Capitulo 8- Descobertas no Natal
Natal. Por que Lua cheia no Natal? No Natal?
Essas eram as perguntas que passavam pela minha cabeça naquela manhã de
Natal. Mais uma vez eu tinha acordado cedo e mais uma vez estava sozinho no
salão comunal pensando na Lua Cheia. O barulho de passos vindos do
dormitório feminino me tirou dos meus pensamentos. Uma garota de cabelos
pretos que iam até a cintura e pele morena descia pelas escadas.
-Olá Remo-ela me cumprimentou- acordado a essa hora?
-Olá Patrícia-respondi- como vai? Costumo acordar cedo. E você, o que houve
para estar aqui há essa hora?
-Nada de mais. Gosto de acordar cedo no natal.
-Ganhou muitos presentes?
-Ganhei! Um mais lido que o outro! Um cordão da Lily, um diário da Pam...-
ficamos conversando durante algum tempo enquanto esperávamos os outros.
Patrícia era uma excelente companhia embora tivesse um gênio difícil.
-Bom dia Trisha! Bom dia Remo!- era Pam que havia acordado e ainda tinha
cara de sono.
-Bom dia- respondeu Patrícia- dormiu bem?
-Dormi sim e você? Lily, Alice e Hayla já estão descendo.
Patrícia concordou com a cabeça e alguns minutos depois, as três já se
juntavam à conversa.
-Nossa, mas esses garotos dormem muito!-comentou Alice
-O Ti sempre foi assim. Me lembro que quando eu ia na casa dele, ele sempre
estava dormindo- disse Pam
-O Sirius é outro- eu disse- só acorda com um balde de água na cara.
-Por que não vamos acorda-los então?-sugeriu Hayla
-Como assim ir acorda-los?-perguntou Lílian
-Com uma guerra de travesseiros. Vocês me acompanham?-perguntei já me
levantando
-Por que não? Uma guerra de travesseiros é sempre bem vinda-disse Patrícia
Subimos todos para o dormitório. As cortinas ainda estavam fechadas e todos
ainda dormiam.
-Que bonitinho!-debochou Pamela, ela se referia a Pedro que dormia de
barriga para baixo e de boca aberta.- parece um porquinho!
Rimos baixinho para não acorda-los.
-Então o que pretende fazer?- me perguntou Lílian
-Não sei...Não era uma guerra de travesseiros?-perguntei
-Tenho uma idéia melhor- disse Pam se adiantando a cama de Tiago- ele odeia
quando eu faço isso.
-Isso o que?-perguntou Alice
-Aguarde e verá-respondeu ela- sugiro que tampem os ouvidos.
Ela sentou-se na beira da cama de Tiago. Tirou a varinha das vestes e
murmurou um feitiço sonourus apontando para a sua própria garganta, tomou
fôlego e gritou:
-ACORDE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Mesmo com os ouvidos tampados foi possível ouvir o grito que ela deu. Por
um momento senti pena de Tiago e dos outros. No segundo seguinte a pena já
tinha passado, as reações dos quatros foram as mais diferentes possíveis,
além de hilárias. Um Frank levantava de um pulo na cama e caía de cara no
chão, Pedro agia quase da mesma forma, exceto pela parte de cair de cara no
chão, Sirius apenas se mexeu na cama e Tiago acordou gritando,
aparentemente ele já estava acostumado com isso.
-PAMELA HERRIECK!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! EU VOU TE MATAR!!!!
Todos rolavam no chão de tanto rir. Tiago estava indignado sentado na cama
olhando para Pam e os outros dois ainda se perguntavam o que estava
acontecendo.
-O que está acontecendo aqui?- perguntou um atordoado Frank
-Vocês estavam demorando muito para acordar então viemos fazer o serviço-
respondeu Alice, pois os outros ainda riam e Pamela tinha de escapar das
tentativas, frustradas, de Tiago de enforca-la.
-Pamela Herrieck-começou ele furioso-se você não me deixar mata-la agora eu
vou...Eu vou...
-Vai o que? Me matar?-debochou ela caindo na risada.
-É assim que você me trata?-perguntou ele fingindo indignação- Eu! Justo
eu! Que dediquei anos da minha vida a sua pessoa! Que me esforcei ao máximo
para agrada-la! Que fiz de tudo pa- ele não pode continuar a falar, um
travesseiro atingiu seu rosto calando-o.
-Guerra de travesseiros!-gritou Hayla.
Logo estávamos envolvidos em uma furiosa guerra e até Sirius, que tinha
finalmente acordado, participava da brincadeira. Alguns minutos depois,
quando o último travesseiro foi destruído e as penas já enchiam o chão e as
nossas cabeças, a guerra parou.
-Bela maneira de se começar o dia de natal- falou Sirius- com um bando de
garotas doidas gritando e jogando travesseiros na nossa cara.
-Pare de reclamar-falou Pedro- vai dizer que não foi divertido?
-Divertido foi- admitiu Sirius.
-Não vão abrir os presentes?-perguntou Alice mudando de assunto
-Claro que vamos!-respondeu Tiago animado-para que serve o Natal se não
para ganhar presentes?
-Para compartilharmos momentos de paz e amor com nossos familiares e com as
pessoas que amamos?-sugeriu Lílian
-Não! Isso tudo é invenção que nossos pais põe na nossa cabeça para não nos
darem presentes!-respondeu ele e se pôs a abrir os presentes junto com os
outros. Assim que Tiago abriu o presente de Pamela a desculpou na hora pela
forma como foi acordado. Ele havia ganhado uma coleção de produtos do
Chudley Cannons.
Com a demora de todos para abrir os presentes acabamos perdendo o café da
manhã, de modo que só descemos para o salão principal na hora do almoço.
Descemos na hora do almoço conversando, ou melhor, nós estávamos
conversando enquanto Tiago e Lílian quase se matavam discutindo. Eles
tinham opiniões muito diferentes.
-Potter, você não pensa no seu futuro? Não estuda, não faz nada! Só quer
saber de aprontar para cima do Filch!
-Mas é claro Evans! Eu ainda tenho muito tempo para pensar no meu futuro! E
nós temos apenas onze anos! E tem coisa melhor do que aprontar com o Filch?
-Apoiado!-disse Sirius pulando no pescoço de Tiago- Lílian, a vida é curta
e nós temos de aproveita-la ao máximo!
-É isso aí! Mas será que você podia sair de cima de mim, Sirius?
-Ahn? Ah, claro, foi mal-concordou ele saindo de cima de Tiago.
