Capitulo 25-Tentando de novo

Sirius estava deitado em seu quarto na Casa dos Black. Mantinha os olhos fechados, uma tentativa completamente inútil de ignorar sua prima, Andrômeda Black, que estava provocando-o.

-Estamos novamente na Mui Antiga e nobre Casa dos Black. Chamada por mim e pelo meu priminho de Casa da tortura. Sirius fale alguma coisa!-pediu Andrômeda.

-Não enche, And.-falou ele mal-humorado.

-Esse é Sirius Black. Em seu comum mal-humor Blackniano.-brincou ela

Andrômeda era uma garota de seus dezoito anos. Os tradicionais cabelos pretos e lisos dos Black lhe batiam na cintura, os olhos cinzas e grandes não eram frios como o da maioria de seus parentes. A pele mais morena que o do resto de sua família. Baixa e magra, Andrômeda recebera o apelido de formiguinha, por ser a menor da classe. Agora com seus dezoito anos recém completados, Andrômeda, ou And, como chamavam os mais íntimos, provocava Sirius se utilizando de um gravador e gravando sua rotina de férias na Casa dos Black.

-Onde conseguiu esse negócio?-perguntou Sirius abrindo finalmente os olhos e se sentando na beira da cama.

-Esse negócio se chama gravador e eu ganhei do Ted.-respondeu

-Quem é Ted?-perguntou Sirius curioso.

-Ah... Ted.-disse ela sonhadora e ocupou o lugar na cama que o primo tinha deixado vago

-Ah... Ted-imitou Sirius sarcástico numa voz falsa de mulher- Algo me diz que esse Ted não é só um amigo.

-Repete isso-falou ela se sentando abruptamente na cama e abandonando o ar sonhador de antes.

-Isso o que?-perguntou Sirius dividido entre o riso e o susto perante a reação de Andrômeda- Que ele não é só um amigo?

-Não. O que você disse antes.-explicou ela.

-Ah... Ted-imitou ele novamente- o que tem de mais.

Andrômeda começou a rir escandalosamente.

-Que lindo!-falou ela- Meu priminho favorito não consegue mais imitar voz de mulher! Está engrossando a voz! Você está crescendo!-disse ela apertando as bochechas de Sirius como faz uma avó que não ve os netos há muito tempo.

-Para com isso And!-falou ele indignado se levantando e se afastando da cama.

-Que lindo-continuou ela na mesma voz fingida de emoção de antes-quanto tempo será que demora para começar a nascer barba?-perguntou e se aproximou perigosamente de Sirius.

-Não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe!-respondeu Sirius.- E não venha me apertar de novo!-falou cobrindo o rosto com as mãos.

Andrômeda voltou a rir e a se jogar de braços abertos na cama.

-Você ainda não me respondeu... Quem é Ted?-perguntou Sirius retornando cautelosamente a cama.

-Ted... É um garoto-disse Andrômeda e, ao ver a expressão de ironia no rosto de Sirius acrescentou- de um povoado ali perto.

-Vocês têm permissão para visitar o povoado?-perguntou Sirius surpreso. Ele sabia que perto da escola de Durmstrang havia um povoado trouxa.

-Não.-respondeu Andrômeda dando de ombros-Mas uma vez eu e uns amigos conseguimos sair. Sabe com é... Sempre dá para fugir do colégio. Então eu o conheci.

-E ele sabe que você é bruxa?-perguntou Sirius-quer dizer... Ele é trouxa, não é?

-É sim-respondeu ela ficando subitamente séria- Mas ele sabe sobre nós, bruxos. O primo dele é bruxo-respondeu Andrômeda- Mas por favor. Não conte isso para ninguém! Se alguém souber, eu estou ferrada.

-Vocês estão...

-Namorando?-perguntou ela e sorriu ao ver a cara de desgosto do primo- Estamos. Mas não faça essa cara-brincou- um dia você também vai querer namorar.

-Não vou não-respondeu Sirius com veemência-passar horas e horas com a mesma garota! Deve ser irritante!

-Você acha irritante passar horas e horas comigo?-perguntou ela fingindo estar ofendida

-Você é diferente.-falou Sirius simples.

