Capítulo Onze "Isolados"
- Harry! Harry! Acorde, vamos!
Ele acordou, assustado, naturalmente. Melane o chamava.
- Harry, por favor acorde... Você tem que estar consciente... Plácido, será que ele vai acordar? A poção deve ter sido muito forte...
Harry abriu os olhos, Melane deu um breve sorriso.
- O que foi? O que está acontecendo? – perguntou Harry, atordoado.
- Temos que partir. Não é seguro. Assim que chegarmos lá você pode dormir o quanto quiser...
- Nós vamos para onde?
- Eu não sei!
"Ótimo, ela não sabe de nada", pensou Harry. Ele se sentou na cama, estava com sono ainda.
- Você está bem? Sente dores?
- Não, está tudo bem... Cadê os meus óculos? – perguntou.
- Plácido! Os óculos!
O quarto estava escuro, Harry não entendia nada. O elfo trouxe o óculos e ele pôde perceber que Plácido os havia limpado.
- Obrigado, Plácido.
- Harry não precisa agradecer. Plácido está aqui para ajudar.
Melane saiu da cama e acendeu algumas velas. Parecia estar um pouco aflita.
- Harry, levante-se. Dentro de alguns minutos vamos deixar a casa. Não há tempo para nada. Plácido já se encarregou de arrumar as suas coisas. Eu realmente não sei para onde vamos e estou assustada assim como você – ela se virou para Harry. – Eu sei, você não gosta de mim.
Era verdade, Harry não tinha simpatizado muito com Melane.
- Você não é o único que não gosta muito de mim – continuou. - Acho que deve ser o meu gênio. Bem, se troque o mais rápido possível, Plácido deixou uma troca de roupa pra você. Te espero lá na sala – ela consultou o relógio –, daqui cinco minutos.
E saiu batendo a porta, fazendo Harry levar um pequeno susto. Deu um pulo da cama, praticamente arrancou a roupa do corpo e vestiu a outra de qualquer jeito. Deu uma última olhada no quarto, apanhou as roupas que vestia e colocou-as em um saquinho que estava por lá. Saiu do quarto com o tênis desamarrado e desceu as escadas rapidamente. Melane estava de frente pra lareira.
- Que bom que você já se trocou – disse Melane.
Harry se juntou a ela, identificou as suas coisas. Estavam de viagem, Melane tinha muita bagagem.
- Lupin, mas que coisa! Você está atrasado! – reclamou Melane.
Depois de alguns segundos Lupin apareceu na lareira. Ele tinha olheiras enormes, estava bastante pálido e com ar de cansaço.
- Oi, Melane!
- Lupin! Você está atrasado!
- Você já pensou na possibilidade de o meu relógio estar um minuto atrasado que o seu? – perguntou Lupin.
- Não importa, acerte o seu relógio!
- Harry! - exclamou Lupin com tom de felicidade. - Vejo que você que está um pouco melhor da última vez que te vi.
- Olá, eu queria falar com você.
- Lamento, mas não há tempo para isso! - Lupin virou seu rosto para Melane. – Temos pouco tempo. Melane te explicará com mais calma.
- Pra onde nós vamos? – perguntou Melane.
- Eu não sei! Só uma pessoa sabe e eu também não sei quem é...
- Ok! – disse Melane.
- Bem, o portal é este – Lupin arremessou uma caixa de fósforo. – Está programado para abrir daqui... Três minutos.
- E como voltamos? – perguntou Harry.
- Bem, através deste outro aqui – Lupin lançou uma meia branca com bolinhas vermelhas. – Mas eu não sei quando ele vai ser acionado, e acho que vocês serão avisados. Não há mais tempo, nem para mim e nem para vocês!
- Por favor, se cuide, Remo. Já estou morrendo de preocupação de pensar por onde você e aquele tonto do Black estão se metendo.
- Ele não deu notícias ainda, Lupin? – perguntou Harry.
- Ele sumiu... – falou Lupin, desanimado.
- Ok, já está quase na hora! – informou Melane.
- Melane! O que vocês está fazendo? Levando a sua casa junto? – perguntou Lupin, surpreso.
- São só algumas coisinhas... – explicou Melane, com um sorriso sem graça.
- Coisinhas? Eu disse o necessário!
- Larga de ser rabugento, Remo! – exclamou Melane, encabulada.
- Tenho que ir. Tchau Harry e cuida bem dele, viu – falou Lupin sorrindo para Melane.
- Pode deixar, seu tolo...
E sumiu junto às chamas vermelhas da lareira.
- Falta um minuto! Eu vou primeiro, apanhe as suas coisas, Harry – Melane parecia estar mais calma. – Plácido, não precisa ter medo.
Agora que Harry reparou, o elfo tremia as suas finas pernas e se agarrava com duas malas de Melane.
- Minha senhora, Plácido tem medo – gaguejou o elfo.
- Mas não precisa, eu te vejo daqui alguns segundos.
Melane segurou suas malas e desapareceu, deixando a caixinha de fósforo no chão.
- Plácido... Sua vez – disse Harry, desanimado.
- Não, Harry tem que ir primeiro. Plácido vai depois.
- Você sabe o que fazer, né?
- Plácido sabe. Plácido só tem medo...
Harry apanhou a caixinha de fósforo no chão, segurou seu malão e viajou através do portal. Foi o tempo de ele piscar que já se encontrava em outro lugar, escuro e quente.
- Plácido? Harry?
- Sou eu, ele já está vindo – informou Harry.
- Eu não enxergo nada! Lumus – e uma luz saiu da varinha de Melane. – Acho melhor você fazer o mesmo.
- Lumus! – exclamou Harry, a luz de sua varinha era mais intensa.
Um pequeno barulho indicou que Plácido tinha se juntado a eles. Ele resmungava algo, mas Harry não deu ouvidos.
Ele queria saber onde estava. Forçou a vista, e achou um castiçal e começou a acender as velas. Melane andava pelo lugar tropeçando a toda hora.
- Ai, cadê as velas deste lugar! – reclamou Melane tropeçando novamente.
Harry acendeu um castiçal que era composto por seis velas. Conseguiu enxergar melhor e avistou outro castiçal, pôs-se a acendê-lo. Plácido ainda resmungava alguma coisa.
O lugar se parecia demais com a cabana de Hagrid. Havia uma pequena lareira, algumas poltronas e uma escada na parte que Harry se encontrava. Deixou o castiçal em cima de uma mesinha, ou algo do tipo, e subiu as escadas com o auxílio de sua varinha.
