Como que num piscar de olhos, já era domingo à noite. Harry e Rony não abandonaram o antigo hábito, estavam sentados, cercados de pergaminhos, pondo os deveres de casa em dia. Hermione e Lane estavam jogando uma partida acirrada de xadrez bruxo perto da lareira. Depois do treino da sexta-feira, Lane havia se mostrado extremamente simpática, embora ainda estivesse um pouco tímida. Gina estava em um canto tendo uma discussão com Dino Thomas, e Rony não parava de lançar olhares pelo canto do olho em direção a eles. Harry também não conseguia se concentrar, os estranhos sonhos haviam parado, mas uma sensação de perigo iminente não o abandonava.

O relógio na sala comunal mostrou onze e meia. Gina e Dino já haviam parado de discutir e ambos já tinham subido emburrados para os dormitórios. Harry e Rony haviam desistido de fingir que estavam fazendo os deveres e observavam uma discussão que Lane e Hermione estavam tendo sobre filmes trouxas.

- De jeito nenhum! Piratas do Caribe é muito melhor do que Como se Fosse a Primeira Vez! – repetia Lane. – Tá certo que o filme é muito fofo, mas não é melhor!

- Claro que é! – contradizia Mione – Existe história mais linda de amor do que essa?

Harry estava completamente perdido no assunto, já que o número de filmes trouxas que havia assistido era quase inexistente. Rony, no entanto, animadamente entrou na discussão.

- Eu nunca vi esse filme... Em poucas palavras, Hermione resumiu a história do filme (N/A: eu sei q tem gente q não viu esse filme, mas eu fosse resumir a história ia levar um bom tempo).

- Ah, é meio babaquinha... – Rony disse enquanto Harry e Lane começavam a rir e Mione olhava furiosa para ele. – Quando que alguém teria paciência de reconquistar uma pessoa todo santo dia? E ainda essa pessoa não se lembra dele!

- Mas é lindo tudo o que ele faz para reconquista-la todos os dias! Você não faria o mesmo pela pessoa que amasse? Eu faria! – Hermione estava ficando nitidamente irritada.

- Não se preocupe, o Vitinho não vai te esquecer.

''Pronto'', pensou Harry ''agora eles vão discutir até amanhã''. Hermione estava branca de ódio, Rony a olhava com um olhar provocador, Lane parecia preocupada.

- Agora eu tenho certeza de que não tem ninguém nesse mundo mais insensível que você Rony Wesley! – Hermione aumentava o tom de voz cada vez mais. – Primeiro que você não sabe nada sobre eu e o Vítor ou sobre os meus sentimentos! Só porque você é uma ameba que não é capaz de sentir nada não quer dizer que as outras pessoas sejam assim! Você nunca seria capaz de amar alguém como no filme, por isso vai ter uma vida vazia!

- Você fala como se soubesse alguma coisa sobre mim! – retrucou Rony. Harry já desconfiava que o amigo sentia algo mais do que apenas amizade por Mione, mas sempre as conversas deles acabavam em brigas. Lane afastou-se um pouco e ela e Harry entreolharam-se preocupados. – Voc se sente como se fosse a maior especialista no assunto, mas você não é Mione! Você não pode tentar entender os sentimentos das pessoas!

Harry assustou-se quando uma mão tocou no seu ombro. Lane fazia sinal para eles saírem dali e deixarem os dois se entenderem. Foram até as escadas dos dormitórios onde o resto dos alunos estavam subindo.

- O que tem de errado com eles? – Lane perguntou assim que pararam. – É óbvio que estão apaixonados, por que brigam tanto?

- Acho que nenhum dos dois quer admitir o que sente. – Harry começou devagar. – E encontram refúgio discutindo. Só podemos esperam que eles decidam arriscar-se.

- Eu chamaria isso de estupidez, mas em todo o caso... Bem, boa noite.

