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A Abertura da Época de Quidditch
- Não vou!! Não vou conseguir!! Ainda vou fazer asneira e vou fazer com que a equipa perca!!! Eu não quero ir!!!
Gabriela estava mais branca do que uma folha de papel, batendo com os punhos na mesa. Era Domingo de manhã e pouco mais faltava do que duas horas para a abertura oficial da época de Quidditch, com o primeiro jogo Castle College contra Slytherin, e a Seeker de uma das equipas a ter uma crise nervosa. Toda aquela semana de treinos intensivos pareciam não estar a servir de nada.
- Vai tudo correr bem! – dizia Harry com um sorriso, chegando um copo de sumo de abóbora à rapariga. – Tu não vais fazer asneira, porque tu jogas bem! Nós vamos estar lá a torcer por ti!
- Não vai nada tudo correr bem, Harry! – Gabriela quase gritou em resposta. – Eu estou a tremer da cabeça aos pés! Nem me consigo por de pé, quanto mais pegar numa vassoura!
- Tu também não vais andar com a vassoura, Gabriela. – Ron gozou. – Tu vais voar nela, não precisas de usar os pés para nada.
- Vocês não entendem! Eu nunca joguei Quidditch à frente de ninguém! Sempre joguei escondida e sozinha e agora vou jogar à frente de um estádio inteiro, cheio de gente a olhar! – disse Gabriela quase entornando o copo de sumo com a mão. – Não consigo comer... Nem consegui dormir de noite, só de pensar nisto!
- Sim, eu sei. – disse Hermione bocejando, com um ar cansado. – E quando dormiste falaste de noite e dizias: "Eu não vou conseguir! Professora eu não vou conseguir!" Caramba, nunca mais te calavas!
- E eu não vou conseguir... – murmurou Gabriela por fim, baixinho sem olhar para eles.
- Mas vais ter de conseguir! – ela olhou para trás e viu Nuno, um dos Beaters da equipa. – Estamos todos a contar contigo e o Leon está muito entusiasmado com a tua técnica de jogo. O professor Varatojo também. Por isso, tens de comer – Nuno pôs-lhe um prato com Bacon, olhos mexidos e salsichas à frente – para teres força para agarrar aquela Snitch. Quando for hora de ir para o campo, temos de nos encontrar com o Leon no hall de entrada. Come bem e até já!
O rapaz corpulento e de cabelos castanhos sorriu-lhe e afastou-se, sentando-se no outro extremo da mesa, junto aos outros alunos do sexto ano.
- Ai meu Deus, isto é horrível! – Gabriela lamentou-se apertando com força por entre os dedos, a bainha da sua túnica roxa. – Eu vou desiludi-los a todos.
- Não vais nada! – Hermione tentou animá-la. – Tu vais para lá, na tua super-vassoura e vai dar cabo dos Slytherin e do Malfoy!
- Acham mesmo? – ela olhou para os três.
- Claro que sim! – disse Harry. – Já te disse que vamos estar lá para te apoiar!
- Mas vocês deviam estar a torcer por Hogwarts, não por Castle College. – Gabriela discordou, começando inconscientemente a comer.
- Vai por mim, se forem os Slytherin a jogar, nós preferimos apoiar a equipa adversária. – disse Ron com firmeza.
Hermione, Ron e Harry tentaram desviar a mente de Gabriela para outros assunto, para evitar que ela tivesse uma explosão nervosa e acabasse por não jogar.
O jogo seria às onze da manhã e por volta das dez e meia, os três acompanharam Gabriela e a equipa de Castle College até aos vestiários. Pararam à porta das raparigas.
- Tenho as pernas a tremer... – Gabriela queixou-se.
- Vai tudo correr bem! – disse Ron rindo e depois acrescentou baixinho pondo a mão ao lado da boca. – E já que vais estar lá em cima com o Malfoy, aproveita para o mandar abaixo da vassoura! Não se perdia nada de especial se ele se estatelasse no chão!