No segundo andar, havia três camas de solteiro, um pequeno armário, na parede se encontrava pendurada uma espingarda. Existia uma janela iluminando o cômodo, estava fazendo uma noite bonita, uma porção de estrelas no céu. Harry se aproximou mais da janela, a cabana estava em volta de uma floresta, ou bosque. Ele só enxergou verde e nada mais. Não havia outra cabana e nenhum sinal humano. Estavam isolados de tudo e de todos.
- Harry? – era a voz de Melane.
- Estou aqui em cima – informou Harry.
- Eu sei, desça. Vem comer alguma coisa – gritou.
Harry desceu e o ambiente já estava todo iluminado por velas. Sala e cozinha eram um lugar só. Uma estante com alguns livros, uma mesa de madeira com um singelo vasinho com violetas, três poltronas e uma pequena lareira compunham o ambiente que poderia ser chamado de sala. Na outra extremidade havia um enorme fogão à lenha, uma mesa redonda com três cadeiras, um armário contendo panelas. Em cima da mesa havia uma enorme cesta com frutas multicoloridas e uma pia de pedra.
- Lá em cima, tem banheiro? – perguntou Melane.
- Não, tem três camas, uma enorme janela e uma espingarda...
- Ótimo! O banheiro deve ser lá fora, eu odeio quando isso acontece - Harry sorriu. - E você ri porque é homem! Ah, como eu queria ser homem as vezes. Está com fome?
- Um pouco. Este lugar parece com a cabana de Hagrid – contou Harry.
- Eu também pensei nisto, eu costumava ir à cabana de Hagrid – disse Melane abrindo os armários. – E ele sempre apresentava um daqueles "saborosíssimos" quitutes que costuma fazer.
- Hum, você foi uma das vítimas de Hagrid? – Harry se sentou à mesa da cozinha.
- É, ele sempre vinha com aqueles biscoitos dele e eu sempre comia. Mas o quanto Hagrid cozinha mal é o quanto ele é bom! – Melane estava fazendo algo parecido com um bolo com a sua varinha, em nenhum momento ela tocou nos ingredientes. – Hagrid tem um coração enorme.
- Eu sei, ele leciona em Hogwarts agora – contou Harry.
- É, eu fiquei sabendo, fui lá dar os comprimentos a ele. Ficou feliz de me ver, disse que eu cresci, estas coisas. Ele estava radiante!
- Ele adora animais, quanto mais monstruoso mais ele gosta! Quando eu voltar para escola vou perguntar sobre aquele animal que atacou o Vol... Você-Sabe-Quem.
- Animal? – perguntou Melane surpresa.
- É, parecia um leão só que sem juba, tinha asas enormes e...
- Uma pedra na cabeça? – completou Melane incerta.
- É, ela era vermelha.
- O Remo não me disse nada! Como ele não me fala disso! – ela jogou a massa em uma forma e colocou no forno que parecia estar bem quente.
- Como você sabe da pedra?
- Aquilo definitivamente era animago.
- Eu já suspeitava disso – falou Harry.
- É bruxo muito evoluído, para se transformar no Lions Alado. É um animal da mitologia grega, são raros os bruxos que se transformam no Lions. E é uma bruxa, porque se não tinha juba... O Lions alado é difícil de ser domando quando se é um animago.
- Anh?
- Bem – Melane se sentou –, o Lions age sem você querer algumas vezes. Ele faz parte da pessoa e esta bruxa deve viver em uma batalha interna.
- Então você acha que a bruxa naquela ocasião agiu por instinto e não porque ela queria salvar a Hermione?
- Não, ela agiu porque quis. A pedra estava vermelha, não estava?
- Estava – afirmou Harry.
- Ela estava com raiva, a pedra mostra o estado emocional que o Lions se encontra. Agiu por livre e espontânea vontade. Quando o Lions toma conta de pessoa sem ela querer a pedra fica na cor laranja.
- Eu fui me aproximar do leão e ela rugiu alto.
- Isso é normal, Harry, ainda mais por ela ser uma fêmea. Acontece a mesma coisa quando um homem se aproxima de um unicórnio, eles não gostam. Na verdade os Lions não são muito sociáveis. Não gostam de humanos, só se aproximam ou se deixam aproximar por quem tem confiança.
- Então a bruxa não deve ter confiança em mim.
- Exato, ela não deve simpatizar muito com você ou, caso ela te conheça, o instinto animal falou mais alto...
- Quem será o animago?
- O Ministério com certeza vai investigar. Um animago desta grandeza, ainda que sendo ilegal, eles acharão... Mas o Lions tinha uma espécie de tiara na cabeça?
- Não, não tinha. Só a pedra.
- Bem, então a bruxa não conseguiu chegar a perfeição. A pedra fica um pouco acima dos olhos, como se fosse um terceiro olho, não é?
- É – afirmou Harry.
- Então, a pedra é como se fosse o centro da tiara. Ela se formará quando a bruxa conseguir a transformação total. É perigoso ela se transformar sem estar perfeita. Pode ficar com forma de Lions para sempre.
- E esta tiara... Demora pra aparecer?
- Bem, no caso dela... Acho que falta pouco. Nossa, eu estou com uma fome! – exclamou Melane se levantando. – Eu vou lá fora... Ver o tal banheiro.
- Ok – respondeu Harry.
Harry ficou pensando sobre o Lions. Quem seria o animago? Também analisou Melane, não era tão chata como parecia. Uma mulher bonita, inteligente e que estava protegendo-o, deveria ser uma grande bruxa.
Ela chegou à cabana reclamando da localização do banheiro, bastante comunicativa e "cozinhava" bem, ou pelo menos o bolo estava saboroso.
Plácido parecia estar melhor, nunca passou pela cabeça de Harry que um elfo doméstico teria tanto medo de viajar através de um portal. Eles tomaram um café e foram se deitar quando o Sol estava quase nascendo. Harry ficou com certo receio de dormir, era horrível pensar que poderia acordar dali dois dias. Lembrou que tinha de ter perguntado da onde veio aquele sono e que poção Melane e Plácido falavam quando estava sendo acordado algumas horas antes. Mas já era tarde, Melane estava dormindo e Plácido roncava. Achou que deveria fazer o mesmo, haveria tempo pra conversar...
Harry acordou, olhou para os lados e não viu ninguém. "Ótimo, devo ter dormido uns quinze dias", resmungou. Ele olhou para o céu e viu uma coruja... Parecia com a sua. Levantou-se, aproximou da janela e apertou os olhos. Era Edwiges! Sentiu uma imensa alegria, desceu correndo as escadas, fazendo um enorme barulho. Lá fora estavam Plácido e Melane, que parecia estar feliz.