-Mas e os seus estudos?- insistiu Lílian- como vão ser suas notas nas
provas?
-Aposto o que você quiser Evans, que mesmo sem estudar ainda tiro notas
melhores que você!
Era uma aposta ousada, Lílian era uma das mais inteligentes da nossa turma,
mas eu também sabia que Sirius e Tiago conseguiam ser os melhores, mesmo
sem fazer nenhum esforço para isso. Parece que teríamos um duelo ali, um
duelo de titãs.
-Você está me desafiando Potter?
-Estou- respondeu ele sorrindo.
Lílian parou de andar e o encarou com uma das sobrancelhas erguidas.
-Eu aceito, mas o que eu ganho se você perder?
Tiago pareceu pensar por alguns instantes.
-Quem perder será escravo do outro por uma semana. O que você acha?
-Trato feito!- respondeu ela sorrindo e estendeu a mão para que Tiago
pudesse aperta-la. Eles não trocaram mais nenhuma palavra até chegarmos no
salão principal.
-Como somos muito poucos este ano-começou Dumbledore-achei que seria melhor
usarmos uma única mesa, ao invés da mesa das casas.
Eu olhei ao redor, pude avistar apenas duas garotas da Corvinal, uma garota
e dois garotos da Sonserina e uma garota e uma garoto da Lufa-Lufa. Além, é
claro, dos monitores chefes, Martin Claus, da Corvinal, e Ametista Shared,
da Grifinória.
-Portanto- continuou o diretor- sentem-se e sirvam-se! Bom apetite!
Nos sentamos todos juntos, exceto Tiago que foi se sentar ao lado do
diretor e conversava animadamente com ele.
***
-Como vai Tiago?-perguntou Dumbledore
-Vou bem e o Sr?
-Muito bem. Espero que tenha gostado do meu presente.
-Adorei!-respondeu Tiago animado-tudo que eu precisava! Um estojo com as
quatro bolas do Quadribol! Mas bem que você podia ter me dado uma vassoura
nova...
-Você sabe que alunos do primeiro ano não podem ter vassouras
particulares...São as regras.
-E quem se importa com as regras? Mas você vai me dar uma de aniversário,
não vai?
-Se você quiser. Quais são seus planos para hoje?
-Estava pensando em ir visitar Hagrid, já faz um bom tempo que não vou vê-
lo. E depois...Não posso lhe dizer se não ganho uma detenção.
-Vai entrar na floresta novamente?
-Como você sabe que fui lá?-perguntou Tiago surpreso. Dumbledore deu um
sorrisinho.
-Assim como você, eu tenho meus meios.
-Bem, agora que você descobriu vai me dar uma detenção?
-Não-respondeu Dumbledore calmamente-eu te conheço o suficiente para saber
que detenções não funcionam com você.
-Não as daqui. Os castigos da minha mãe sempre funcionam. As daqui são
apenas limpar o colégio, e com a ajuda de Sirius fica ainda mais fácil!
-E com ajuda mágica também-completou Dumbledore
-É...Hey! Como você sabe disso também?-perguntou Tiago atordoado- e não me
diga que tem seus meios!
Dumbledore apenas riu.
-Bem pelo menos vocês podiam mudar as detenções. Podiam separar eu e o
Sirius.- sugeriu Tiago ainda indignado de que Dumbledore soubesse que ele
vinha usando mágica nas detenções.
-Mas as coisas ficariam mais complicadas, não?-perguntou Dumbledore
curioso.
-Ah sim! Mas essa é a parte boa. O risco!
-Tiago!-era Sirius que o chamava, gritando, da outra ponta da mesa- Já
terminou de comer? Vamos lá para fora!
-´Tô indo!-respondeu Tiago, também gritando- tchau, profº! Bom Natal
-Tchau Tiago, e por favor, não apronte muito hoje.
-Não posso prometer nada-respondeu Tiago sorrindo e indo se juntar aos
outros.
***
-Será que você podia gritar mais baixo?-eu perguntei me encolhendo na mesa.
Sirius tinha acabado de chamar Tiago, que estava na outra ponta da mesa
conversando com o diretor. Não que isso fosse problema, o problema foi o
modo como ele tinha feito isso: berrando. A mesa toda estava olhando para
nós naquele momento.
-Não se pode gritar baixo, Remo-rebateu Sirius.
-Então não grite-falou Pedro
-Então, vocês vão ficar discutindo os meios de me chamarem ou nós vamos
fazer algo da vida, como sugeriu a Evans?- perguntou Tiago-Vamos visitar o
Hagrid?
-Boa!- disse Sirius-vamos logo então que mais tarde nós temos de dar o
presente do Filch...Quem vem conosco?- convidou ele
-Eu vou-disse Pam-vocês vem?- perguntou ela se referindo as garotas e a
Frank
-Ah não!- disse Frank-nada de sair do castelo nesse frio.
-Eu prometi passar o dia com a Sabrina-disse Lílian
-Eu concordo como Frank-disse Alice
-Eu vou com vocês-disse Hayla
-Vou com a Lílian-disse Patrícia
-Então tchau-disse Sirius-nos vemos mais tarde.
Eu, Sirius, Tiago, Pedro, Pamela e Hayla nos dirigimos para o jardim do
castelo, em direção a cabana de Hagrid.
-O que você e Dumbledore tanto conversaram?- perguntou Pedro.
-Nada de mais. Estava pedindo a ele uma vassoura de aniversário.
-Você não acha que pedir uma vassoura de aniversário para o diretor é
abusar de mais, não?-perguntou Hayla
-Eu não contei para vocês? Dumbledore é meu padrinho.- esclareceu Tiago
Com a recente e chocante informação a conversa terminou ali. Todos, exceto
Pamela que obviamente já sabia, estavam absorvendo o impacto da novidade.
Chegamos a cabana de Hagrid, e este nos recebeu com grande alegria.
-Meninos! Pensei que não fossem me visitar no Natal! E você Pam? Há muito
tempo que não vem falar comigo, se esqueceu do seu amigo aqui? Entrem,
Entrem.
-Não esqueci não Hagrid-respondeu Pam sorrindo- mas os professores nos
passam muitos deveres e não sobra muito tempo...
-Isso é uma mentira Pam-disse Hayla- Esses quatro conseguem fazer os
deveres e aprontar pelo colégio- disse ela se referindo a nós.
-Isso é um dom especial- respondeu Sirius- Acontece que nós somos os
Marotos e podemos tudo já que somos também muito inteligentes.
