Capítulo 27- A Câmara

-Circulando...Circulando...Essa reunião não é para vocês!

-Mas pai...

-Nem mais nem menos...Circulando- disse o sr. Potter enxotando os garotos da sala.

-Essa reunião não é para vocês... é o que nós vamos ver-disse Tiago depois que o pai fechou a porta.

Estavam quase no meio de Agosto e o Sol sufocava a mansão Potter, apesar de todas as tentativas mágicas e trouxas de manter o calor afastado. Tiago, Sirius e Pedro haviam passado a última meia-hora escondidos atrás da porta na vã tentativa de escutar a "reunião de bruxos velhos e caquéticos embora incrivelmente poderosos e sábios" da semana. Embora nem todos os bruxos fossem velhos e nem todos fossem sábios, fora assim que Sirius apelidara.

Obviamente os três haviam sido pegos, novamente, em flagrante e obviamente, eles não iriam desistir.

Tiago disparou pelo corredor seguido imediatamente pelos outros dois marotos que corriam em seu encalço. Viraram em alguns corredores, que como de costume eram enfeitados por quadros de Potters já falecidos ou de alguma guerra mágica, até terminarem em um que era exclusivamente vermelho e sem nenhuma moldura nas paredes. Sirius sacou a varinha das vestes e apontou para algum lugar no teto fazendo abrir um alçapão com uma escada. Pedro subiu primeiro, por ser o menor.

-Não demore-pediu Tiago enquanto o maroto mais baixo se esgueirava para dentro.

Alguns instantes de silencio e ouviram Pedro gritar com uma voz abafada devido a distancia.

-Podem vir!

Tiago se precipitou pela escada subindo-a rapidamente. Em alguns segundos alcançou uma pequena câmara toda feita de pedra e grande o suficiente para que apenas uma pessoa ocupasse o seu interior por vez. Em sua lateral um corredor estreito feito de terra se abria. Pedro se encontrava mais à frente esperando por eles. Tiago se virou naquela direção e começou a engatinhar.

-Ande logo Lerdo-reclamou Sirius logo atrás.- Esta fazendo o que aí parado?

-Já estou andando apressado-rebateu Tiago- Você tem que entender que é realmente difícil me mover aqui dentro.

-Andem logo ou vamos perder toda a reunião-apressou Pedro.

Embora Pedro não fosse corajoso, o que rendia longas horas de discussões entre Remo, Sirius e Tiago de como ele havia ido parar na Grifinória, era curioso o suficiente para enfrentar algumas teias de aranha e até um ou outro rato para escutar uma boa conversa ou obter alguma boa informação. É claro que essa curiosidade toda fazia dele o jornal oficial do grupo sempre trazendo as ultimas informações sobre o que estava acontecendo em Hogwarts, quando estavam lá, é claro.

-Já estamos indo!-falou Tiago rabugento e engatinhando o mais rápido que podia- Todo mundo resolveu mandar em mim hoje!

Os três percorreram o corredor, que não era exatamente um corredor. Tiago descobrira quando tinha uns nove anos que todos os cômodos da mansão podiam ser vistos "de cima". Entre o teto da mansão e o telhado havia uma galeria de corredores que abriam ocasionalmente para os cômodos. Não que abrir fosse a palavra mais adequada, uma janelinha de alguns poucos centímetros não poderia ser considerada uma abertura, mas era o suficiente para escutar certas reuniões. Havia as saídas, é claro, a que eles haviam usado era uma delas e existiam apenas mais cinco em toda a mansão, o que era um numero completamente desproporcional ao numero de cômodos. .Algumas vezes ele se perguntara se seu pai sabia dessas galerias e chegava a conclusão de que se sabia, não se incomodava.

Os três já haviam passado por três aberturas quando pararam finalmente na que dava para a sala de reuniões, onde os bruxos estavam reunidos. Pedro ficou de um lado e Tiago se postou a sua frente enquanto Sirius o empurrava para poder ver também, quando chegaram finalmente a um consenso, pararam para escutar a conversa.

-Estamos em número reduzido.-falou um bruxo alto e magro, parecia ter pouco mais de trinta anos.

-Poucos acreditam em nós.-falou outro homem que ao contrario do primeiro era baixo e atarracado, sua voz soava como uma triste melodia.

-Novamente o homem musica tirando grandes conclusões-ironizou Sirius.

