Capítulo oito "Hermione"
Harry não acreditou no que seus olhos viam. Como Hermione estava linda. Percebeu que alguém estava ao seu lado, era Rony; com cara de bobo. Harry imaginou que segundos atrás também estava com esta expressão.
- Cada dia que passa Mione fica mais bonita... - disse Rony em um suspiro.
Gina parou ao lado dos meninos.
- Por que vocês estão parados aí?! Vamos lá, vai saber quanto tempo ela está vendo a gente jogar.
Mal sabia Gina por que estavam parados ali. Harry e Rony aterrizaram, e foram cumprimentar Hermione.
- Hey, Harry! Quanto tempo, né?
A garota parecia estar empolgada e deu um abraço no amigo.
- Oi, Mione - disse Harry, sem jeito.
- Oi Rony, oi Carlinhos, oi Fred e oi Jorge!
- Oi, Hermione - disseram num coro só.
- Faz tempo que você está vendo a gente? – perguntou Rony
- Não, Harry me percebeu rapidinho – disse em um sorriso. - Mas pelo pouco que vi, percebi que o senhor está jogando bem.
Rony ficou extremamente sem jeito.
- Nós já dissemos isso a ele e o Rony vai se candidatar à vaga de goleiro no time da Grifinória - falou Carlinhos, com um sorrisão no rosto.
- Sério? Que legal, Rony!
- Ai Carlinhos, não fala besteira, talvez eu pense na possibilidade...
- Ah! Já ia me esquecendo, a Sra. Weasley disse pra vocês irem para casa e tomar banho, vamos ao Beco ainda hoje...
Todos caminharam pr'A Toca. Harry estava perdido em seus pensamentos, ou melhor, em Hermione. Sempre a enxergou como amiga e não como uma garota, uma mulher. O percurso todo ficou observando-a. Não abriu a boca para nada. Ela estava linda, radiante, contende de estar ali. Ele não entendia por que estava agindo daquela maneira, olhando Hermione daquele jeito. A garota sempre esteve ali, ao seu lado; brigando com ele e Rony para fazer os deveres, conversando, rindo. Ao seu lado. Não era a primeira vez que Hermione o pegava de surpresa, na noite do Baile de Inverno ela estava linda também. Simplesmente não conseguia desviar seus olhos dela. Será que estava amando? Amando Hermione... Harry pensava " Não, eu não a amo. Não eu não a amo...", aquilo era como um contra-feitiço. Porque no momento estava enfeitiçado, pelo cheiro de seu cabelo, pela sua voz, pelo seu sorriso...
- Chegaram, finalmente! Todos para o banho, depois vamos tomar um lanche e ir logo para o Beco... Senão fica tarde e não quero adiar as comprar por mais um dia!
Era Molly, a cozinha estava cheirando bolo de laranja, isso abriu o apetite de Harry. De repente todos correram em diversas direções. Harry não entendeu nada.
- Ih, Harry eu acho que você vai ser o último a tomar banho - disse Molly em um sorriso - Você e...
Gina entra na cozinha resmungando.
- Mas que droga! - reclamou a garota.
- Você e Gina! - completou Molly. - Querida, não fica assim, logo, logo, alguém termina e você já entra.
- Mãe, você não entende. No MEU quarto tem um banheiro, por tanto sou eu que tenho que tomar banho lá, porque o banheiro está no MEU quarto!
- Gina, o Harry também não conseguiu tomar banho agora - contou Hermione.
- Hermione, não é você que tem seis irmãos! Ninguém aqui respeita aquele ditado "as damas primeiro", aqui em casa é "pernas, pra que te quero"!
- Eu não sabia que tinha tantos banheiros n'A Toca... – disse Harry.
- Eu acho é que deveria ter mais, Harry, quatro banheiros é muito pouco. Vamos lá pra sala, esse cheiro de bolo me deixa mais faminta do que eu já estou.
E foram para sala.
- Harry o que você tem? Você quase não falou nada - perguntou Hermione.
- Eu? Eu não tenho nada... Você é que tem que contar as novidades!
- Ah, eu não tenho nada de novo pra contar. Não viajei, não fiz nada de interessante nestas férias. E a sua tia?
- Ela está bem, todo mundo lá está bem, na medida do possível. Não me acostumei com o fato de ela se preocupar comigo... É estranho.
- Eu sei, é como se Draco Malfoy ficasse bozinho - disse Hermione.
- Eu não imagino o Malfoy bom quanto mais bonzinho! – exclamou Gina. – Só de pensar em ver aquela cara azeda dele já me sinto angustiada.
Todos riram.
- Cara azeda foi ótimo Gina - disse Harry. - Eu nem sei onde eu coloquei a minha lista de livros...
- Ê Harry! Este ano nós teremos que estudar muito. Os NOM's estão aí!
- Nossa, eu tinha esquecido, tem mais esta esse ano.
- Eu, você e o Rony temos que estudar bastante - informou Hermione.
Gina sorria.
- Por que você está sorrindo deste jeito? O ano que vem você será a próxima! – brincou Harry.
- Harry você disse bem, o ano que vem! Não vou ficar me preocupando por antecipação - explicou a garota.
- Olha quem já saiu do banho! - exclamou Hermione.
Era Rony, com os cabelos ruivos molhados. Vestia um jeans bem surrado, uma camiseta vermelha e tênis.
Gina e Harry trocaram olhares.
- Gina, as damas primeiro - disse Harry, brincando.
- Não, Harry pode ir, eu quero colocar o meu papo em dia com a Mione... Pode ir.
- Nossa, o que deu em você, Gina? Deixando alguém entrar na sua frente na fila do banho? - Rony se aproximou deles e disse, sorrindo. - Eu não mereço isso!
- Rony! Larga a mão de ser bobo! Harry, não liga para o Rony, mais do que eu, você sabe que ele é um bobo alegre!
Hermione, Harry e Rony deram risada com o comentário de Gina.
- É eu sei... Você estava tomando banho onde, Rony? - perguntou Harry.
- No quarto da Gina.
Harry subiu as escadas e se dirigiu ao quarto da garota. Nunca tinha entrado lá. Abriu a porta. O quarto tinha um cheiro gostoso, parecia flores do campo. A cor da parede era num tom de amarelo claro. Gina tinha uma cama grande, parecia ser macia. A colcha da cama era branca, com uns desenhos pequenos de estrelas, algumas azuis, algumas rosas. Havia uma prateleira próxima à janela, cheia de livros. Aproximou e viu que Gina gostava bastante de quadribol, havia uma porção de livros sobre o esporte. Mas um ali chamou mais a atenção de Harry, tinha uma aparência velha, sua capa era vermelha e não tinha nenhum título. Harry abriu o livro no meio e viu uma caligrafia bonita. "O diário de Gina", ele pensou. Sentiu-se tentado a ler, uma página, uma parágrafo, uma linha, uma palavra.
- Não, eu não posso fazer isso!
Colocou o livro no lugar, voltou a observar o quarto. Existia um armário patinado na cor bege, do outro lado mais livros. O malão de Hermione e uma penteadeira, patinada combinado com o armário. Havia uma porção de fivelas, lacinhos, tiaras, alguns perfumes, um porta-jóias e uma escova. Esta que chamou a atenção de Harry. Na escova tinha alguns cabelos vermelhos de Gina, os seus longos cabelos. Harry ficou observando a escova, como se fosse um tesouro.
- Estou ficando louco...
- Harry, você está falando sozinho?
Era Gina. No susto Harry deixou cair a escova não chão.
- Não! Eu só estava... Só estava...
- Pensando alto... E penteando o cabelo eu suponho - disse, sorrindo.
Harry estava totalmente sem graça. Gina se aproximou do garoto.
- A sua escova me chamou atenção e eu... Só estava vendo...
Harry se abaixou para apanhar a escova e Gina fez a mesma coisa. Eles se tocaram de novo, Harry segurava a mão de Gina. A menina olhou sem graça para Harry. Sentia a mão de Gina, que ficou gelada de repente. Os dois ficaram se olhando até que Harry interrompeu o contado visual e se levantou.
- Bem, ainda bem que você chegou, senão eu iria entrar no banho sem toalha e sem as roupas que eu vou vestir. Já estava esquecendo.
Gina parecia estar muito constrangida e concordou com a cabeça. Foi até a prateleira e apanhou o seu diário.
- Harry o chuveiro demora para esquentar e... Não esqueça de pegar as suas coisas.
Gina procurava não olhar para o rosto de Harry.
- Ok.
E saiu do quarto. Harry não entendeu nada. Uma hora era Hermione e outra hora era Gina que o deixava tonto. Foi até o quarto de Rony, apanhou as suas coisas e foi tomar o seu banho.
Todos tomaram café, o bolo de laranja estava muito bom. Foram até o Beco via Pó de Flu. Carlinhos e Gui preferiram ficar em casa. Geralmente, o Beco era cheio de gente, milhões de vozes, milhões de faces. Parecia que não era mais apertado, não tinha tantas pessoas, não estava tão tumultuado. As pessoas estavam com medo de Voldemort.