- Lane – chamou Harry quando a garota já ia subindo as escadas. – Eu queria te perguntar uma coisa sobre os treinos.

- Ah, claro – disse ela sentando-se em uma cadeira de madeira ali perto. – Diga.

- Bem, - falou Harry, sem saber ao certo por onde começar, enquanto se sentava também. – como você sabe tanto sobre isso? Espero que não se importe por eu perguntar isso.

- Não, tudo bem. – Ela disse, no entanto estava incrivelmente pálida e voz saía-lhe com dificuldade. – Eu fui treinada, desde pequena, na arte do duelo. Meus pais faziam parte da primeira Ordem da Fênix, e quando morreram meu tio passou a ensinar-me.

- Eu... Sinto muito – disse Harry enquanto Lane dava um sorriso triste. – Eu não sabia.

- Você não tinha como saber. – Ela arrepiou-se quando lembranças nem um pouco agradáveis voltaram-lhe à memória.

- Está tudo bem? – perguntou Harry incerto, ao ver que a garota parecia prestes a desmaiar.

- Claro, - ela disse como que saindo de um transe com os olhos cheios de lágrimas. – é só que... bem, não importa, é uma longa história.

Hermione passou correndo pelos dois, chorando, em direção ao dormitório feminino, e Rony subiu em direção ao seu visivelmente irritado. Harry suspirou.

- De nada adiantaria eu ir falar com ele agora. – disse quase que para si mesmo.

Depois, voltando-se para Lane, que discretamente secava os olhos, tentou retomar a estranha conversa.

– Pode falar, acredite, nenhuma história pode ser tão terrível assim.

Lane sorriu como quem não acredita e suspirou. Harry pensou ter escutado ela murmurar ''não agüento mais esconder'', e já estava nervoso para saber qual história estava envolvida no passado da garota. Lane olhou para ele, novamente com os olhos cheios de lágrimas, decidida.

- Bem, por onde eu começo? Meus pais eram um casal incomum. Meu pai, Kevin Cliverland era um dos aurores mais incríveis que existiam, e trabalhava, principalmente, como espião no meio dos Comensais da Morte. Foi assim que conheceu a minha mãe, uma bruxa excepcional, que estava sendo mantida como prisioneira de máxima segurança na fortaleza que Voldemort possuía. Desde muito pequena, meu pai começou a ensinar-me as artes de duelo e defesa pessoal, pois sabia que Voldemort faria de tudo para por as mãos na herdeira do sangue de minha mãe.

Harry ficou surpreso ao ver Lane falando o nome de Voldemort tão naturalmente, mas resolveu primeiro perguntar porque a mãe dela estivera presa.

- Minha mãe, Niniane Avalon, fora assim nomeada em homenagem à minha avó, era o que os antigos chamavam de Magnificat Domine, algo como Divindade Magnífica, pois possuía a habilidade de realizar feitiços sema necessidade de varinha. Esse era o motivo pelo o qual Voldemort estava interessado nela. Certamente você já ouviu falar de um bruxo magnífico que também possuía os mesmos dons, não?

Harry ficou pensando um momento. Sim, lembrava-se de já ter lido algo, há muito tempo atrás, sobre um bruxo famoso que vivera muitos anos antes. De repente a lembrança veio como um raio e ele arregalou os olhos de espanto. Não podia ser, o bruxo era velho demais, não tinha como haver uma ligação entre ele e Lane!

- Sim, ele mesmo. – Lane levantou os olhos, que até então tinham estado em qualquer lugar menos no rosto de Harry, e disse com a voz triste. – Merlin foi meu bisavô.

N/A: Socorro! Eu tava até com vergonha de postar outro capítulo depois de tanto tempo! Não me matem! Estou super-mega-extra atarefada e não tive mais tempo de escrever! Muito obrigada pelos e-mails, pelas críticas e pelas sugestões! Saibam q sempre podem dar novas idéias! bjus, Torfithiel