- Oh Ron! – resmungou Hermione incomodada, mas Gabriela e Harry riam.
- Está bem Ron! Eu vou tentar mandá-lo abaixo da vassoura, mas só porque tu pediste! – disse Gabriela rindo.
- Já te sentes melhor? – Harry perguntou.
- Sim. – Gabriela respirou fundo e fez um sorriso corajoso. – Aquilo foi só uma pequena crise nervosa, mas agora já estou bem. Vou pegar na minha vassoura e só vou parar quando tiver a Snitch na minha mão!
- É isso mesmo! – exclamou Hermione.
- Nós vamos estar na bancada central, ao pé dos alunos de Castle College, está bem? Boa sorte! – disse Ron.
- Obrigada!
Gabriela abriu a porta e entrou. Lá dentro já estavam as Chasers Claudia Freitas e a Isabel Castro à sua espera.
- Espero que ela se tenha acalmado... – Hermione parecia preocupada enquanto subiam para uma das altas bancadas.
- Ela vai jogar bem, tenho a certeza. – disse Harry.
- Harry, Ron!
Eles olharam para os lados quando ouviram alguém a chamá-los. Eram Dean Thomas, Seamus Finnigan e Neville, que lhes acenavam, junto à claque de Castle College. Muitos outros Gryffindor também lá estavam. Eles aproximaram-se.
- Guardamo-vos lugares. – disse Neville tirando o seu manto e alguns livros de cima de três bancos.
- Obrigada Neville. – disse Hermione sentando-se.
Alguns alunos de Castle College tinham feitos cartazes e bandeiras com mensagens como: "Força Castle College!", "A Taça para os Capas Roxas!", "Nós adoramos-te Leon!!!" Alguns desses cartazes brilhavam com cores como o dourado e o roxo, com estrelinhas e faíscas.
- Quem achas que vai ganhar, Harry? – perguntou Dean.
- Preferia que ganhasse Castle College. – disse ele, ao ver Hagrid a acenar-lhe na bancada dos professores, que estava logo ao lado. – Tudo menos os Slytherin.
Harry olhou para o relógio. O estádio estava praticamente cheio. O jogo estava quase a começar.
Nos vestiários, Leon tinha reunido toda a equipa para lhes dar as últimas dicas e indicações e, sobretudo, para mais algum apoio moral.
- Muito bem equipa, este é o momento! – dizia, segurando na mão a sua vassoura Nimbus Dois Mil e Um, afastando a capa violeta do seu uniforme para o lado num gesto entusiasmado. – Dentro de cinco minutos, vamos estar a jogar pelos Capas Roxas de Portugal. Nós somos uma boa equipa, com os melhores jogadores de cada uma das equipas de Castle College formando uma só. E ainda para mais, temos uma WindRider, uma vassoura exclusiva e uma das melhores do mundo! – Leon apontou para a vassoura que Gabriela segurava nas mãos. – Por isso, vamos mostrar que somos bons! Mesmo bons! Vamos ganhar!
Toda a equipa deu um viva com ele. Leon começou então a dirigir-se em particular aos jogadores.
- Claudia, Isabel, o melhor será passarmos a Quaffle entre nós e depressa, para ver se os confundimos. Se nos afastarmos sozinhos com ela, seremos alvos fáceis e poderemos perdê-la. Passes curtos e rápidos, entenderam Chasers?
- Sim! – responderam as duas raparigas.
- Nuno, André – agora dirigia-se ao Beaters – vocês sabem o que fazer. Afastem as Bludgers de nós e da Gabriela. Tentem enviá-las para os jogadores da equipa adversária. – os rapazes acenaram que tinham percebido erguendo os pesados bastões.
- Rui, tu és o nosso Keeper. Mantém os olhos na bola e não te distraías com as raparigas das claques.