- Olha quem veio te visitar! – exclamou Melane feliz.
Harry parecia não acreditar, ela voava, estava bem. Voou em sua direção e pousou em seu braço. Deu bicadinhas carinhosas no dedo de Harry, ela estava muito bem. Melane se aproximou e passou a mão na cabeça de Edwiges.
- Ela trouxe alguma coisa? – perguntou Harry.
- Não. Ela não, mas alguém veio aqui, enquanto nós dormíamos. Deixou uma carta, endereçado a você e levou o portal embora... Está me cima da mesa.
Ele lembrou, naquele momento, do pedaço de pergaminho que Edwiges trazia quando ele a viu toda machucada na Toca.
- Plácido! – chamou Harry.
O elfo veio correndo, parecia um pouco assustado. Olhou para Harry e abaixou a cabeça.
- Plácido, você lavou a roupa que eu estava usando no dia que cheguei na casa de Melane?
Melane e Plácido não entendiam nada.
- Não, Plácido não teve tempo. Por favor Harry, desculpa Plácido... Elfo mau.
O elfo ia começar a seção de torturas, mas lembrou de uma ordem que Harry havia lhe dado.
- Muito obrigado, onde é que elas estão? – perguntou Harry.
- Harry não vai castigar Plácido? Plácido se esqueceu das roupas de Harry, porque ajuda a minha senhora desde que Harry chegou em casa.
- Não, eu te agradeço. Mas onde está a minha calça? – perguntou Harry ansioso.
- Está perto do banheiro, Plácido ia começar a lavar.
Harry deixou Edwiges com Melane, que fazia uma ótima cara de interrogação. Foi até os fundos da cabana, achou um tanque enorme de pedra e um grande balde de madeira. Procurou e procurou, o balde parecia não ter fim, até que achou, e isso lhe causou um grande alivio. Colocou a mão no bolso e pegou pedaço de pergaminho, do jeito que havia deixado.
Abriu, estava muito ansioso, a letra era de Sirius e estava toda tremida. O bilhete dizia: Harry não vá à estação... perigo de vida. Avise ao Arthur.
Melane veio correndo e Edwiges pousou no ombro de Harry.
- O que aconteceu?
Harry estendeu o bilhete de Sirius, ela leu e se apavorou.
- Ele sabia, ele sabia! Deve estar aprisionado em algum lugar, correndo risco de vida, e... e... Harry? Você está bem?
Se ele tivesse olhado o bilhete na mesma hora que Edwiges chegou, ele poderia ter evitado tudo aquilo. Evitado o ataque a King's Cross, aquele tormento todo. Se aquilo tudo tinha acontecido era por culpa dele.
- Harry? Harry!
Ele olhou para Melane.
- Hey, você não precisa ficar assim. Sirius é forte, ele arrumou um meio de te escrever, ele vai sair de lá. Alguém vai entrar em contado conosco, daremos a notícia. Tudo vai ficar bem e tenho mais coisas pra te contar – ela se virou para Plácido. – Pegue a toalha de Harry e uma troca de roupa – o elfo correu em direção à entrada da cabana. – Vem, vamos tomar café. Você tem muito que saber.
Harry não quis tomar café, toda a fome que sentia foi tinha ido embora. Tomou o seu banho. Entrou na cabana e encontrou Melane sentada em frente à lareira.
- Sente-se – disse ela.
Harry sentou-se de frente para ela.
- Bem, hoje eu sei por onde eu começo! Como você já sabia você passou muito mal, tive que cuidar de você e esta coisa toda. Eu preparei uma poção muito forte, do sono, assim você dormiria sem ter pesadelos, foi o que eu fiz. Como é que você está se sentindo?
- Com um pouco de sono... – contou Harry.
- A sua percepção, reflexos e agilidade diminuíram. Não foi qualquer poção que você tomou, ela te deixou mais lento, assim você não se debatia tanto na cama.
- Anh?
- Você se esquivava toda vez que eu e Plácido nos aproximávamos, se debatia, não havia modo de chegar até você, por isso e com muito esforço fizemos você engolir a poção – explicou Melane.
- Mas os meus reflexos, eu preciso deles, esta poção me tirou tudo!
- Dentro de alguns dias, quando a poção não fizer mais efeito, voltará tudo ao normal. Sobre o ataque a King's Cross, o Ministério está tendo um grande trabalho...
- Imagino, Vol... Você-Sabe-Quem fez uma grande obra – falou Harry.
- É, muitos trouxas viram o ataque, o feitiço que foi aplicado em Hermione, o Lions que você me disse ontem. Mas a questão é que o Ministério quer o depoimento destas pessoas, é essencial. Por enquanto o ideal era recolher os depoimentos e nada de feitiço de memória. Mas Cornélio Fugde está sendo um grande burro, ele ordenou e alguns trouxas já não se lembram de mais nada - Harry escutava atentamente as palavras de Melane. - Eu não sei como deixam, um, um, um boboca como aquele, ser Ministro da Magia da Inglaterra! Francamente! – exclamou Melane raivosa.
- Ele tinha que ter pulso firme... Se ele acreditasse que Você-Sabe-Quem estivesse vivo nada disso teria acontecido.
- É lamentável... – concordou Melane. – Todas as pessoas que têm um vínculo com você estão sendo protegidas, Harry. Estamos aqui, no meio de uma mata, suportando este calor todo para que ele não te ache. Assim como os Dursley, Weasley, os pais de Hermione, estão espalhados por aí e seguros.
- Então eles estão bem, assim como nós, escondidos?
- Exatamente, não tenho notícias de Hermione e nem de Gina. Alguns bruxos do Ministério levaram a sua tia até em casa, chegando lá, havia dois Comensais da Morte. A sorte foi que o seu tio e seu primo foram atrás de Petúnia e nada aconteceu. Pelo que eu soube não conseguiram pegar os Comensais, mas todos estão bem e protegidos.
- Meu tio deve ter ficado maluco – supôs Harry.
- Acho que é só isso, não sei mais nada. Estamos isolados.
- Até quando ficaremos aqui? – perguntou Harry.
- Quando as coisas lá fora estiverem seguras para você.
- Sabe como eu me sinto? – perguntou Harry. – Me sinto um idiota, ele matando tudo e a todos e eu aqui, trancado, sendo preservado, não podendo fazer nada.
- Eu te entendo...
- Hermione está onde está por minha culpa. Eu queria que tudo acabasse logo e eu pudesse ser feliz... Tentar ser feliz de novo. Chega de pesadelos e feitiços e todos os meus amigos viverem escondidos! Sirius lá na África, sendo prisioneiro, tudo por causa de mim - desabafou.