Andrômeda riu

-É o que você diz agora.

-Você está apaixonada?-perguntou Sirius incrédulo.

-Ele é lindo! Alto, moreno, simpático, engraçado, corajoso, bondoso, lindos olhos azuis... Ah! Ele é perfeito! Ele não se importa com o fato de eu ser bruxa... Ah Sirius! Ele é tudo.

Sirius a olhou com uma nítida expressão de descrença estampada no rosto.

-Cara... Eu nunca vou me apaixonar... As pessoas ficam idiotas de mais!

-Sirius Black!-gritou Andrômeda atirando o travesseiro nele.

-Hey!-reclamou ele- é verdade!

Andrômeda riu.

-Você já sabe das novidades?-perguntou ela- Sabrina vai passar as férias aqui, novamente.-acrescentou com um sorriso irônico se espalhando pelo rosto.

-Já fui devidamente alertado.-falou Sirius voltando ao seu habitual mau-humor de férias.

Mal acabara de pronunciar a última palavra, passos e vozes se fizeram ouvir no andar de baixo.

-Falando nela...-comentou Andrômeda.

-É um prazer tê-lo novamente em nossa casa-Sirius ouviu a voz de seu pai ecoar.

-O prazer é nosso-respondeu o homem que Sirius supunha ser o pai de Sabrina.

Sirius podia imaginar a cena. Cordialidades forçadas e sorrisos de desdenho estampados no rosto. Como odiava tudo aquilo, sabia que eles só se reuniam para discutir questões sobre Voldemort.

Voldemort, um arrepio frio percorreu sua espinha ao lembrar do nome do bruxo das trevas. O ataque em Hogsmeade ainda estava bem vivo em sua mente. Que tipo de pessoa era capaz de fazer aquilo? Mesmo que Sirius soubesse que nenhum dos homens era Voldemort, ele imaginava que tipo de pessoa podia exercer tanto poder, mesmo a distancia.

-Sirius!-chamou Andrômeda impaciente fazendo com que ele despertasse de seus devaneios.

-O que é?-perguntou ele assustado.

-Temos de descer-respondeu Andrômeda impaciente-Vamos logo-apressou ela já amarrando o sapato.

Sirius e Andrômeda desceram a escadaria até chegarem a sala onde os Hosted e os pais de Sirius estavam.

-Quantas vezes já lhe disse que você tem de estar presente quando recebermos visitas?-perguntou rispidamente a Sra. Black a Sirius.

-Desculpe-pediu Sirius a contragosto.-Não os ouvi chegando.

-Como sempre.-falou uma voz arrastada. Um garoto alto para a idade, olhos cinzas e cabelos extremamente pretos saiu das sombras e projetou sua imagem a vista de todos.

Sirius revirou os olhos. Seu irmão, Régulo Black, havia voltado de uma temporada na suíça recentemente. Seus pais alegavam que Régulo merecia umas férias.

Férias, pensou Sirius indignado, Régulo nem começara os estudos ainda e já ganhava férias no exterior. Foram essas férias o motivo da abençoada ausência do irmão nas últimas férias de Sirius.

Sirius deu um sorriso irônico.

-As férias não mudaram você em nada, não é maninho?-perguntou irônico- Por que você continua o mesmo branquelo metido a gente de antes.

Régulo ficou vermelho de raiva. Sirius sorriu, tinha conseguido seu intento.

-Calem-se-ordenou o Sr. Black- Se você não tiver mais nada a dizer-tornou ele se referindo a Sirius- acompanhe a jovem Srtª Hosted.

-Eu quero falar com vocês-declarou Sirius- Tiago me chamou para passar o resto das férias na casa dele.

Seu pai o olhou de cima a baixo, como se avaliando-o. Sirius mantinha uma postura reta, o queixo levantado, os olhos desafiadores.

-Era só isso?-perguntou sua mãe-Você não vai.

-O que?-perguntou Sirius incrédulo.

-Não vou deixar que você fique pior do que já está. Convivendo com mestiços e amadores de trouxas.-respondeu ríspida.