- Nossa, Rony. Parece que antes tinha mais pessoas por aqui.
- É, quando eu vim com o meu pai estava mais vazio ainda. Mas o Ministério já tomou umas providências, logo volta ao movimento normal.
- Eu tenho que ir ao Gringotes pegar um pouco de dinheiro, pra comprar as minhas coisas. Vamos lá falar com a sua mãe.
Combinaram com a Sra. Weasley de todos estarem em frente da Sorveteria Florean Fortescue às quatro e meia da tarde. Molly deu dinheiro para Rony comprar seus e os de Gina. E os quatro, Harry, Hermione, Gina e Rony, seguiram ao Gringotes. Não demoraram muito no banco, o atendimento, que já era rápido e agora com o Beco vazio, foi mais veloz ainda. Depois se dirigiram à Floreios e Borrões, que se encontrava com poucos clientes. As prateleiras chegavam até o teto. Quantos livros havia ali!
- Hogwarts? - perguntou o vendedor.
- Sim, Hogwarts - afirmou Hermione apresentando a lista de materiais.
- Queremos três exemplares de cada livro... - pediu Rony.
O vendedor fez que sim com a cabeça e saiu à procura dos livros.
Harry começou a circular pela livraria vazia e empoeirada. Perdido em seus pensamentos. Pensando em Hermione... Ele apenas andava por entre as prateleiras, sem rumo algum. Estava se sentindo um pouco vazio naquele instante.
- Harry?
Harry se virou e viu a dona de seus pensamentos.
- Estou achando você estranho, perdido.
- Não, eu estou ótimo.
Como mentia mal.
- Ótimo? Te conheço, você é quieto, mas agora parece que perdeu a vontade de falar de vez.
- Eu estou bem.
- Eu e Gina andamos conversando...
- Vocês estão mais unidas, deu para perceber – confirmou Harry.
- Andamos conversando sobre você.
Harry ficou surpreso.
- Sobre mim?!
- É sobre você. Temos duas hipóteses - Hermione sorria alegremente e o seu sorriso contagiou Harry, que agora sorria também. - E temos uma solução para uma delas.
- Vocês duas...
- A primeira, você estaria preocupado com o Você-Sabe-Quem... Todo mundo está e não precisa ficar assim, tão preocupado. É só você dividir isso com a gente - Hermione pegou neste momento firmemente a mão de Harry -, com os seus amigos. Não quero que te ver triste, ninguém quer... Então me prometa, se tem algo que está te deixando triste fale logo, é ruim ficar aguardando tantas preocupações. Os seus problemas são os meus também.
Harry se sentiu bem com aquelas palavras amigas de Hermione. Precisava ouvir algo do tipo e ficou feliz que tenha vindo de Hermione. Ela ainda segurava a sua mão.
- Obrigado...
- E a segunda, mas não menos importante...
- Ih, lá vem besteira - caçoou Harry.
Hermione soltou a mão de Harry carinhosamente e ele podia sentir o calor que a amiga lhe transmitira.
- Vai, você está me deixando curioso! - Harry ficou animado.
- Hum, que você estaria apaixonado – Hermione disse rapidamente.
- Eu estaria o quê?
- Apaixonado... Isso mesmo...
Harry sentiu as bochechas ficarem vermelhas.
- Não, eu não estou apaixonado!
- Por que não?
- Ora, porque não!
- Garotos...
- Não, é sério, eu não estou - disse, sorrindo. - Mas como você e Gina chegaram à estas conclusões?
- Ih, somos garotas, percebemos quando isso acontece com alguém, principalmente se é com um dos nossos amigos! Vai, vamos se juntar aos outros.
Harry e Hermione saíram à procura de Gina e Rony. Na verdade, Harry não sabia ao certo o que era o amor. O que era aquela atração por Hermione. Não sabia se aquilo era amor ou se era o fato de a menina ter se tornado mulher em tão pouco tempo, o que estava chamando tanto a sua atenção. Gina também fazia parte de seus pensamentos. Mas com ela era diferente, estava conhecendo-a.
Era amigo de Rony, conhecia seus tiques e seus taques, sabia tudo sobre o amigo, o modo de pensar, como agia. Era estranho pensar que Rony era irmão de Gina e ele pouco sabia da menina. Gina era uma incógnita em sua vida.
- Por onde os dois andavam? Já trouxeram os nossos livros e os de Gina - interrogou Rony.
- Estávamos vendo os livros e conversando, não há o que se preocupar, Rony - falou Harry.
- Estive pensando, nós podemos ir à biblioteca e ver se tem algo, sobre.... Aquilo lá - Gina chegou mais perto de Hermione e Harry e disse num sussurro. – A Confederação...
- Bem pensado Gina, se nós formos lá rapidinho encontramos com a sua mãe e com os gêmeos há tempo! - exclamou Hermione com um brilho no olhar.
- Aqui tem uma biblioteca?
Harry se sentiu um completo idiota, não sabia de nada.
- Não há tempo para perguntas, Harry, vamos lá! No caminho eu te explico.
E Rony puxou o amigo pelas vestes.
Saíram às pressas da loja e se depararam com uma multidão do lado de fora. Como em um passe de mágica, o Beco estava cheio de gente novamente. Harry pensou "vai entender". Gina ia à frente, seguida por Hermione, Rony e Harry. Davam passos largos, estavam quase correndo, Harry só não entedia a pressa dos amigos.
- Vamos, Harry! Já estamos quase lá.
Harry nunca viu o amigo tão empolgado para ir à uma biblioteca. A idéia era boa, lá teria milhares de livros.
Andavam e andavam, Harry estava impaciente.
- Chegamos! - exclamou Gina alegremente.
Harry pôde perceber que o prédio era antigo, devido sua arquitetura. Tinha uma enorme escadaria. Miúdas flores de cor violeta enfeitavam-na. Faziam a guarda da biblioteca dois homens, enormes. Na frente da biblioteca havia uma pracinha, com um lindo chafariz e bancos brancos. Harry olhou para cima e leu " Biblioteca Nacional da Grã-Bretanha".
- Vamos, Harry! - gritou Hermione da escada.
Harry subiu correndo até os amigos e, sem fôlego, perguntou:
- Hermione, você sabia da existência desta biblioteca?
- Não, mais fiquei entusiasmada com a idéia de virmos aqui. Isso é um verdadeiro paraíso! Nunca me passou pela cabeça de haver uma biblioteca aqui...
- A Biblioteca Nacional existe há vários séculos e eu achei - Gina tomou fôlego - que aqui poderia ter alguma coisa.
- Alguma coisa! Aqui deve ter milhares de coisas! - disse Hermione, entusiasmada.
- Acho melhor a gente não falar nada até chegar lá em cima.
Rony tinha razão, subir aquelas escadas e conversar ao mesmo tempo não estava dando muito certo. Por fim, chegaram à porta de entrada, cansados. Era uma porta enorme, de madeira, e, naturalmente, estava aberta. Ninguém falou nada, só observaram o saguão de entrada.
- Hey, crianças! Por favor!
Era uma mulher com a aparência jovem. Foram até a mulher, que estava atrás de um balcão.
- Vocês precisam deixar os seus pertenceis aqui - alertou a mulher -, antes de entrar.
Rony e Harry não carregavam nada, mas as meninas tiveram que deixar as suas bolsas no saguão. Antes, Gina retirou uma carteirinha, Harry supôs que com aquilo poderia retirar os livros. A mulher deu uma senha para as meninas e autorizou a entrada deles. No saguão havia algumas pessoas lendo, era todo iluminado por velas, havia tapetes no chão e um silêncio constante que foi interrompido quando Rony abriu outra porta, grande e pesada.
- Por Merlin! Olha o tamanho disto aqui - sussurrou Hermione.
Era realmente enorme, sua forma era circular. Enormes prateleiras de madeira escura, contendo livros com capas multicoloridas. No teto tinha desenhos de nuvens deixando o ambiente alegre. Assim como o saguão, também era iluminado por velas e pelas janelas. Havia uma porção de mesas para estudo, poltronas que pareciam ser confortáveis.
- Começamos por onde, Gina?
- Vamos falar com os mesários, Rony...
- Não, não. Vai dar muito na cara, "Olá nos queremos livros que se tratam sobre a Confederação Internacional de Bruxos"!
Harry sorriu e concordou com o amigo.
- Gina, não podemos chegar perguntando, temos que ser discretos. O que você acha Hermione? - perguntou Harry.
Hermione não estava ali. Rony a procurou com os olhos e não achou.
- Onde ela foi se meter! Como a gente vai achar ela aqui! - reclamou Rony.
Ele não gostou do fato de a menina desaparecer
- Hermione já é bem grandinha e ela sabe o que faz, Rony - falou a menina, enrolando uma mecha de seu cabelo.
- Gina está certa, mas quando ela ficou sabendo dos acontecimentos? - perguntou Harry.