- Harry não é bem assim.
- Me desculpe, Melane... Mas para mim é assim.
Harry se levantou, apanhou o bilhete que estava sem cima da mesa e foi para fora da cabana. Sentou-se na grama, e leu.
Querido Harry,
Estou aflita por não saber quando você lerá isto. Estamos bem, todos.
Edwiges é uma boa coruja, forte. Gostaria de escrever mais coisas, só que não é possível, questões de segurança.
Todos nós esperamos revê-lo em breve. Cuide-se.
Beijos, Molly
"Que bom", pensou Harry. Ele leu, leu e releu o bilhete. Todos estavam bem, Gina estava bem. Não via a hora de sair daquela cabana. Sentado na grama, entediado, angustiado, sem nada pra fazer. Apenas ficar ali, enclausurado, esperando e esperando.
Melane surgiu e sentou-se de frente para Harry.
- Olá - disse Melane –, tem boas notícias?
- Os Weasley estão bem, todos eles...
- Quem escreveu o bilhete? – perguntou Melane.
- Molly – ele estendeu o bilhete a ela.
- Harry, ela escreveu pra você, não para mim.
Aquilo realmente o surpreendeu.
- Bem, se você pensa que vai ficar o dia todo sentado na grama. Olhando para estas árvores, está enganado.
- Estou? – perguntou Harry
- Sim, eu vou te ajudar. Por que você acha que trouxe um monte de malas?
- Porque você é mulher – disse Harry, sorrindo.
- É, também. Mas eu vou te dar algumas aulinhas – informou Melane.
- Aulinhas?
- Diríamos que, Defesa Contra Artes das Trevas, Feitiços... Coisas que você deve saber - Harry vibrou por dentro. - Já que ele está solto por aí, não custa nada você se defender.
- Não custa nada mesmo – concordou, feliz.
- Começamos amanhã. Agora já é tarde...
- Tarde? Deve ser umas onze horas no máximo.
- Eu sei – contou Melane.
- Você é professora? – perguntou Harry curioso.
- Não.
- Médica? – perguntou de novo
- Não, sou uma Auror. Mas fiz alguns cursos de medicina mágica.
Então, era isso. Melane era uma Auror.
- Por isso que você está cuidando de mim, me levou até a sua casa.
- Eu fui a "escolhida" para cuidar de você. Sou sua sombra agora.
- Ótimo – disse Harry desanimado. – Vai me acompanhar até Hogwarts?
- Nossa, não sabia que fazia tanta questão da minha presença – debochou, sorrindo. – Creio que não será preciso. Hogwarts é segura.
- Você é convencida – disse Harry.
- Eu sei – concordou Melane, ainda sorrindo.
- Ou melhor, você é muuuuito convencida! – corrigiu Harry, sorrindo.
- Já que você está dizendo, eu não vou contrariar – disse ela, levantando-se. – Qualquer coisa estou na cabana. Você deveria dormir, amanhã será um dia cansativo.
- São onze da manhã, não estou com tanto sono assim...
- Hum, a poção não foi tão forte o quanto eu pensei. Se precisar, me chame, ok? – perguntou Melane.
- Pode deixar – respondeu Harry.
Melane entrou. Harry percebeu que ela não era tão chata e metida quando a viu da primeira vez. Realmente, muito bonita e uma Auror. Estava em boa companhia.
O dia se arrastou. Harry teve a sensação de estar naquela cabana há duas semanas, mas nem fazia um dia que ele havia chegado. Ele olhava no relógio de seu avô de minuto em minuto, de segundo em segundo. O tempo parou e ele não tinha nada para fazer. Resolveu dormir às seis horas da tarde.
Acordou com a luz do Sol batendo em seu rosto. Levantou bastante animado. Apanhou seus óculos e um robe e dirigiu-se à cozinha da cabana.
Melane já estava tomando café, parecia perdida em seus pensamentos assim como Harry costumava ficar. Ele se sentou e ela demorou a notar sua presença. Olhou-o, parecia estar preocupada.
- Aconteceu alguma coisa? – perguntou Harry, servindo-se.
- Hum, não aconteceu nada... Por quê?
- Você está com uma cara. Melane, por favor, tenho quinze anos, não ser poupado de notícias ruins.
- Não aconteceu, nada – disse ela, sorrindo. – Está pronto para a sua aula?
- Sim, estou preparado – respondeu Harry.
- Que bom. Tome o seu café, um banho e me encontre lá fora.
E assim Harry o fez.
Ele a encontrou com um sorriso estampado no rosto, contagiado, Harry também sorriu.
- Vamos começar pelo básico, Harry – contou Melane.
- O.k.!
- Creio que você já deve ter aprendido... Se você já aprendeu, vamos aperfeiçoar.
- Se trata de quê?
- Eu vou te mostrar.
Melane se afastou, girou a sua varinha e disse "protetium". Harry observou, ele reparou uma bolha lilás bem claro se formar em volta de Melane.
- Harry, jogue algum feitiço em mim – pediu Melane.
Ele apontou a sua varinha para Melane.
- Qualquer um? – perguntou um pouco inseguro.
Parecia que tinha esquecido todos os feitiços que aprendera ao longo dos anos.
- Sim, qualquer um – confirmou.
- Tarantallegra! – exclamou Harry.
O feitiço bateu na bolha lilás de Melane e voltou contra Harry, sua sorte é que teve tempo de desviar. Harry percebeu que Melane ria dentro da bolha.
- Tarantallegra? – perguntou, sorrindo.
- Você disse qualquer um – respondeu Harry, envergonhado.
- Faz anos que eu não uso este feitiço, me deu até saudade – contou Melane.
- Você costumava lançar isso nas pessoas, fazendo-as andarem sem parar?
- Às vezes... Bem, agora você já sabe pra que serve o "protetium". Já usou alguma vez?
- Não.
- Bom – Melane de desfez da bolha. – Esta proteção é bem simples. Bem simples mesmo, não bloqueia todos os feitiços. E por ser tão rudimentar, pode ser vista e isso é de certa forma bom para o inimigo, ele sabe que você está protegido.
- O escudo não bloqueia quais feitiços?
- Os mais complexos. Mesmo sendo simples é útil por isso que você vai aprender.
- Melane, Você-Sabe-Quem, usou algo parecido.
- É, usou o "bloqueio totallitus". Requer muita magia para executá-lo.
- Mas eu acho que não deu certo... A parede não chegou até o teto da estação.
- Ele não deve ter se concentrado direito – explicou Melane. – Concentração é essencial para escudos, se não houver, pode haver falhas então ele deixa de ser um escudo, e sim uma ameaça. Vamos lá.