-E modestos.-murmurou Hayla
Passamos uma tarde excelente em companhia de Hagrid, claro que foi uma
tarde sem comida, já que a culinária dele não era das melhores.
Saímos da cabana de Hagrid quando começava a anoitecer. A neve cobria toda
a propriedade e o lago estava congelado. Andávamos muito juntos por causa
do frio.
-Tiago!- Sirius o chamava- olha isso!
-Isso o quê?-perguntou ele se virando para trás para ver do que Sirius
falava.- Isso o- não pode terminar a pergunta uma bola de neve o atingiu no
rosto. Creio que seja desnecessário dizer quem lançara a bola. Sirius
estava no chão rolando de tanto rir, aparentemente o frio não era problema.
Tiago, por sua vez, estava vermelho de raiva e eu começava a suspeitar de
que a neve que estava em seu rosto ia começar a derreter.
-Sirius Black- disse ele com uma raiva contida- você vai pagar por isso.
-E o que você pretende fazer?- disse Sirius parando de rir e sentado na
neve, definitivamente o frio não era problema. Me parecia obvia a resposta,
Tiago ia revidar a bola de neve que levara com outra bola de neve. Ele se
abaixou e começou a preparar uma.
-Tiago-disse Sirius se levantando com as mãos na frente do rosto- não faça
isso. Vingança é algo muito feio. – disse ele em tom paternal.
Mas Tiago não estava ouvindo, estava concentrado demais em fazer sua bola
de neve. Quando esta estava pronta ele se preparou para lança-la, o único
problema era que Tiago tinha uma péssima mira e Sirius tinha ótimos
reflexos. A bola de neve foi lançada, mas Sirius se abaixou e ao invés de
atingi-lo a bola atingiu Hayla que estava um pouco mais atrás.
-Potter! Você está morto!
-Hayla, não era para atingir você, me desculpe, era para atingir Sirius!-
implorou Tiago.
Isso também não adiantou, Hayla pegou um punhado de neve e atirou na
direção de Tiago. Este se desviou e o atingido fui eu.
-Ah! È assim! É guerra, então lá vai-peguei um pouco de neve e taquei na
direção de Pamela. Em poucos minutos estávamos envolvidos no que Sirius
chamou de uma furiosa e sangrenta guerra de neve. Quando nossas vestes já
estavam encharcadas e não nos agüentávamos mais em pé de fome e frio
resolvemos voltar ao castelo para nos arrumarmos e depois descermos para o
jantar.
Já no dormitório masculino nós quatro estávamos nos arrumando.
-Foi um bom natal, não?- perguntou Pedro
-Foi sim. Como estou?- perguntou Tiago se referindo as roupas que usava.
-Laranja.- disse Sirius. De fato Tiago estava vestindo um conjunto de
vestes do Chudley Cannons, laranjas.
-Mas eu ´to perguntando se eu ´to bem assim.- respondeu ele.
-Ah isso, você não explica-respondi- troque a calça...Ponha algo
mais...Discreto.
Ele pegou uma calça preta e colocou no lugar da laranja que usava. Ficou
melhor, eu pensei.
Descemos para a janta e dessa vez Tiago se sentou conosco. Sabrina Hosted,
que eu não conhecia, foi convidada por Lílian a fazer o mesmo, Sirius não
gostou muito da idéia.
-Não me diga que vou ser obrigado a passar a noite de natal em sua
companhia, Hosted.
-Creio Black, que você conhece aquela velha frase: Os incomodados que se
mudem.
-Um.-eu ouvi Tiago falar meu lado
Quem era essa garota que conseguia desbancar Sirius Black? Eu não sabia.
Mas certamente era alguém de quem você gostaria de morrer amigo.
-Pensei que me odiasse, Hosted?-perguntou ele irônico.- E que não
suportasse ficar no mesmo ambiente que eu por mais de cinco minutos.
-Não te odeio Black, se eu te odiasse seria porque eu estaria lhe dando
importância demais, e, suponho eu, você deve saber o quão insignificante
você é. Se não sabe, estou lhe avisando.
-Dois-continuou Tiago
-Se eu sou insignificante por que você está falando comigo e está se dando
ao trabalho de responder?
-Aprendi que se deve tratar bem qualquer um, e isso inclui cachorros,
Black.
-Três-continuou Tiago
-O que você está fazendo- perguntou Pedro
-Contando os foras que o Sirius está levando- respondeu Pam.
-Não me diga- continuou Sirius, ele estava determinado a se sair bem na
"troca de elogios"- que foram seus pais, tão bondosos eu devo acrescentar,
que lhe ensinaram isso.
-Não Black, isso é natural.
-Quatro- disse Pam.
-Muito bem, já chega. Já vimos o quanto vocês dois se amam. Não precisam
continuar-interrompeu Alice.
-Isso mesmo-apoiou Frank- é Natal, vocês não podem ficar brigando assim.
-Não?-perguntaram os dois juntos.
-Não- respondeu secamente Lilian
A conversa continuou normalmente a partir daí. Os dois não trocaram mais
nenhuma palavra durante a noite, ainda bem.
Depois de um tempo, dei uma desculpa qualquer e me dirigi à enfermaria,
afinal era Lua cheia. Eu estava mais preocupado que o normal naquela noite,
sabia que Tiago e Sirius estavam desconfiados de alguma coisa. Sabia também
que eles logo descobririam.
***
-Pessoal...-começou Tiago.
-Vocês vão nos desculpar-emendou Sirius
-Mas, infelizmente, teremos de deixar a vossa companhia- disse Tiago
-Teremos?-perguntou Pedro
-Teremos-respondeu secamente Sirius
-Aonde vocês vão?- perguntou Pam desconfiada.
-Temos de resolver umas coisinhas...-respondeu Sirius
-Tchau, Tchau- disse Tiago puxando Pedro.
Quando já estavam longe do alcance dos ouvidos dos outros eles voltaram ao
assunto dos últimos dias.
-Então você acha que ele estava mentindo?-perguntou Pedro
-É claro que estava- respondeu Tiago- a avó dele não pode ficar doente
tantas vezes assim.
-E com uma doença que ataca uma vez por mês...-observou Sirius
-O que podemos concluir então?- perguntou, novamente, Pedro
-Ele nos esconde algo. Provavelmente uma doença que ataca uma vez por mês.-
disse Sirius
-Mas não sabemos por que ele não nos diz a verdade-completou Tiago.
Pedro se apoiou no parapeito de uma janela e ficou observando o céu. Ele
não via nenhuma ligação no que seus amigos estavam dizendo, para ele, Remo
estava falando a verdade.