- Enquanto você tomava banho ela ficou à par dos acontecimentos. Nós conversamos, colocamos o papo em dia - explicou Gina.
- Ou seja - continuou Rony -, fofocaram até não querer mais! Menina quando se junta, xiii, fofoca na certa! - caçoou, com um sorriso enorme no rosto.
- Rony! Você esta chamando a mim e Hermione de fofoqueiras? Eu não admito isso!
E começaram a discutir no meio da biblioteca. Harry pediu silêncio, mas eles não ouviram. Só estavam perdendo tempo e Harry decidiu falar com os mesários. Caminhou até um balcão. Havia uma senhora, aparentava ter setenta anos, o cabelo extremamente branco preso em um coque, o rosto cheio de rugas. Usava vestes pretas, tinha uma expressão amarga e fria. Harry se aproximou mais.
- Olá, você poderia me auxiliar em uma pesquisa?
A senhora examinou Harry minuciosamente, até que seus olhos se fixaram em sua cicatriz. Ele se sentiu extremamente desconfortável.
- Você pode me ajudar?
- É novo por aqui...
- Sim, é a primeira vez que venho aqui.
- Você procura o quê? - perguntou secamente.
- Hum... Sobre os Ministros da Magia... Da Inglaterra...
Ela olhou desconfiada para Harry. E ele percebeu que ela possuía um crachá escrito "Sra. Horgandes".
- Para quê? Pesquisa de escola não é!
- É sobre Estudo dos Trouxas! - falou Harry, num impulso e instantaneamente pensou "Esta não colou".
- Sei, Estudo dos Trouxas...
- É, para mostrar... Relatar como é a nossa organização é diferente da nossa, não, não! Como a nossa organização é diferente. Eles têm uma Rainha, presidente...
- Hum...
- Temos que fazer três rolos de pergaminhos! Mostrando quem foi Ministro e quem deixou de ser...
Harry sentiu uma mão em seu ombro. Já conhecia aquele toque, era Gina. A menina parecia estar contente.
- Então Harry, já conseguiu? - Gina parecia estar calma para quem estava brigando com o irmão há poucos minutos.
- Gina! Como é que você está? Já faz algum tempo que não a vejo!
A Sra. Horgandes conhecia Gina. Sua expressão de frieza se desfez em segundos.
- É, meu pai não queria que eu ficasse andando por aí - Gina se virou para Harry. – Marília, este é meu amigo Harry. Ele e o meu irmão estão um pouco enrolados para fazer um trabalho de...
- Estudo dos Trouxas – acrescentou Marília.
- É, e os dois estão um pouco atrasados com os trabalhos de escola... Você sabe, meninos sempre são um pouco desleixados para isso...
- Hey! Eu não sou desleixado! - Harry havia terminado os seus deveres há algum tempo.
Gina olhou de um jeito para Harry e ele entendeu a mensagem. Marília deu um sorriso amarelo para Harry.
- Entendo. Gina, não se preocupe. E me diga sobre você, vai levar algum livro sobre quadribol? - perguntou num sorriso. - Creio que você já leu todos os que temos aqui!
Gina ficou ligeiramente sem graça.
- Não, eu só estou acompanhando eles...
- Vamos ao que interessa! Gina, vocês encontrarão livros sobre os Ministros na seção G-4 ouH-9. Como você conhece isso aqui tão bem quanto eu, não preciso os acompanhar. Tenho umas coisas para catalogar. Como estou só. Qualquer coisa me chame, sim?
- Ok! Muito obrigada! Vamos Harry? - perguntou Gina.
- Oh, sim... Vamos, obrigado - agradeceu Harry a Sra. Horgandes.
Distanciaram-se da Sra. Horgandes e Harry iniciou a conversa.
- Onde está Rony?
- Foi atrás da Hermione... Não se preocupe, a gente já os encontra.
- Eu já perdi as esperanças, isso aqui é enorme.
- Porque é a sua primeira vez aqui, depois de um certo tempo acostuma com o tamanho - contou Gina.
- E onde ficam estas seções?
- Bem, no segundo andar... Às vezes as prateleiras mudam de lugar, daí é um pouco difícil de achar.
- E você diz com toda está calma!
Dirigiram-se ao andar de cima. Gina andava rapidamente por entre as prateleiras e Harry tinha que dar passinhos nervosos para acompanhar a menina. Ela parecia saber onde estava indo, dava passos grandes e observava todas as prateleiras.
- Gina, vamos com calma - reclamou Harry.
A menina olhou para trás e parou para esperá-lo.
- Nós estamos indo com calma, só mais alguns corredores.
- O problema não é a distância, é você que anda rápido!
- É porque eu estou empolgada, e quando eu fico assim ando depressa sem perceber. Vamos!
Continuaram, com menos velocidade agora. Passaram por mais algumas estantes e finalmente Gina disse "Chegamos".
- Está é a nossa seção, Harry. G-4.
Harry olhou para o alto da estante não conseguindo chegar o final da mesma.
- Bastante coisa, não acha?
- Sim, mas não é só isso, está vendo aquilo ali? - e apontou para o fundo do corredor. - Acho que a G-4 termina lá, e tem a H-9 ainda...
Harry deu um suspiro desanimado.
- Eu não perguntei sobre o motivo real da pesquisa...
- Não? - a menina colocou a mão na cintura.
- Não, disse que queria saber sobre os Ministros da Magia que a Inglaterra teve...
- Ai...
- Mas eu acho que podemos encontrar algo sobre o que nós realmente queremos saber - Harry sentou-se no chão empoeirado da biblioteca. - se ela foi criada, foi um ministro que teve a idéia.
- Tem razão...
- Vamos começar a procurar, vai demorar um pouquinho, né?
Gina exibiu um largo sorriso. Apanhou a sua varinha, apontou para estante em sua frente e disse "accio mapa" e um enorme pergaminho caiu no chão.
- Aqui está no mapa da estante - disse, abrindo o pergaminho. - Estes são os livros que temos aqui. Os pontinhos verdes são os que estão emprestados, os que estão em laranja são os que firam tirados da prateleira. Legal, né? - disse a menina com entusiasmo. - Por aqui fica mais fácil saber que livros podemos pegar.
O mapa que Gina tinha em suas mãos era semelhante ao Mapa do Maroto. Talvez foi o mapa da biblioteca que dera inspiração ao Marotos para elaborar o mapa de Hogwarts.
- Assim, fica mais fácil - concordou Harry.
- Bem, este aqui parece ter algo "Ministro: o que é isso?" - disse Gina, apontando para o mapa.
- Não, não.
- E este aqui "Magia da interligação de Ministro"? - perguntou Gina, dando um sorriso maroto.
- Sim, este aí parece legal! Como será a magia de interligação que os ministros tem de ter? - zombou Harry.
- Cada coisa que a gente encontra aqui, só rindo mesmo.
Harry ouviu passos e olhou para a esquerda, lá vinham Hermione e Rony.
- Pensei que nem tão cedo iria ver vocês de novo - falou Harry.
- Gente, gente! Isso aqui é ma-ra-vi-lho-so! Se eu soubesse desta biblioteca antes teria passado as minhas férias aqui! - contou Hermione bastante animada.
- Hermione, me poupe - disse Rony, revirando os olhos. - Você só pensa em livros e ler e ler e ler e ler!
- Pelo menos eu penso em alguma coisa! Você só fica aí parado, implicando comigo - revidou.
Harry, que conhecia as discussões de Hermione e Rony, interveio.
- Quer parar vocês dois! Sempre brigando, estou cansado. Achou alguma coisa, Hermione?
- Não, nem procurei. E vocês?
- Também não - disseram em um coro Gina e Harry.
Rony deslizou e sentou-se ao lado de Harry.
- Estamos perdidos - amargurou.
- Você e o seu pessimismo. Temos que achar algo... - Gina deu um grande suspiro. - Isso aqui é a Biblioteca Nacional Da Grã-Bretanha!
Harry olhou no mapa e um título lhe chamou a atenção "Feitos históricos". Cutucou Gina.
- Olha, esse aí parece ser bom.
- É, ele esta na - Gina procurava a localização do livro -, hum, nona prateleira, é o quarto livro contando da esquerda para direita, Harry.
Os quatros olharam para cima, a nona prateleira parecia ser a vigésima de tão alta que era.
- Como a gente chega lá? - perguntou Hermione.
Gina se levantou, apontou novamente para estante com a varinha na mão. Todos a observavam. E disse "accio escada". Harry não tinha percebido, com a correria, que tinham escadas presas nas estantes. A escada veio com toda velocidade pelos trilhos e parou na frente de Gina.
- Eis a solução - reverenciou.
Todos bateram palmas.
- Quem é o voluntário? Eu não estou a fim de subir - perguntou Gina.
- Eu não posso, minhas vestes não são adequadas - sorriu Hermione.
Era elementar, Hermione não poderia subir porque usava um gracioso vestido amarelo claro.