-Sua mãe está certa-falou o Sr. Hosted- Embora os Potter sejam uma família de puro-sangue convivem com quem não deve.

-Você não se meta nisso-falou Sirius ameaçador. Pelo canto do olho ele viu Sabrina conter uma careta de surpresa- Por que eu não posso ir?-perguntou Sirius revoltado

-Por que não-respondeu o Sr. Black.

-Vocês não podem me impedir-falou Siris raivoso- Se vocês me prenderem aqui eu vou... Eu vou...

-Vá-falou sua mãe-fuja de casa. Eu sei que é isso que está prestes a dizer. Vá e tente se sustentar sozinho, já que você é tão dono de si.

Sirius estava prestes a soltar um sonoro palavrão quando Andrômeda o agarrou pelo braço e o puxou para fora da sala murmurando um cale a boca, Sirius.

-Me largue!-falou Sirius se livrando do aperto de Andrômeda quando eles finalmente voltaram para o quarto

-Onde você estava com a cabeça?-perguntou Andrômeda exaltada.

-Você fala de mim! Não sou eu que estou namorando uma trouxa! Ou você acha que eles vão aceitar tudo isso numa boa?

Andrômeda se sentou na cama, a cabeça entre as mãos. O quarto de Sirius era o último no fim do corredor do segundo andar. O mais afastado do resto da casa, a fim de evitar o convívio com o resto da família. Era todo decorado com pôsteres de times de quadribol nacionais e internacionais, em destaque o pôster do United Puddlemere. O lençol preto com o brasão da família Black bordado contrastava com o excessivo colorido das paredes. A cama, uma escrivaninha e um armário eram os únicos móveis que compunham o local.

-É diferente Sirius-falou ela desesperada ao mesmo tempo em que tentava fazer Sirius entender as coisas.-EU posso trabalhar! Posso me sustentar! Mas e você? Você só tem TREZE anos!

-E daí? Isso significa que não posso ir? Você mesma não agüenta mais essa casa!-respondeu Sirius indignado

-Vê-se bem que não possui nenhum tipo de diplomacia, Black-falou Sabrina entrando no quarto.

-O que você faz aqui, Hosted?-perguntou Sirius- Não lhe dei permissão para entrar no meu quarto.

-Garotos!-resmungou Sabrina- Black, não me despreze. Estou aqui em missão de paz.

-Paz?-perguntou Andrômeda incrédula.

-Paz, And-respondeu Sabrina- Infelizmente me encontro na mesma má situação do seu amado priminho embora, devo dizer, não tão má assim. Não costumo sair distribuindo patadas para aqueles que podem me prejudicar-explicou ela.

-E daí?-perguntou Sirius, ele não estava nem um pouco entusiasmado em ouvir os discursos de Sabrina.

Sabrina soltou um suspiro de impaciência, se adiantou e se sentou na cama ao lado de Sirius e de Andrômeda.

-Black... Como você demora a entender as coisas... Eu posso lhe ajudar a sair dessa.

-Pode?-perguntou Sirius incrédulo.-Como?

-Posso. Mas não sei se devo.-falou Sabrina pensativa.

-O que você quer em troca?-perguntou Sirius entendendo a jogada da garota

-Quando conseguir a permissão dos seus pais para ir para a casa do Tiago, quero que me leve junto.

-Você o que?-perguntou Sirius surpreso.

-Meu amado pai, aquele que você mandou calar a boca, disse que eu só posso sair de férias se for acompanhada de você.-explicou Sabrina desgostosa.

-Agora eu entendi-falou Sirius- Você precisa da minha ajuda para passar as férias na casa da Pam. Mas por que seu pai disse isso?

-Para inicio de conversa, quem precisa de ajuda aqui é você.-respondeu Sabrina-Mas, ele impôs essa condição achando que eu não seria capaz de me dar bem com você, ou pelo menos fingir isso, a ponto de você me levar junto nas férias. Confesso que sua discussão agora pouco ajudou muito nos meus planos

-Deixe-me ver se eu entendi-falou Sirius-Você quer fingir que nos tornamos amigos para que você possa sair de férias. E o que eu ganho com isso?