-É Lua Cheia...-comentou ele casualmente.
Lua cheia. Isso lembrou algo a Tiago. Mas o que? Lua cheia...
O trecho de um livro que ele lera certa vez na biblioteca dos Potter veio a
sua mente
Uma vez por mês, durante a Lua Cheia, o bruxo ou trouxa afetado, que em
outros períodos é normal, se transforma numa fera assassina.
-É isso!- gritou ele- venham comigo.- e saiu arrastando os dois para uma
sala do sétimo andar.
-Para que viemos pra cá?- perguntou Pedro.
Eles estavam novamente na sala do jardim.
-Precisava falar uma coisa com vocês, mas ninguém podia ouvir.
-E o que é?- perguntou Pedro
Sirius se mantinha calado. Observava o amigo. Tiago estava com os punhos
cerrados, tinha uma expressão séria e até sua voz tinha um tom diferente.
Andava de um lado para o outro de cabeça baixa.
-Descobri o que Remo anda nos escondendo.- ele fez uma pausa e encarou os
amigos.- ele é um lobisomem.
-Um o quê?- perguntou Pedro espantado
-Como você sabe?- perguntou Sirius
-Um lobisomem. Uma fera assassina. Uma vez por mês Remo se transforma em um
lobisomem.
-Como tem tanta certeza?-perguntou Pedro
-Isso explica por que ele sempre some uma vez por mês e na Lua cheia.-
continuou ele sem dar atenção a Pedro. Sirius tinha a mesma expressão que o
amigo. Estava juntando os fatos.
-E também explica o motivo dele nunca ter nos ditos. Ele tem medo que
deixemos de ser seus amigos. O que não vai acontecer, é claro. Mas como...
-É...Como?- repetiu Sirius baixinho. Parecia fazer a pergunta mais para si
mesmo do que para os outros.
-Como o que?!- berrou Pedro querendo ser ouvido.
Os dois saíram de seus pensamentos e olharam para o amigo.
-Como ele está fazendo para se transformar. Não pode estar voltando para
casa...-respondeu Tiago.
-Nem se transformando na enfermaria. Seria perigoso demais.
-Como vocês tem tanta certeza?- perguntou Pedro
-Se não acredita em nós, veja com seus próprios olhos- disse Tiago se
adiantando a bacia de Pedra que tinha na sala.
-Remo Lupin- disse ele tocando a bacia com a varinha.
Como num filme a bacia passou a mostrar Remo, na sua forma de lobisomem.
-Parece que amanhã nós teremos uma conversa muito séria com o Sr. Remo
Lupin- disse Tiago estreitando os olhos.
-Mas se ele só volta daqui a dois dias...-falou Pedro
-Não. Ele vai estar na enfermaria. Falaremos com ele lá.- disse Sirius
***
Na manhã seguinte a minha transformação em lobisomem, eu estava deitado em
uma das camas reservadas da enfermaria. Estava pensando por quanto tempo
conseguiria manter segredo de Tiago e Sirius, o fato de eu ser lobisomem. A
resposta para essa pergunta entrou escancarando a porta do quarto naquela
manhã.
-Muito bem Sr. Remo Lupin- era Tiago que se aproximava e tinha uma feição
séria. Uma das raras vezes que eu o vi assim.
-Acho eu- disse Sirius agindo da mesma forma que Tiago- que o Sr. nos deve
algumas explicações.
-Muitas explicações- emendou Pedro em uma das raras cenas de coragem que
ele protagonizava.
-Desculpe Sr. Lupin- era Madame Pomfrey- mas eu não pude impedi-los.
-Tudo bem- eu disse- eu resolvo isso.- ela então saiu da enfermaria e me
deixou a sós com eles.
-O que vocês estão fazendo aqui- perguntei, provavelmente eu já estava
branco de medo e nervosismo.
-Acho que a pergunta é o que VOCÊ está fazendo aqui-disse Tiago apontando o
dedo em minha direção.
-Pensei que quem estivesse doente fosse sua avó não você.
-Eu...bem...-e agora? Eu pensei. O que eu falo para eles? Não podia falar a
verdade, mas não podia mentir...E se eles já soubessem?
-Estamos esperando.- disse Tiago- E queremos a verdade.
-Bem é que eu...eu acabei pegando uma gripe e-não pude terminar a frase
-A verdade Remo-disse Sirius
-Sabemos o motivo da sua avó ficar doente uma vez por mês- disse Tiago
-E também o por que dela só ficar doente na Lua cheia.
Eu engoli em seco. Eles sabiam.
-Muito bem Sr. Lobisomem. Nos explique tudo, do inicio ao fim- disse Tiago
-Ou do fim ao inicio- como preferir, disse Sirius já sorrindo
-Tudo bem-eu disse, a minha voz saiu ligeiramente trêmula- vou falar a
verdade.
Eles pegaram algumas cadeiras e se sentaram. Eu não tinha escolha se não
contar a verdade. Eles eram bons ouvintes e não falaram muito enquanto eu
contava como tinha me transformado em lobisomem e como Dumbledore tinha me
deixado entrar no colégio e também as providencias que ele tinha tomado
para isso
-Então quer dizer que você conhece uma passagem secreta que leva direto
para Hogsmead e nunca nos contou?- perguntou Tiago ligeiramente revoltado
-Eu não podia! Eu não posso, vocês nunca deveriam estar sabendo disso!
-Relaxe Aluado.- disse Sirius- somos seu amigos, lembra?
-Aluado?- Eu perguntei.
-Aluado. Sirius achou que você precisava de um apelido...-explicou Pedro
-Aluado é o ideal. Afinal, você vive no mundo da Lua.- explicou Tiago.
-Mas-eu ia argumentar contra esse apelido
-Acho que ele não entendeu, Tiago- disse Sirius
-Você não tem poder de escolha, Remo-disse Tiago.
-Agora ele só precisam achar um meio de te ajudar.- disse Pedro
-Como assim me ajudar?-perguntei preocupado
-Te ajudar nas suas transformações- disse Sirius e após olhar a minha cara
de descrente acrescentou- o que? Você acha mesmo que nós vamos ficar fora
de uma aventura como essa?
Eu olhei para aqueles dois malucos. Cada dia eu tinha mais certeza de que
eles eram malucos. Malucos não, doidos.
Eu não fazia a menor idéia de como eles iam fazer isso, mas algo me dizia
que não seria de uma forma prática e que não envolvesse riscos. Mas por
enquanto, eu havia decidido que não ia me preocupar com isso.