- Eu subo! - Harry se levantou em um pulo.
Começou a subir, e subir.
- Realmente, estas estantes são altas - falou Harry consigo mesmo.
Olhou para baixo, viu seus amigos e começou a contar os livros até chegar em um exemplar com a capa roxa. O título do livro era escrito em dourado. Harry olhou novamente para baixo.
- Achei!
- Achou? Agora desça daí! - falou Hermione.
Harry desceu com o livro na mão.
- Pronto aqui está. Vamos lá, nas mesas - sugeriu Harry.
- Meu Deus, que horas são? Mamãe está nos esperando! - exclamou Gina. - Ela deve estar imaginando milhões de besteiras!
- Ai, não! Já são cinco e dez! - Rony também se apavorou. - Vamos lá!
E os quatros saíram correndo, fazendo muito barulho. Harry ouviu uma porção de "shhhh", mas aquela era uma situação que exigia barulho. Passaram por muitas estantes, parecia mais um labirinto. Desceram as escadas correndo, estavam fazendo muito barulho. Rony, que estava mais à frente, brecou de repente, fazendo com que os outros tropeçassem. Olhou expressivo e sussurrou algo como "Sra. Horgandes". Do que adiantava um sussurro depois de todo o barulho que fizeram. Todos seguiam Gina, que se dirigiu ao balcão onde Marília Horgandes estava.
- Vamos levar esse aqui - afirmou Gina.
- Hum, " Feitos históricos".
A Sra. Horgandes deu um toque no livro com a sua varinha e sussurrou algo, mas Harry não conseguiu ouvir. Gina estendeu sua carteirinha e a mulher deu outro toque com a sua varinha.
- Pronto, entregue depois de amanhã, ok?
- Ok, até mais.
- Até mais, e juízo!
Andaram depressa em direção à saída. Assim que Hermione fechou a porta e entraram no saguão, dispararam, ouviram mais alguns "shhhh" e um "não pode correr aqui", mas nem deram ouvidos. Começaram a descer as escadas quando lembraram que os pertences de Hermione e Gina haviam ficado no saguão de entrada. Por sorte, não tinham descido nem a metade das escadarias.
- Não sei pra que tantas escadas!- reclamou Rony.
Ouviram uma bronca da mulher que ficava no guarda volumes. Mas nem deram muita importância porque a bronca melhor estava por vir. As pernas de Harry já não agüentavam mais, estava cansado. Começaram a subir a rua, que agora estava vazia, isso facilitou, porque não precisavam desviar das pessoas.
- Ei, ei, ei! - gritou Harry. - Os livros, nós não pegamos eles na Floreios e Borrões!
Rony fingiu um desmaio.
- Estão tramando contra nós! Temos que acelerar mais do que já estamos acelerando!- agora era Gina que reclamava.
- Gina, Hermione - chamou Harry -, dêem as suas bolsas, eu levo pra vocês.
- Não, não é preciso - disse Hermione sorrindo.
- Você está me chamando de fraca? - caçoou Gina. - É uma grande gentileza, mas não precisa. Tá vendo, Rony, você tem que aprender muito com o Harry.
Rony revirou os olhos.
- Harry, vamos na frente, assim a gente já vai pagando os livros - sugeriu Rony.
- Boa idéia, vamos lá - Harry se virou para as garotas. - Nos vemos lá em cima.
Nem Harry sabia de onde tiraram forças para correr mais do que já estavam. Em um certo momento, corria por correr. Já não tinha mais forças e sentia que Rony também estava muito cansado. Até que avistou a loja e sentiu uma pontinha de felicidade. Assim que entraram, o vendedor já veio na direção dos meninos.
- Esqueceram os livros!
- Nós percebemos - ofegou Harry.
Pagaram rapidamente e Harry lançou um feitiço para deixar os livros um pouco mais leves. E correram para a Florean Fortescue. Parecia que quanto mais pressa eles tinham mais longe ficava a sorveteria.
- E as meninas, Rony? - perguntou Harry.
- Ah, elas se arranjam. Temos que chegar antes delas por causa de minha mãe - disse Rony sem fôlego. - Olha lá, o Jorge!
Harry avistou Jorge e parecia que no meio de todo aquele cansaço e suor surgiu alívio. Jorge parecia estar preocupado, olhava no relógio e para a rua, até que avistou Rony e Harry. A expressão de seu rosto que estava tensa se contorceu mostrando um grande sorriso. Ele se virou e chamou os outros. Jorge caminhou ao encontro dos garotos.
- Onde vocês se meteram! Já são cinco e meia! Mamãe estava louca atrás de vocês, estava imaginando milhões de coisas e eu comecei a ficar preocupado - Jorge puxou Rony com tudo e deu um abraço. - Nunca mais faça isso, você está me ouvindo?
Rony fez que sim com a cabeça.
- E você também! - e agora dava um abraço em Harry. - Querem matar a gente de coração!
Molly veio correndo, com uma expressão de pavor no rosto. Ela estava um pouco vermelha e parecia ter chorado.
- Olá, mãe! Desculpe pelo atraso... - disse Rony olhando para o chão.
Mas naquele momento Molly não queria ouvir desculpas, agarrou Harry e Rony e deu um de seus abraços apertados. Harry se sentiu confortável naquele abraço apertado, depois Molly deu um beijo no alto da testa dos garotos.
- Por Deus, nunca mais façam isso comigo. Já rodei isso tudo atrás de vocês, pensei que tinham sido mortos e, e, e... - Molly respirou fundo e uma lágrima escorreu em seu rosto. - Pensei em Você-Sabe-Quem....
- Mãe se acalme, eles estão bem - disse Fred, bagunçando o cabelo de Harry. - Só estão um pouco fedidos, imundos e cansados. Cadê a Gina e a Hermione?
- Já estão vindo, eu e Rony viemos na frente porque esquecemos nossos livros na Floreios e Borrões - contou Harry. - Nós fomos na biblioteca, por isso perdemos a hora...
Agora quem se aproximava do grupo era Gui.
- Aí estão eles! Não disse mãe, estavam bem - Gui era o único que parecia estar calmo. - São garotos!
Harry imaginou que a Sra. Weasley estaria mesmo apavorada, por que Guilherme havia ficado n'A Toca.
- Vamos lá - falou Molly. apontando para a sorveteria que estava alguns metros de distância. - Esperar Mione e Gina e tomar alguma coisa.
E precisavam mesmo. Assim que se sentaram, Gina e Hermione entraram na sorveteria, uma mais cansada que a outra.
- Gina! Hermione, até que enfim - disse Molly em um gritinho desesperado.
- Mãe, estamos bem. Fomos até a biblioteca - falou Gina.
- É, desculpe, perdemos a noção do tempo lá dentro - acrescentou Hermione. - Estamos bem, só que atrasadas!
Depois de tomarem ar, água e uns sorvetes, todos voltaram para A Toca. Desta vez Gina foi a mais rápida de todos, a primeira a se banhar. Harry chegou e se largou na cama, exausto. Mas alguém bateu na porta e se sentiu cansado demais para pronunciar alguma palavra, não disse nada. Abriram a porta e Harry viu que era Hermione. Desta vez foi a menina que ficou sobrando.
- Vejo que você não foi rápido o suficiente pra fila do banho - disse a menina, sorrindo.
- Eu estou cansado demais pra ficar correndo...
- Todos nós estamos cansados.
- É... Com quem ficou o livro? - perguntou Harry.
- Está no quarto da Gina - Hermione se sentou ao lado de Harry.
- Será que tem alguma coisa lá? Porque se não tiver essa correria toda foi à toa.
- Vou lá pegar!
Como um impulso, Harry segurou o braço de Hermione com firmeza e não deixou que ela se levantasse.
- Fica aqui... Comigo...
- Anh? - Hermione ficou vermelha.
- Quero dizer, vamos esperar. Acho melhor ver o livro todos juntos, você não acha? - consertou Harry.
- Tem razão. Você está tendo algum tipo de, hum... Pesadelos? - perguntou Hermione, sentando novamente.
- Não, parece que a ligação que eu tinha com Vol, quer dizer, com Você-Sabe-Quem, foi interrompida. Como se o canal que eu tinha com ele fosse bloqueado. Faz tempo que eu não sei o que é um pesadelo - Harry se sentou de forma que pudesse olhar nos olhos de Hermione.
- E a sua cicatriz? - Hermione se aproximou mais e tocou a cicatriz de Harry. Nunca tinha feito isso. - Não dói mais?
- Não, os pesadelos sumiram e a dor na cicatriz também.
A menina alisava a cicatriz e Harry colocou a sua mão na mão de Hermione. De repente a porta se abriu com um pouco de violência.
- Harry, você já pode tomar o seu banho.
Só depois que Rony se deu conta que Hermione estava ali. Ele que parecia estar feliz amarrou a cara em segundos. Harry estremeceu," Rony não é nada disso que você está imaginando", pensou. Ele tirou sua mão rapidamente de cima da mão de Hermione.