- Não me dês conselhos Leonardo! Dá-os a ti próprio! – Rui Rocha, o Keeper musculoso e grande, com cara de cavalo e dentes a saírem-lhe pela boca fora, aproximou-se de forma ameaçadora de Leon. – Eu não te escolhi para capitão.
- Deixa-te de ameaças! – retorquiu Leon no mesmo tom, aproximando-se também. – Estás a jogar comigo, não contra mim. Estamos a jogar em nome da escola e este tipo de ameaças não se aplicam. Tratamos disso quando voltarmos para casa.
Os dois rapazes ficaram a olhar um para o outro com caras ferozes, mas não fizeram nada. Leon voltou-se então para Gabriela.
- Eu sei que estás nervosa e que este é o teu primeiro jogo, mas tenta concentrar-te na Snitch. – disse ele quase num murmúrio.
- Nervosa? Eu?! Eu não estou nervosa! – replicou Gabriela dando uma risada, mas o olhar profundo de Leon calou-a e fê-la murmurar. – É assim tão obvio que eu estou nervosa?
- Tens os joelhos a tremer! – ele gozou baixinho. – Olha, não vale a pena apanhares logo a Snitch. Deixa-nos fazer pelo menos vinte ou trinta pontos de avanço. Entretanto, não deixes que o outro Seeker a apanhe. Achas que consegues? Temos mesmo de ganhar!
- Sim consigo! – disse ela. Leon sorriu.
- Muito bem equipa! – disse. – Está na hora! Nós vamos ganhar! Montem nas vassouras.
Todos montaram as vassouras e esperaram que a porta se abrisse. Gabriela respirou fundo e fechou os olhos, agarrando bem a sua WindRider.
- Ai mãezinha!... – murmurou engolindo em seco, sentindo os seus dedos a tremerem em volta do cabo da vassoura.
No exterior, o estádio vibrava com as cores roxo e verde.
- Aqui estamos nós para a abertura de mais uma época de Quidditch! – Lee Jordan, o comentador desportivo, mal se conseguia manter sentado no seu lugar. A professora MacGonagall estava ao lado dele. – O jogo inaugural será disputado entre a equipa da casa, os Slytherin...
Ouviu-se uma vaia de Uuuuuus por parte dos alunos de Castle College, Gryffindor e alguns alunos dos Ravenclaw e dos Hufflepuff. Os restantes estavam juntos com os Slytherin.
- ... E a equipa estrangeira de Castle College! – disse Jordan e a claque de Castle College começou a bater palmas, embora o som fosse mais fraco que o som das vaias dos Slytherin. Castle College estava em menor número.
Harry olhou para a bancada dos professores e viu Dumbledore a bater palmas. Contudo, o professor Varatojo
levantou-se, erguendo a sua varinha.
- O que é que ele vai fazer? – Hermione perguntou curiosa.
O professor agitou a sua varinha e fez aparecer um ecrã gigante de cor dourada, a meio da bancada que estava virada de frente para a claque de Castle College. Todos estavam curiosos. Então, nesse ecrã, apareceu a imagem de um grande salão cinzento, cheio de cadeiras e com muitas pessoas vestidas de roxo lá sentadas. Muitos tinham bandeiras e cartazes.
- E parece que este jogo vai ser transmitido em directo para a Escola de Castle College! – disse Lee Jordan de
olhos muito abertos, agarrado ao microfone. – Uau! E eu vou ser o locutor! Faltam poucos minutos para o início. O tempo está morno e o sol brilha, um óptimo começo para esta época. Há rumores que a equipa de Castle College tem o protótipo de uma vassoura que poderá ser tão boa como a Flecha de Fogo. Já veremos se é verdade. A Madam Hooch entra em campo e as equipas também!