Natal. Por que Lua cheia no Natal? No Natal?
Essas eram as perguntas que passavam pela minha cabeça naquela manhã de
Natal. Mais uma vez eu tinha acordado cedo e mais uma vez estava sozinho no
salão comunal pensando na Lua Cheia. O barulho de passos vindos do
dormitório feminino me tirou dos meus pensamentos. Uma garota de cabelos
pretos que iam até a cintura e pele morena descia pelas escadas.
-Olá Remo-ela me cumprimentou- acordado a essa hora?
-Olá Patrícia-respondi- como vai? Costumo acordar cedo. E você, o que houve
para estar aqui há essa hora?
-Nada de mais. Gosto de acordar cedo no natal.
-Ganhou muitos presentes?
-Ganhei! Um mais lido que o outro! Um cordão da Lily, um diário da Pam...-
ficamos conversando durante algum tempo enquanto esperávamos os outros.
Patrícia era uma excelente companhia embora tivesse um gênio difícil.
-Bom dia Trisha! Bom dia Remo!- era Pam que havia acordado e ainda tinha
cara de sono.
-Bom dia- respondeu Patrícia- dormiu bem?
-Dormi sim e você? Lily, Alice e Hayla já estão descendo.
Patrícia concordou com a cabeça e alguns minutos depois, as três já se
juntavam à conversa.
-Nossa, mas esses garotos dormem muito!-comentou Alice
-O Ti sempre foi assim. Me lembro que quando eu ia na casa dele, ele sempre
estava dormindo- disse Pam
-O Sirius é outro- eu disse- só acorda com um balde de água na cara.
-Por que não vamos acorda-los então?-sugeriu Hayla
-Como assim ir acorda-los?-perguntou Lílian
-Com uma guerra de travesseiros. Vocês me acompanham?-perguntei já me
levantando
-Por que não? Uma guerra de travesseiros é sempre bem vinda-disse Patrícia
Subimos todos para o dormitório. As cortinas ainda estavam fechadas e todos
ainda dormiam.
-Que bonitinho!-debochou Pamela, ela se referia a Pedro que dormia de
barriga para baixo e de boca aberta.- parece um porquinho!
Rimos baixinho para não acorda-los.
-Então o que pretende fazer?- me perguntou Lílian
-Não sei...Não era uma guerra de travesseiros?-perguntei
-Tenho uma idéia melhor- disse Pam se adiantando a cama de Tiago- ele odeia
quando eu faço isso.
-Isso o que?-perguntou Alice
-Aguarde e verá-respondeu ela- sugiro que tampem os ouvidos.
Ela sentou-se na beira da cama de Tiago. Tirou a varinha das vestes e
murmurou um feitiço sonourus apontando para a sua própria garganta, tomou
fôlego e gritou:
-ACORDE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Mesmo com os ouvidos tampados foi possível ouvir o grito que ela deu. Por
um momento senti pena de Tiago e dos outros. No segundo seguinte a pena já
tinha passado, as reações dos quatros foram as mais diferentes possíveis,
além de hilárias. Um Frank levantava de um pulo na cama e caía de cara no
chão, Pedro agia quase da mesma forma, exceto pela parte de cair de cara no
chão, Sirius apenas se mexeu na cama e Tiago acordou gritando,
aparentemente ele já estava acostumado com isso.
-PAMELA HERRIECK!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! EU VOU TE MATAR!!!!
Todos rolavam no chão de tanto rir. Tiago estava indignado sentado na cama
olhando para Pam e os outros dois ainda se perguntavam o que estava
acontecendo.
-O que está acontecendo aqui?- perguntou um atordoado Frank
-Vocês estavam demorando muito para acordar então viemos fazer o serviço-
respondeu Alice, pois os outros ainda riam e Pamela tinha de escapar das
tentativas, frustradas, de Tiago de enforca-la.
-Pamela Herrieck-começou ele furioso-se você não me deixar mata-la agora eu
vou...Eu vou...
-Vai o que? Me matar?-debochou ela caindo na risada.
-É assim que você me trata?-perguntou ele fingindo indignação- Eu! Justo
eu! Que dediquei anos da minha vida a sua pessoa! Que me esforcei ao máximo
para agrada-la! Que fiz de tudo pa- ele não pode continuar a falar, um
travesseiro atingiu seu rosto calando-o.
-Guerra de travesseiros!-gritou Hayla.
Logo estávamos envolvidos em uma furiosa guerra e até Sirius, que tinha
finalmente acordado, participava da brincadeira. Alguns minutos depois,
quando o último travesseiro foi destruído e as penas já enchiam o chão e as
nossas cabeças, a guerra parou.
-Bela maneira de se começar o dia de natal- falou Sirius- com um bando de
garotas doidas gritando e jogando travesseiros na nossa cara.
-Pare de reclamar-falou Pedro- vai dizer que não foi divertido?
-Divertido foi- admitiu Sirius.
-Não vão abrir os presentes?-perguntou Alice mudando de assunto
-Claro que vamos!-respondeu Tiago animado-para que serve o Natal se não
para ganhar presentes?
-Para compartilharmos momentos de paz e amor com nossos familiares e com as
pessoas que amamos?-sugeriu Lílian
-Não! Isso tudo é invenção que nossos pais põe na nossa cabeça para não nos
darem presentes!-respondeu ele e se pôs a abrir os presentes junto com os
outros. Assim que Tiago abriu o presente de Pamela a desculpou na hora pela
forma como foi acordado. Ele havia ganhado uma coleção de produtos do
Chudley Cannons.
Com a demora de todos para abrir os presentes acabamos perdendo o café da
manhã, de modo que só descemos para o salão principal na hora do almoço.
Descemos na hora do almoço conversando, ou melhor, nós estávamos
conversando enquanto Tiago e Lílian quase se matavam discutindo. Eles
tinham opiniões muito diferentes.
-Potter, você não pensa no seu futuro? Não estuda, não faz nada! Só quer
saber de aprontar para cima do Filch!
-Mas é claro Evans! Eu ainda tenho muito tempo para pensar no meu futuro! E
nós temos apenas onze anos! E tem coisa melhor do que aprontar com o Filch?
-Apoiado!-disse Sirius pulando no pescoço de Tiago- Lílian, a vida é curta
e nós temos de aproveita-la ao máximo!
-É isso aí! Mas será que você podia sair de cima de mim, Sirius?
-Ahn? Ah, claro, foi mal-concordou ele saindo de cima de Tiago.
