VII

A Perigosa Aula de Hagrid

Durante horas, não se falou noutra coisa. Quase todos os alunos de todos os anos, que tinham Defesa Contra as Artes das Trevas, diziam que o professor Varatojo era um bom professor.

Harry tinha-se separado dos outros, para ir aos treinos de Quidditch. Levava às costas, a sua vassoura, a melhor do mundo, a Flecha de Fogo, que Sirius lhe tinha oferecido após a sua antiga vassoura, uma Nimbos Dois Mil, ter sido desfeita pelo Salgueiro Zurzidor.

Já estavam todos no campo de Quidditch quando Harry chegou. Mais uma vez, a Flecha de Fogo foi o centro das atenções para a sua própria equipa. Até parecia que a estavam a ver pela primeira vez.

Harry sentia-se bem ali. Já conhecia bem o estádio, tinha passado ali bons momentos, como quando tinha ganho a Taça no ano passado... mas também tinha más recordações. Uma delas, era a dos Dementors, que o tinham afectado e feito cair da vassoura durante um jogo.

Apressou o passo e juntou-se à sua equipa: o Keeper e Capitão Oliver Wood, os dois Beaters Fred e George Weasley e as três Chasers Angelina Johnson, Alicia Spinnet e Katie Bell. Ele era o Seeker da equipa.

- Estamos a ver que não vinhas! – Wood resmungou, andando impacientemente para trás e para a frente no mesmo sítio. – Porque demoraste tanto?

- Wood, eu tinha aulas, lembras-te?

- Ah, sim... pois... er... claro.

Angelina fez-lhe sinal para não ligar muito, mas Wood parecia uma pilha de nervos com pernas. Não parava quieto. O resto da equipa já se estava a sentar no chão, acomodando-se, à espera do tradicional, longo e extremamente maçador discurso de Wood.

- Bem rapazes... – ele começou.

- E raparigas! – Alicia disse.

- ... e raparigas, espera-nos um ano difícil. No ano passado ganhamos a Taça, mas este ano vamos ter essa tarefa dificultada. Vamos ter mais uma equipa em competição, da qual não sabemos nada, nem a formação, nem as técnicas de jogo, nem...

- Calma Wood! Eles ainda nem tem uma equipa formada! Nem sequer começam a treinar! – interrompeu Fred.

- Aliás, nós somos os únicos que já começamos a treinar! – George reforçou. – Os jogos só começam daqui a três semanas!

- Mas todo o tempo é pouco para nos prepararmos! – Wood retorquiu. – Três semanas passam num instante! E depois, tenham cuidado quando estiverem com os de Castle College! Nunca se refiram aos nossos jogos de Quidditch! Eles não podem saber nada acerca do que nós fazemos e como o fazemos!

- Wood, não achas que já estás a exagerar? – Katie perguntou. – Tem calma! Vai tudo correr bem!

- Eu sei, eu sei! Mas nós temos que ganhar este ano! Para honrar os Gryffindor e Hogwarts! Não ficaria bem se Castle College ganhasse! – Wood disse desesperado.

- Wood, Hogwarts tem mais três hipóteses de vencer do que Castle College. Nós temos quatros equipas e eles só tem uma! Estás a perceber o que quero dizer? – Fred tentava fazer Wood entender a realidade.

- Não interessa! Eles podem ser mesmo bons e poderão arrumar com as nossas equipas num instante! Temos de nos esforçar ao máximo, não é Harry?

- Hã? O quê? – Harry parecia distraído. – Ah, sim. Temos de nos esforçar. Tens razão.

- Então vamos lá! Primeiro vamos fazer o voo de aquecimento. Ainda temos cerca de duas horas antes de escurecer. – disse Wood incitando-os. – Vamos lá gente! Peguem nas vassouras! Vamos lá Chasers e Beaters e Seeker...

- E Keeper... – disseram os outros em coro.

- Não penses que vais ficar em terra a ver-nos voar! – resmungou Alicia.

- Eu também vou, mas primeiro vou dar um voo de reconhecimento, para ver se não há espiões escondidos que...

- OLIVER WOOD!!! – gritaram as raparigas. – Isso já é paranóia!

- Deixa lá isso, Oliver, e junta-te a nós! – disse George lado a lado com Fred. – Nós somos os melhores! Ainda tens dúvidas? Temos dois Beaters espectaculares e fantásticos...

- Que somos nós, é claro. – Fred reforçou.

- Temos três talentosas Chasers e um Seeker ultra-rápido com a melhor vassoura do mundo! – George riu. – E também achamos que és um Keeper bombástico. Somos a equipa perfeita! Vamos lá treinar e deixa-te disso!

Wood pareceu animar-se um pouco e desistiu da sua busca aos espiões. Todos levantaram voo, voando à volta do estádio. Todos tentaram fazer uma corrida com Harry, mas nenhuma vassoura conseguia acompanhar a sua Flecha de Fogo. Harry deu algumas voltas sozinho, para apreciar a sensação de estar a voar novamente. Já não voava desde o ano passado e nas férias não o poderia fazer. Ele tentava imaginar a cara do tio Vernon se um dia o visse a flutuar por cima da sua cabeça, em cima de uma vassoura. Riu com a imagem e juntou-se aos outros novamente no chão.