-Cale a boca totó-provocou Tiago- eu quero ouvir.

-Calem a boca vocês-pediu Pedro. Ele ficava realmente bravo quando atrapalhavam a sua árdua tarefa de espionar.

Tiago sorriu, era uma verdadeira sorte que a janelinha fosse enfeitiçada. Nenhum dos bruxos que se sentavam àquela mesa podia vê-los ou ouvi-los. Não que eles tivessem uma visão muito privilegiada do ângulo em que estavam. Era bem provável que se Tiago cruzasse com um dos homens na rua não reconhecesse seus rostos, mas certamente lembraria de seus cocorutos.

-São apenas quinze agora.-disse Sirius contando- Parece que mais desistiram.

-Brilhante observação-ironizou Tiago.-Mas quem foi que se acovardou?

Ele e Sirius haviam tirado o dia para implicar um como o outro.

-Parece que aquele ruivo metido a gente-falou Sirius

-E aquele gordo com um capacete de gel no lugar do cabelo-observou Pedro.

-Não me surpreende...-falou Tiago indiferente.

-Quietos, Dumbledore vai falar.-avisou Sirius.

O velho bruxo se levantou e olhou para todos que estavam sentados à mesa.

-Sei que estamos em menor numero. Sei também que poucos acreditam em nós. Mas não é por isso que devemos nos dar por vencidos. Voldemort está ficando mais forte, é verdade, e os recentes ataques que tem acontecido a trouxas e os quais o ministério se recusa aceitar impedindo inclusive o acesso da população bruxa a essas informações podem nos desanimar, fazendo-nos achar que esta é uma batalha perdida. Mas eu posso lhes garantir, e o que vou dizer agora pode assustar alguns de vocês, Voldemort ainda não esta usando metade do poder mágico que tem e muito menos metade da sua capacidade para conseguir aliados e disseminar o medo, a raiva e a desconfiança. Felizmente só houve um ataque a uma família bruxa, o que talvez reforce as convicções do ministério de que essa não é uma guerra nossa. Mas eu repito, Voldemort está apenas sondando o terreno, ganhando poder e novos aliados, ele irá atacar quando menos esperarmos, quando menos estivermos preparados, por isso se enganam os que pensam que ainda é cedo. Voldemort esta reunindo forças desde o ano passado. E vem conseguindo mais aliados, inclusive dentro do ministério. Temos de estar prontos para um ataque e não devemos pensar somente em nós. Somos poucos agora, mas podemos conseguir mais aliados. Se os bruxos de hoje fecham os olhos para a verdade tenho certeza de que algumas mentes mais jovens e abertas não o fazem.

Nessa hora Tiago teve a mais absoluta certeza de que Dumbledore levantara os olhos na direção deles.

-O que quer dizer com isso?-perguntou uma mulher. Tinha intensos cabelos vermelhos e longos e uma voz firme.

-Pretende envolver jovens nisso?-perguntou um homem que Tiago reconheceu como sendo o pai de Pam.

-Não ouviu direito, Bruce-falou Jonh Potter.- Essa não é uma guerra de um só dia.

-Pare de rodeios e vá direto ao ponto, Jonh-falou novamente a mulher.

-O que eu quero dizer Marie,-começou o Sr. Potter com a calma de sempre, a qual Tiago tinha puxado, não deixando nada para Bel que tinha o mesmo temperamento explosivo da mãe.- Que talvez não possamos convencer os bruxos mais velhos, mas certamente podemos abrir os olhos dos mais novos. Eles são o futuro. Mostre a verdade a eles e eles a seguirão.

-Não todos-opinou um homem narigudo sentado a um canto.

-Nem todas as maçãs de uma macieira são comestíveis, mas todas podem ser colhidas-falou o homem-música.

Houve alguns segundos de silencio nos quais os bruxos presentes ficaram apenas a refletir.

-Não entendi...-falou Pedro- o que ele quis dizer com maçãs?

Sirius deu um suspiro de impaciência.

-O que ele quis dizer Pedrinho-explicou calmamente Tiago- é que nem todos os jovens se aliarão a eles quando souberem da verdade, mas que não custa falar a verdade para todos.

-E o que você pretende fazer, Alvo?-perguntou novamente o homem magro. Tiago o achava altamente antipático, principalmente no que dizia respeito ao modo como ele pronunciava o nome de Dumbledore. Alvo. Como se tivesse nojo de dize-lo.- Pretende sair nos jornais e espalhar tudo aos quatro ventos?