-Você não entendeu nada, Black.-falou Sabrina impaciente- Eu tenho como convencer seus pais a deixa-lo sair, mas em troca, você me levará junto e teremos de fingir que somos "amigos". Não há vitória sem sacrifício.-filosofou.

Sirius permaneceu quieto por alguns instantes avaliando a proposta. Ele não tinha nada a perder.

-Ok, Hosted. Eu aceito sua proposta-disse Sirius estendendo a mão para que Sabrina apertasse- Mas, que isso não dure mais que uma semana.

-Trato feito Black-respondeu Sabrina- E para começar, eu se fosse você, pediria desculpas à sua família.

-Você não manda em mim, Hosted. Nem vai começar a mandar.-respondeu Sirius ríspido.

-Black, se vai aceitar minha ajuda, aceite meus conselhos também.-Disse Sabrina saindo do quarto.-Até a hora do jantar, Black.

Sirius suspirou resignado.

-Só estou fazendo isso por que odeio mais essa família do que a Hosted.

-Sabrina-corrigiu Andrômeda e perante a careta de incompreensão de Sirius explicou-Se vocês vão ser amigos, tem de se chamar pelo primeiro nome.

-Ah não!-resmungou Sirius.

-Eu não entendo...-falou Andrômeda-Vocês eram amigos quando crianças. O que aconteceu para se odiarem tanto?

Sirius não respondeu e Andrômeda não insistiu mais na questão.

Duas crianças de aproximadamente cinco anos brincavam na calçada com uma bola. A garota rias das tentativas inúteis de seu companheiro de brincadeiras ao tentar se equilibrar em cima da bola. Ele caiu estrondosamente no chão. Uma terceira criança se aproximou. Um garoto, provavelmente um ano mais velho.

-Posso brincar?-pediu ele.

As duas crianças assentiram e passaram a bola para o novo integrante. Ele logo conseguiu se equilibrar.

-Vocês são muito ruins se não conseguem fazer isso!-zombou

-Não fale assim da gente!-se irritou o outro garoto

-E o que você vai fazer?-perguntou ironicamente o mais velho

O mais novo partiu para cima do recém chegado. Logo os dois estavam envolvidos numa briga.

-Sirius Black! O que você pensa que está fazendo aqui fora?!-Um homem alto apareceu na porta de uma das casas- Para dentro agora! Já lhe disse que não deve se misturar com esses trouxas imundos!

As duas crianças voltaram rapidamente para dentro de casa.

-O que você estava fazendo lá?-perguntou o homem furioso

-Não o castigue Sr. Black-pediu a garota- Ele estava me defendendo.

O homem olhou para os dois por um longo tempo.

-Saiam da minha frente-ordenou ele ríspido-E não quero saber de vocês dois lá fora nunca mais!

As duas crianças se entreolharam com sorrisos no rosto e subiram rapidamente a escadaria, apostando uma corrida.

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Sabrina acordou intrigada. Por que havia tido aquele sonho? Sonho? Ela sabia que não era exatamente um sonho e sim uma lembrança de sua infância. Do tempo em que ela e Sirius costumavam ser amigos. Sabrina riu. Alice provavelmente diria que era seu inconsciente tentando fazer com que ela e Sirius voltassem a ser amigos. Um monte de baboseiras para ela. Sabrina olhou para o relógio, quase hora do jantar. Olhou-se no espelho. Vestia uma típica roupa trouxa. A calça branca meio larga, com detalhes em rosa, o tênis branco e a blusa rosa bebe justa, combinavam lhe dando uma aparência meio desleixada meio arrumada. Sorriu, seus pais iam lhe matar quando a vissem assim. Mirou-se novamente no espelho e se deu conta, com um lapso de perplexidade, de que estava muito bonita. Os cabelos extremamente pretos contrastavam com a pele branca. Os olhos de um azul, quase violeta, mantinham um certo mistério, ajudado por óculos de armações quase imperceptíveis. Como ouvira de alguns garotos de sua casa em Hogwarts certa vez: Anjo infernal. Agora entendia, anjo por causa da aparência, infernal por causa da personalidade explosiva e difícil. Sorriu, sem perceber, o que Black diria se soubesse disso?

