comensais da Morte quanto os dias em que fiquei fechada aqui dentro, sob os cuidados de Lupin. Foram sonhos misturados com lembranças e dores e...
-Nádia – interrompeu Harry, tentando não surpreendê-la em meio ao seu relato. – Não poderia começar do início? Porque acho que não sou o único que não está entendendo coisa alguma...
-Ah, bem, sim, me desculpe, Harry. – apressou-se ela a emendar. – Bem, odeio começar uma história, ainda mais uma história dessas com 'num dia qualquer', mas vejam bem que foi num dia qualquer MESMO, não aconteceu nada de especial e eu apenas estava em casa com o meu pai. De repente eu ouvi um barulho diferente vindo da porta, me perguntei se o meu pai não estaria recebendo alguma visita, então eu desci pra ver o que era e cheguei bem na hora de...
Ela permaneceu em silêncio e os outros trocaram olhares.
-Era isso o que você queria dizer com se perder em lembranças? – perguntou Hermione, mansamente.
-Hã? Ah! Puxa, me desculpem de novo. E obrigada por me trazerem de volta à realidade... Talvez isso aconteça porque até agora não consigo absorver que vi aquilo de verdade... Bem, deixem-me recomeçar: eu estava parada no topo da escada, meio escondida atrás do corrimão, pois eu estava agachada, quando o Terry, nosso elfo doméstico... Calma, Mione, prometo que ele é muito bem cuidado... O elfo abriu a porta e eu vi os Comensais entrando. Não sei porque bateram na porta; suspeito que tenha sido algum dos feitiços de proteção do meu pai.
-Na hora, tudo que eu pude pensar em fazer foi em ir agachada até algum cômodo onde pudesse me esconder. Ouvi um deles fazendo os outros se dividirem. Dois deles vieram bem atrás de mim e...
-Nádia, você não precisa nos contar em detalhes se for tão ruim assim – assegurou Sean.
Harry não tinha certeza se concordava; a lembrança de que Dumbledore o fizera falar tudo sobre a volta de Voldemort em seu quarto ano ainda deixava nítido como ele fora obrigado a rever tantas cenas que adoraria poder apagar com um bom obliviate.
Já Nádia olhou esperançosamente para todos os outros.
-Ah, muito obrigada... Então quero passar bem rápido por isso... Eles vieram atrás de mim e me encurralaram num quarto de hóspedes. Até consegui estuporar um, mas ao mesmo tempo o outro me desarmou e me lançou a... Imperius... Acho que foi assim que dei conta de mim outra vez só quando já estava lá embaixo. Eu estava amarrada, presa no chão, e eles apontavam as varinhas pra mim, enquanto faziam perguntas ao meu pai.
-Queriam saber onde estava o Sean. Às vezes me lançavam a Cruciatus, pra ver se o meu pai não resistia e dizia alguma coisa. Nossa, nem quero pensar muito em como aquilo é desesperador. Ah... De qualquer forma, o meu pai não disse nada; tive medo que ele dissesse, afinal eu era filha única dele e, sei lá... Essas coisas de pais, entendem? Depois de um tempo, eles perderam a paciência. Um deles ergueu a varinha e a apontou pro meu pai, ao invés de mim...
Ela ficou em silêncio e todos souberam a quê ela se referia. Harry desviou o olhar de Nádia, não antes de perceber que ela tinha lágrimas escorrendo pelo rosto. Sean abraçou-a devagar.
-Malditos – resmungou Rony, olhando fixamente para o chão.
-Depois disso... – Nádia se esforçou para continuar, com a cabeça encostada no peito de Sean. – Eles me levaram com eles... Antes de mais nada me estuporaram, e eu não vi nem onde nem como me levaram exatamente, mas me prenderam num quarto empoeirado de uma mansão caindo aos pedaços.
-De todo jeito, você está numa mansão caindo aos pedaços. – comentou Rony, num tom tão baixo como se não tivesse certeza de ter dito aquilo.
-Foi durante um desses dias que eu os ouvi comentando sobre o Sean – ela continuou, as lágrimas secando. – dizendo que ele poderia ser um dos grandes problemas "do Lord", e que por ser descendente direto deles, tinha um poder de comando sobre eles.
-Eu não soube exatamente porque me mantiveram lá ao invés de me matar – ela disse vagamente, endireitando-se na cama. – Só depois fui descobrir que estavam armando um emboscada para você no Beco Diagonal, Sean. Queria ter descoberto mais detalhes sobre o modo como planejaram tudo, mas acabei achando grande coisa saber que não deve ser apenas a Marca Negra que une os Comensais a Voldemort.
-Você não poderia ter descoberto mais coisas sem arriscar sua própria pele, Nádia, e isso seria algo idiota de se fazer – disse Hermione, seriamente. – Eles poderiam tê-lo atraído para você, viva ou morta...
-Sabem de uma coisa – disse ela. – Agora que estou contando tudo que aconteceu a vocês quase não parece mais que uma grande aventura. Felizmente amanhã Lupin vai me deixar sair dessa cama infernal, e finalmente poderei dar uma boa olhada na sede da Ordem da Fênix. Estou curiosa.