-Mas e os seus estudos?- insistiu Lílian- como vão ser suas notas nas
provas?
-Aposto o que você quiser Evans, que mesmo sem estudar ainda tiro notas
melhores que você!
Era uma aposta ousada, Lílian era uma das mais inteligentes da nossa turma,
mas eu também sabia que Sirius e Tiago conseguiam ser os melhores, mesmo
sem fazer nenhum esforço para isso. Parece que teríamos um duelo ali, um
duelo de titãs.
-Você está me desafiando Potter?
-Estou- respondeu ele sorrindo.
Lílian parou de andar e o encarou com uma das sobrancelhas erguidas.
-Eu aceito, mas o que eu ganho se você perder?
Tiago pareceu pensar por alguns instantes.
-Quem perder será escravo do outro por uma semana. O que você acha?
-Trato feito!- respondeu ela sorrindo e estendeu a mão para que Tiago
pudesse aperta-la. Eles não trocaram mais nenhuma palavra até chegarmos no
salão principal.
-Como somos muito poucos este ano-começou Dumbledore-achei que seria melhor
usarmos uma única mesa, ao invés da mesa das casas.
Eu olhei ao redor, pude avistar apenas duas garotas da Corvinal, uma garota
e dois garotos da Sonserina e uma garota e uma garoto da Lufa-Lufa. Além, é
claro, dos monitores chefes, Martin Claus, da Corvinal, e Ametista Shared,
da Grifinória.
-Portanto- continuou o diretor- sentem-se e sirvam-se! Bom apetite!
Nos sentamos todos juntos, exceto Tiago que foi se sentar ao lado do
diretor e conversava animadamente com ele.
***
-Como vai Tiago?-perguntou Dumbledore
-Vou bem e o Sr?
-Muito bem. Espero que tenha gostado do meu presente.
-Adorei!-respondeu Tiago animado-tudo que eu precisava! Um estojo com as
quatro bolas do Quadribol! Mas bem que você podia ter me dado uma vassoura
nova...
-Você sabe que alunos do primeiro ano não podem ter vassouras
particulares...São as regras.
-E quem se importa com as regras? Mas você vai me dar uma de aniversário,
não vai?
-Se você quiser. Quais são seus planos para hoje?
-Estava pensando em ir visitar Hagrid, já faz um bom tempo que não vou vê-
lo. E depois...Não posso lhe dizer se não ganho uma detenção.
-Vai entrar na floresta novamente?
-Como você sabe que fui lá?-perguntou Tiago surpreso. Dumbledore deu um
sorrisinho.
-Assim como você, eu tenho meus meios.
-Bem, agora que você descobriu vai me dar uma detenção?
-Não-respondeu Dumbledore calmamente-eu te conheço o suficiente para saber
que detenções não funcionam com você.
-Não as daqui. Os castigos da minha mãe sempre funcionam. As daqui são
apenas limpar o colégio, e com a ajuda de Sirius fica ainda mais fácil!
-E com ajuda mágica também-completou Dumbledore
-É...Hey! Como você sabe disso também?-perguntou Tiago atordoado- e não me
diga que tem seus meios!
Dumbledore apenas riu.
-Bem pelo menos vocês podiam mudar as detenções. Podiam separar eu e o
Sirius.- sugeriu Tiago ainda indignado de que Dumbledore soubesse que ele
vinha usando mágica nas detenções.
-Mas as coisas ficariam mais complicadas, não?-perguntou Dumbledore
curioso.
-Ah sim! Mas essa é a parte boa. O risco!
-Tiago!-era Sirius que o chamava, gritando, da outra ponta da mesa- Já
terminou de comer? Vamos lá para fora!
-´Tô indo!-respondeu Tiago, também gritando- tchau, profº! Bom Natal
-Tchau Tiago, e por favor, não apronte muito hoje.
-Não posso prometer nada-respondeu Tiago sorrindo e indo se juntar aos
outros.
***
-Será que você podia gritar mais baixo?-eu perguntei me encolhendo na mesa.
Sirius tinha acabado de chamar Tiago, que estava na outra ponta da mesa
conversando com o diretor. Não que isso fosse problema, o problema foi o
modo como ele tinha feito isso: berrando. A mesa toda estava olhando para
nós naquele momento.
-Não se pode gritar baixo, Remo-rebateu Sirius.
-Então não grite-falou Pedro
-Então, vocês vão ficar discutindo os meios de me chamarem ou nós vamos
fazer algo da vida, como sugeriu a Evans?- perguntou Tiago-Vamos visitar o
Hagrid?
-Boa!- disse Sirius-vamos logo então que mais tarde nós temos de dar o
presente do Filch...Quem vem conosco?- convidou ele
-Eu vou-disse Pam-vocês vem?- perguntou ela se referindo as garotas e a
Frank
-Ah não!- disse Frank-nada de sair do castelo nesse frio.
-Eu prometi passar o dia com a Sabrina-disse Lílian
-Eu concordo como Frank-disse Alice
-Eu vou com vocês-disse Hayla
-Vou com a Lílian-disse Patrícia
-Então tchau-disse Sirius-nos vemos mais tarde.
Eu, Sirius, Tiago, Pedro, Pamela e Hayla nos dirigimos para o jardim do
castelo, em direção a cabana de Hagrid.
-O que você e Dumbledore tanto conversaram?- perguntou Pedro.
-Nada de mais. Estava pedindo a ele uma vassoura de aniversário.
-Você não acha que pedir uma vassoura de aniversário para o diretor é
abusar de mais, não?-perguntou Hayla
-Eu não contei para vocês? Dumbledore é meu padrinho.- esclareceu Tiago
Com a recente e chocante informação a conversa terminou ali. Todos, exceto
Pamela que obviamente já sabia, estavam absorvendo o impacto da novidade.
Chegamos a cabana de Hagrid, e este nos recebeu com grande alegria.
-Meninos! Pensei que não fossem me visitar no Natal! E você Pam? Há muito
tempo que não vem falar comigo, se esqueceu do seu amigo aqui? Entrem,
Entrem.
-Não esqueci não Hagrid-respondeu Pam sorrindo- mas os professores nos
passam muitos deveres e não sobra muito tempo...
-Isso é uma mentira Pam-disse Hayla- Esses quatro conseguem fazer os
deveres e aprontar pelo colégio- disse ela se referindo a nós.
-Isso é um dom especial- respondeu Sirius- Acontece que nós somos os
Marotos e podemos tudo já que somos também muito inteligentes.
