Capítulo Dois - "O Que Está Acontecendo?"

Tia Petúnia caiu da cadeira e parecia ter batido a cabeça no chão. Tio Válter gritava, e Duda mais ainda.

- Petúnia, Petúnia, acorda, acorda! - e dava leve batidinhas em seu rosto.

- Mamãe, fala comigo, fala! É seu Dudinha, seu filho preferido!

Harry achou engraçado "seu filho preferido"!

- Olha o que você fez... seu... seu anormal! - disse seu tio.

- Matou minha mãe!! Matou ela! Só por que NÂO tem UMA não dá o direito de VOCÊ MATAR a MINHA!

- Não vou sair daqui até que eu termine, quer vocês queiram ou não!! Temos que tomar cuidado! Não quero que VOCÊS MORRAM! Apesar de tudo... vocês... vocês são a minha família!!

- Se não quer que sua tia morra do coração ou eu, suma! Desapareça da minha frente!

Enquanto isso, Duda tentava reanimar sua mãe, mas não obtinha nenhum sucesso.

- Harry, saia daqui! Não escutou meu pai?!! Minha mãe está morrendo por sua causa!

Harry se preocupou com Petúnia. Será que havia morrido mesmo?

- Ela só desmaiou!!! - disse Harry para acalmar a si e a eles também.

- SÓ DESMAIOU! - gritou seu tio.

De repente, sua tia se levanta, arruma seu vestido todo amarrotado, ajeita seu cabelo e diz com a maior naturalidade, como se nada tivesse acontecido:

- A sopa vai esfriar, meninos. Vou subir, estou com dor de cabeça. Não quero barulho e nem louça na pia! Harry lava, Duda seca e você - apontava o dedo para seu marido - guarde a louça e verifique... verifique se Harry e Duda usaram o fio dental.

O que era aquilo? Desde quando sua tia se preocupava com sua higiene bucal e com a divisão dos serviços? Desde que Harry se entendia por gente, era ele que fazia tudo sozinho! Esperaram que ela subisse as escadas e tio Válter fechou a porta da cozinha para que sua mulher não acordasse.

- O que você fez com minha mãe? - indagou Duda.

Harry não deu ouvidos ao seu primo e retomou o assunto.

- Escuta!! Voldemort está atrás de mim! Quer eliminar os Potter. Já matou meus pais e quer terminar o serviço, quer que eu morra. Acho que vocês precisam saber disso e, de uma certa forma, todos que tem uma certa ligação comigo podem morrer também!!

- Não quero saber desta conversa fiada! Olha o que você fez com Petúnia! - e saiu da cozinha batendo a porta violentamente. Parecia um tomate ambulante.

Harry olhou para Duda, que o encarava.

- Você se mete em confusões e nós temos que pagar o pato? Vou morrer por causa de você? HARRY, O QUE VOCÊ FEZ?!

Duda ficou igual ao pai, vermelho.

- Não fiz nada, não sei o que ele quer comigo. Voldemort é ruim. Maléfico, está reunindo seu exército, os Comensais da Morte. Eu vi! Ele recuperou seu corpo através de meu sangue, está mais forte, escapei por pouco, ele tem muitos aliados!!! Ele já reinou faz muito tempo, matava todos que não queriam ficar ao seu lado. Inclusive meus pais! Mas perdeu seus poderes quando eu ganhei está cicatriz.

Harry mostrava sua cicatriz a Duda, que estava muito assustado com o que ouvia.

- E você quer que eu faça o quê? Vá para sua escola estanha com um monte de gente esquisita? Que eu aprenda estas coisas inúteis que você aprende?!!!

- Só quero que observe as coisas que acontecem ao seu redor, se preserve. Qualquer coisa estranha, que quebre a rotina, como movimento estranho de corujas, gente vestida de forma diferente...

- Já escutei demais por hoje. - e saiu pisando duro.

Harry sentou na cadeira pensando que até que a conversa havia superado suas expectativas. E foi arrumar a cozinha, conforme sua tia havia pedido.

Terminado o serviço, já na sua cama, Harry não conseguia dormir. Estava preocupado com a pancada que sua tia havia levado. Se não tinha batido a cabeça, estava em estado de choque por que, como poderia explicar o que sua tia tinha falado àquela noite?

Na manhã seguinte, Harry acordou com um cheiro gostoso de café e bacon no ar. Ele estranhou, pois quem geralmente fazia isto era ele! Arrumou-se e desceu com medo do que iria encontrar. A mesa já estava posta, estava bonita. Percebeu que sua tia estava olhando para ele. Harry retribuiu o olhar e Petúnia sorria para ele.

- Bom dia, Harry! Senta. As panquecas já estão quase prontas.

Harry não ousou a falar nada e nem olhar para Duda e Válter, que já estavam sentados à mesa. Agora, Petúnia servia a todos em grandes quantidades, inclusive a Harry.

- Mamãe, você está bem? Ontem você... - Duda foi interrompido por sua mãe.

- Duda, meu filho, sua mãe está ótima! Só um pouco de dor de cabeça mais já tratei de tomar um remedinho. Já vai passar.

Duda, Válter e Harry se entreolharam. Era mais grave do que parecia.

- Como é? Vocês não vão comer? Anda, Válter! Se não comer logo, vai se atrasar. Não quero que meu marido chegue atrasado ao trabalho. Coma, Harry, você sempre comeu pouco, por isso que é magrinho deste jeito. Não quero sobrinho meu com anemia!!!

Harry sempre ficava com as sobras. Antes, quando gordo, Duda comia tudo o que via pela frente.

Depois do café, Harry se lembrou das lições. Tinha esquecido totalmente. Estava cansado de fazer os deveres no escuro. Aquela prática acabava com seu olhos e lhe dava uma dor de cabeça. Estava cansado de ter que esconder suas coisas debaixo do assoalho, queria tentar ser um menino normal! Resolveu fechar a porta de seu quarto para evitar chateações. Levantou-se e foi fechar a porta, quando viu sua tia Petúnia com um sorriso. Já Válter e Duda, com as caras amarradas.

- Estamos atrapalhando? - perguntou Petúnia.

- Não, não, pode entrar.

Harry se levantou. Estava um pouco assustado com aquilo tudo.

- Fiquei envergonhada de não ter te cumprimentado. Feliz aniversário, Harry! Não é todo dia que se faz quinze anos! Como o tempo passa rápido!

Harry sentiu suas bochechas queimarem. Eles nunca tinham se importado com o seu aniversário. E ele mesmo tinha esquecido. Estava com outras preocupações em sua cabeça, seu aniversário era de menos. Completara quinze anos e não havia notado!

- Obrigado.

- Parece que foi ontem, quando Válter te encontrou na porta. Duda, dê para ele a carta.

- Feliz aniversário, Harry. - disse Duda, oferecendo a carta a sue primo. Virou para sua mãe e se retirou do quarto.

Harry viu a carta toda amarelada. Alguém a escrevera há muito tempo.

- Obrigado.

Aquela situação era um tanto constrangedora. Ele estava super sem graça. Tia Petúnia dera um cutucão em seu marido, e este fez uma cara feia.

- Harry, feliz aniversário, muitas felicidades e muitos anos de vida.

Harry nem pode ouvir muito bem. Aquele "parabéns" foi quase impossível de se ouvir.

- Querido, quero falar com Harry agora, pode me dar licença?

Tio Válter olhou estranho para sua mulher e saiu do quarto. Sua tia fechou a porta e se sentou na cama. O que será que ela queria falar com ele e, ainda por cima, a sós?

- Harry, não precisa ter medo de mim. Temos uma longa conversa.