-Não monte falsas esperanças – disse Harry. – Não temos guaritas nem nada que lembre um quartel general.
-Bem – disse Rony, se levantando. – Acho que temos que sair já, Lupin disse que não podíamos ficar muito tempo... Você vai ficar, NÃO VAI, Sean?
Sorrisos perspassaram os rostos dos outros, e o garoto confirmou. Quase que apressadamente, os outros se retiraram do quarto, depois de desejarem boa noite a Nádia.
-Morcegos traidores – resmungou o sonserino, assim que ficaram a sós.
Nádia riu baixinho.
-Não precisa ficar aqui se estiver sendo forçado... – ela disse, rindo.
-Que besteira – ele cortou, olhando para ela.
Ficaram em silêncio. Sean desviou os olhar, e Nádia viu-o ficar cada vez mais vermelho.
-Fiquei tão preocupado com você – disse ele finalmente.
-Bem vindo ao clube – disse ela, devagar. – Foi horrível estar presa naquela casa sabendo que eles estavam armando pra pegar você.
-Eles sabem – murmurou Sean, mais pra si mesmo que para a garota.
-Quê?
-Eles não podem ter pegado justamente você por acaso. – o rosto dele estava sério e preocupado. Nádia sentiu um impulso de segurar a mão dele, mas ficou quieta, um pouco desconfortável. – De alguma forma, descobriram que nós dois... Bem...
Foi a vez dela desviar os olhos, mas então com um sorriso irônico.
-Bom, suponho que toda Hogsmeade saiba. Lembra-se de quando você me deu o antídoto para a Poção do Amor?
A lembrança de Nádia berrando bem na cara de Malfoy que estava apaixonada por ele o fez sorrir de novo.
-De qualquer forma – ele disse – Os Comensais da Morte até já começaram a nos perseguir e nós ainda não tornamos nada oficial.
O sorriso calmo de Sean se transformou em um malicioso; Nádia se sentou melhor, inclinando-se na direção dele.
-Considere oficial – disse ela, dando um leve beijo na boca de Sean.
Chegou a véspera da volta a Hogwarts; Harry estava meio incerto sobre o que poderia vir então, sempre ouvira falar que em seu sétimo ano provavelmente haveria alguma espécie de batalha final dele contra Voldemort, e não tinha certeza se estava preparado para isso.
Estava também em parte ansioso. O último ano significava outro ano de loucura, em preparação aos N.I.E.M.s, hora de saber se ele conseguiria pontos o suficiente para tentar a escola de aurores. Tonks lhe contara muito sobre essa escola; inclusive como tirara notas maravilhosas em disfarce (por ser metamorfomaga, claro) e quase foi reprovada em tudo que envolvia cuidados detalhados; o garoto já percebera que sempre que ouvia algum vaso, prato ou coisa parecida caindo, era sinal que Tonks estava na mansão.
Já era noite, e Harry ficou um bom tempo conversando com Sirius, Lupin e os outros; quando Rony, Hermione, Catherina, Nádia, Gina e Sean foram dormir, Lupin puxou-o de lado para um conversa mais reservada; Harry já tinha uma certa do noção do que ele poderia querer.
-Harry – começou ele, um pouco hesitante. – Bem, você vai voltar amanhã pra Hogwarts. Seu último ano...
-Estou esperando que diga algo que eu não saiba – Harry não se conteve, já de mau humor ao prever o que o lobisomem diria.
-Não se faça de atacado, Harry, tenho alguns avisos sérios para dar a você. – repreendeu Lupin, seriamente. – Ouça-me bem, você tem dezessete anos mas isso não significa que já possa sair por aí salvando o mundo se ouvir um galho sendo quebrado nos jardins da escola.
-Eu não faço...
-Harry, apenas me ouça – ele interrompeu. – Dumbledore está com um plano para tentar surpreender Voldemort. E ele vai precisar de você. Vivo.
-Sei. – resmungou o outro, já mal humorado; não achava que tinha realmente que ouvir tudo aquilo.
-Portanto, isso significa que tem que se manter longe de encrenca. Se sentir dores na cicatriz, não saia da Torre da Grifinória. Pode muito bem mandar uma mensagem telepática. Não quero que fique passeando pelos corredores á noite...
-Lupin, me desculpe dizer, mas eu tenho dezessete anos, não onze. – Harry retrucou.
-Eu queria que você tivesse onze, e não tivesse ainda a sensação de sempre vai achar um jeito de escapar de uma encrenca. – Lupin falou, ligeiramente bravo. – Ouça aqui, tente não se meter em encrencas dessa vez. Eu sei que a maior parte delas atraem você, mas faça um esforço para não precisar duelar a cada virada de corredor.
Harry não respondeu, e tampouco assentiu.
-É tudo?
-É. – Lupin confirmou, respirando fundo. – Sei que isso é chato, sei que não quer ser protegido, mas se isso te consola, talvez não falte muito tempo para que as coisas mudem de figura e você precise proteger todos nós.
Um olhar aflito no fundo dos olhos dele, muito disfarçado. Harry percebeu e engoliu as reclamações.