- Oh, desculpe não sabia que estavam ocupados...
- Mas não estamos ocupados, apenas conversando - falou Hermione, com calma.
- Conversando?
- Sim, conversando. Por quê, tem algum problema?
Rony ia dizer algo mais Hermione não deixou.
- Não vejo problema algum em conversar com Harry. Estávamos falando sobre Você-Sabe-Quem e...
Desta vez foi Rony que não deixou Hermione falar.
- Você não precisa me dar satisfações. O que você tem que tratar com Harry ou não é assunto dele - disse jogando, a toalha molhada no chão. - Assunto ente vocês dois!
- Mas quem disse que eu estou te dando satisfações?
- Então por que você está tão preocupada em me dizer o que você estava fazendo no quarto com ele?
Hermione ficou vermelha. Vermelha de raiva.
- Quem ouve pensa que eu estava fazendo algo com ele!
- Já te disse, se você tem alguma coisa com o Harry é problema seu! Pra mim está tudo ótimo!
- Ok, está tudo ÓTIMO, então! - disse em um berro. - Você me da licença, Harry.
E saiu pisando duro. Rony lançou um olhar fulminante para o amigo. Harry se sentiu constrangido. Rony se atirou na cama.
- Rony?
- Harry, me poupe.
- Eu e Hermione só estávamos conversando.
- Será que você não ouviu o que eu disse a ela? O que vocês tem pra conversar com ela é problema seu...
- Eu não estou a fim de brigar com você.
- Então não brigue - disse Rony secamente.
- Eu não estou brigando - explicou Harry, saindo do quarto.
No dia seguinte, Rony estava com um humor insuportável, mal olhava no rosto de Harry e Hermione. Podia ver o ciúme trasbordando nos olhos castanhos do garoto. Harry tentou falar com o amigo inúmeras vezes, mas ele não queria papo.
Hermione. Este foi o motivo da briga e ela estava pouco se importando com a cara amarrada de Rony. Harry estava preocupado com aquela situação. "E se eu gostar mesmo dela?", este pensamento lhe ocorreu várias vezes ao dia. Ele estava jogado no gramado d'A Toca, pensando no que houvera no quarto na última noite, quando Gina interrompeu sua linha de pensamento.
- Hum, vamos ver se eu adivinho... Pensando em alguém? - perguntou, sorrindo.
Harry sentou e pôde ver como Gina estava bonita naquela tarde, usava um jeans e uma blusinha vermelha.
- Harry Potter e os seus pensamentos - disse ela sarcasticamente. - Eu fiquei sabendo do que aconteceu ontem... Mione me contou.
Harry não sentia vontade de falar nada.
- Harry? Harry? Você está aí?
- Estou.
- Quer conversar?
- Não estou com vontade de falar hoje, Gina. Estou cansado.
- Ok, eu vou embora então.
- Não! - e encarou Gina. - Pode ficar aí... Eu só disse que não estava a fim de falar, mas isso não quer dizer que você precisa ir embora.
- E eu vou ficar fazendo o que aqui?
Ouve um silêncio e Harry continuou.
- Você faz companhia pra mim!
- Vou criar teia de aranha isso sim! Para o desespero de Rony!
Harry deu risada.
- Olha... Ele sorri!
- Só você mesmo para me fazer sorrir.
- Eu sou Gina Weasley, você se esqueceu? A garota que pode tudo! - ambos sorriram. – E que faz Harry Potter, o menino que dedica 99% do seu dia pensando em sei lá o quê, sorrir!
- Gina, não sabia que você era engraçada - falou Harry.
- É, existem muitas coisas que você não sabe sobre mim.
Harry se surpreendeu com a resposta.
- E eu não sabia que você era tão tímido assim - continuou Gina.
- Há muitas coisas que você não sabe sobre mim, Gina Weasley - contou ironicamente.
- Você é que pensa!
- Quer dizer que você anda me observando? O que você sabe sobre mim?
- Sei que você está apaixonado pela Hermione e ainda não descobriu.
Harry estremeceu e ficou vermelho.
- Se eu não sei o que sinto por ela como é que você vai saber?
- Quer dizer que você sente alguma coisa?
- Sinto, ela é minha amiga. Tá, eu sei que este papo de amizade é um pouco estranho, mas é a verdade. A Hermione mudou, está linda, mexeu um pouco comigo, mas não tem nada a ver... Pelo menos até agora. E tem o Rony também.
- O que tem o Rony?
- Nossa, você não é a "sabe tudo"? O Rony gosta da Hermione...
- Eu sei que ele gosta, mas se você descobrir que ama a Mione?
- Era isso que eu estava pensando quando você chegou.
- Hum, e chegou a que conclusão?
- Simplesmente não cheguei...
- É difícil mesmo... Faz o que você achar melhor.
- E se eu não achar a solução, Gina? Se eu realmente gostar da Hermione vou ter que escolher entre ela e o Rony e isso não é uma decisão muito fácil - Harry sorriu. - Você me fez falar!
- Vou ser canonizada, Harry! Faço milagres! Vai, vamos lá para dentro porque estas formigas estão acabando comigo.
- Fazer o que lá dentro? Ver a cara amarrada do seu irmão? - e se levantou. - Você só vai virar santa quando desfazer o mau humor dele.
- Hum, quem sabe um dia - Gina se levantou, desta vez sem a ajuda de Harry. - Rony... Menino difícil.
Chegando n'A Toca, Harry e Gina encontram Rony e Hermione no escritório da casa. Sentados e se comportando como gente.
- Olá - disse Harry.
- Oi, que bom que vocês chegaram, assim poderemos ler o livro juntos - falou Hermione.
- O livro está no meu quarto, vou lá pegar. Assim a gente já desvenda este mistério! - exclamou Gina.
- Não, o livro já está aqui - Rony folheava o livro com capa roxo. - O problema é que isso aqui é grande demais...
Harry sentou-se do lado do amigo. Rony o encarou e continuou a folhear sem entusiasmo.
- Deixa eu ver o livro. Posso? - disse Harry, entendendo a mão.
Rony virou-se para o amigo e lhe deu o livro.
- Depois quero falar com você...
- Ok - respondeu Harry.
Harry abriu "Feitos Históricos" e sentiu uma enorme vontade de espirar. O livro estava todo amarelado, velho. Virava as páginas com cuidado para que nenhuma saísse em sua mão.
- Por onde nós começamos? - perguntou Harry.
- É uma boa pergunta... - concordou Hermione. - Aliás, quando temos que devolver o livro?
- Amanhã! E depois, escola... - disse Gina, toda largada no tapete.
- Amanhã? Hahaha, piada né? Levaremos um século tentando achar alguma coisa nesta velharia! - exclamou Rony.
- Rony, amanhã eu peço para a mamãe me levar na biblioteca para renovar o prazo do livro... - contou Gina.
- Mas tem que ser um prazo longo, porque não vai dar para ler tudo isso... - disse Harry, desanimado.
- E tem que ver se nesta relíquia tem alguma coisa da Confederação - completou Rony.
- Vocês estão muito desanimados - disse Hermione em um pulo. - Temos que pensar positivo, Harry, me dê este livro, vamos começar pelo índice.
Hermione pegou o livro, parecia estar decidida a achar alguma coisa.
- A gente tem que ficar aqui o tempo todo? - perguntou Rony. - É chato ver alguém procurando uma coisa em um livro...
- Rony! É claro que sim! Vamos ficar aqui com Hermione - falou Gina, com um olhar bravo
Hermione levantou uma sobrancelha, observou Rony com atenção.
- Se vocês quiserem ir... Não há nenhum problema. Posso ficar sozinha... – falou.
- Mesmo? - insistiu Rony.
- Pode ir, eu fico bem sozinha, se achar algo eu falo.
- Ah, eu vou ficar aqui com Mione, não há nada pra fazer mesmo - disse Gina, ainda estirada no tapete.
Rony se levantou e olhou para Harry.
- Preciso falar com você, vamos - disse, puxando o amigo pelo braço.
Caminharam em direção ao quarto de Rony e lá se encontrava Molly, estava limpando o quarto. Apenas olhou para o filho, deu um sorriso, saiu e fechou a porta. Harry sentou em sua cama, não agüentava tanto suspense. Rony olhava Harry de modo estranho e isso o incomodava. Rony sentou em sua cama e encarou Harry.
- Rony, fala logo, este silêncio me deixa nervoso.
Rony sorriu.
- Eu estive falando... Pensando e queria me desculpar pelas coisas que eu andei fazendo... Hermione veio falar comigo, eu fui rude com você e com ela, por isso estou pedindo desculpas...
Harry não estava acreditando no que estava ouvindo. Conhecia Rony e sabia que ele era muito orgulhoso e que só Hermione mesmo para fazer Rony se desculpar.
- Então, não vai dizer nada?
- Não tenho o que falar...
- Não me desculpa, então?