De uma porta saiu a equipa de Castle College, montada nas suas vassouras, com os mantos roxos e dourados a voar atrás deles. Da outra, saíram os Slytherin, com os seus mantos verdes. Deram uma volta ao estádio nas vassouras. O estádio vibrou com a entrada dos jogadores que davam voltas ao campo, passando por cima da relva verde bem aparada que mais parecia um tapete de veludo que brilhava ao sol.
- Os Slytherin com a seguinte equipa em jogo: Malfoy, Derrick, Squad, Bole, Flint, Warrington e Montague.
Ouviram-se vaias por parte dos alunos de Castle College e Gryffindor.
- E a equipa estrangeira com a seguinte formação: Dinis, Rocha, Martins, Ferreira, Castro, Freitas e Alves! Em breve veremos se eles constituem uma equipa perigosa para as equipas da casa, mas se derrotarem os Slytherin de forma humilhante, creio que ninguém se importará muito com isso...
- Jordan... – avisou a professor MacGonagall. – Nada de comentários parciais! O jogo ainda nem começou.
Ela avisou num tom autoritário, quando ouviu os Búúúúúússsss vindos da bancada verde. As duas equipas ainda faziam voos de aquecimento enquanto a Madam Hooch se certificava que estava tudo pronto para o jogo.
- Ambas as equipas estão a dar voltas de aquecimento ao estádio, sendo aplaudidas pelas suas claques. E de facto, parece que é verdade! A equipa de Castle College tem de facto uma vassoura WindRider! Parece que os Slytherin têm de ter cuidado com aquela Seeker, se a vassoura for tão boa como se diz! As equipas aterraram e estão agora frente a frente. O jogo está prestes a começar...
A Madam Hooch soltou as Bludgers e a Snitch. Depois pegou na Quaffle e juntou-se aos catorze jogadores que a esperavam no centro do campo.
- Capitães, apertem as mãos. – Leon e Marcus Flint avançaram em frente e apertaram as mãos. Flint fez uma expressão que não agradou aos jogadores de Castle College.
- Prepara-te para levares a derrota da rua vida! – ameaçou Malfoy com um olhar cínico, mas comia a vassoura de Gabriela com os olhos. Eles estavam frente a frente. – Nem essa vassoura te vai safar!
- Isso é o que vamos ver! – Gabriela respondeu também com um olhar ameaçador e sombrio.
- Atenção! Montem as vassouras... – a Madam Hooch olhou para eles com o seus olhos amarelos e perspicazes como os de um falcão. Pegou no seu apito de prata. – Três, dois, um... Pppppprrrrrrríííííííí!!!!
A Quaffle foi lançada ao ar. Os catorze jogadores elevaram-se no ar, dispersando-se.
- E o jogo começou! – gritou Lee Jordan. – Flint na posse da Quaffle, passa para Montague, Montague em frente, não, perde a Quaffle para o capitão de Castle College, que passa para Isabel, que é uma rapariga bem bonita, passa para Claudia, que passa de novo para o capitão. Leonardo sempre em frente com a Quaffle. Montague e Warrington estão atrás dele e... Ai! Aquilo deve ter doído! Warrington e Montague apertaram Leonardo entre eles e ele perdeu a Quaffle. Flint sai na posse da Quaffle, passa por todos os Chasers, uma Bludger mandada pelo Beater dos capas roxas passa-lhe mesmo ao lado e... Flint marca! Dez-zero, com os Slytherin à frente.
A bancada verde explodiu em aplausos enquanto Flint deu uma volta ao estádio agradecendo os aplausos.
- Foi um mau começo. – resmungou Ron entre dentes.
- Se foi, mas acho que isto não vai ficar assim. – respondeu Harry. – Isto é, se os Slytherin continuarem a usar truques sujos... já não tenho tanta certeza.