-E modestos.-murmurou Hayla
Passamos uma tarde excelente em companhia de Hagrid, claro que foi uma
tarde sem comida, já que a culinária dele não era das melhores.
Saímos da cabana de Hagrid quando começava a anoitecer. A neve cobria toda
a propriedade e o lago estava congelado. Andávamos muito juntos por causa
do frio.
-Tiago!- Sirius o chamava- olha isso!
-Isso o quê?-perguntou ele se virando para trás para ver do que Sirius
falava.- Isso o- não pode terminar a pergunta uma bola de neve o atingiu no
rosto. Creio que seja desnecessário dizer quem lançara a bola. Sirius
estava no chão rolando de tanto rir, aparentemente o frio não era problema.
Tiago, por sua vez, estava vermelho de raiva e eu começava a suspeitar de
que a neve que estava em seu rosto ia começar a derreter.
-Sirius Black- disse ele com uma raiva contida- você vai pagar por isso.
-E o que você pretende fazer?- disse Sirius parando de rir e sentado na
neve, definitivamente o frio não era problema. Me parecia obvia a resposta,
Tiago ia revidar a bola de neve que levara com outra bola de neve. Ele se
abaixou e começou a preparar uma.
-Tiago-disse Sirius se levantando com as mãos na frente do rosto- não faça
isso. Vingança é algo muito feio. – disse ele em tom paternal.
Mas Tiago não estava ouvindo, estava concentrado demais em fazer sua bola
de neve. Quando esta estava pronta ele se preparou para lança-la, o único
problema era que Tiago tinha uma péssima mira e Sirius tinha ótimos
reflexos. A bola de neve foi lançada, mas Sirius se abaixou e ao invés de
atingi-lo a bola atingiu Hayla que estava um pouco mais atrás.
-Potter! Você está morto!
-Hayla, não era para atingir você, me desculpe, era para atingir Sirius!-
implorou Tiago.
Isso também não adiantou, Hayla pegou um punhado de neve e atirou na
direção de Tiago. Este se desviou e o atingido fui eu.
-Ah! È assim! É guerra, então lá vai-peguei um pouco de neve e taquei na
direção de Pamela. Em poucos minutos estávamos envolvidos no que Sirius
chamou de uma furiosa e sangrenta guerra de neve. Quando nossas vestes já
estavam encharcadas e não nos agüentávamos mais em pé de fome e frio
resolvemos voltar ao castelo para nos arrumarmos e depois descermos para o
jantar.
Já no dormitório masculino nós quatro estávamos nos arrumando.
-Foi um bom natal, não?- perguntou Pedro
-Foi sim. Como estou?- perguntou Tiago se referindo as roupas que usava.
-Laranja.- disse Sirius. De fato Tiago estava vestindo um conjunto de
vestes do Chudley Cannons, laranjas.
-Mas eu ´to perguntando se eu ´to bem assim.- respondeu ele.
-Ah isso, você não explica-respondi- troque a calça...Ponha algo
mais...Discreto.
Ele pegou uma calça preta e colocou no lugar da laranja que usava. Ficou
melhor, eu pensei.
Descemos para a janta e dessa vez Tiago se sentou conosco. Sabrina Hosted,
que eu não conhecia, foi convidada por Lílian a fazer o mesmo, Sirius não
gostou muito da idéia.
-Não me diga que vou ser obrigado a passar a noite de natal em sua
companhia, Hosted.
-Creio Black, que você conhece aquela velha frase: Os incomodados que se
mudem.
-Um.-eu ouvi Tiago falar meu lado
Quem era essa garota que conseguia desbancar Sirius Black? Eu não sabia.
Mas certamente era alguém de quem você gostaria de morrer amigo.
-Pensei que me odiasse, Hosted?-perguntou ele irônico.- E que não
suportasse ficar no mesmo ambiente que eu por mais de cinco minutos.
-Não te odeio Black, se eu te odiasse seria porque eu estaria lhe dando
importância demais, e, suponho eu, você deve saber o quão insignificante
você é. Se não sabe, estou lhe avisando.
-Dois-continuou Tiago
-Se eu sou insignificante por que você está falando comigo e está se dando
ao trabalho de responder?
-Aprendi que se deve tratar bem qualquer um, e isso inclui cachorros,
Black.
-Três-continuou Tiago
-O que você está fazendo- perguntou Pedro
-Contando os foras que o Sirius está levando- respondeu Pam.
-Não me diga- continuou Sirius, ele estava determinado a se sair bem na
"troca de elogios"- que foram seus pais, tão bondosos eu devo acrescentar,
que lhe ensinaram isso.
-Não Black, isso é natural.
-Quatro- disse Pam.
-Muito bem, já chega. Já vimos o quanto vocês dois se amam. Não precisam
continuar-interrompeu Alice.
-Isso mesmo-apoiou Frank- é Natal, vocês não podem ficar brigando assim.
-Não?-perguntaram os dois juntos.
-Não- respondeu secamente Lilian
A conversa continuou normalmente a partir daí. Os dois não trocaram mais
nenhuma palavra durante a noite, ainda bem.
Depois de um tempo, dei uma desculpa qualquer e me dirigi à enfermaria,
afinal era Lua cheia. Eu estava mais preocupado que o normal naquela noite,
sabia que Tiago e Sirius estavam desconfiados de alguma coisa. Sabia também
que eles logo descobririam.
***
-Pessoal...-começou Tiago.
-Vocês vão nos desculpar-emendou Sirius
-Mas, infelizmente, teremos de deixar a vossa companhia- disse Tiago
-Teremos?-perguntou Pedro
-Teremos-respondeu secamente Sirius
-Aonde vocês vão?- perguntou Pam desconfiada.
-Temos de resolver umas coisinhas...-respondeu Sirius
-Tchau, Tchau- disse Tiago puxando Pedro.
Quando já estavam longe do alcance dos ouvidos dos outros eles voltaram ao
assunto dos últimos dias.
-Então você acha que ele estava mentindo?-perguntou Pedro
-É claro que estava- respondeu Tiago- a avó dele não pode ficar doente
tantas vezes assim.
-E com uma doença que ataca uma vez por mês...-observou Sirius
-O que podemos concluir então?- perguntou, novamente, Pedro
-Ele nos esconde algo. Provavelmente uma doença que ataca uma vez por mês.-
disse Sirius
-Mas não sabemos por que ele não nos diz a verdade-completou Tiago.
Pedro se apoiou no parapeito de uma janela e ficou observando o céu. Ele
não via nenhuma ligação no que seus amigos estavam dizendo, para ele, Remo
estava falando a verdade.