- Não é questão de te desculpar Rony, você tem que aprender a ouvir os outros, e não sair estourando por ai. Você sabe muito bem que eu e a Mione somos amigos.
- É, eu sei - concordou Rony.
- Não vou mentir, até porque somos amigos... Mas Hermione andou mexendo muito comigo estes dias...
Rony franziu as sobrancelhas.
- Hermione está linda, não vou negar - continuou Harry.
Rony franziu mais um pouco as suas sobrancelhas.
- Quando eu a vi, senti o meu coração na boca... Fiquei balançado, mas não sei se a amo... Você entende? - perguntou Harry.
- Sim, eu entendo - compreendeu Rony.
- Eu sei que você gosta da Hermione... Mais do que eu, e não precisa se preocupar, ela gosta de você também.
Desta vez o amigo não se preocupou em negar nada, apenas olhou com cara de choro.
- Ela gosta de mim como amigo, não como, como... Como eu gosto dela - lamentou Rony.
- Você nunca vai saber se continuar parado, vai lá e conversa com ela!
- Eu já conversei... Ela veio falar comigo, disse odiava o meu ciúme - Harry sorriu. - Não é pra sorrir, é pra chorar, contou que nós somos... Deixou bem claro "somos amigos".
Harry estava sem palavras. Não sabia o que falava para o amigo.
- A gente nunca sabe - falou, desanimado.
- Ela gosta de você, Harry - disse Rony, com tom de tristeza em sua voz.
- Não - disse Harry firmemente. - De mim? Não mesmo!
- Eu vejo ela te olhar, fica te observando o tempo todo. Você que é tapado e não percebe.
Rony se levantou e ficou olhando o quintal através da janela de seu quarto.
- Ela te ama... E se você a ama também, quero mais que sejam felizes - continuou.
- Rony, não fale besteiras!
Rony não olhava mais para Harry.
- Não seja estúpido! Se você gosta dela, siga em frente, não vou atrapalhar a sua vida Harry. Hermione está enterrada, não quero mais saber, ainda mais se você gosta dela.
- Hey, eu não gosto dela! - exclamou Harry.
Harry se levantou e puxou o braço de Rony, viu que ele tinha lágrimas nos olhos.
- Não gosto dela, estou falando sério...
- Está parecendo eu, negando o que está escrito em sua testa - e virou o rosto para a janela. - Siga o seu caminho.
- Meu caminho não é Hermione... Eu disse que não sei sobre os meus sentimentos por ela, é diferente, não afirmei nada.
Rony não pronunciava nenhuma palavra, chorava silenciosamente.
- Rony, olha pra mim - pediu Harry.
- Por favor, me deixe sozinho e siga o seu caminho... Eu vou percorrer o meu sem Hermione.
- Rony, por favor...
Rony se virou, seus olhos estavam vermelhos, ele encarou o amigo.
- Harry - apontou para a porta. - Por favor, vá agora...
E se virou. Harry estava caminhando em direção a porta e Rony falou "Ela está enterrada...", olhou para trás e Rony ainda olhava para a janela, desolado, e foi embora.
Sua cabeça estava girando, aquela conversa com Rony foi dura. Uma confusão de sentimentos. Harry tinha a sensação que traíra o amigo, sentia-se culpado mesmo não tendo feito nada. Não sabia aonde ia, o que fazia, como ficaria a sua amizade com Rony. Ele foi para o escritório e encontrou Hermione. Sentiu um frio na barriga, voltou-se para a porta, na esperança de Hermione não o ter visto. Tarde demais.
- Harry, aonde pensa que vai? - perguntou ela, examinando o livro.
- Eu... Não sei!
- Conversou com Rony, cadê ele?
- Rony está no quarto - disse Harry, sentando-se bem longe de Hermione.
- Fazendo?
- Não sei...
- Não sabe - disse sorrindo. - Sinal que não está fazendo nada de importante.
Hermione fechou o livro e se sentou ao lado de Harry, ele estremeceu.
- Vocês brigaram?
- Não, a gente só estava conversando.
- Que bom, não gosto que você brigue com ele - informou Hermione.
- Eu também não gosto de ficar bravo com ele... É meu amigo.
- É, eu sei, ele é meu amigo também. Tive uma conversa com ele, disse que ele tem que rever os conceitos dele - contou Hermione.
- Vocês brigaram? - perguntou Harry.
- Não, conversamos como "gente grande".
- Bem, você achou alguma coisa neste livro? - desconversou, não queria ficar falando de Rony, estava chateado demais com aquela história.
- Não, ele é todo seu!
Ela se levantou, disse, sorrindo, "boa sorte" e se reitrou. E ele precisaria de sorte.
Quando abriu o livro, Molly entrou no escritório.
- Harry, não vai jantar?
- Jantar?
- É, jantar. Arthur e Percy já estão aí, não está com fome? - perguntou carinhosamente.
- O dia passou rápido - disse Harry, levantando-se.
- Bem, você ficou a manhã isolado e depois os três trancafiados aqui neste apertamento!
- É...
- Vai lavar as mãos que o jantar já está na mesa - falou Molly em um sorriso.
- Já estou indo.
Harry lavou as mãos e foi para a cozinha, notou que Rony não estava sentado à mesa.
- Onde está o Rony? - perguntou, sentando-se.
- Entrei no quarto e ele já estava deitado, perguntei se ele queria jantar e ele disse que não tinha fome - Molly olhou para Arthur com ar de preocupação. - Será que está tudo bem com ele, querido?
- Hum... - Arthur estava com a boca cheia, mastigou, mastigou e finalmente engoliu. - Está tudo bem com ele, só não quer comer.
Guilherme começou a dar risada
- O Rony? Sem fome? Tem algo de errado com ele, sinto em lhe dizer mãe, leve ele no médio ou algo parecido - caçoou.
- É, Rony sem fome... Mistérioooo - completou Fred.
- Sra. Weasley, Rony está bem - afirmou Hermione servindo-se de batatas.
Harry olhou para Hermione, pensando que ela não sabia de nada.
O jantar prosseguiu normalmente, a Sra. Weasley concordou em ir com Gina renovar o prazo do livro. Depois da janta, que por sinal estava saborosa, Harry tomou um banho. Chegando no quarto, Rony já estava dormindo e Harry decidiu fazer o mesmo.
No dia seguinte, Rony parecia estar melhor, só um pouco calado pela manhã. Seu apetite voltara ao normal, comeu bastante, riu, jogou quadribol e Arthur Weasley, para surpresa de Harry, jogou junto com eles. Era um domingo ensolarado e Molly preparou um grande café da tarde, fizeram um pique–nique. Harry se deliciou com os muffins que Gina fez, como um dia ela mesma tinha dito "existem muitas coisas que você não sabe sobre mim", e ele não sabia que ela cozinhava, e bem por sinal. Todos pareciam estar bem, mas Harry no fundo se sentia mal. Aquele sentimento de culpa ainda o transtornava. Rony parecia estar normal, mas sabia que o amigo estava sofrendo e muito. Chegou a noite e Harry estava no quarto, Rony fazia companhia, estava arrumando as coisas para Hogwarts. Rony sempre deixava as coisas para fazer na última hora.
Harry lia a história de um Ministro que ficou louco durante o mandato.
- Rony...
- Hum - disse Rony, jogando suas roupas de qualquer jeito em seu malão.
- Este livro não é tão chato assim.
- Tá brincando - falou Rony, sorrindo.
- O pior é que não! Parece que estou lendo contos, sabe?
- Contos, isso aí - disse, apontando para o livro. - Não tem cara de ser contos.
- Uma hora você vai ter que começar a ler - informou Harry.
- E eu não estou nem um pouco ansioso.
Rony estava fazendo uma tremenda bagunça no quarto, tinha peças e mais peças de roupas espalhadas pelo chão.
- Harry, você viu a minha varinha?
- Você vem me perguntar da sua varinha! - exclamou Harry.
Mione entrou no quarto toda alegre, segurando um pergaminho.
- O que estão fazendo?
- Estou lendo o livro, e está interessante. Sabia que a Inglaterra teve um Ministro louco? - perguntou Harry.
- Philipe Rosweel? - perguntou Hermione, incerta.
Harry olhou surpreso para a amiga.
- Sim, Philipe Rosweel.
- Harry, eu acho que foi Hermione que escreveu o livro - Harry e Rony deram risadas. - Acho melhor você falar se estamos procurando no livro certo, Hermione.
- Hahaha - falou Hermione sarcasticamente. - Muito engraçado de sua parte. Rony?
- Fala - disse Rony, jogando uma calça jeans no chão.
- O que você está procurando?
Harry deu risada.
- Um objeto pessoal.
- Seu ursinho de pelúcia?
Harry deu mais risada, Rony se virou para o amigo e atirou uma almofada, mas Harry não foi atingido porque se protegeu com o livro.
- Hein, o que você procura? - insistiu Hermione.
- Já disse, é uma coisa minha...
- Ok, tenho uma coisa pra falar.