- A Quaffle está no campo dos capas roxas. Claudia parte com a Quaffle, que passa a Isabel, que escapa a pouco por uma Bludger mandada por Bole dos Slytherin. Montague e Flint na perseguição... – Jordan não conseguia tirar os olhos do jogo. – A Quaffle passa de novo para as mãos de Isabel e voa para junto de Leon que voa, rodopia, passa por Montague, passa por Flint, escapa a Warrington e... e... Marcou! Leonardo marcou dez pontos a favor dos capas roxas! Castle College dez - Slytherin dez!
Uma onda de vivas surgiu da claque de Castle College bem como das pessoas que se viam pelo ecrã gigante. Harry e Ron gritaram apoiando-os. Gabriela, alguns metros acima dos companheiros, fez um sinal a Leon quando ele passou pelas claques.
Alguns metros acima da confusão, Gabriela olhava para o jogo em busca da Snitch. Encontrá-la estava a ser difícil porque devido à confusão, ela distraía-se com bastante facilidade. Malfoy marcava-a de perto, perseguindo-a com piadas foleiras.
- Perdeste alguma coisa, Dinis? – Malfoy dizia sadicamente. – Eu posso ajudar-te a encontrar a tua lente de contacto!
- Malfoy, vai pentear macacos! – Gabriela retorquia irritada.
Ela sabia que não valia a pena ficar ali no ar, a tentar escapar à confusão. Tinha que se juntar aos seus
colegas e procurar a Snitch, aproveitando para se livrar de Malfoy. Só tinha de se lembrar do que lhe tinham ensinado. Ela sorriu, tinha tido uma ideia.
Malfoy ficou nervoso quando viu Gabriela a olhar fixamente para um ponto do campo e seguiu-a quando ela saiu disparada em direcção à confusão do jogo.
- Esperem! Algo está a pôr os dois Seekers a mexer! – dizia Lee Jordan agarrando o microfone. – Será a Snitch? Eu não vejo nada! Malfoy vai na perseguição de Dinis. Dinis fura por entre a formação dos Slytherin e entra por uma baliza adentro! Uau! – Jordan exclamou. – Mesmo com uma Nimbus 2001, Malfoy não é capaz de a acompanhar! A performance da WindRider é fantástica! Olhem só para aquilo! Vira com bastante facilidade e...
- Jordan! Se não deixares de comentar a vassoura e não passares a comentar o jogo, eu tiro-te daí num instante! – ameaçou a professora MacGonagall.
- Desculpe, professora. – Jordan sorriu nervosamente. – Entretanto, Castle College está na posse da Quaffle... Leonardo passa a Isabel... Isabel perseguida por Flint, Montague junta-se a ele, e Isabel faz uma travagem brusca e fica parada! Flint e Montague continuam sempre em frente! Trouxas! – a professora voltou a olhar de lado para ele. – Lee Jordan encolheu-se, mas continuou. – Isabel lança para Claudia, que voa, rodopia, escapa e... e... Marcou! Vinte-dez com Castle College à frente!
Mais uma vez as bandeiras de Castle College voltaram a elevar-se no ar, com um torrente de vozes a gritar vivas e palavras de apoio. Dos Slytherin apenas vinham as vaias.
Gabriela ficou feliz por a sua equipa estar a liderar, mas o seu olhar ficou preso em algo. Tinha visto um brilho. Um brilho dourado, perto da terceira baliza dos Slytherin. Antes que Malfoy a visse, ela saiu disparada em direcção às balizas adversárias, ajudando Isabel que estava a ser apertada por Montague e Warrington. Ela quase que batia contra eles e eles, com medo, afastaram-se, libertando o caminho para Isabel que seguiu lado a lado com Gabriela para as balizas. Gabriela só ouviu um obrigado sussurrado, antes de se desviar do caminha do Isabel.