- Ok – confirmou Harry.
- Você tem que se concentrar, bastante. Concentre-se nas palavras. Apesar do escudo ser um pouco fraco, requer concentração.
- Protetium! – exclamou Harry com força.
Melane se aproximou e Harry notou que nada aconteceu.
- Continue – incentivou Melane. – Pense no escudo te envolvendo.
Harry se concentrou nas palavras, estava um pouco nervoso.
- Protetium! – exclamou Harry novamente.
Seu feitiço falhou novamente. Ele olhou para Melane desapontado.
- Já está desistindo? Levou tempos para eu conjurar o meu escudo.
E ele continuou, uma porção de vezes, sem nenhum sucesso.
- Está cansado? Se estiver, não vai adiantar nada – perguntou Melane depois de algum tempo.
- Não estou cansado – contou Harry.
- Ok, vou deixar você sozinho, acho que estou lhe causando uma certa tensão – e se retirou sem esperar resposta alguma de Harry.
Agora ele estava sozinho, sem ninguém o observando.
- Pense no escudo te envolvendo – falou Harry repetindo as palavras de Melane. – Protetium!
Não acontecia nada.
- Protetium! Protetium! Protetium! – exclamou Harry nervoso.
Aquela situação já o estava deixando cansado e frustado. Melane o fez parecendo tão fácil e ele não conseguira nada durante todo aquele tempo.
Passou horas e horas mencionando o feitiço sem nada acontecer. Melane o chamou para o almoço, para o café da tarde, mas parecia que toda a fome que Harry sentia tinha ido embora. "Vamos, Harry. Vamos", falava consigo mesmo.
Já estava escuro e a lua brilhava no céu e Harry ainda se encontrava no mesmo lugar, mencionando as mesmas palavras. Estava cansado, desapontado consigo mesmo. O feitiço era uma aprovação, de que ele tinha sangue bruxo em suas veias e ele teria que executá-lo. Teria de ter um sinal, alguma coisa, mas nada acontecia e isso o deixava desapontado.
Melane agora caminhava na direção dele, mas Harry não havia notado de tão absorto em sua tarefa.
- Protetium! – gritou Harry.
- Você não acha que já chega por hoje? – perguntou Melane.
- Você está aí há quanto tempo? – retrucou Harry um pouco assustado.
- O suficiente para perceber que você tem que descansar.
- Eu quero ter resultados – disse Harry.
- Mas você já teve resultados – respondeu Melane.
- Do que você está falando?
- O fato de você não ter desistido até agora já é uma grande coisa, Harry. Vamos dormir, amanhã é outro dia e você terá tempo de sobra.
Harry se manteve firme.
- Harry, já está tarde. Você precisa descansar. Está exausto demais para executar alguma coisa. Vamos – e ela caminhou para a cabana.
Meio que contrariado, Harry foi se deitar e não demorou muito para dormir. Foi duro admitir, mas ele estava com bastante sono.
- Você tem que querer Harry. Concentração – explicou Melane.
- Mas eu quero!
- Então você tem que querer mais. Se você consegue conjurar um patrono você consegue conjurar o seu escudo.
Estavam ali já fazia um bom tempo. Harry finalmente tinha conseguido um pequeno progresso. Quando lançava o feitiço ele era envolvido por uma fina camada roxa, bem fraca e frágil.
- Protetium – disse Harry pela centésima vez.
- Me dê a sua varinha! – sem esperar resposta Melane arrancou a varinha das mãos de Harry.
- O que você está fazendo? – perguntou indignado.
- O que eu estou fazendo ou o que VOCÊ está fazendo? – rebateu irritada. – Quantas vezes eu lhe disse que você não pode estar cansado, ou se estiver exausto, tem que querer. Vá descansar, ler alguma coisa, se alimentar, tomar um banho, depois continuamos isto.
- Melane, eu quero fazer isso agora – informou Harry, bravo.
- Do que adianta fazer isso agora se está fazendo com má vontade.
- Não estou fazendo com má vontade!
- Se não está fazendo com má vontade, deve estar cansado. Depois continuamos.
Melane saiu deixando para trás Harry frustado. A verdade era que Harry estava um pouco cheio e Melane conseguiu piorar o seu humor com aquele gênio.
Estava fazendo um tremendo calor e Harry foi para o quarto. Se ficasse mais um pouco naquele Sol escaldante iria derreter.
Esparramou-se na cama, verificou o seu relógio, marcava três horas da tarde. Ele tinha se levantado ás sete e meia. O quarto estava quente, mesmo com a janela aberta. "Onde será que eu estou?", perguntou para ele mesmo. Não havia nada para fazer, queria conversar com seus amigos, ouvir as besteiras de Rony, as broncas de Hermione, o sorriso de Gina. Aquele isolamento estava deixando ansioso e frustado. Foi neste instante que lembrou que tinha algo a fazer. Ler os "contos ministrais" segundo Rony. Foi até o seu malão, o livro estava bem no fundo do malão. Harry fez uma "pequena" bagunça ao retirar o livro.
Demorou algum tempo para achar onde havia parado. Pôs-se a ler.
Para seu espanto, finalmente achou o que procurava. Ficou bastante feliz, ficaria mais ainda se pudesse compartilhar com os seus amigos. Um trecho do livro dizia:
"Wigbon Waspen foi certamente um dos melhores Ministros que a Inglaterra teve. Dentre as suas criações a que mais se destacou foi a criação da Federação Internacional de Bruxos. Formada por todos os Ministros da Magia ao redor do mundo. Ela se reunia para solucionar problemas que interferem na harmonia do mundo mágico. (...) Tem o poder de nomear e despedir Ministros, aprovar leis e projetos que ajudem na total harmonia de bruxos/trouxas.
Nunca se sabe quando a Federação se reúne e quais são os outros bruxos (exceto os Ministros) que a compõe. Muitas vezes ela se reúne e soluciona os problemas sem o conhecimento da população mágica."
Harry apanhou um pergaminho, uma pena e copiou o trecho do livro. Já que este estava encantado, assim como os de Hogwarts. Depois de ter copiado tudo, sentou-se em sua cama e ficou olhando as árvores na floresta. Imaginava se nada daquilo tivesse acontecido, o que ele estaria fazendo em Hogwarts. Imaginava o que Rony estava fazendo agora, se estava morrendo de tédio igual a ele, o que Hermione estava sentindo, como estariam os seus tios, se Gina estaria enrolando nervosamente um cacho de seu cabelo de fogo... Ele não sabia de nada, assim como eles não sabiam como Harry estava se sentindo.