- Boa ou ruim? - perguntou Harry.
- Prestem atenção! - exclamou Hermione.
A garota fez pose, Rony e Harry estavam observando quando ela começou a ler.
- "Senhorita Granger, tenho a honra de lhe informar que você foi escolhida para ser Monitora. Desde o primeiro ano em Hogwarts, você tem se destacado, bom comportamento e ótimo desempenho na escola. Gostaríamos muito que ajudasse Hogwarts, monitorando e auxiliando nossos alunos e os seus colegas. Atenciosamente, Alvo Dumbledore." Não é um máximo! - exclamou alegremente.
- Eu estava estranhando você não ser chamada para ser monitora, Hermione - falou Rony. - Parabéns!
- Parabéns, Mione! - falou Harry com entusiasmo.
- É, agora você vai ter que ser excluída do grupo, nada de aventuras e andar pelo castelo na capa de Harry - falou Rony, com um sorriso.
- É, nós somos má influência - concordou Harry.
Hermione sorriu e se virou para Rony, ela parecia intrigada com o garoto.
- Rony! Você está me irritando e bagunçando o quarto todo. Tem mais roupa no chão do que em sua mala!
- Tá parecendo a minha mãe - resmungou Rony.
- Deixa a sua mãe ver esta bagunça toda - retrucou Hermione. - Eu posso te ajudar, não é, Harry?
- Harry está lendo os "contos ministrais" que você escreveu - disse Rony.
Harry fez que sim com a cabeça, só estava escutando a conversa entre os dois.
- Nem Harry pode me ajudar - continuou Rony.
- Aposto que sei o que você tanto procura - disse Hermione, sorrindo.
- Sabe, você é a senhorita sabe tudo!
- E você é orgulhoso demais para assumir que é desorganizado e que está procurando a sua varinha.
Harry parou de ler o livro só para ver a cara de Rony. Rony olhou para Hermione e não fez cara de surpreso, apenas continuou a procurar, agora embaixo de sua cama.
- Vai, Rony, peça ajuda - brincou Hermione.
- Não procuro a minha varinha - mentiu.
- Então, eu não me chamo Hermione!
- Ok, você sabe onde ela está?
- Uh, ele precisa de ajuda - caçoou Hermione.
- Vai, onde é que você escondeu?
- Eu? O que eu iria ganhar escondendo a sua varinha? - perguntou Hermione, com um sorriso malicioso no rosto.
- É o que eu gostaria de saber...
Rony se sentou, já estava sem paciência.
- Hoje, eu, sua mãe e Gina fomos no Beco bem cedo. Sua mãe levou a sua varinha na loja do senhor Olivaras...
- Pra quê?
- Pra dar uma revisada, ver se está tudo em ordem
- E está tudo em ordem com a minha varinha?
- Hum, ele disse que estava tudo bem, na medida do possível. Colocou uns posinhos nela e pronto.
- Ok, mas onde está ela?
- Você é desligado - Hermione sorriu e se sentou ao lado de Rony. - Serve esta?
A varinha estava em uma caixinha em cima da cama de Rony.
- Putz... - lamentou Rony. - Ela não estava aí!
- Estava - disseram Harry e Hermione ao mesmo tempo.
- Harry, eu pensava que você fosse meu amigo!
Hermione e Harry sorriram.
No dia seguinte, estava uma correria n'A Toca, gente correndo pra lá, gritando de cá, os banheiros entupidos. Todos resolveram tomar banho ao mesmo tempo, formando uma confusão. Mas quem estava mesmo bastante perdida era Gina. Harry descia as escadas quando se deparou com a menina com olhar de aflição.
- Está tudo bem?
- Não, não esta - disse ela, enrolando uma mecha de seu cabelo.
- O que foi?
- Harry! Você se lembra daquela vez que tomou banho no meu quarto?
- Sim, eu me lembro...
- Eu fui no meu quarto apanhar um livro grosso de capa vermelha, tá lembrado?
- Sim, estou.
- Então, por um acaso, você o viu?
- Não, eu não vi Gina...
- Isso aqui já está complicado e ainda as comadres decidem bater papo na escada – sorriu Jorge.
- Ok, desculpa - disse Harry, abrindo espaço para Jorge descer.
Harry tornou a subir as escadas atrás de Gina.
- Quer que eu te ajude a procurar? - ofereceu Harry.
- Isso deve ser brincadeira de alguém! Ele sempre fica na minha estante e agora ele some!
- Já perguntou para os seus irmãos?
- Já, e ninguém sabe onde ele foi parar! - exclamou Gina, aflita.
- Gina! Vá escovar estes cabelos! Querida - era Molly caminhando na direção dos dois com uma pilha de camisetas na mão –, eu vou achar o seu diário e quando eu...
- Mãe! - interrompeu Gina
- Eu vou achar e te mando, não se preocupe. Daqui de casa ele não saiu!
- Harry, obrigada... - disse Gina, ainda aflita, e se dirigiu ao seu quarto.
- Harry, já arrumou as suas coisas? Tomou café? - perguntou Molly.
- Sim, o Sr. Weasley já levou o meu malão para o carro, e eu estou sem fome - explicou Harry.
- Sem fome! Não, vá comer uma fruta, uma salchicha, a viagem para Hogwarts é longa e você vai ficar com fome.
- Ok, eu vou comer - disse Harry.
- Dê isto aqui para o Rony - e lhe estendeu a muda de roupas. - Espero o senhor lá embaixo! - brincou Molly.
Harry foi para o quarto de Rony e ele estava amarrando o tênis.
- Rony, sua mãe mandou lhe entregar estas camisetas.
- Mais! Vou ter que abrir o meu malão de novo!
Harry se sentou, olhou para a janela desanimado.
- Estou preocupado...
- Preocupado com o quê? - perguntou Rony, abrindo o malão.
- Com Edwiges, está sumida há muito tempo.
- É mesmo, por onde ela deve estar voando? - perguntou Rony, sentando no seu malão para que ele fechasse.
- Eu não sei, tomara que ela volte logo. Vamos tomar café.
- Vamos! Estou com fome! - falou Rony animado.
- Você sempre está com fome, Rony - disse Harry, rindo.
Rony foi arrastando o malão o percurso todo, na hora de descer as escadas fez um barulho maior ainda, "tum, tum, tum, tum". Molly deu uma bronca em Rony e este deu a desculpa de estar arrastando o malão por estar pesado demais.
Não estavam todos à mesa. Apenas Harry, Rony, Jorge e Hermione estavam tomando café, os outros já tinham tomado. Harry comeu algumas torradas, sem muita animação, estava preocupado com Edwiges e com Sirius, que não dava notícias há tempos.
Estavam todos prontos, iriam num carro cedido pelo Ministério da Magia, que por sinal estava enfeitiçado, porque todos couberam no carro confortavelmente e os malões couberam perfeitamente no bagageiro. Quando parecia estar tudo pronto, Rony lembrou que não havia colocado o livro "Feitos Históricos" em seu malão. Harry foi recrutado a pegar o livro que tinha ficado em cima da cama de Rony. Chegando no quarto, pegou o livro e ouviu um "toc, toc" na janela, se virou e viu Edwiges. Ela estava estranha, estava sangrando!
- O que fizeram com você! - exclamou Harry, desesperado.
Harry abriu a janela e Edwiges estava vermelha, sua asa estava ferida, assim como a sua pata direita e a parte esquerda de sua cabeça. Ela trazia um pedaço de pergaminho em seu bico, mas aquilo não era importante, meteu- o no bolso de sua calça.
- Guilherme! - berrou Harry com a coruja quase morrendo em seus braços.
Carlinhos já tinha ido embora.
Harry não sabia o que fazer, ela estava morrendo, mas parecia estar feliz de ver o seu dono. Berrou mais uma vez. Harry saiu do quarto, não sabia onde suas pernas o estavam levanto. Desceu as escadas, viu Guilherme com cara de terror, todo molhado enrolado em uma toalha.
- Eu fui pegar o livro que Rony tinha esquecido e eu vi Edwiges do lado de fora, ela está morrendo!
- Rápido, me dê ela aqui, vá chamar a minha mãe - disse Gui aflito.
Harry foi até o carro e encontrou Molly no caminho.
- Harry, eu pensei ter ouvido gritos, e...
A expressão de Molly se contorceu na hora.
- Harry! O que aconteceu? Você está bem? - perguntou Molly aflita olhando para as mãos e a camiseta de Harry toda suja de sangue.
- Sim, o problema não é comigo, é com Edwiges. Ela estava sumida e apareceu toda machucada!
- Por Merlin! Onde ela está? Cadê ela! - perguntou Molly, andando apressadamente para casa.
- Está com Gui, chamei por ele.
Harry entrou junto com Molly n'A Toca e viu Gui tentando cuidar de Edwiges.
A coruja mantinha os olhos fechados, e ainda estava sangrando. Harry sentia um aperto em seu peito, sua coruja estava morrendo e ele não podia fazer nada.