- Isabel segue para a baliza de Squad, que não chega a tempo e marca! Trinta-dez! – exclamou Jordan entusiasmado. – E, os Seekers estão a mover-se de novo! A Snitch! A Snitch está mesmo por detrás das balizas dos Slytherin! Gabriela segue à frente de Malfoy... não o deixa ultrapassar... Malfoy tenta, mas não consegue. Que perseguição alucinante! Gabriela escapa a uma Bludger lançada por Bole, mas AI!!! Não escapa ao taco de Derrick! Atingiu-a em cheio no braço, junto à claque de Castle College! Isso é falta, seu idiota!!!
Gabriela, após ter levando com o taco de Derrik com toda a força no braço esquerdo, saiu descontrolada do jogo, batendo com toda a força contra uma bancada, agarrando o braço, por pouco não caindo da vassoura. Os alunos penduravam-se olhando para baixo.
Leonardo pediu logo tempo e toda a equipa de Castle College se juntou a Gabriela, com a preocupação estampada no rosto. Derrick, não parava de se desculpar dizendo "Ela é que se meteu à minha frente! Não tive culpa!" enquanto era vaiado pela claque de Castle College.
- Estás bem? Gabriela? – perguntavam ao aproximar-se.
Gabriela, com a voz sufocada pela dor, nem podia falar. A Madam Hooch também se juntou a eles, em cima da sua vassoura, enquanto os Slytherin observavam ao longe parecendo satisfeitos.
- Estás bem, filha? – perguntou pegando no braço de Gabriela, levantando-lhe a manga da camisola. Ela tinha uma mancha vermelha de mau aspecto no lugar onde lhe tinham batido.
- Eu vou ficar bem, assim que a dor passar! – disse Gabriela entre dentes.
- Tens a certeza que vais ficar bem? – Leonardo perguntou. – Se não puderes continuar, podemos arranjar um substituto...
- Não, vou jogar até ao fim! – ela exclamou de tal forma alto que Leonardo até se assustou. – Só preciso de que a dor passe.
Gabriela e a sua equipa subiram lentamente para cima, onde Harry e os outros os esperavam ansiosamente no topo da bancada contra a qual ela tinha batido.
- E a Madam Hooch assinala um penalty a favor de Castle College, por agressão ao Seeker! – Jordan anunciou. – É bem feita, seus palermas!
- Estás bem? – Harry perguntou preocupado quando ela ficou ao mesmo nível deles e a claque de Castle College se amontoava atrás dele. – Os Slytherin não sabem jogar limpo!
- Não há problema. É mais uma razão para os vencermos! – disse Gabriela, lívida com a dor.
- Dói-te muito? – Ron perguntou. Gabriela respondeu afirmativamente. Ele voltou-se para o lado. – Hermione, não podes fazer nada? Sabes tantos feitiços, não sabes um que lhe pare a dor?
- Não... – disse Hermione envergonhada para Gabriela – mas posso ligar-te o braço, se quiseres. Depois vais à ala hospitalar que a Madam Pomfrey trata de ti.
- Podes fazer isso, Hermione? – Leonardo pediu.
Envergonhada e com as faces rosadas, Hermione acenou que sim e pegou no braço de Gabriela e na sua varinha, dizendo Ferula. Ligas de gaze branca surgiram da varinha de Hermione e envolveram o braço de Gabriela desde o ombro até ao cotovelo.
- Então? – Hermione perguntou.
- Está óptimo. Obrigada, Hermione! – Gabriela exclamou. – Já dá para jogar.
- Tens a certeza? – perguntou o Beater, Nuno Martins.
- Absoluta! – ela abanou com a cabeça de forma convicta.
- Muito bem equipa, temos um jogo para ganhar! – Leon disse para os animar.
- Leonardo faz sinal a Madam Hooch que já estão prontos para jogar de novo! – Jordan anunciou. – Leonardo vai fazer a conversão do penalty. Pega na Quaffle... fita Squad e marca! Quarenta-dez!
Uma explosão de vivas roxos e vermelhos explodiu da bancada onde estavam os Gryffindor e os alunos de Castle College. Todos voltaram às suas posições e o jogo recomeçou.