-Mas no que você está pensando, Sabrina Hosted?-perguntou ela alto em tom de reprovação para si mesma-Não lhe interessa a opinião que Black tem ou deixa de ter sobre você! Você o odeia! Lembra-se disso? Você o odeia! E mesmo que não o odiasse, ELE te odeia. Entenda isso Sabrina Hosted! E vocês não vão voltar a ser amigos. Nunca!

-Sabrina?-perguntou Andrômeda entrando no quarto.

-Anh? Ah... Oi And...-cumprimentou Sabrina ainda meio desorientada.

-Você está bem?-perguntou Andrômeda ligeiramente preocupada-estava falando com alguém?

-Com ninguém. Estava pensando alto. Só isso. Vamos descer?-despistou rapidamente.

Andrômeda deu de ombros e saiu da frente da porta para que Sabrina pudesse passar.

-Faça uma cara melhor, Black-ordenou Sabrina quando saiu do quarto e encontrou Sirius no corredor.-Que mania de se vestir de preto, não conhece outra cor, não?-implicou novamente ao ver as vestes de Sirius. Uma calça preta cheia de bolsos, um tênis, visivelmente trouxa, preto, e uma blusa preta com detalhes...Em preto. Além é claro dos cabelos pretos

-Me visto de acordo com meu humor, Hosted.

-Ei, ei, ei.-se pronunciou Andrômeda-Vocês são amigos, lembram?

-Não me lembre.-falou Sirius desgostoso.

A sala de jantar da casa dos Black era ampla e bem iluminada. A mesa de madeira maciça mantinha o brasão da família Black ao centro e que brilhava com a luz das velas, as cadeiras de espaldar alto e confortável levavam o brasão da família Black na parte de trás. Naquela noite, em especial, os mais jovens acompanhariam os mais velhos na refeição. A tensão no ar era quase palpável.

-Então, você e a Srtª Hosted voltaram a se falar?-perguntou o Sr. Black de forma extremamente formal a Sirius.

-Voltamos-respondeu Sirius tentando esconder o desagrado em sua voz

-Quando isso aconteceu?-perguntou a Srª Hosted

-No Natal.-declarou Sirius

-No dia das bruxas.-falou Sabrina ao mesmo tempo

Os dois se entreolharam rapidamente. Os adultos olharam desconfiados para os dois jovens.

-Entre o dia das bruxas e o Natal.-corrigiu Sabrina nervosa

-Mais perto do Natal-emendou Sirius no mesmo estado.

Os dois se entreolharam novamente e Sirius teve de conter um sorriso.

-Acho que precisamos combinar alguns fatos.-declarou Sabrina entrando em seu quarto, sendo imediatamente seguida por Sirius e Andrômeda, que apenas observava o diálogo-discussão dos dois.

O jantar havia acabado há pouco tempo. E por pouco não havia sido um desastre completo. Com informações desencontradas sobre a sua suposta amizade retornada, Sirius e Sabrina só não haviam estragado tudo graças a grande capacidade dos dois de arranjar desculpas rapidamente.

-Certo-concordou Sirius sentando-se na beira da cama da garota. Sabrina o olhou desconfiada, mas se manteve calada-Temos de decidir como voltamos a nos falar.

-Podemos dizer que você veio se redimir-atalhou Sabrina

-Nunca!-se revoltou Sirius- Por que não dizemos que você veio se redimir

-Nem morta!-declarou Sabrina.

-Por que vocês não dizem que fizeram uma aposta e voltaram a se falar?-sugeriu Andrômeda.

-Como assim?-perguntou Sirius

-Digam que vocês fizeram uma aposta e, como conseqüência, tiveram de voltar a se falar.-explicou

-E acha que vai funcionar?-perguntou Sabrina duvidosa, mas não esperou pela resposta- E o que ganhamos de Natal? Já que fizemos as pazes antes dele.

Os três ficaram em silêncio por algum tempo, pensando no assunto.