Wood começou então a explicar-lhes as tácticas que tinha inventado durante as férias. Falou e falou e falou e continuou a falar durante longos minutos. O tempo passava o que lhes restava antes do sol se pôr diminuía rapidamente.

- Wood, já percebemos, o que nos quiseste mostrar. – Harry disse, quando a cara de George lhe pousou no ombro e começou a ressonar. – E se passássemos da teoria à prática?

Wood concordou e todos eles levantaram voo, praticando agora com as bolas: as duas perigosas e pesadas Bludgers, que os gémeos Weasley atiravam um para o outro com uns bastões, a Quaffle, que Angelina, Katie e Alicia passavam entre si e que tentavam marcar pontos nas balizas que Wood defendia e Harry apenas tinha de apanhar a Snitch, coisa que conseguiu várias vezes ao fim de poucos segundos. A presença da Flecha de Fogo era muito inspiradora e dava confiança aos outros.

Quando já estava demasiado escuro para poderem continuar a treinar, Wood guardou as bolas (embora tivesse de pedir ajuda quando se tratou de apanhar as Bludgers). Após guardarem todo o material e as suas vassouras (Harry guardava a sua no seu quarto), dirigiram-se para o castelo para jantarem, mas não se livraram de ouvir Wood todo o caminho a dizer que já se tinham esquecido de muito coisa e que ainda tinham muito que treinar na manhã seguinte. Os gémeos foram os resto do caminho a resmungar que aquilo era demais.

Quando chegaram à sala comum, esta estava relativamente cheia de alunos. Estava quase na hora de jantar. Após ter escapado à multidão que mais uma vez queria admirar a sua Flecha de Fogo, Harry guardou-a debaixo da cama e desceu novamente. Ron estava a jogar uma partida de Xadrez de Feiticeiro com Neville e Hermione estava num sofá ao lado, com o nariz mergulhado dentro de um livro chamado "Criaturas Mágicas de Portugal". Estava a fazer os trabalhos de casa.

- Como te correram os treinos? – Ron perguntou aos mesmo tempo que arrumava o Bispo branco de Neville.

- Foi bom. – Harry sentou-se num cadeirão junto a Neville. – O Wood explicou-nos as tácticas novas e estivemos a treinar. O pior é que vamos ter treino amanhã, logo de manhã. Já tinha saudades de pegar na minha vassoura. Não lhe toquei durante todas as férias.

- Nem sabes a inveja que me fazes por teres uma Flecha de fogo! – Ron resmungou e estava tão aborrecido que se distraiu do jogo e Neville tirou-lhe um Cavaleiro do jogo.

- Vá lá Ron! – Harry riu. – Não te esqueças se que o Si... – subitamente Harry engasgou-se. Por pouco que quase tinha falado de Sirius. Corrigiu-se quando Hermione lhe lançou um olhar de viés por cima do livro. – Se não me tivessem oferecido a Flecha de fogo, tu sabes que eu nunca a teria.

- Por falar nisso, – Neville começou, após Ron lhe ter feito um humilhante xeque-mate – tu nunca nos disseste quem te ofereceu vassoura. Essa pessoa deve ser mesmo podre de rica! Quem foi?

- Foi... f-foi... – Harry começou a gaguejar perante a cara bolachuda e curiosa de Neville. Tinha de se escapar daquela. – ... Foi... Foram os meus tios Muggles. – disse por fim.

- Os teus tios Muggles? Harry, então não tinhas dito que eles detestavam magia e que nunca te tinham dado nada? Então como é que...

- Sem saberem, eles participaram num concurso bruxo e ganharam a vassoura, sem saber o que ela era e deram-na ao Harry para ele varrer o chão. E depois mandaram-na cá para a escola porque ele se tinha esquecido dela para... varrer o chão. – Ron intrometeu-se para ajudar Harry. Hermione olhava para ele perplexa.

- Ganharam-na num concurso? Bolas! Isso só não me acontece a mim! – Neville lamentou-se levantando-se.

Harry esperou que Neville se afastasse antes de..

- Varrer o chão com uma Flecha de Fogo?! – Harry exclamou. – Estás maluco?!?

- Ei, foi a única coisa de que me lembrei para te safar, ou queria dizer ao Neville que foi o Sirius que ta deu?

- Mas mentiste, Ron. – Hermione disse fechando o livro e enrolando um pergaminho. – Não se deve mentir.

- Mas foi para ajudar o Harry. Esta mentira não vai magoar ninguém. – Ron retorquiu. – O que é que tu querias que eu dissesse? Algo do tipo: olha Neville, sabes aquele homem que foi acusado de matar doze Muggles? Aquele que fugiu de Azkaban? O Sirius Black? Pois olha, ele é o padrinho do Harry e foi ele que lhe deu a vassoura.

- Oh Ron! – ela exclamou. – As vezes és tão...