- Queres que te leve à ala hospitalar, Dinis? – Malfoy voltou a gozar ao aproximar-se de Gabriela.
Antes que ela pudesse responder, Malfoy deixou-a para trás e seguiu em grande velocidade para a outra extremidade do campo. Gabriela seguiu-o, puxando o mais que podia pela sua WindRider.
O jogo continuava e desde puxões de cabelos e entre murros e estaladas, pontapés e encontrões, que viesse
o diabo e escolhesse. Os Slytherin estavam a abusar nas faltas, tanto que a Madam Hooch fartava-se de atribuir penalties. Aos poucos, e ao verem-se agredidos, os jogadores de Castle College começaram a vingar-se também.
Sofrendo, Harry, Hermione e Ron seguiam o jogo atentamente. Os Seekers não se tinham apercebido que os Slytherin já tinham marcado uma vez, ficando agora o marcador a quarenta-vinte. Segundos depois o jogo já estava a quarenta-trinta. Depois cinquenta-quarenta... Cinquenta-cinquenta... cinquenta-sessenta... Sessenta-sessenta... Lee Jordan quase que ficava sem voz ao anunciar tantos golos. Se Gabriela tinha de apanhar aquela Snitch, tinha de o fazer rapidamente.
Gabriela e Malfoy voavam lado a lado. Malfoy tentava empurrá-la, mas Gabriela esquivava-se. Certa vez, uma Bludger passou-lhe a rasar pela cara e ela teve de fazer a vassoura dar uma volta de 360º graus para lhe escapar.
Continuou a voar, mas Malfoy já não a seguia. Olhou para trás quando ouviu a sua claque a gritar-lhe. Quando ela olhou em frente, apenas viu um brilho amarelo a vir direito a ela e algo duro bateu contra o seu peito. Depois Malfoy surgiu à sua frente e desviou-se dela fazendo-lhe uma careta. Contudo, Gabriela não viu. Ela procurava freneticamente algo dentro do seu manto.
Malfoy, ao vê-la procurar algo, deu meia volta e escapando a uma Bludger mandada por Nuno Martins e André Ferreira, dirigiu-se a toda a velocidade contra Gabriela, mas não bateu contra ela. Agarrou-lhe o manto e puxou-a para trás.
Gabriela, ao ver-se puxada, largou a sua vassoura e desequilibrou-se, caindo da vassoura. Caiu desamparada cerca de quatorze metros. Nem teve tempo de gritar. Bateu no chão de areia, ficando imóvel.
Todo o estádio ficou em silêncio após largar um "Oooohh" de espanto. Os professores levantaram-se e a Madam Hooch mandou parar o jogo. As claques não se moveram.
- Ela morreu! Ela morreu!! – murmurava Neville.
Hermione olhava para o chão com um ar horrorizado. Harry estava branco como uma folha de papel e Ron não queria sequer olhar, tapando os olhos com os dedos, mas tendo-os ligeiramente afastados para ver o que se passava. Gabriela estava deitada no chão, com o manto roxo a cobrir-lhe a cabeça. Não se mexia. A Madam Hooch e a equipa de Castle College desceram de imediato.
Lentamente, Gabriela começou a mover as pernas. Depois, e antes que alguém entendesse o que se estaria a passar, ela começou a contorcer-se debaixo do manto, como se estivesse a lutar. Todos olhavam curiosos. A Madam Hooch e a equipa aterraram e largando as vassouras, correram para ela.
Estavam quase perto dela quando o corpo de Gabriela deu um salto e as mãos dela surgiram subitamente de debaixo do manto, parecendo querer agarrar algo no ar. Todos deram um passo atrás. O que se estaria a passar? Então, Gabriela retirou o manto roxo de cima da sua cabeça. Com o rosto afogueado, sujo pelo pó mas sorrindo, ela ergueu bem alto a mão fechada.