-Já sei!-exaltou-se Sabrina. Levantou e remexeu em alguma gaveta da penteadeira.- Fique com isto.-disse estendendo a Sirius um cordão com um pingente em forma de meia Lua, dentro estava escrito a palavra Amigos.

-O que é isto?-perguntou Sirius recebendo o objeto das mãos da garota.

-Um cordão Black-respondeu Sabrina impaciente- A outra metade fica comigo-disse mostrando um outro pingente que se encaixava perfeitamente na parte de Sirius. Dentro as palavras "para sempre" estavam gravadas.-Esse será o nosso "presente de Natal".

-Eu não vou usar isso-revoltou-se Sirius- é tão... Esdrúxulo.

-Isso ou nada Black-falou Sabrina.

Sirius resmungou alguma coisa, mas aceitou o cordão.

Duas crianças brincavam animadamente fingindo participar de um duelo bruxo conjurando feitiços desconexos

-Te peguei!-falou o garoto triunfalmente- Levante-se homem! Aproveite essa oportunidade que lhe cedo!-disse apontando a varinha para a garota deitada de costas no chão

-Mulher-retrucou ela- E não pense que um bruxo de meia tigela como você vai me vencer com um golpe tão simples!-disse e inventou um feitiço qualquer.

O garoto fingiu ser atingido por um feitiço poderoso e se jogou para trás largando a varinha.

-Te peguei!-comemorou a garota e pegou a varinha dele.

-Devolve isso!-exigiu o garoto

-Vem pegar-provocou a menina saindo correndo do quarto e descendo as escadas que a levariam para o primeiro andar. O menino foi atrás

-Sabrina!-vociferou um homem alto de cabelos extremamente pretos- O que você está fazendo com essas varinhas?! O que o seu pai vai dizer?!

-Eu... Eu...-gaguejou Sabrina

-Ela estava vindo lhe devolver, papai-falou o garoto.

O homem olhou desconfiado para o garoto. Ergueu uma das sobrancelhas e fez sinal para que ele se explicasse.

-Eu peguei as varinhas-admitiu ele- Sabrina só estava vindo lhe devolver.

O homem olhou desconfiado para as duas crianças, mas esticou a mão para receber as varinhas. Sabrina se adiantou temerosa e devolveu as varinhas. O homem os deixou sozinhos novamente.

-Obrigada, Sirius, você me livrou de uma.-agradeceu ela

-É para isso que servem os amigos.-respondeu ele sorrindo

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Sirius balançou a cabeça impacientemente, na última semana uma lembrança vinha lhe assaltando a mente toda vez que se encontrava sozinho. E por mais que ele insistisse em desvia-la, ignora-la, a imagem nítida e clara dele e Sabrina brincando o importunava.

-Pensando na vida?-Abordou Andrômeda ao entrar no quarto do garoto.

-Não exatamente-admitiu Sirius

-Relembrando?

-Pode-se dizer que sim-respondeu incerto. Não confiava na reação da prima, ou melhor, no que a prima ia pensar se contasse que estava relembrando os tempos em que ele e Sabrina eram amigos.

-Relembrando o que?-perguntou Andrômeda. Ela olhava para o lado de fora da janela, parecia relembrar algo também.

Sirius hesitou. Deveria falar? Decidiu por deixar a mensagem implícita.

-Relembrando os tempos em que essa casa era suportável.

Andrômeda desviou os olhos da paisagem ensolarada do lado de fora e o encarou rapidamente, por alguns segundos Sirius achou ter visto um brilho maroto em seu olhar.

-Entendo-falou ela voltando a admirar a paisagem.- Essa casa talvez ainda possa voltar a ser agradável. Se você deixasse.

Sirius balançou a cabeça. Não dependia dele, pensou, muita coisa não dependia dele.

-Já é muito tarde. Há muito ressentimento.

-Você acha?-perguntou Andrômeda subitamente-Acho que nunca é tarde demais. Para nada. E não acho que haja também não acho que haja tanto ressentimento assim. Tem é muito orgulho. Uma típica herança de família-parou por um momento dando um sorrisinho irônico-que não deu para escapar.