- Mãe, ela está quase morrendo. Eu estou sem a minha varinha, fique aqui que eu vou pegar, ela não vai resistir por muito tempo - disse Gui, aflito.
Molly, colocou Edwiges no colo de Harry. Apontou a varinha para a coruja e disse "estacamien". Da varinha de Molly saíram faíscas laranjas, que atingiram Edwiges, estremeceu um pouco, a coruja estava pouco fria e começou a recuperar a temperatura. Gui chegou na sala, ainda enrolado na toalha, carregava uns potinhos, sua varinha e uma toalha.
- Não temos muito tempo, Guilherme. Harry, coloque Edwiges aqui - apontando para o sofá que já estava sujo do sangue da coruja.
Guilherme estendeu rapidamente a toalha branca e Harry colocou a sua coruja lá. Gui conjurou algodões e uma vasilha com água.
- Me dê, o sal de armônio - pediu Molly.
Gui estendeu um potinho que continha uma pasta rosa. Molly limpava o ferimento da cabeça de Edwiges com ele, já Gui limpava a pata. Ela não sangrava mais.
- Pó de arruda - pediu Molly.
- Aqui - disse Gui, estendendo um vidrinho pequeno contendo um pó verde. - Ela vai ficar bem, mãe?
- Sim, ela é forte, mas perdeu muito sangue. Talvez a levaremos para o Beco, ela quebrou a asa... Não tenho os ingredientes para o ferimento da asa - disse Molly calmamente.
- Mas o que vocês estão fazendo? Molly! Eu disse para você apressar Harry e não ficar de papo com...
Arthur ficou paralisado quando viu Edwiges toda ferida e Harry sujo de sangue. Tentou falar alguma coisa, mas o som das palavras não saiu.
- Arthur, leve as crianças para a King's Cross, terei que ficar cuidando de Edwiges. Assim que eu e Gui terminarmos os primeiros socorros, vamos ao Dr. Flingman.
- A asa está quebrada, pai - disse Guilherme. - E ela perdeu muito sangue...
- Sim, entendo. Conseguiu estacar o sangue, Molly? Ou ainda ela está perdendo?
- Não, já estaquei, mas ela perdeu bastante sangue. Já disse para Harry que ele tem uma coruja muito forte. Vá, Arthur. Se não vocês se atrasam - disse Molly, fazendo um curativo na pata da coruja
- Mas quem fez isso com ela? Que crueldade! - Arthur parecia estar nervoso.
- Harry, Edwiges ficará bem, sim? Agora vá, se não perderam o trem!
Harry fez que sim com a cabeça. Arthur colocou a mão no ombro de Harry.
- Molly é uma ótima enfermeira, ela ficará bem - disse, com um sorriso tímido no rosto.
- É verdade, minha mãe é a melhor! - exclamou Guilherme.
- Ora! Vá querido, e não se preocupe - disse olhando para Harry. - Lave estas mãos, e hum - apontou para a camiseta de Harry com a sua varinha. - "Limpidus"
A camiseta de Harry estava limpa, não havia nenhum vestígio de sangue.
- Muito obrigado - agradeceu Harry.
Harry se lembrou do livro, subiu correndo as escadas, e o pegou.
- Bendito seja este livro! - falou ele consigo mesmo.
Quando desceu não havia sinal de Gui, Molly e Edwiges. Já tinham saído. Esperou Arthur fechar a porta e seguiram para o carro.
- Mas que demora! Harry, você foi fabricar outro livro? - falou Rony impaciente.
- Harry não tem culpa de nada, você deixa o quarto bagunçado. Aliás, você e Carlinhos, daí não se acha nada nele - defendeu Gina.
Gina e Rony iniciaram uma discussão, discutiam sobre o quarto de Rony, pela quadragésima segunda vez. Harry não estava escutando os amigos brigarem, ficou alheio, só pensava no que tinha acontecido com Edwiges. Como ela teria se machucado? Quem a machucou? Por que a machucaram? Por onde ela esteve?
Sentia a sua cabeça latejar, zumbir, estourar. Estava com raiva, ela não se machucou sozinha, alguém teria feito isso com ela, mas quem? "Voldemort", respondeu Harry mentalmente às suas próprias perguntas. Mas por que o bruxo não atacou de vez?
Harry olhou para Arthur e ele parecia estar transtornado, tanto quando Harry. Estava chocado.
- Pai! Estou falando com você! - gritou Fred. - Onde está a mamãe? Por que ela não voltou?
- Por que estamos indo sem ela? - continuou Gina.
- Aconteceu alguma coisa? - acrescentou Jorge.
- Por que vocês dois estão estranhos? - perguntou Rony.
Harry não sentia vontade de falar muito, menos Arthur Weasley. Ambos não responderam nada.
- Hein? Ficaram surdos? Cadê a mamãe?! - perguntou Rony, parecendo um pouco nervoso.
Todos ficaram quietos por alguns minutos.
- Eu fui no quarto do Rony apanhar o livro. Quando estava quase saindo, ouvi uma batida na janela, era Edwiges - contou Harry.
- Viu, ela estava bem! Mas isso não é motivo da mamãe ficar em casa... - falou Rony.
- Cadê a Edwiges, Harry? - perguntou Gina.
- Hey! Deixe Harry terminar de falar - exclamou Hermione.
- Como eu ia dizendo, era Edwiges, só que ela estava sangrando, e...
- Sangrando! - interromperam Rony e Gina.
- Sim, sangrando, e muito. Abri a janela e ela quase caiu no meu colo. Estava morrendo. Gritei pelo Gui, não sabia o que fazer. Desci as escadas ainda chamando por ele, foi quando Gui apareceu. Estava tomando banho. Ele viu Edwiges e pediu que eu chamasse a mãe dele. Quando eu estava saindo, encontrei ela no caminho, e se desesperou ao ver que estava todo sujo de sangue. Expliquei pra ela o que ouve e ela e Gui começaram a ajudar a minha coruja. A cabeça dela estava machucada, a pata, e ela estava com uma das asas quebradas... A Sra. Weasley disse que Edwiges é forte, fez os primeiros socorros, estacou o sangue com um feitiço e foram para o Beco, à procura de um médico...
Ninguém falou nada, estavam chocados e Harry preocupado. Permaneceram em silêncio por boa parte do percurso.
- Harry, ela ficará bem... - consolou Hermione, quebrando o silêncio.
- Mas quem fez isso com ela? Com uma coruja! Tem que ser muito baixo! - exclamou Gina,
- Isso é coisa de Você-Sabe-Quem... - opinou Fred.
- Eu não sei... - lamentou Harry.
- Se fizessem isso com Pichí eu iria esganar, triturar! - disse Rony.
- Rony, você ajuda muito falando isso, sabia? - advertiu Hermione.
Estavam quase chegando à estação quando o tempo repentinamente mudou. Fazia sol, parecia estar tudo calmo, mas o céu ficou escuro anunciando uma tempestade. Por fim, chegaram, tiraram os malões apressadamente, prevendo o temporal que cairia. Harry carregava com infelicidade a gaiola de Edwiges. Assim que entraram na estação King's Cross, começou a chover, trovejar. A chuva caía bruscamente.
- Vamos, vamos - apressou Arthur.
Harry reconheceu muitos alunos de Hogwarts. Quando chegaram entre as plataformas 10 e 9, poderia ouvir um burburinho. Havia muitos alunos de Hogwarts. Lino Jordan veio correndo na direção deles.
- Gente, a passagem está bloqueada! - exclamou o garoto.
- Como bloqueada? - perguntou Arthur.
- Não sei, ninguém consegue passar! - contou Lino.
De repente, as portas da estação se fecharam, uma a uma. O céu parecia desabar, eram raios e trovões. As janelas trepidavam, ouviu-se um grande baque e alguns vidros se quebraram. Harry sentiu Gina estremecer. Os trouxas corriam. Todas as saídas da estação estavam bloqueadas, não havia como sair e nem como entrar. Os portões se fecharam, um a um. A King's Cross estava escura, não havia mais iluminação. Harry ouvia berros, os trouxas e bruxos entraram em pane. A chuva parecia ter aumentado. Harry não enxergava nada, só via algo quando um relâmpago rasgava o céu. Gina segurou em sua mão.
Harry sentiu uma dor forte em sua cicatriz, como se fossem mil facas entrando em seu peito. A dor era muita e Harry caiu no chão.
- Harry! Harry! - gritou Gina.
Harry contorcia-se no chão, a dor estava insuportável. Tentou se levantar, não conseguiu. A dor se espalhava agora por todo o seu corpo. Houve um grande clarão e Arthur tentava erguer Harry. Ele escutava algo como "Vamos, levante-se Harry" e ouvia alguém chorar.
Harry se levantou sentindo mais dor, seus joelhos doíam. Tinha a sensação que sua cabeça iria explodir. Ele reuniu as forças que ainda lhe restavam e pronunciou com dificuldade:
- Voldemort...