Dois dias se passaram e ele não fazia nada, ou melhor, não havia nada o que fazer. Melane colocou sua varinha na estante, "Ela vai ficar ali até você sentir vontade de pegá-la de volta". Harry achou que ela estaria desapontada com ele. Simplesmente não tinha vontade de fazer nada. Era incrível porque Melane não parava um minuto, lia livros, fazia experimentos na cozinha.
Harry ficava no quarto e ouvia pequenas explosões vindas da cozinha, Plácido também não parava um minuto, sempre a ajudando. Harry perguntou para Melane das aulas e ela respondeu friamente "Harry, você não conseguiu terminar um feitiço, pra que começar outro?".
Harry estava largado na cama, no mundo da lua, quando ouviu os passos de Melane subindo as escadas.
- Por Merlin! Você tem quinze anos e não noventa e cinco! Veja, faz sol e você fica entocado neste quarto, deitado o dia todo, pensando na morte da bezerra! Se um dia eu ficar igual a você... Me mate, por favor – falou Melane, procurando algo em seu malão.
Melane tinha razão, não adiantava ficar no quarto o dia todo. Ele tinha perdido as esperanças, estava desolado. Pulou da cama e desceu as escadas correndo. Se queria ter resultados não conseguira nada ficando parado o dia todo. Apanhou a sua varinha. Abriu a porta, realmente estava fazendo um dia bonito.
Reuniu toda sua revolta contra Voldemort, sua fúria, seu ódio. Segurava a sua varinha firmemente estava decidido a realizar o feitiço. Fechou os seus olhos.
- Protetium! – exclamou Harry com vontade e força.
Sentiu sendo envolvido por alguma coisa, abriu os seus olhos e percebeu que finalmente o escudo estava ali. Melane dada pulinhos de alegria e Plácido parecia estar contente também. Harry estava muito satisfeito.
- Até que enfim, Harry! – falou Melane. – Agora vamos ver se ele funciona! - "Ai, não!" pensou ele. - Tarantallegra!
Harry pôde ver o jato vermelho pálido vindo em sua direção, ele bateu em seu escudo e voltou em direção da Melane, ela desviou, naturalmente.
- É, senhor, Potter. Está funcionando – confirmou.
- Tarantallegra? – perguntou, satisfeito.
- Fiquei com saudades deste feitiço – explicou Melane. – Saia daí.
- Como?
- "Finitte protetium" – disse Melane. – Depois eu quero que você faça de novo.
- O.K.
Ele conjurou o escudo três vezes e todas as tentativas deram certo. Melane parecia estar mais satisfeita que Harry.
O sol estava se pondo e Harry encontrou Melane estirada na grama. Sentou-se ao lado dela.
- Quanto tempo você acha que ficaremos aqui? – perguntou.
- Eu não sei... Talvez um mês, uma semana ou só mais um dia...
- Você e Lupin são amigos há quanto tempo?
- Nossa, ha anos sou amiga de Lupin. Anos que eu conheço aquele doido varrido – contou Melane, sentando-se. – Faz muito tempo.
- Conheço Lupin há três anos, ele foi professor em Hogwarts.
- Caxias do jeito que ele é. Você gostou das aulas dele?
- Mas é claro! Todo mundo gostava, até o pessoal da Sonserina gostava... Só que não davam o braço a torcer.
Melane estava estranha. Quieta demais. Tinha os pensamentos distantes dali.
- Estou um pouco aflita, Harry... Você vai ter que me contar tudo sobre o ataque, detalhes. Lupin me contou o que ficou sabendo, ele não estava lá, assim como eu. Mas você estava...
- Não tem nada para contar...
- Não tem nada para contar? – perguntou, indignada.
Ele sorriu sem graça.
- Bem, ele executou alguns feitiços sem usar a varinha...
- Por Merlin... Cada dia que passa ele fica mais forte.
- Foi o que ele disse, mas eu me preocupo agora é com Hermione. Alguém já sobreviveu ao feitiço?
- Geralmente todos morrem, mas ele não terminou o que estava fazendo. As possibilidades são mínimas, Harry.
- Mas não tem nenhuma magia, feitiço, poção para ela sair do coma?
- Fio vita é um feitiço muito poderoso e complexo, não são todos os bruxos que podem lançá-lo. Eu não poderia fazê-lo.
- Eu nunca tinha ouvido falar desta magia.
- Faz anos, séculos, que não se tem notícia de algum bruxo que tenha feito – contou.
- Será que ela ainda está em coma, se ela fica por muito tempo... É adeus.
- É isso o que eu temo. Se ela ficar anos e depois acordar, o celebro dela não será mais o mesmo. Mas não temos que ficar pensando no pior – disse ela, otimista. – Você tem que treinar, Harry, nunca se sabe o que nos espera lá fora.
- Acho isso errado da parte do Ministério! Do que adianta ficar aqui enclausurado, não entendo. Quando sair daqui, Voldemort estará solto como está agora, e como esteve todo este tempo. Uma hora eu terei que sair daqui!
- Harry, nós já conversamos sobre isso.
- Acontece que você sabe, muito mais do que eu, que isso é ridículo!
- Harry, quantas vezes você vai querer discutir sobre isso! Nós estamos aqui e ponto final! Não adianta você esbravejar, gritar e ficar nervoso à toa. A decisão já foi tomada, não posso fazer nada. Você acha que eu gosto de ficar aqui? Você acha que eu não gostaria de estar exercendo o meu trabalho lá fora, procurando e dando fim naqueles Comensais idiotas? Você acha que Plácido gosta de ficar aqui? NÃO! – explodiu Melane. – Então se conforme, isso aqui é para o seu bem. Então chega de discussão. Não agüento mais! Parece um velho ranzinza, reclamando que os filhos não estão lhe dando a devida atenção!
- Eu? Um velho?
- Sim, um velho, de 200 anos, que fica reclamando da vida!
- Não estou reclamando da vida...
- Você está fazendo o quê, meu vovô? – ela perguntou sorrindo.
- Pare de me chamar de velho.
- Humf! Eu vou jantar, espero que você faça o mesmo – disse, levantando-se.
- Já estou indo – informou Harry, mal humorado.
No dia seguinte, Melane o ensinou outro tipo de escuto. Este era azul bem clarinho e mais forte. Harry conseguiu realizar o feitiço na terceira tentativa.
- Está com força de vontade – comentou Melane.
- Também... Pelo menos isso.
- Nós vamos duelar agora.
- Duelar?
- É, Harry, nunca ouviu falar em duelos? – caçoou Melane.