Sirius olhou estupefato para a prima sentada no parapeito da janela, mas Andrômeda não voltou a encara-lo e ele voltou à atenção para os próprios pensamentos. Confusos demais após a declaração de Andrômeda.

-Você me traiu!-berrou um garoto de seus aproximadamente oito anos.

-Não, Sirius, eu não...-tentou explicar a garota que tinha aparentemente a mesma idade. Lágrimas tentavam rolar de seus olhos, mas ela as impedia.

-Me traiu! Me traiu!-berrou novamente o garoto. O rosto vermelho de raiva e indignação.

-Me deixa explicar. Não fui eu...Eu...Eu não...-gaguejou.

-Saia daqui!-gritou ele- E não fale mais comigo! Eu nunca mais quero olhar para você, Hosted!

Sabrina manteve, a muito custo, a expressão séria.

-Se é assim que você quer-falou ela, a voz fria como gelo-Nunca mais fale comigo Black.

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Sabrina olhou para o teto. Os gritos de um Sirius mais jovem ainda ressoavam em seus ouvidos e a lembrança parecia saltar-lhe nos olhos mais vívida do que nunca.

Relembrou novamente a cena, dessa vez lembrando-se com detalhes do que tinha acontecido antes. Uma confusão. Tudo não passara de uma confusão. Uma grande confusão. Que Sirius, Black, corrigiu-se, não a deixara explicar.

Milhares de noites passadas em claro. Horas e horas pensando sobre o ocorrido. O que teria acontecido se ele tivesse deixado-a explicar? E o que teria acontecido se ELA não tivesse sido tão cabeça dura depois? Seriam amigos até hoje?

"A vida nos oferece sempre dois caminhos. Quando escolhemos um caminho, o outro se apaga. Podemos no máximo imaginar como seria percorrer o outro. Mas nunca teremos certeza. Nunca saberemos".

A frase que Lily dissera certa vez relampejou em sua mente e, com uma certa surpresa, Sabrina se viu intimamente concordando.

Olhou o relógio de pulso trouxa que usava. Não gostava do relógio bruxo, era por demasiado complicado. Quinze para às oito. Hora do jantar e, se ela ainda quisesse ir dormir sem ter que ouvir uma bronca dos pais, era melhor descer.

-Sabrina-chamou o garoto de cabelos extremamente pretos.

A garota que ele chamava virou-se bruscamente. A expressão zangada.

-O que você quer?-perguntou numa voz cortante.

O garoto engoliu em seco.

-Sobre ontem...Eu... Eu queria lhe pedir desculpas.

-É tarde demais Black-respondeu ela seca- o que você fez foi imperdoável.

Ela deu as costas para o garoto e subiu para o quarto. Trancou a porta e se jogou na cama, chorando.

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Sirius admirou mais atentamente o teto. O jantar havia acabado há alguns poucos minutos e as lembranças voltavam a assaltar a sua mente desocupada.

E, relembrando tudo, ele via que o errado fora ele e não Sabrina, como julgara, como quisera acreditar durante anos. É tarde demais...A frase ressoou em sua mente.

-Nunca é tarde demais-repetiu ele e tomou uma decisão.

Naquele jantar seus pais haviam finalmente deixado ele sair de férias para a casa de Tiago. E ele devia isso a Sabrina. No dia seguinte ele estaria livre daquela casa e aproveitaria para agradecer a garota.

A lareira finalmente parou de girar e dois jovens caíram no chão limpo e brilhante de uma casa bruxa.

-Odeio pó de flu-falaram os dois juntos.

-Pensei que não viessem mais!-exclamou um garoto de olhos castanhos esverdeados e cabelos extremamente pretos que apontavam para todos os lados.- E aí cara, tudo bem?-perguntou apertando a mão do garoto.

-Melhor agora-respondeu Sirius.

-E você Sabrina?-perguntou virando-se para a garota.

-Bem Tiago-respondeu ela ainda retirando a fuligem das vestes.

-Vou chamar Pedro. Ele ainda está dormindo, mas vai gostar de ve-los-falou Tiago e saiu correndo da cozinha.