Treze cabeças se voltaram na direção do diretor.

-Uma idéia tão absurda jamais passou pela minha cabeça, Rodolph.-falou Dumbledore calmamente, os olhos azuis brilhando por trás dos oclinhos de meia-lua.- Digo que contar a verdade aos poucos é uma boa solução. O choque não convence ninguém e quando o faz amedontra. Precisamos conscientizar as pessoas, principalmente os jovens, de Voldemort, e não fazer com que o temam. Isso não nos ajudaria em nada.

-E depois que você os conscientizar?-perguntou pela primeira vez o homem de cabelos grisalhos que estava sentado ao lado do pai de Tiago.

-O depois virá depois-falou o Sr. Potter- A única coisa que eles precisam e podem fazer agora é ver a verdade e se conscientizar.

-O resto é o resto-falou a única mulher da reunião.

-Do resto nós cuidaremos mais tarde, minha cara Marie-falou Dumbledore.

-Mas de que adiantara?-perguntou novamente o homem narigudo sentado a um canto- Se voldemort atacar amanhã de nada adiantarão esses jovens.

-Como já foi dito, não é uma guerra de um só dia. Já discutimos aqui os planos em curto prazo. Esses são os a longo prazo-falou Dumbledore encarando o homem seriamente.- E posse lhe garantir que Voldemort não tem apenas os planos que foram mostrados. Tenho absoluta certeza, mas gostaria imensamente de estar errado, de que ele possui também seus investimentos em longo prazo, e posso lhe garantir que não são poucos nem banais.

Mais alguns momentos de silencio.

-Acho-disse o homem-musica se levantando- que podemos encerrar a reunião por enquanto.

-Concordo plenamente Ralph-falou Dumbledore se levantando. Imediatamente todos os outros se levantaram e se dirigiram em direção a porta. Um por um todos foram deixando a sala só sobrando o Sr. Potter e Dumbledore.

-Acho que acreditaram-falou o Sr. Potter- De qualquer maneira não acho que tenham escolha.

-Sempre se tem escolha, Jonh-falou Dumbledore observando a porta aberta por onde nenhum bruxo mais podia ser visto.

Jonh Potter arqueou as sobrancelhas no que era uma nítida imitação de um "dar de ombros'

-Seja o que for-falou o Sr. Potter- Somente o futuro dirá. Apesar de possuir uma bola de cristal não confio muito nela. Janta conosco, Alvo?-perguntou ele mudando o tom da voz para um muito mais alegre e jovial.

-Seria um prazer-falou Dumbledore- Onde está Bel? Não perguntarei por Tiago, pois consigo ter uma boa idéia de onde ele esta.

-Consegue?-perguntou o Sr. Potter- Nunca sei onde aquele garoto se mete... E vive aparecendo nos lugares mais improváveis....

Os dois se encaminharam para a porta deixando para trás três marotos, ou pelo menos dois, mais confusos e perturbados do que quando entraram.

-Aluado está demorando...-observou novamente Sirius

Tiago acenou com a cabeça e voltou a andar de um lado para o outro na sala, consultando ocasionalmente o relógio.

-Vai abrir um buraco no chão se continuar fazendo isso- observou Sirius com a voz entediada.

Tiago concordou novamente com a cabeça sem no entanto parar para dar atenção a Sirius.

-Já esta quase na hora do jantar...-falou Sirius.

Tiago também confirmou com a cabeça.

-Eu estou com fome...-declarou Pedro.

Sirius soltou um muxoxo de impaciência.

-Quando você não esta com fome Pedrinho?-perguntou ele irônico.

-Olha quem fala, até parece que você não está-rebateu ele- esta falando isso tudo para o Tiago só por que quer ir jantar logo...Não é, Tiago?-perguntou Pedro.

Tiago confirmou com a cabeça e continuou andando de um lado para o outro. Sirius e Pedro se entreolharam impacientes.

-Tiago.-Chamou Sirius

-Hãn?-perguntou Tiago sem parar de andar

-Você quer parar com isso e dar atenção aos seus amigos.

-'Tá-disse Tiago sem parar.