- Como? – ele percebeu que sua pergunta tinha sido mais estúpida do que a outra. – Digo...
- O efeito da poção acabou há muito tempo.
- Não é isso.
- É o quê, então? Harry, não sair ser um duelo. Você só vai aprender a se defender. E vai usar isto.
Melane conjurou uma venda.
- Uma venda... – falou, imaginando o que estava por vir.
- Ponha ela – ela estendeu a venda a Harry. – Você vai ter que perceber. Percepção em um bruxo é uma coisa muito boa.
- Perceber de onde vem o feitiço.
- É! No começo é um pouco difícil, mas isso ajuda.
- E que feitiço você vai usar em mim?
- Ah, isso é segredinho – respondeu maliciosa.
- Hey, eu tenho que saber o que você vai usar em mim – protestou o garoto.
- Harry, por um acaso você sabe o que o inimigo vai usar contra você? Não – respondeu ela mesmo. - Então pronto. Você vai ter que perceber, usar os seus reflexos, agilidade e tentar escapar do que está por vir.
- Ótimo! – resmungou Harry, colocando a venda.
Ambos tomaram distância.
- Está pronto? – perguntou Melane.
- Sim!
Harry segurou a sua varinha bem forte e tentou ouvir Melane. Não demorou muito tempo ela lançou um feitiço nele, que o acertou em cheio. Resultado, ele caiu feito uma jaca com as pernas duras feito pedra.
- Melane... Isso não vai dar muito certo.
- Você tem que ter confiança.
Harry foi atingido centenas de vezes e ele estava até gostando daquela agitação. Melane o "lembrou" que poderia lançar feitiços também e não ficar correndo pelos lados. Assim Harry o fez e de certa forma se saiu bem, pois seus olhos estavam vendados. Lançava o feitiço às cegas, por muitas vezes seus ouvidos o enganaram e Melane teria escapado, mas ele conseguiu acertar algumas vezes.
Cada dia que passava Harry conseguia, de certa forma, entender por que estava ali. Queria ficar forte, para conseguir derrotar Voldemort ou ao menos tentar.
Apesar das piadinhas, Harry gostava de Melane e, algumas vezes chegava a admirá-la. Ficar na cabana já não era tão ruim, ele estava aprendendo coisas, divertindo-se, "duelando" com Melane. Estava ficando muito bom naquela "brincadeira", confiava em seus ouvidos, reflexos e conseguia acertar Melane e desviar os feitiços que ela lançava.
- Minha senhora, minha senhora! – exclamou Plácido.
- O que foi?
Era um dia extremamente quente, Harry e Melane treinavam quando foram interrompidos.
- Veja! Plácido estava varrendo a casa quando viu este envelope atravessando a lareira – o elfo estendeu um envelope.
- Harry – gritou Melane. – Venha, cá! Notícias!
Harry arrancou sua venda e correu, extremamente ansioso. Melane abriu o envelope que continha alguns recortes de jornais.
- Carta pra você – disse ela, estendendo um papel.
Ele apanhou o papel e reconheceu a caligrafia de longe, era bilhete de Rony.
"Harry, por favor, não sei onde você está, mas dê um jeito de dar notícias. Um bruxo gordo apareceu por aqui dizendo que mamãe poderia escrever a você. Todo dia eu me pego olhando no céu, à procura de Edwiges. A Gina cansa de dizer (e ela está certa) que se você desse alguma notícia ela viria pela lareira, como as outras. Eu sei que não está morto, deve estar escondido em algum lugar do mundo, assim como nós. O bruxo gordo (Fred o apelidou de 'Barba' porque ele tem uma enorme), disse que logo iremos para casa. Eu não agüento mais isso aqui. Não sei onde está, mas aqui é extremamente frio e não podemos fazer nada de bom. Espero notícias suas. Nem que você tenha que estrangular o pessoal que cuida de você. Te vejo em breve.
Ron"
- E aí? Boas notícias? – perguntou Melane.
- Sim, bilhete de Rony. Ele disse que em breve ele vai embora da onde está, isto significa que logo sairemos daqui!
- Que bom – disse desanimada.
- Você não tem boas notícias?
- Olhe – disse ela estendendo o envelope. – Quando eu voltar terei muito que fazer, vamos para dentro, aqui está quente demais.
Harry apanhou o envelope e entrou na cabana. Com calma, sentou-se e examinou os recortes de jornais.
Pânico
Quem presenciou o ataque à estação King's Cross sabe mais do que nunca o que significa a palavra "pânico".
Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado não poupou esforços, mostrou o seu poder para centenas de bruxos e trouxas que se encontravam na estação. A aluna da "Escola de Magia e Bruxaria Hogwarts", Hermione Granger, foi quase morta diante de todos os presentes. Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado aplicou o lendário "fio vita" na garota, que agora corre risco de vida.
Cornélio Fugde, o então Ministro da Magia, não está tomando providências e o pânico está se alastrando por toda Inglaterra, seja na comunidade bruxa e trouxa.
Existem muitas coisas a serem desvendadas, uma delas o Lions que salvou a todos nós, os depoimentos dos trouxas que são extremamente necessários, e como o Ministério "abafará" o ataque.
O que resta para nós, bruxos, é aguardar para que sejam tomadas devidas providências.
Rita Skeeter
Havia mais recortes, todos eles escrito por Skeeter. O assunto principal de um dos recortes era o paradeiro de Harry.
- Está um verdadeiro caos lá fora – disse Melane. – Lupin me mandou um bilhete, disse que você poderá escrever para quem quiser, e que em breve sairemos daqui.
- Que bom.
- Eu pensei que você estouraria fogos, Harry. Vivia reclamando pelos cantos.
- É, eu sei. Vai ser estranho voltar, agora que me acostumei com a idéia de ficar aqui.
- Vai ser estranho mesmo, mas tem um lado bom. Verá seus amigos e familiares de novo.
- Quando vamos embora? – perguntou o garoto.
- Não sei, ele não contou a data, acho que nem ele sabe. Harry...
Harry olhou para Melane, que estava em pé coçando a cabeça.
- Eu vou dar uma voltinha, lá na floresta, você se incomoda de ficar sozinho? Não vai aparecer... Não tem perigo, você ficar algumas horas sozinho... A não ser que você queria vir comigo, você quer?
- Pode ir, Melane. Fico bem sozinho.
- Ok! Faça a sua carta, bilhete... Eu já volto.
Anoiteceu e Melane não chegou, Harry começou a se preocupar. Ele já estava com sono, Plácido já estava dormindo há tempos. Olhou em seu relógio e marcava 22:15. Cansado de esperar, foi se deitar.