-É Lua Cheia...-comentou ele casualmente.
Lua cheia. Isso lembrou algo a Tiago. Mas o que? Lua cheia...
O trecho de um livro que ele lera certa vez na biblioteca dos Potter veio a
sua mente
Uma vez por mês, durante a Lua Cheia, o bruxo ou trouxa afetado, que em
outros períodos é normal, se transforma numa fera assassina.
-É isso!- gritou ele- venham comigo.- e saiu arrastando os dois para uma
sala do sétimo andar.
-Para que viemos pra cá?- perguntou Pedro.
Eles estavam novamente na sala do jardim.
-Precisava falar uma coisa com vocês, mas ninguém podia ouvir.
-E o que é?- perguntou Pedro
Sirius se mantinha calado. Observava o amigo. Tiago estava com os punhos
cerrados, tinha uma expressão séria e até sua voz tinha um tom diferente.
Andava de um lado para o outro de cabeça baixa.
-Descobri o que Remo anda nos escondendo.- ele fez uma pausa e encarou os
amigos.- ele é um lobisomem.
-Um o quê?- perguntou Pedro espantado
-Como você sabe?- perguntou Sirius
-Um lobisomem. Uma fera assassina. Uma vez por mês Remo se transforma em um
lobisomem.
-Como tem tanta certeza?-perguntou Pedro
-Isso explica por que ele sempre some uma vez por mês e na Lua cheia.-
continuou ele sem dar atenção a Pedro. Sirius tinha a mesma expressão que o
amigo. Estava juntando os fatos.
-E também explica o motivo dele nunca ter nos ditos. Ele tem medo que
deixemos de ser seus amigos. O que não vai acontecer, é claro. Mas como...
-É...Como?- repetiu Sirius baixinho. Parecia fazer a pergunta mais para si
mesmo do que para os outros.
-Como o que?!- berrou Pedro querendo ser ouvido.
Os dois saíram de seus pensamentos e olharam para o amigo.
-Como ele está fazendo para se transformar. Não pode estar voltando para
casa...-respondeu Tiago.
-Nem se transformando na enfermaria. Seria perigoso demais.
-Como vocês tem tanta certeza?- perguntou Pedro
-Se não acredita em nós, veja com seus próprios olhos- disse Tiago se
adiantando a bacia de Pedra que tinha na sala.
-Remo Lupin- disse ele tocando a bacia com a varinha.
Como num filme a bacia passou a mostrar Remo, na sua forma de lobisomem.
-Parece que amanhã nós teremos uma conversa muito séria com o Sr. Remo
Lupin- disse Tiago estreitando os olhos.
-Mas se ele só volta daqui a dois dias...-falou Pedro
-Não. Ele vai estar na enfermaria. Falaremos com ele lá.- disse Sirius
***
Na manhã seguinte a minha transformação em lobisomem, eu estava deitado em
uma das camas reservadas da enfermaria. Estava pensando por quanto tempo
conseguiria manter segredo de Tiago e Sirius, o fato de eu ser lobisomem. A
resposta para essa pergunta entrou escancarando a porta do quarto naquela
manhã.
-Muito bem Sr. Remo Lupin- era Tiago que se aproximava e tinha uma feição
séria. Uma das raras vezes que eu o vi assim.
-Acho eu- disse Sirius agindo da mesma forma que Tiago- que o Sr. nos deve
algumas explicações.
-Muitas explicações- emendou Pedro em uma das raras cenas de coragem que
ele protagonizava.
-Desculpe Sr. Lupin- era Madame Pomfrey- mas eu não pude impedi-los.
-Tudo bem- eu disse- eu resolvo isso.- ela então saiu da enfermaria e me
deixou a sós com eles.
-O que vocês estão fazendo aqui- perguntei, provavelmente eu já estava
branco de medo e nervosismo.
-Acho que a pergunta é o que VOCÊ está fazendo aqui-disse Tiago apontando o
dedo em minha direção.
-Pensei que quem estivesse doente fosse sua avó não você.
-Eu...bem...-e agora? Eu pensei. O que eu falo para eles? Não podia falar a
verdade, mas não podia mentir...E se eles já soubessem?
-Estamos esperando.- disse Tiago- E queremos a verdade.
-Bem é que eu...eu acabei pegando uma gripe e-não pude terminar a frase
-A verdade Remo-disse Sirius
-Sabemos o motivo da sua avó ficar doente uma vez por mês- disse Tiago
-E também o por que dela só ficar doente na Lua cheia.
Eu engoli em seco. Eles sabiam.
-Muito bem Sr. Lobisomem. Nos explique tudo, do inicio ao fim- disse Tiago
-Ou do fim ao inicio- como preferir, disse Sirius já sorrindo
-Tudo bem-eu disse, a minha voz saiu ligeiramente trêmula- vou falar a
verdade.
Eles pegaram algumas cadeiras e se sentaram. Eu não tinha escolha se não
contar a verdade. Eles eram bons ouvintes e não falaram muito enquanto eu
contava como tinha me transformado em lobisomem e como Dumbledore tinha me
deixado entrar no colégio e também as providencias que ele tinha tomado
para isso
-Então quer dizer que você conhece uma passagem secreta que leva direto
para Hogsmead e nunca nos contou?- perguntou Tiago ligeiramente revoltado
-Eu não podia! Eu não posso, vocês nunca deveriam estar sabendo disso!
-Relaxe Aluado.- disse Sirius- somos seu amigos, lembra?
-Aluado?- Eu perguntei.
-Aluado. Sirius achou que você precisava de um apelido...-explicou Pedro
-Aluado é o ideal. Afinal, você vive no mundo da Lua.- explicou Tiago.
-Mas-eu ia argumentar contra esse apelido
-Acho que ele não entendeu, Tiago- disse Sirius
-Você não tem poder de escolha, Remo-disse Tiago.
-Agora ele só precisam achar um meio de te ajudar.- disse Pedro
-Como assim me ajudar?-perguntei preocupado
-Te ajudar nas suas transformações- disse Sirius e após olhar a minha cara
de descrente acrescentou- o que? Você acha mesmo que nós vamos ficar fora
de uma aventura como essa?
Eu olhei para aqueles dois malucos. Cada dia eu tinha mais certeza de que
eles eram malucos. Malucos não, doidos.
Eu não fazia a menor idéia de como eles iam fazer isso, mas algo me dizia
que não seria de uma forma prática e que não envolvesse riscos. Mas por
enquanto, eu havia decidido que não ia me preocupar com isso.