- Deixem lá isso! – Harry quase gritou para os separar. – Já não interessa. Vamos para o Salão que já é hora de jantar.

Virando costas um ao outro, Ron e Hermione seguiram Harry em direcção ao Salão para o jantar. Estavam a descer as escadas do segundo piso quando Harry se apercebeu de algo.

- Onde é que estão os alunos de Castle College?

- Enquanto... – Ron e Hermione falaram aos mesmo tempo e calaram-se ao mesmo tempo, olhando irritados um para o outro. Hermione retomou a palavra. – Enquanto estavas nos treinos, o professor Varatojo foi lá à sala e chamou todos os alunos de Castle College. Iam ter uma reunião, para tratar de assuntos importantes.

- Ah... – disse Harry.

Passaram pela grande porta de carvalho escuro e entraram, sentando-se na longa mesa, à espera da comida, conversando. Só quando as travessas cheias de comida com cheiros deliciosos surgiu, é que Harry se apercebeu da fome que tinha. Começou a servir-se. Só alguns minutos depois, é que os alunos de Castle College começaram a chegar. Gabriela sentou-se ao lado de Hermione.

- Já chegaste. – disse ela.

- Boa noite! – Gabriela respondeu. – Bolas, estou cheia de fome!

- Foi longa, a vossa reunião. – Ron comentou pondo mais uma coxa de frango no seu prato.

- Foi, mas não foi nada de especial. O professor Varatojo só queria saber como é que nos estávamos a dar nas aulas e como é que estamos de pontos. Os alunos de quinto e sexto anos têm ganho bastantes. E tu Harry? – ela perguntou pegando no arroz doce, que ele lhe passou. – Desapareceste durante toda a tarde.

- Estive a... – Harry olhou para o outro lado da mesa, para o ar carrancudo de Wood – ... também estive a tratar de uns assuntos.

Ela sorriu-lhe e não lhe fez mais perguntas. O tema de que falaram até irem de novo para a sala comum, foi dos trabalhos de casa de D.C.A.T., como Gabriela dizia. Ela sabia muitas coisas sobre os Fogos-Fátuos e ajudou Harry e Ron com os seus trabalhos, ao contrário de Hermione. Depois, foram para a cama.

- Ei Harry! Acorda!

Harry piscou os olhos na escuridão, mas só conseguiu ver uma mancha indistinta ao seu lado. Apalpou a cómoda à procura dos óculos e colocou-os nos olhos. Agora já conseguia ver... ou mais ou menos.

- Oliver? – exclamou num tom ensonado. – Que horas são?

- Seis da manhã! Vá, levanta-te! Temos treino!

- Às seis da manhã?! – Harry exclamou zangado. – Eu devia correr-te daqui pra' fora, por me estares a acordar a esta hora!

- Eu sei, os outros já me correram! – Wood disse bem disposto, com os olhos brilhantes de entusiasmo. – Vá lá. Temos de treinar antes das aulas começarem.

Estavam a falar tão alto que Ron ressonou alto e disse alguma coisa, virando-se para outro lado.

- Vamos, Harry! O sol está quase a nascer. Dou-te dez minutos para apareceres ao Salão para tomarmos o pequeno-almoço.

Wood saiu, deixando Harry sentado na cama, com cara de parvo. Bocejou e muito a contragosto, saiu da sua cama quentinha para se vestir. Andava às voltas com a camisola, quando Ron se sentou de um salto na cama.

- Isto não poder ser! Não se pode dormir em paz! Tinham de fazer tanto barulho?

- Desculpa Ron, mas eu estou tão chateado como tu! – disse Harry baixinho para não acordar os outros. – Mas tu vais ficar aí na cama mais um bocado e eu vou lá para fora!

- Se fosse assim... – Ron resmungou. – Depois de acordar, não consigo adormecer outra vez e tu acordas-me.

- Desculpa. – disse Harry com sinceridade.

Ron abanou a cabeça, com os cabelos ruivos espetados em todas as direcções, mostrando que aceitava as desculpas de Harry.

Harry estava a calçar os sapatos, quando viu Ron a vestir a camisola e umas calças. Ficou curioso.

- Onde vais?

- Vou contigo. – Ron respondeu como se fosse obvio. – Se já estou acordado, o que é que vou ficar a fazer na cama? Vou ver os vossos treinos.

Harry sorriu, esperando que o amigo se acabasse de vestir, tirando a sua Flecha de Fogo de debaixo da cama. Ambos desceram para o Salão.

Encontraram-se com Fred e George no segundo piso, que andavam a passo de caracol. Bocejavam longamente e começavam as cabeleiras ruivas ao mesmo tempo e com a mesma mão.

- Bom dia. – disseram em coro.

- Bom dia.

- Tu concordas com isto, Harry? São seis e pouco da manhã! O Wood deve estar doido! – George resmungou.