Sirius revirou os olhos e em um nítido gesto de impaciência se levantou da poltrona em que estava se colocando no caminho que Tiago vinha fazendo

-O que é?!-perguntou ele impaciente ao ver Sirius na sua frente

-Você, por um acaso, ouviu o que nós dissemos?-perguntou Sirius

-Claro que ouvi...-respondeu Tiago irritado- Vocês estavam falando do...da...é...-falou ele ficando subitamente sem graça.

-Não ouviu-concluiu Sirius.

-Pare de reclamar-falou Tiago- eu estava concentrado só isso. Estava pensando.

Sirius caiu na gargalhada.

-'Ta bom! Você pensando? Conta outra!-disse ele ainda rindo.

-Você está insinuando que eu não penso?

-Se você não percebeu eu estou afirmando!-falou Sirius ainda rindo.

-Seu desgraçado...-falou Tiago raivoso e partiu para cima de Sirius. Os dois caíram no chão rolando e não perceberam que alguém acabava de sair da lareira.

-Mas será possível?! Eu não posso ficar longe nem por algumas semanas e o pandemônio já esta instalado...

Os dois pararam de brigar imediatamente e se viraram na direção da voz.

-Aluado!!!-gritaram ao mesmo tempo e pularam em cima do amigo.

-Hey! Tudo bem vocês estarem felizes em me ver, mas não precisa tentar me assassinar por isso!-eu disse rindo.

Os dois saíram de cima dele.

-Não acredito que você já chegou!-falou Sirius

-Você estava reclamando agora mesmo que ele estava demorando-falou Pedro.

-Falei?-perguntou Sirius atordoado- Ah...é falei. Mas é que o tempo pareceu passar mais rápido...

-Por que vocês estavam brigando?-perguntei

-Não estávamos brigando-falou Tiago animado- Só nos divertindo um pouco...

-Se é isso que vocês consideram diversão...-falei meio surpreso meio não.

-Esqueçam a diversão vamos comer!-falou Sirius animado rumando em direção a cozinha.

-Você disse que não estava com fome!-falou Pedro

-Mudei de idéia!

Eu revirei os olhos e sorri. Aqueles três não tomavam jeito NUNCA!

-Não tem nada aqui-declarou Pedro

-Só agora que você percebeu?-perguntou Sirius irônico folheando distraidamente um livro.

Pedro resmungou alguma coisa e não respondeu

-Tiago-chamei- Não tem algum outro livro?

-Aqui não...-respondeu ele

-Como assim aqui não?-perguntou Sirius- Não vai me dizer que tem OUTRA biblioteca aqui.

-Hãn? Claro que não!-disse Tiago. Ele andava "Excessivamente Lerdo" como definira Sirius

-Fale a verdade Tiago Potter-Declarei-Você não sabe mentir...

-Ta bom!-falou contrariado- Mas vocês conseguem acabar comigo, não?

-Contente-se de só eles conseguirem isso-falou Pedrinho- Por que do jeito que você anda lerdo até o Snape conseguiria isso.

-Xinga, mas não ofende-falou Tiago dividido entre o riso e o aborrecimento.

-E você não enrole-falou Sirius- Tem ou não tem outra biblioteca nessa casa?

-Casa?-perguntei cínico- Mansão...

-Deve ser do tamanho de Hogwarts-observou Pedro.

-Como vocês fogem da realidade...-falou Tiago- isso aqui tem só metade do tamanho de Hogwarts.

-SÒ metade?-perguntou Sirius surpreso.

-Não parece tão grande pelo lado de fora...-opinou Pedro

-Magia, meu caro Petigreew... Magia...-disse Tiago divertido com a cara de espanto de Sirius.

-Mas você continua nos enrolando...-falei calmamente.

-Já vi que não dá para escapar de vocês, não é?-perguntou ele contrariado.

Sirius balançou a cabeça negativamente. Se cachorros fossem capazes de pensamentos tão racionais ele teria se parecido imensamente com um.

-Já disse que não tem OUTRA biblioteca aqui.

-Mentira-falou Sirius.

-Quer esperar eu terminar de falar?-perguntou Tiago impaciente

-Não está mais aqui quem interrompeu...

-Não tem outra biblioteca aqui, mas tem uma câmara.

-Uma câmara? O que é isto afinal? Algum tipo de quartel general?-perguntei surpreso e fiquei ainda mais surpreso ao ouvir a resposta de Tiago

-É. Quando essa casa foi construída ela era um quartel general de um grande bruxo. Com o tempo as guerras acabaram e o quartel foi adaptado para servir de casa.

