Capítulo Seis "A Visita"

No dia seguinte, Harry estava elétrico, até parecia que era a primeira vez que ia pr'A Toca. Estava ansioso, não via a hora de ver os amigos, a escola, o quadribol. Nossa, o quadribol... Como estava com saudades de montar em sua Firebolt e sentir o vento batendo no rosto, o pomo de ouro entre seus dedos. Ouvir o barulho na arquibancada e se sentir extremamente feliz, como já não se sentia há algum tempo.

Desde que a professora McGonagall tirara um papel do Cálice da Fogo com seu nome, Harry não teve mais sossego. Aconteceram tantas coisas ruins que nem era bom lembrar. Mas Harry estava preocupado naquele instante, olhando de sua janela, era com seu padrinho, Sirius Black. Ele não mandara nenhuma coruja, nenhuma notícia, nada. Estava sumido, assim como Voldemort, com certeza seu padrinho estava muito ocupado para não mandar uma coruja contando o que estava acontecendo. Será que estaria bem? O que será que estaria fazendo naquele momento? Harry olhava a janela com os pensamentos longe do mundo dos trouxas, mas, e Sirius, estaria correndo perigo?

Sentou em sua cama, estava totalmente ansioso, não via a hora da campainha tocar, andava de um lado para outro. Já tinha verificado cinco vezes sua mala, não queria esquecer nada.

Faltava cinco para as três e nada, nadinha, nem sinal da família Weasley. Cansado de ficar no seu quarto, Harry sentou na escada e ficou alí, sentado, esperando alguém tocar a campainha.

Quando finalmente tocou, Harry estava se levantando quando sua tia abriu a porta. Que decepção, não era Rony. Era um homem que veio instalar uma câmera, para filmar quem estivesse na porta e também veria se estava tudo "O.K." com os alarmes da casa.

Desde que Harry mencionara Voldemort para seu tio ele comprara um monte de alarmes. E, para o aborrecimento de todos, estes alarmes disparavam sempre, deixando a vizinhança irritada.

Aquela defesa de seu tio era engraçada, o máximo que aqueles alarmes fariam a Voldemort seria um susto, só isso. Nem ele sabia o que era capaz de matar Voldemort, ninguém sabia.

Harry estava olhando desapontado para a porta e verificou as horas no relógio que fora de seu avô, três e dez e nada de Rony aparecer. Petúnia percebeu que Harry estava ansioso e sentou-se ao lado de Harry, este que olhou para a tia com um sorriso chocho no rosto.

- Ih, eles devem estar a caminho, não se preocupe.

- Eu sei...

E tornou a ver o trabalho do eletricista, que agora estava acompanhado de mais dois homens. Petúnia insistiu na conversa.

- Eles devem realmente significar muito para você, Harry.

Harry procurava não olhar para a sua tia, ele não se sentia muito bem falando com ela. Sempre foi maltratado, ele ficava corado toda vez que ela dirigia a palavra. Ainda não aceitava muito bem a idéia de conversar com ela. Era estranho.

- Eles são adoráveis, não há como não gostar dos Weasley. Toda vez que eu vou para lá, me sinto bem, é como se fosse minha famí...

Harry parou subitamente e olhou para a cara de sua tia, ele não precisava ter fala do aquilo. Carinhosamente, passou a mão nos cabelos de Harry desalinhados e disse, com um sorriso.

- Querido, não precisa se envergonhar, nós nunca fomos uma família para você. Você está falando a mais pura verdade. Fico feliz por ser querido em outros lugares. Eles devem ser realmente legais, isso quer dizer que está em boas mãos.

Harry sentiu suas bochechas corarem, como de costume. E sorriu para sua tia.

- A casa deles é uma confusão adorável. Tem um monte de gente, depois do Rony tem a Gina, e esta é a caçula. Os Weasley são em nove, comigo lá são dez pessoas, imagine a confusão!

Ambos deram risada.

- Rony tem quantas irmãs além de Gina?

- Só tem a Gina. O resto é tudo homem. Só a Gina e a Sra. Weasley de mulheres.

- Então é uma confusão tremenda, já imaginou tanto homem junto!

- É, de vez em quando a Hermione fica lá com a gente, daí são onze pessoas. Mas o Gui e o Carlinhos não ficam muito lá na Toca - neste momento Petúnia faz uma cara de espanto, "toca"? - eles trabalham em outros lugares. São os mais velhos...

- Quem é Hermione? Sua namorada?

Harry, que já estava mais descontraído com a conversa, tornara a ficar vermelho. Hermione sua namorada? Não, não.

- NÃO! Hermione não é minha namorada. Imagina.

Era visível que sua tia estava segurando o riso, Harry ficou mais vermelho ainda.

- Hermione é só a minha amiga, nada a mais. Eu e ela... Não, não, não, somos apenas amigos.