Harry encolheu os ombros e seguiram os quatro até ao Salão. Entraram. Só Wood parecia acordado. Angelina tinha a cabeça apoiada nos braço, por cima da mesa. Katie, mexia uma chávena de chá, com os olhos fechados e cara apoiada numa mão e Alicia, tinha a cabeça apoiada no ombro da amiga, com uma torrada meia comida na mão. Só Wood comia, parecendo energético.

- Oh, só agora? Sentem-se e comam! – disse entusiasmado.

- Bom dia. – disse Harry para as três raparigas adormecidas.

- 'Dia... – disseram elas em resmungos e murmúrios.

O Salão estava vazio. Apenas lá estavam os oito, pois por toda a escola, todos ainda dormiam. Comeram com fartura, em grande parte devido a Wood que não parava de lhes encher os pratos.

Quando saíram do castelo, o sol já tinha nascido. Estava fresco e Harry ficou aliviado ao aperceber-se que ainda estavam em fins de setembro e o sol ainda aquecia um bocadinho. Ele estava para ver se Wood os ia mandar levantar aquela hora quando fosse Inverno. Aí, George teria razão quando dissesse que Wood era doido.

Meios arrastados pelo sono, pegaram nas vassouras e começaram os treinos, enquanto Ron se instalava numa das bancadas, a observar tudo. O ar frio da manhã, que passava por eles enquanto voavam, parecia estar a acordá-los, pois os movimentos estavam cada vez mais energéticos.

Treinaram novas estratégias, tipos de passes e defesas até às oito menos um quarto da manhã, pois as aulas começavam às oito. Guardaram as vassouras de novo e foram para o castelo.

Quando voltaram ao Salão, Hermione e Gabriela já lá estavam e conversavam animadamente sobre algo. Eles sentaram-se ao lado delas.

- Harry, estás com uma cara miserável! – Gabriela gozou.

- Tive de me levantar cedo, muito cedo mesmo. – Harry pegou numa chávena de chá e em torradas.

- Eles são malucos, não ligues. – Hermione acrescentou.

- Achamos esquisito quando descemos e não vos vimos. Ron, passa-me a manteiga. – Gabriela comentou.

Ron passou-lhe a manteiga com gestos sonolentos e ela agradeceu, olhando para ele de forma curiosa. O sono que Ron não tivera, estava a atacá-lo agora, por causa do calor que estava no Salão. O calor e os sons estavam a embalá-lo e a fazê-lo quase dormir em pé.

- Tu também Ron? – ela exclamou. – Afinal, o que é que vocês andaram a fazer?

- Qualquer dia contamos-te. – disse Ron a meio de um bocejo.

Gabriela riu, abanando a cabeça negativamente e continuou a sua conversa com Hermione até os alunos começarem a abandonar o Salão, em direcção às aulas. Harry seguiu com os Gryffindor para fora dos Castelo. Iam ter Cuidados com Criaturas Mágicas, perto da cabana do Hagrid que ficava junto à entrada da Floresta proibida.

Hagrid já estava à espera deles, parecendo bastante entusiasmado.

- Vamos, vamos! Nã' s' atrasem! – dizia incitando-os a andar mais depressa.

- É ele! Foi contra ele que eu bati nas escadas! – Gabriela exclamou.

- Aquele é o Hagrid. – Hermione explicou. – Ele é o guarda dos campos e professor de Cuidados Com Criaturas Mágicas. Não tenhas medo do seu tamanho. O Hagrid é mesmo bonzinho, vais ver.

Gabriela não respondeu e aproximou-se com todos daquele homem tão grande. Ela viu que outra turma se juntava a eles e Ron fez uma expressão de profundo desgosto.

- Mais um ano de aulas de Cuidados com os Slytherin. – ele resmungou. – Vamos lá ver o que é que o Malfoy vai aprontar desta vez.

Gabriela observou a recém-chegada turma. Estava lá o rapaz loiro que ela tinha feito cair na aula de Poções. Ele olhou para ela com ar de superioridade e Gabriela ignorou-o, tomando atenção ao que Hagrid dizia.

- Hoj' vai ser aula teórica. Tragam só o livro, um pergaminho e uma pena. Vamos, sigam-me. Vamos pró' lago.

Todos respiraram de alívio e tiraram o material necessário, seguindo Hagrid pelos campos. Harry e os outros aproximaram-se dele.

- Bom dia Harry, Ron, Hermione! – disse Hagrid bem disposto.

- Bom dia. Hagrid, esta é a Gabriela Dinis de Castle College. – disse Hermione.

- Eu sei. – disse Hagrid apertando a mão de Gabriela. – Já nos conhecemos. És a única aluna do quarto ano de Castle College. Bem-vinda!

Gabriela sorriu e seguiu os outros, que já estavam na margem do lago. Pararam à espera. Hagrid aproximou-se da água e voltou-se para os seus alunos. Harry estava na fila da frente.

- Nã' se aproximem muito! – ele avisou. – Ela nã' está habituada a ver tanta gente, e quando ela aparecer, nã' gritem nem corram, está bem?

Todos olharam uns para os outros. Ela? Qual seria o monstro que Hagrid tinha arranjado daquela vez? Esperaram, enquanto Hagrid continuava a andar de um lado para o outro, na margem do lago. Parecia procurar algo.