-Ah... Esclarecedor...-Falou Sirius. Eu não sabia se ele estava sendo irônico ou descrente.

-E quem era essa grande bruxo?-perguntou Pedro.

-Mesmo que eu conte... Vocês não vão acreditar...

-Conta-exigiu Sirius

-Não.-respondeu Tiago simples

-Sim-falou Sirius

-Não.

-Sim.

-Não.

-Parem com isso-exigi- Tiago, onde fica essa câmara?

-Lá em baixo.-disse ele prolongando o "lá" e apontando para o chão.

-Tão lá em baixo assim?-perguntou Pedro.

Tiago confirmou com a cabeça.

-Sigam-me soldados! Vamos em busca de um grande tesouro!-Falou Tiago animado e saiu meio que marchando da biblioteca

-Ele surtou?-me perguntou Sirius em tom de conspiração

-Não sei... Mas acho que andou assistindo algum filme trouxa...

-Por que?-perguntou Pedro.

-Vocês não vêm?-gritou Tiago já do corredor

-Estamos indo!-gritou Sirius e saiu atrás de Tiago.

-O que eu fiz para merecer isso???-perguntei para o teto

-Você tem certeza?-perguntou Pedro pela milésima vez.

-Tenho-respondeu Tiago pela milésima vez.

-Absoluta?-perguntei.

-Tenho!-respondeu ele já impaciente.

-Eu não acredito-declarou Sirius- Da ultima vez que você afirmou que conhecia o lugar eu terminei sujo de terra até as-

-Nós já sabemos-interrompi apressadamente.

-Pois então, e ainda fomos parar dentro da sala do Filch...

-E com ele lá!-lembrou Pedro

Estávamos andando por um corredor mal iluminado e úmido que ficava em algum lugar abaixo da área socialmente "andável" da mansão Potter. Segundo Tiago aquela era uma parte antiga da mansão e pouco usada, o chão ainda era de madeira e coberto por um tapete gasto e roído por algum bicho que eu esperava sinceramente que não fosse maior que um rato.

-Mas dessa vez eu estou na MINHA casa... eu sei onde pis-Antes de poder terminar a frase ele tropeçou e saiu rolando por uma "recém-surgida-e-que-não-estava-ali-da-última-vez-escada".

-Tiago?-chamou Sirius

-Que é?-perguntou ele ao longe

-É seguro aí em baixo?-perguntou Pedro

-EU NÃO ACREDITO!-berrou ele- Eu quase morro e vocês me perguntam se é seguro aqui em baixo?

-Entenda, cara.-falei- você não quer que a gente desça para te ajudar sem saber se há ou não um dragão de cinco metros de altura esperando para fazer torrada da gente...

-Belos amigos vocês!-gritou ele indignado.-Quer dizer que se eu dissesse que tem um dragão de seis metros aqui em baixo querendo me devorar você não fariam nada?!

-Claro que não!-gritou Sirius- Eu prezo muito a minha vida e não quero ser devorado por um dragão de sete metros!

-Estou vendo que se minha vida dependesse da de vocês era melhor eu começar a escrever o testamento!

-Pare de enrolar!-gritei- Podemos ou não descer?

-Claro, né? O dragão ta dormindo!

Todos rimos, a exceção de Pedro que não gostava nem um pouco desse tipo de brincadeira.

-Tem certeza que não tem nenhum dragão de oito metros aí em baixo?-perguntou receoso.

-Desça logo Pedrinho!-falei já do meio da escada.

Chegamos ao pé da escada e nos encontramos com Tiago lá. Havia realmente dragões lá, algumas estátuas e quadros mostravam dragões duelando ou sozinhos cuspindo fogo pelas narinas.

-É aqui?-perguntou Pedro.

-Onde mais seria?-ironizou Sirius

-Tiago você tem certeza de que vamos achar algo sobre animagia atrás dessa porta?-perguntei enquanto analisava a estreita porta de carvalho a minha frente.

-Eu já disse que sim! Vocês acham que eu não conheço a minha própria casa?

Sirius olhou para ele com um sorriso irônico que dizia claramente "você disse isso antes de cair da escada..."

-Sejo sincero ou continuo sendo seu amigo?-perguntei divertido

-Não enche!-resmungou ele e me afastou da porta para poder abri-la.