- Tá bom, mas você não tem nenhuma namorada em Hogwarts?

- Não.

Naquele momento Harry pensou em Cho e instantaneamente pensou em Cedrico.

- Não tenho nenhuma namorada – confirmou Harry

- Logo, logo você arranja uma, Harry. Você é bonito.

Aquela conversa estava ficando constrangedora demais, Harry estava púrpura.

De repente viu quem estava caminhando em direção da porta. Eram o Sr., a Sra. Weasley e Rony. Deu um salto e Petúnia se levantou, arrumando o vestido. Dirigiu-se à porta dizendo aos eletricistas para retirarem suas ferramentas do chão. O Sr. Weasley parecia animado com aquela visita.

- Por favor entrem, entrem. Não reparem na bagunça, Válter insiste em colocar esta camêra na porta, modo de segurança.

O Sr. Weasley observava tudo com milhares de perguntas em sua cabeça.

- Não, não iremos nos demorar só viemos pegar o Harry - disse a senhora Weasley. Rony já tinha olhado para Harry dando um sorriso. Ele parecia estar maior do que na foto.

- Por favor, entrem, preparei um bolo de frutas, entrem, entrem.

O Sr. e a Sra. Weasley se entreolharam e olharam para Rony, que já estava falando com Harry.

- Tá bom, não iremos nos demorar. Deixamos as crianças em casa, não podemos nos demorar - contou a Sra. Weasley, sorrindo alegremente para Petúnia.

Enquanto isso, o Sr. Weasley observava o trabalho dos eletricistas, parecia realmente interessado.

Surgiu na sala tio Válter, e se viu obrigado a cumprimentar os Weasley. Tia Petúnia chamou o Sr. Weasley para a sala, mas este preferiu olhar o trabalho dos eletricistas. Tio Válter pediu licença e saiu de casa apressadamente.

- Venha, Rony, vamos ao meu quarto.

- Tá.

Rony deu uma olhada no quarto de Harry, examinando tudo o que poderia ser examinado, olhando com curiosidade, Harry poderia imaginar quantas perguntas responderia. Rony olhou de volta ao amigo, sentou-se na cama e...

- Uauu, Harry! É assim que é um quarto de trouxa!

Harry sentou na cadeira velha onde pendurara um moletom mostarda, velhíssimo e disse, com sorriso nos lábios.

- É que você ainda não viu o do Duda...

- Achei que teria um monte de coisas tolas, geringonças... Mas não tem nada de especial, isso que é incrível!!

- Aí, Rony! Você tem cada idéia.

E Harry atirou seu moletom no rosto de Rony. E este não deixou barato, devolveu rapidamente o moletom mostarda.

Rony virou-se para Harry, este que percebeu que seu amigo ia falar besteira, como o de costume.

- 'Cê viu a Mione... A gente fica uns dias sem se ver e parece que foi um ano, ela tá mudada...

- Huuum! Você e a Mione... – insinuou Harry maliciosamente.

Rony fez cara feia.

- Harry, fica quieto, você sabe muito bem que somos só amigos!

- Vai ficar nervozinho? Rony, não adianta você esconder nada de mim, te conheço.

Rony abriu um sorriso, levantou-se e ficou examinado o ultrapassado computador que fora de Duda muitos anos atrás.

- Me conhece... O que esta coisa faz, hein?

Harry percebeu que Rony estava desconversando.

- Eu sabia, você tá gostando dela!

- Harry, acho que não foi só sua tia que bateu a cabeça... Não vai me dizer o que isso faz?

Harry foi até Rony e ligou o computador.

- Rony, Rony, Rony....

- Harry, Harry, Harry... Cala esta boquinha - disse Rony, sorrindo.

- Você...Hum... Sabe alguma coisa sobre o Voldemort...

- Harry! Você-Sabe-Quem!

Rony levantou as sobrancelhas de terror de ouvir aquele nome.

- Como eu poderia saber alguma coisa dele! Ninguém sabe!

- E é isso que me preocupa, como ele pode sumir desse jeito, Rony! Nem nos meus sonhos ele está mais, até me esqueci da dor que sinto na minha cicatriz. E o pior de tudo, eu não sei se isso é bom ou ruim! Tem sido uma agonia constante para mim, você não faz idéia.

Harry foi até a cama e se esparramou, olhando o teto do seu quarto. Rony virou para seu amigo, a situação era preocupante mesmo.

- Harry... Ninguém sabe o que fazer, nem Cornélio Fugde.

- Como assim? Ele não está fazendo nada?!

Rony olhou para Harry com uma cara desanimada. Saiu da cadeira e sentou na ponta da cama.

- Ele está ignorando a existência de Voldemort! Tem muita gente que tá achando que é boato?

- Harry! Quantas vezes eu te falei! Você-Sabe-Quem!