Sirius e Sabrina passaram alguns minutos em silencio. Observando o aposento até que Sirius resolvem falar.

-Hosted-chamou a garota emitiu um som que ele considerou como sendo um sinal para que continuasse- Obrigado. Por tudo.-disse olhando para o chão.

Sabrina olhou para o garoto ao seu lado. Lhe parecia sincero.

-De nada-falou ela seca.

-Hosted-chamou ele novamente e ela fez apenas um sinal com a cabeça para que continuasse- Será... Será que... Será que podemos ter uma trégua... Quem sabe... Quem sabe as coisas não voltam a ser como antes? Antes... Antes de tudo aquilo acontecer?

Sabrina olhou para Sirius um pouco surpresa. Ele o encarava fixamente.

-Não acha que está um pouco tarde para isso, Black?

-Nunca é tarde. Para nada.-Disse Sirius repetindo a frase da prima.

-Há certas coisas que não voltam Sirius-falou Sabrina

-Não se pode tentar?-perguntou ele.-Pelo menos... Você me desculpa?

-Já lhe desculpei. Na verdade, nunca lhe culpei.

Sirius suspirou resignado. Estava sendo mais difícil do que ele supunha.

-Podemos tentar?-insistiu ele.

-Não sei Black. Muita coisa foi dita. Coisas que jamais deveriam ter sido ditas.

Sirius suspirou derrotado. Mas pelo menos, ele tentara.

-Mas ainda assim, Sirius-voltou a falar- Não custa tentar.

-Vai me dar uma chance-perguntou ele incrédulo.

-Vou ME dar uma chance Black-respondeu.

Os dois se encararam por algum tempo até Tiago aparecer com um Pedro totalmente sonolento.

-Sabrina-avisou ele- Pam queria que você fosse direto para casa dela, assim que chegasse, parece que ela quer falar com você.

-Obrigada Tiago.-respondeu Sabrina a expressão séria se dissolvendo em um sorriso- eu vou agora.-disse se despedindo de todos e carregando a mala para fora. Tiago designou um elfo para acompanha-la.

-É impressão minha...-começou o garoto maroto- mas vocês dois estão um pouco... diferentes.

-Cale a boca Tiago-falou Sirius e Tiago não ousou contrariar. Não se discutia com um Sirius Black quando ele usava AQUELE tom.

Ok, eu tenho plena noção de como esse capitulo demorou, mas não foi por escolha minha. Eu estive doente, realmente doente, de ir parar no hospital e, obviamente, não pude escrever. Minha vida virou de cabeça para baixo nas últimas semanas e ainda não voltou ao normal. Por isso a demora. Peço desculpas. O próximo cap. não deve demorar tanto, mas não sei se sai esse fim de semana. Como eu disse as coisas ainda não voltaram ao normal. No mais... espero que tenham gostado desse capitulo!

Agradecimentos:

Ao pessoal do fórum Hogsmeade- vcs sabem o que aconteceu...sorry, mas realmente não lembro o nome de todo mundo e peço desculpas! Lembro do pessoal com quem eu falo no msn...Mary, Thata, Andrômeda! Valeu meninas!

Edwiges: fora do ar e sem receber capítulos, mas aí vai:

Jewel- demorei não é? Desculpa! Pam e Tiago. Mas o casal para dar o que falar! E a pam não ta tão assanhadinha assim naum...tadinha! obrigada pelos elogios! Espero q o tamanho do cap. tenha compensado a demora

Pat- acho que vc boio quando disse q o pai do Sirius era comensal. Na verdade, nenhum comensal ali era importante...Obrigada pelos elogios

Andrômeda-já te agradeci ali em cima naum? Mas aí vai: a Bel... no próximo, esse tinha q ter essa historia toda, essencial p/ a história da fic. E concordo com vc no que disse sobre o cervo ser bonitinho...mas será q a Jk se inspirou mesmo nisso?

ThatPotter- Obrigada! Como eu disse no comentário acima...a Bel só no próximo capitulo... esse capitulo tinha de ser assim. Precisava dessa história para a fic rolar...

Potterish-fora do ar