Uma grande câmara mal iluminada surgiu a nossa frente. O teto alto mal podia ser divisado. Era quase impossível divisar o chão devido a enorme quantidade de arcas, baús e as pilhas de pergaminhos e livros que o cobria.

-Para que isso tudo?-perguntou Pedro seguindo Tiago cautelosamente enquanto entravamos na câmara tentando não pisar nem derrubar nada.

-Sei lá-admitiu ele- Mas grande parte desse pergaminhos são plantas da casa e a maior parte desses livros são diários de Potters que já moraram aqui.

-E para o que a gente vai querer isso?-perguntou Sirius

-Eu disse grande parte, não todos, tem alguns livros bem raros aqui.-disse ele pegando um livro próximo e folheando- obviamente a maioria não está na nossa língua...-disse tacando o livro no chão

-Ótimo!-resmungou Pedro- Mais livros para a gente traduzir... Deve ter sido daqui que seu pai arranjou aquele livro doido de runas!

-O livro não é doido-falou Sirius

-E é justamente para isso que o Aluado vai fazer Runas Antigas!-Falou Tiago exultante

-Eu não vou servir de escravo para vocês traduzindo os livros!

-Claro que vai-falou Sirius acabando com a questão-Quem é esse Tiago?-perguntou ao parar de frente para a estatua de um homem.

Ele vestia uma grande capa e botas que iam até quase o joelho. Apoiado em uma das mãos algo que lembrava um cetro.

-Rodolph Potter-declarou ele se aproximando- algum hepta avô meu. O primeiro ministro da magia que existiu.

-Você conhece bem seus antepassados-observou Pedro.

-Não, não conheço-falou Tiago dando de costas e voltando a analisar os outros objetos da sala.

-Então como sabe quem ele é?-perguntei

-Está escrito numa plaquinha no pé da estatua...-disse ele distraído enquanto observava uma pequena bolinha de luz azul que estava dentro de uma redoma de vidro.

Eu e Sirius nos entreolhamos com expressões idênticas de "eu sou um lerdo!"

-E o que é isso?-perguntou Pedro se referindo a bolinha de luz que Tiago observava.

-Não sei...-falou ele dando de ombros.

-Que tal ver a plaquinha?-ironizou Sirius

-Nem tudo tem plaquinha... Esse é o problema...-falou ele divertido.

-Eu se fosse você não tocava nisso-falei para Pedro quando ele começou a esticar a mão para a tal bolinha.

Tiago começou a dirigir para uma parte da câmara onde havia apenas livros, mas minha atenção foi desviada para o lado oposto.

Em um canto, quase escondido pelas sombras, havia alguns quadros e tapeçarias penduradas nas paredes. Algumas das tapeçarias tinham imagens de duelos bruxos ou de apenas um único bruxo.

Uma delas devia ter uns três metros de altura e retratava um homem alto com cabelos excessivamente pretos e presos em um rabo de cavalo, uma longa capa preta por fora e com o forro vermelho caía por suas costas, tinha os olhos pretos como piche e ostentava certa nobreza. Seu peito era coberto por uma armadura incrustada de pedras preciosas como diamante e esmeraldas que formavam algum desenho impossível de se ver devido ao desgaste da pintura. Trazia na bainha uma espada e na mão esquerda uma varinha com inscrições em runas. As botas de couro continham o desenho de um dragão dormindo e eram abotoadas por um broche também em forma de dragão só que este estava acordado.

Procurei por alguma informação que me dissesse quem era aquele homem mas não havia nada que me informasse. Deduzi que era algum rei do tempo medieval. Me virei para perguntar a Tiago mas ele, estava concentrado demais olhando os livros e Sirius e Pedro se entretiam com as vassouras de corrida que pareciam remotar desde as primeiras inventadas pelos bruxos até a moderna Nimbus 1000 de Tiago.

Decidi deixar para depois esse assunto e continuei a olhar os quadros.

Havia um de uma jovem mulher que não devia ter mais de vinte e cinco anos, os cabelos loiros agitados ao vento, posava em frente a uma casa de campo e oferecia um bouquet de margaridas brancas a quem olhasse o quadro. O sorriso angelical e absolutamente sincero provocava em quem olhasse uma sensação de paz. Toquei no quadro e retirei imediatamente a minha mão. Tive a sensação de que aquela mulher não vivera muito alem do tempo que o quadro fora pintado.