Harry não conseguia acreditar no que seu amigo Rony estava falando, era inaceitável.

- Eu te mostrei o jornal, ele exige provas, esta levando a vida como não estivesse acontecendo nada. Eu acho que ele está com medo, Harry – continuou Rony.

- Mas é claro! Ele deve ter feito alguma coisa, deve ter algum envolvimento com Vol... - Rony olhou feio para o amigo. - Você-Sabe-Quem, não é possível!

- Parece que vão substituir Cornélio, ele anda estranho, perturbado. A Federação Internacional De Bruxos vai decidir quem vai ficar no lugar dele, meu pai deixou escapar isso outro dia.

- Federação Da Magia? Como assim? Federação, seja lá o que for! - perguntou Harry, curioso.

- Nossa, o que foi isso? - perguntou Rony ao ouvir uma porta batendo fortemente.

- Meu tio, mas não mude de assunto. Me conte.

Neste instante, tia Petúnia surgiu na porta do quarto de Harry, interrompendo a conversa. Ela anunciou com um sorriso nos lábios "Hora do café, meninos!". Harry desligou o computador. Os dois a seguiram porta afora e Harry murmurou no pé do ouvido do amigo "Depois a gente termina a nossa conversa".

Harry sentiu o delicioso cheiro do bolo de frutas de sua tia. A mesa estava farta, parecia que os Dursley receberiam gente importante e não a família de Rony. Não uma família de bruxos.

O senhor Weasley olhava tudo atenciosamente, já Molly Weasley tinha uma conversa animada com Petúnia. Tio Válter tinha a cara amarrada e Duda não estava presente. Harry se sentiu estranhamente bem, olhou para seu amigo, Rony, e este lhe deu um sorriso nervoso. Harry indicou a cadeira para que Rony se sentasse.

- Por favor, sirvam-se! - falou Petúnia, com um largo sorriso no rosto.

Rony se serviu de uma enorme fatia de bolo, cortada por Petúnia, todos estavam conversando normalmente, aquilo fez Harry se sentir bem, não tinha momentos de felicidade naquela casa, só lembranças ruins.

- Harry me falou sobre você, Rony, e muito bem, por sinal.

As orelhas de Rony ficaram extremamente vermelhas. Harry deu risada para o amigo.

- Harry também é um bom menino, sempre educado, todos gostam deles em casa - disse o Sr. Weasley. - Me ensinou várias coisas do mundo de vocês.

- Harry, definitivamente, é um bom garoto, tem um coração de ouro - acrescentou a Sra. Weasley e desta vez quem estava vermelho era Harry. Tio Válter parecia estar muito enjoado com toda aquela conversa.

- Então, Harry me contou sobre o Voldemort - todos ergueram a sobrancelhas e tio Válter parecia ter ouvido um palavrão, mas Petúnia tinha a sua expressão de que nada tinha acontecido. - O que vocês estão fazendo contra ele? Válter espalhou alarmes por toda a casa, falei que era inútil, mas ele é teimoso. Toda hora disparam, acordando a vizinhança inteira, o que é um verdadeiro incômodo para todos nós.

- Nós não falamos o nome dele Sra. Dursley, chamamos de "Você-Sabe-Quem" - contou Arthur Weasley calmamente. - Não o chamamos ele pelo nome. O Ministério da Magia está tomando providências, não se preocupe.

- Mas o que tem chamar ele pelo nome? Eu não entendo vocês e ainda por cima NÓS É QUE SOMOS TROUXAS! – gritou Válter rispidamente e se retirou na cozinha

- Vocês me desculpem, Válter é assim mesmo. Vamos mudar de assunto.

- Não se preocupe, nós entendemos. Além do mais já deu nossa hora, as crianças estão nos esperando - falou a Sra. Weasley.

- Obrigado por tudo, estava uma delícia. Vamos, meninos - acrescentou Sr. Weasley.

- Mas vocês nem terminaram o chá, fiquem...

- Não, a gente tem que ir mesmo, foi um prazer, Sra. Dursley – e Molly apertava e balançava a mão de Petúnia freneticamente com um sorriso nos lábios. - Cuidaremos do Harry muito bem!

Todos levantaram e se dirigiram para a porta de entrada. Harry apanhou seu malão, encostado na escada. Sua tia tinha uma certa tristeza no olhar, era a hora da despedida.

Os Weasley se retiraram em um piscar de olhos e Harry se viu sozinho, junto de sua tia. Aquilo era constrangedor para ele. Foi quando Petúnia interrompeu aquele silêncio e disse.

- Cuide-se e não se meta em encrenca. Mande corujas e me mantenha informada?

- Tá bom, eu mandarei corujas, tchau.

Sua tia foi até ele e lhe deu um abraço forte.

- Agora vá Harry, estão te esperando.

Harry olhou para trás e viu os Weasley acenando. Era hora de ir embora.