No meio dos seus dedos batiam as asas prateadas da pequenina Snitch.
- E a Seeker de Castle College apanha a Snitch! – Lee Jordan exclamou bem alto. – Castle College vence os Slytherin por duzentos e dez pontos contra sessenta!!!
A equipa de Castle College correu para Gabriela enquanto a Madam Hooch apitava, dando o jogo por terminado. Todos felicitavam Gabriela e a confusão ficou ainda maior quando as claques dos Gryffindor e de Castle College se juntaram a eles. Os Slytherin abandonaram rapidamente o estádio, silenciosos.
Após muitas felicitações, Gabriela foi levada à ala hospitalar, juntamente com Claudia que tinha um ferimento na testa e André Ferreira que tinha um lábio rebentado, com as claques a seguirem-nos.
Quando eles voltaram à sala comum dos Gryffindor, foram recebidos por uma salva de palmas e de gritos de apoio. Ninguém se calava com as jogadas da Equipa de Castle College, apesar de só haverem dez alunos capas roxas nos Gryffindor. Os próprios Gryffindor não se calavam e contavam vezes sem contas certas manobras. Umas das mais excitantes para ser discutida, tinha sido a de Gabriela quando apanhara a Snitch, que foi bastante felicitada pelos colegas da sua escola e pela sua equipa.
- E viste o voo que ela fez para despistar o Malfoy e entrou pela baliza a dentro? Vrrruuummmm!!! – dizia Ron, fazendo gestos no ar.
- Não foi nada de especial... – Gabriela murmurou baixinho, envergonhada. – Até tu conseguias fazer igual.
- Tu havias era de ter visto a cara do Malfoy! – disse Harry entusiasmado ao lado dela no sofá. Ron, que estava ao lado de Harry aproximou-se mais para ouvir. Hermione afagava Crookshanks que estava no colo de Gabriela. – Tu havias de ter visto! Estava enervadíssimo porque tu tinhas uma vassoura melhor do que a dele e porque, como sendo uma rapariga, o venceste!
- Azar o dele! Eu tinha dito que íamos ganhar... – desta vez Gabriela falava com orgulho. – E eu estou especialmente feliz por me ter saído tão bem na primeira vez que joguei em público. Estava com bastante medo de
falhar.
- Eu tinha-te dito que ia tudo correr bem. – Hermione disse com voz calma.
- Harry!
Os quatros olharam para trás e viram Fred e George a aproximarem-se deles.
- Olá Fred, olá George. – disse Harry.
- Cuidado com essa Seeker! – disse um dos rapazes ruivos. – Não lhe divulgues nenhuma das nossa tácticas!
- Não te preocupes com isso, Fred. – Gabriela olhou para o que estava atrás dela. – A equipa de Castle College não faz batota... ao contrários dos Slytherin. Quando jogarem connosco, podem ter a certeza que vamos jogar limpo.
- É bom saber isso, mas eu não sou o Fred. Sou o George! – disse rindo, dando uma cotovelada a Fred.
- Mas então?... – confusa, Gabriela apontou para a camisola de George que tinha um F e para a de Fred que tinha um G.
- Eles trocaram de camisolas. – Ron explicou. – Eles estão sempre a fazer isso, para ver se enganam alguém.
- Engraçadinhos, hã? – Gabriela riu. – Mas eu queria pedir-vos uma coisa.
- O quê? – Fred e George perguntaram ao mesmo tempo.
- Vocês são os Beaters dos Gryffindor, certo? – os dois rapazes acenaram que sim. – Então, por favor, mandem-me as Bludgers que quiserem, a sério não me importo, mas mantenham os tacos longe de mim, está bem? É que dói bastante levar com um... – Gabriela passou a mão pelo seu braço enfaixado e preso ao peito.
Todos riram com vontade e voltaram a discutir o jogo, até Percy lhes dizer que era hora de descerem até ao salão para almoçarem.