- Esperem um minuto. – disse Hagrid nervoso. – Ela deve estar por aqui.

Ninguém disse nada, porque ninguém estava a perceber nada. Hagrid parecia cada vez mais nervoso e arregaçando uma manga da camisa, meteu o braço na água e começou a chapinhar. Ficou a fazer o mesmo durante uns cinco minutos, até se levantar, com uma expressão satisfeita.

- Ah! Aqui está ela! – disse para os alunos.

Ron esticou o pescoço e pôs-se em bicos de pés, para tentar ver, mas apenas viu uma sombra que se movia sob a superfície da água. Algo grande e que se aproximava rapidamente da margem.

- O que é? – Hermione perguntou.

- Não consigo ver. – disse Ron esticando-se o mais que podia.

Subitamente a água começou a esguichar para todos os lados e alguns alunos chegaram-se para trás assustados. Harry nem queria pensar no que estaria ali, até a água do lago formar um géiser altíssimo e algo surgiu no meio dele.

- Não é possível! – Hermione exclamou incrédula, de olhos muito abertos.

O que tinha acabado de sair da água, era uma serpente gigantesca vermelho-escuro, cheia de escamas e com nove cabeças, todas elas estavam direccionadas para os estudantes petrificados de medo. Hagrid era o único que sorria entusiasmado.

- Nã' tenham medo! – disse ele. – Nã' tenham medo, mas nã' falem alto nem se movam muito depressa. Ela pode zangar-se.

- Aquela coisa pode é comer-nos a todo como aperitivos! O resto da escola era a sobremesa! – Ron exclamou com a garganta seca.

- Hagrid, isto... isto...

- É isso mesmo Hermione, isto é uma Hidra!

- Ele trouxe uma Hidra para uma aula?! – Gabriela exclamou sem tirar os olhos do enorme monstro que se elevava vários metros acima das suas cabeças.

- Ele é capaz de trazer coisas bem piores durante o resto do ano. – disse Harry com dificuldade. – Isto não é nada! Ainda estamos a começar!

- Aaa, Harry? – chamou Ron com voz sumida.

- O que é? – perguntou Harry fitando o enorme monstro.

- Já que tu falas Serpentês, achas que também consegues falar com esta? Para dizer lhe dizeres, sei lá... que se vá embora?

- Eu... eu... – Harry engoliu em seco – ... eu acho que não. São demasiadas cabeças.

- Ah, que bom... É bom saber isso... – murmurou Ron chegando-se para junto de Hagrid.

- Nã' tenham medo! Ela nã' vos vai fazer nada. – disse Hagrid.

- Isso é fácil de dizer... – Harry pensou.

- Vamos lá começar co' aula. Isto é, como eu já disse, uma Hidra. É uma fêmea e chama-se Missy. – Hagrid olhou para todos. – Alguém sabe onde as pudemos encontrar?

O braço de Hermione subiu lentamente no ar, como se ela estivesse à espera que a Hidra lho arrancasse se o levantasse depressa.

- Hermione?

- As Hidras são geralmente encontradas nos lagos temperados da Grécia. – disse ela com voz sumida.

- Muito bem, Hermione. A Missy veio directamente do Lago de Lerna, na Grécia, com a autorização do professor Dumbledore. As características das Hidras são...

Enquanto Hagrid falava, os alunos tiravam apontamentos, mas mantinham o olhar fixo na enorme serpente que os observava a todos do alto das suas nove cabeças escamosas. Harry estremecia só de olhar para ela.

- E alguém sabe como s' mata uma Hidra? – Hagrid perguntou.

Dois braços elevaram-se lentamente no ar: o de Gabriela e o de Hermione.

- Como é que se mata uma Hidra, Gabriela

- Uma Hidra mata-se se lhe cortarem a cabeça do meio, porque se lhe cortarmos as outras, elas vão voltar a crescer. A cabeça principal é aquela que tem os olhos amarelos. – Gabriela apontou para a serpente.

- Muito bem! – exclamou Hagrid entusiasmado. – As Hidras medem geralmente trinta metros de cumprimento e o seu veneno...

Todos os alunos queriam desesperadamente que aquela aula acabasse, para que aquele monstro deixasse de olhar para eles, daquela maneira fria de quem está prestes a escolher o seu almoço. Muitos olhares nervosos e fugidios voltavam-se de vez em quando para se certificarem que a Hidra ainda estava dentro de água.

Os Slytherin estavam na retaguarda e quase ninguém estavam a tirar apontamentos sobre o que Hagrid estava a dizer. Malfoy estava rodeado pelos seus inseparáveis guarda-costas Crabbe e Goyle, que olhavam assustadíssimos para aquele bicho. Malfoy disse algo e eles baixaram a cabeça para ouvir e outros Slytherin aproximaram-se também. Ao fim de alguns segundos todos riam e Malfoy fez um sinal aos outros, furando a lentamente a multidão de alunos até estar perto de Harry. Piscou o olho maldosamente aos seus amigos.