Olhei a inscrição logo abaixo do quadro:

"Isabelle Potter- 1857-1886"

Olhei mais uma vez a foto me perguntando o que teria levado aquela mulher a viver menos de trinta anos.

-Aluado!-chamou Tiago.-Será que você pode parar de olhar esses quadros e vir aqui?

-Desculpe-falei me aproximando dele após passar por baús abertos e cheios de jóias e pedras preciosas. Agora eu entendia de onde vinha a enorme fortuna dos Potters, era tudo herança que deveria remotar a antes da idade media.-O que você quer?

-Da uma olhada nesse livro-disse ele e me passou um livro de capa vermelho sangue.

Dei uma rápida folheada no livro, parando em algumas páginas que mostravam pessoas se transformando em animais e vice-versa.

-Posso ficar com esse livro?-perguntei sorrindo

-Claro, mas o que está tramando, Aluado?

-Eu conheço esse sorriso dele-opinou Sirius- É raro mais inconfundível... Sinal de planos no ar...

-Depois eu conto-falei.

-Conta agora-pediu Pedro

-Não-falei fechando o livro

-Mas...-começou Tiago

-Não.-falei sorrindo e saindo da câmara acompanhado de três persistentes e curiosos marotos que tentavam em vão me fazer falar.

-Nunca!!!!-disseram as três juntas e caíram na gargalhada.

-Nunca mesmo eles vão tomar jeito-falou Sabrina animada e rindo.

-Nem você-falou Lily- Admita Sabrina Hosted você também não é a santinha que aparenta ser...

-Apoiado!-falou Pam- Eu andei sabendo de umas histórias a seu respeito...

-Que histórias???-perguntou Sabrina preocupada

-Que você andou azarando alguns primeiranistas....-falou Lily maldosa.

-É mentira...! Ok não é, mas eles estavam acabando com a minha paciência!

-Que por sinal é muita...-ironizou Pam. Ela e Lily caíram na gargalhada ao ver a expressão de "eu não gostei do comentário" de Sabrina

As três estavam na casa de Pam mais especificamente no quarto dela.

-Se continuar andando com Sirius vai ficar pior que eles-profetizou Lily.

-Pois você devia fazer o mesmo, Lily... Sabe descontrair um pouco... Você anda muito estressada...-opinou Sabrina

-O que você está insinuando? E eu nunca andaria com Potter-falou Lily

-Com o Potter não... Mas quem sabe com o Remo? E eu não estou insinuando nada-falou divertida.

-Acho bom.

-Estou afirmando-completou ela e caiu novamente na gargalhada ao ver a cara de descrente de Lily.

-Ora sua...-disse furiosa

-Ei! Não vamos baixar o nível!-disse Pam rindo.

-Então é assim?-perguntou Lily, um sorriso maroto brotando nos lábios e segurando perigosamente um travesseiro.

-Lily... O que você pretende fazer com esse travesseiro?-perguntou Pam subitamente preocupada

-Nada...-falou ela cínica

-Lily... Violência não leva a lugar nenhum!-falou Sabrina se postando ao lado de Pam

-Leva sim!-disse ela atirando o travesseiro nas duas.

Logo as três estavam envolvidas em uma furiosa guerra de travesseiros.

-Parem tudo!-anunciou Pam cheia de penas que voaram dos travesseiros.

-O que foi?-perguntou Sabrina

-Minha coruja-disse ela apontando para uma coruja parada no parapeito da janela que trazia uma carta amarrada a pata. Ela desceu da cama e foi em direção à coruja.

-Uma carta do Tiago... O que vocês duas estão cochichando?-perguntou desconfiada

-Nada...-falou Lily- Só que você está parecendo uma coruja com esse monte de penas te cobrindo.

Pam se olhou no espelho que havia trás da porta.

-Pode até ser... Mas olhe para vocês, se eu sou a coruja vocês são os filhotes!

As três se entreolharam e voltaram a cair na gargalhada.

-Escutem isso-interrompeu novamente Pam

"Pam,

Encontre conosco às onze horas para irmos ao Beco juntos.

Ass.:

Ti"

-Vamos?-perguntou Ela

-Claro!-falou Sabrina- Quem sabe assim a Lily fica mais calma...

-O que você disse Hosted?

-Nada!-disse inutilmente, pois acabou recebendo outra travesseiradas no rosto.