Malfoy apontou a sua varinha às costas de Harry e murmurou algumas palavras.

Gabriela moveu-se para a sua esquerda, para junto de Harry, para poder ver para onde é que Hagrid estava a apontar, espreitando por cima do ombro dele e...

- Aaaiiii!!

Gabriela sentiu um forte impulso nas costas, como se a tivessem empurrado com força, e ela saiu disparada quase indo parar junto de Hagrid.

- O qu' 'tás a fazer?! – ele perguntou perplexo.

A Hidra tomou o movimento no manto roxo como uma ameaça e em cada uma das suas nove cabeças surgiu uma espécie de membrana, como umas asas de morcego, que as envolvia dos dois lados. Ela começou a silvar com as suas nove línguas e a agitar-se na água violentamente. Os alunos tinham começado a gritar.

- Nã' te mexas! – Hagrid gritou para Gabriela. – NÃ' TE MEXAS!!

Gabriela não se mexeu, mas a Hidra moveu-se, arrastando-se em direcção à margem. Largando penas e pergaminhos, os alunos começaram a correr e a gritar dali para fora, irritando ainda mais a gigantesca serpente.

- Ela meteu-se à frente do Potter! Ela meteu-se à frente do Potter! – dizia Malfoy cheio de medo enquanto corria, ultrapassando os outros. Ron, Harry e Hermione tinham ficado petrificados pelo medo e pelo terror. A Hidra arrastou-se para terra, largando um silvo que lhes arrepiava os cabelos.

Gabriela tentou correr, mas a cabeça do meio da Hidra agarrou-a pela ponta do manto roxo, elevando-a no ar, enquanto as outras oito cabeças a rodeavam. A única coisa que Gabriela fazia era...

AAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!

... gritar e bem alto.

- Nã' tenhas medo! – Hagrid gritava sem saber o que fazer. – Se nã' te mexeres ela nã' te vai fazer mal!

Não era isso o que Gabriela pensava quando viu uma boca aberta a aproximar-se dela.

Subitamente, uma luz azulada atingiu de lado a cabeça que ia engolir Gabriela e ela olhou para baixo. Era Harry que estava a disparar, usando a sua varinha.

- Tem cuidado Harry! – Gabriela gritou, ainda pendurada quase de cabeça para baixo pela ponta do manto, ao ver uma das cabeças a dirigir-se a Harry.

Ela meteu a mão ao bolso e tirando a sua varinha e gritou INCENDIO, lançando um jacto de fogo para os olhos da cabeça que a segurava. A serpente começou a silvar e a abaná-la. Foi aí que Gabriela despiu o manto, batendo no chão após ter caído cerca de três metros. Hagrid foi logo a correr, pegou nela ao colo, agarrou em Harry e meteu-o debaixo de um braço, e começou a correr gritando para Hermione e Ron.

- Corram! Saiam daqui! Vá!

Eles começaram a correr à frente de Hagrid, até estarem a uma distância segura. Ainda aterrorizados pelo choque, Ron e Hermione deixaram-se cair junto a uma árvore e Hagrid pousou Gabriela e Harry no chão. Todos eles puderam ver como ele estava pálido.

- Estã' todos bem? Harry? Gabriela?

- Eu estou bem Hagrid. – disse Harry que só estava atarantado pela maneira como Hagrid o tinha agarrado.

- Eu também estou Hagrid, não te preocupes. – ela estava lívida como uma folha de papel. – Foi só o susto.

- Tens a certeza? Nã' queres qu' te leve à ala hospitalar? – Hagrid insistia.

- Não, eu estou bem, obrigada.

- Hagrid, é... m-melhor ires... ires t-tratar daquele... monstro. – Hermione até gaguejava. – Ele... ele a-ainda pode ma-magoar alguém.

Hagrid acenou com a sua cabeça farfalhuda e correu de novo para o lago, deixando-os aos quatro sozinhos. Harry começou a abanar a mão à frente da cara, para ver se ganhava algum ar e alguma cor. Parecia um fantasma.

- O que é que se passou? – Ron perguntou para Gabriela parecendo assustado. – Por que é que tu correste para junto do Hagrid?

- Ron, eu não corri. Alguém me empurrou! Em senti alguma coisa nas costas e no momento seguinte, eu já estava a andar contra a minha vontade.

Ninguém falou e quando olharam para o lado, Dumbledore vinha a correr na direcção deles, sendo seguido pelo professor Varatojo e pela professora MacGonagall.

- Estão todos bem? – Dumbledore perguntou. Os seus olhos azuis mostravam a preocupação que sentia.

- Estamos todos bem. – disse Gabriela levantando-se, sacudindo a saia, como se nada se tivesse passado. Os outros levantaram-se também.

- Onde está o Hagrid? – perguntou a professora MacGonagall.

- Foi outra vez para o lago, para ver se controlava aquela coisa. – disse Hermione, já recomposta, mas as suas pernas ainda tremiam.

- Vão para o castelo. – disse Dumbledore. – Eu já vou falar com vocês.

Harry foi com os outros para o castelo.

Dumbledore e os outros professores voltaram pouco depois, com Hagrid, que trazia os olhos vermelhos como se já estivesse estado a chorar. Harry, Gabriela, Ron e Hermione estavam à espera deles no Hall de entrada, com todos os outros alunos a olhá-los. Já toda a escola devia saber do que se tinha passado.

- Vamos para o meu escritório Albus. – disse o professor Varatojo. – É o que fica mais perto.

- Venham. – disse a professor MacGonagall.

Os quatro seguiram os professores até chegarem a uma sala e entraram. Os professores espalharam-se pela sala e os quatro ficaram atrás de Hagrid que se tinha sentado numa cadeira, cobrindo a cara com as mãos.

Houveram alguns momentos de silêncio, até Dumbledore olhar para as quatro crianças, com os seus penetrantes olhos azuis.

- Afinal, o que se passou? – perguntou. – Os alunos entraram-me a correr e a gritar pelo castelo a dentro, a dizerem que uma cobra gigantesca estava prestes a comer uma aluna de Castle College.

- Era uma Hidra, professor. Nã' era uma cobra, era uma Hidra. – Hagrid murmurou, com a voz soluçante.

- A Missy, Rubeus? – Dumbledore perguntou, erguendo uma sobrancelha.

- Sim, professor.

- E o que ela fez?

- Eu estava a dizer o que fazia o veneno da Missy, quando a Gabriela saiu a correr do meio alunos. Eu tinha dito pra' eles nã' falarem alto nem para s' mexerem muito depressa. A Missy assustou-se e agarrou-a pelo manto. – Hagrid começou então a soluçar bem alto. Parecia um cão a uivar. – Eu pensei qu' a Missy a ia comer e ia ser culpa minha!!

- Oh, vá lá Rubeus. – disse Dumbledore com um sorriso. – Não é preciso ficares assim. Tem calma. As crianças estão todas bem.

- Não é bem assim, Albus. – a professora MacGonagall interveio. – Foi uma irresponsabilidade do Hagrid, de mostrar uma Hidra aos alunos do quarto ano, colocando-as tão perto da criatura. – a voz dela era ríspida. – Foi muito imprudente. Os alunos podiam ter-se magoado!

- Não era a minha intenção magoar alguém, professora! – Hagrid disse com gordas lagrimas a saírem-lhe dos olhos. – A professora sabe que eu JAMAIS seria capaz de pôr os alunos em perigo.

- Nós sabemos, Hagrid. – disse Dumbledore já mais sério. – Mas eles podiam ter-se magoado. Conta-me o que se passou a seguir.

- Uma... umas das cabeças da Missy estavam a segurar a Gabriela pelo manto – Hagrid contava – e depois o Harry, usou a sua varinha para distrair as outras cabeças da Missy e a Gabriela lançou um feitiço de fogo à cabeça que a estava a segurar e despiu o manto, caindo ao chão. Eu peguei nela e no Harry e tirei-os de lá. Depois voltei para junto do lago.

- Ah, então foi assim? – Dumbledore perguntou curioso, afagando a sua longa barba. No entanto, parecia estar a sorrir. – Bem, quando os alunos cá chegaram, diziam que uma aluna já tinha sido comida, outros diziam

que a cobra vinha para o castelo...

- Nã' foi nada disso, professor. – Hagrid murmurou de novo.

- Muito bem, parece que temos aqui um quarteto de heróis. – Dumbledore olhou para Gabriela, Harry, Ron e Hermione.

- Um momento. – interrompeu a professora MacGonagall olhando para Gabriela. – Por que é que correste, se sabias que poderias ficar em perigo?

- Eu não corri professora. – disse ela envergonhada. – Alguém me empurrou. Eu jamais correria, se tivesse uma Hidra de trinta metros à minha frente.

- Empurraram-te, foi? – a professora MacGonagall não parecia muito convencida.

- Sim.

Os três professores ficaram em silêncio, olhando uns para os outros. O professor Varatojo, até então silencioso, aproximou-se dela.

- Volta-te de costas. – disse ele.

Gabriela olhou para o professor assustada. Não sabia o que lhe iam fazer, mas voltou-se de costas para todos, engolindo em seco. Harry, Hermione e Ron observavam.

O professor Varatojo apontou a sua varinha para as costas de Gabriela e murmurou Prior Maldicium. A boca de Harry abriu-se ao ver faíscas prateadas a saírem da varinha do professor, em direcção a Gabriela, mas o olhar da professora MacGonagall calou-o.

As faíscas bateram contra as costas da rapariga, que soltou um pequeno gemido e se encolheu, mas não lhe aconteceu nada. Nas suas costas apenas apareceu uma mancha verde brilhante.

- Parece que se confirma. – disse o professor Varatojo e Gabriela olhou para ele, sem mover o corpo. – A minha aluna foi enfeitiçada. Alguém queria que ela se mexesse.

- E quem terá sido esse aluno? – perguntou a professora MacGonagall com a sua expressão séria.

- Possivelmente foi outro aluno, só para a assustar, mas a brincadeira ia saindo cara, se Harry não tivesse interferido... – Varatojo sorriu para Harry.

- Ah, o Harry Potter. Sim, acho que salvaste o dia. – disse Dumbledore, piscando o olho a Harry.

- Eu não fiz nada. – disse Harry envergonhado. – Eu só a distraí. A Gabriela é que queimou a cara à Hidra e se salvou sozinha.

- Um herói modesto. – disse Varatojo. – Que tal, vinte e cinco pontos para cada? Afinal, eles safaram-se sozinhos usando feitiços.

Dumbledore pareceu ficar pensativo e depois sorriu, concordando. Só a professora MacGonagall parecia discordar.

- Não lhes vamos dar pontos coisa nenhuma! – resmungou. – Não podemos encorajar coisas como estas atribuindo pontos. Podem acontecer acidentes graves.

- Não lhes estamos a dar pontos pelo que aconteceu, Minerva. – discordou o professor Varatojo. – Estamos a dar-lhes pontos pela capacidade de saírem de uma situação perigosa, sozinhos, usando o que lhes ensinamos nas aulas.

Ela não discordou e voltou-se para Harry e os outros.

- Desta vez escapam, porque não tiveram culpa. – disse ela. – Mas que coisas destas não voltem a acontecer, nem com os alunos de fora ou de Hogwarts. Agora vamos lá para fora.

Ela tentou empurrá-los para fora, mas Hermione escapou-lhe.

- E o Hagrid? – perguntou preocupada. – O que lhe vai acontecer?

- Nós vamos ficar a conversar durante um bocadinho, para tirar isto a limpo, mas o mais provável e que ele será des... – dizia o professor Dumbledore, mas não foi capaz de acabar o que estava a dizer. Gabriela aproximou-se dele com uma expressão suplicante.

- Não o despeça, professor! – Gabriela suplicou elevando o tom de voz. – Isto não foi culpa dele! Por favor! O que me aconteceu não foi culpa dele e afinal de contas ninguém se magoou! Não o despeça!! Eu não me sentiria bem se o professor Hagrid fosse despedido por minha causa! Por favor!

Hagrid olhou para Gabriela e voltou a levar as mãos gigantescas ao rosto, recomeçando a soluçar. Dumbledore olhou para ele e pôs-lhe a mão no ombro.

- Não se preocupem. – disse simplesmente. – Minerva, leva-os lá para fora.

A professora MacGonagall empurrou-os a todos e pô-los no corredor, fechando a porta.

- Será que o vão despedir? – Gabriela estava mesmo preocupada.

- Despedir não despedem, mas podem dispensá-lo como professor. – disse Hermione.

Todos estavam preocupados. Andavam de um lado para o outro no corredor vazio, e por vezes chegavam mesmo a bater uns contra os outros. A espera parecia ter demorado horas. Estavam muito impacientes. Hagrid nunca mais saía. Estaria tudo bem lá dentro?

- E se fossemos ouvir junto à porta? – Ron sugeriu.

- Oh, Ron! – Hermione retorquiu. – Isso era uma falta de educação.

- Eu estou disposta a isso. – disse Gabriela aproximando-se da porta, quando ela se abriu ela recuou.

Hagrid, o professor Varatojo e a professora MacGonagall saíram para fora.

- O que estão aqui a fazer?! – perguntou perplexa.

- Estávamos à espera do Hagrid. – disse Hermione.

- Já está tudo tratado, vão-se lá embora. – disse ela e depois voltou-se para Hagrid. – Estás avisado Rubeus.

- C-claro professora. – disse ele e Harry notou como ele tremia.

Os dois professores voltaram-lhes costas e afastaram-se. Eles esperaram que os professores se tivessem afastado o suficiente e quando se voltaram para Hagrid, nem tiveram tempo de falar. Hagrid agarrou-os a todos num abraço e apertando-os levantou-os no ar.

- Obrigado! Muito obrigado! – dizia.

- Ai.. Ha... Hagrid! Estás a...a... partir-nos... os oss... ossos!! – Harry gemeu ao sentir os seus ossos a estalar.

- Desculpem, mas a emoção foi tã' forte! – disse ele pousando-os no chão, limpando uma lágrima dos olhos.

- E então? – Ron perguntou após ter a certeza que tinha todos os ossos inteiros.

- 'Inda sou professor! – disse ele emocionado. – Eles deixavam-me ser professor, s'eu prometesse que nã' trazia mais animais perigosos pras aulas e eu prometi! Grande homem o Dumbledore! Grande homem!

- Que bom! – disseram Gabriela e Hermione em coro.

- Agora tenho d' ir! – disse ele. – Passem amanhã lá por casa, pra uma chávena de chá, está bem? Mandem-me uma coruja.

- Está bem.

Os quatros ficaram a ver Hagrid a afastar-se feliz, e isso fazia-os sentirem-se bem. Quando ele já tinha desaparecido, eles voltaram para a torre dos Gryffindor.

Tudo tinha acabado bem.