- Harry, Harry, acorde! Vamos lá! – chamou Melane.
- Anh? Que... – disse Harry de olhos fechados.
- Vamos, levante-se! – ordenou Melane.
- Ah... Já estou acordando. Você some e agora... – respondeu Harry espreguiçando-se.
Melane já não se encontrava no quarto. Levantou-se, apanhou seus óculos. Olhou para janela, estava escuro ainda, se trocou e desceu ao encontro de Melane.
- Olá, Harry! – saudou Plácido.
- Bom dia – respondeu Harry.
- Harry tem que comer – disse Plácido trazendo uma pilha de panquecas. – Sente-se Harry.
Ele se sentou, olhou para Plácido e ele parecia estar feliz. Começou a comer as panquecas.
- Hum, Plácido. Onde está Melane? Faz tempo que ela chegou? Ela já tomou café? – perguntou Harry
- Sim, minha senhora já tomou café. Está lá fora – informou o elfo.
- Oh, sim. E você, já tomou café?
- Plácido ainda não comeu – contou encabulado.
- Não quer se sentar?
- Oh, é muita honra. Mas Plácido está atarefado.
- Não vai comer? Plácido, sente-se. Melane não vai ralhar com você – falou Harry
Plácido ficou algum tempo parado, olhando para Harry, olhando para fora. Finalmente sentou-se.
Harry reparou que seu apetite estava fora do normal. Ele estava cheio de fome e comia mais do que o normal.
Depois de algum tempo, retirou-se da mesa. Plácido havia acabado fazia tempo. Apanhou suas roupas e foi tomar o seu banho, ainda estava escuro lá fora e ele não fazia idéia do que Melane estava programando.
Tomou banho ansioso. Encontrou Melane no quintal, tinha um enorme sorriso no rosto.
- Bom dia, Harry! – disse ela com animação.
- Olá – respondeu Harry.
- Hoje não teremos uma aula...
- Melane, por que você me acordou tão cedo? Que horas são?
- Eu quero te mostrar um animal, eu descobri ontem de madrugada.
- Ah – acalmou-se Harry.
- Está na floresta, é um animal. Vamos! – chamou Melane.
- Um animal, de que tipo? – perguntou Harry.
- Você verá...
Entraram na floresta e Harry sentiu um arrepio. A mata era fechada, estava escuro e o caminho era iluminado apenas pelas varinhas de Harry e Melane. Eles já estavam andando fazia cerca de 25 minutos. Até que Melane quebrou o silêncio.
- Com este animal por aqui nós podemos saber a nossa localização – informou Melane.
- Como? Agora que nós vamos embora... Eu acho que estamos andando em círculos.
- Eu não consigo achar...
- Achar o quê? – perguntou Harry ofegante, Melane estava andando muito rápido.
- Harry, fique junto comigo. Preste atenção.
- Atenção em quê? Eu não estou entendendo nada!
- Fiquei quieto, não faça barulho – ordenou Melane.
Ela parou de andar. Olhava na mata, com os olhos cerrado, à procura de algo.
- Você está vendo algo? – perguntou Harry em um sussurro.
- Harry – disse Melane entre os dentes –, estamos... Sendo... Caçados...
O estômago de Harry gelou. Demorou algum tempo para processar a informação. Virou sua cabeça, vagarosamente. Melane tinha sua varinha em punho e os olhos fixos na mata.
- Harry, você sabe o caminho para a cabana. Siga em linha reta – sussurrou Melane.
- Não vou deixar você aqui – respondeu Harry.
- Não é hora de mostrar braveza, vá para casa, é perigoso.
- O que você pretende fazer? – perguntou Harry. – Quem é que está nos caçando?
- Não se mova... – disse Melane, e apontou discretamente para o céu.
Era noite de lua cheia. "Um lobisomem", pensou Harry. Olhou para Melane, apavorado e viu que ela tinha um sorriso nos lábios.
- Vamos sair daqui – sugeriu Harry.
- Harry, você está me atrasando. Eu tenho que te proteger, esta é a minha função. Melane Walker não brinca no serviço! – gritou Melane, nervosa.
Ouviram um grande uivo e Harry percebeu uma movimentação na direção que Melane apontava a sua varinha.
- Não vou deixar você sozinha – falou Harry.
- Se você demorar mais um pouco vai virar comida de lobo!
- Não quero que você morra e se caso eu morrer estarei lutando e não escondido em uma cabana!
- Quem é que disse que eu vou morrer? – perguntou sarcasticamente. – Corra! – gritou.
Ela correu para a esquerda, sem pensar Harry correu também, atrás de Melane.
- HARRY! – gritou ela. – QUE DIABOS VOCÊ ESTÁ FAZENDO?
Olhou pra atrás e o lobo não estava atrás dele.
- CADÊ ELE? – perguntou Harry ainda correndo.
Melane parou de correr e a viu lançando um feitiço. Finalmente ele a alcançou.
- Melane, vamos embora – falou Harry, bastante ofegante.
- Correr não foi a mais bela solução, ele está se divertindo. Você é bom em feitiços convocatórios?
- Acho que sim – falou, incerto.
- Você é bom de mira?
- Eu não sei – respondeu rapidamente.
- Harry, o que eu te disse sobre observar os ambientes?
- Tem um lobisomem naquela direção, achando isso muito engraçado, e você quer que eu lembre das suas aulas e sobre feitiços convocatórios?!
- Se abaixe! – gritou Melane.
Se Harry fosse mais devagar provavelmente teria sido ferido. O lobo uivou novamente. Melane convocou a velha espingarda que ficava no andar superior da cabana.
- Harry, atira, ele está vindo – disse Melane, estendendo-lhe a espingarda.
Finalmente, Harry pôde ver o lobo, estava em posição de ataque. Era grande, seu pelo era marrom e parecia estar bem sujo, ele tinha o olhar fixo em Melane.
- Harry, atira! – disse ela, saindo em disparada e o lobo, logo em seguida.
Harry não sabia o que fazer, na hora lembrou-se de Lupin. O homem que estava ali, sofria o mesmo que Lupin. Atirar era a mesma coisa que atirar em Lupin.
Mas vida de Melane estava em suas mãos, teria que salvá-la. Já bastava Hermione em estado grave, pelo menos ele podia salvar Melane.
Olhou na direção que o lobo correu, tinha perdido-o de vista. Correu atrás do suposto lobisomem, desesperado, segurava a espingarda com força na mão direita. Ele apenas corria, até que ouviu um grito, acelerou, e avistou o lobo. Sem pensar, Harry atirou de qualquer jeito, sem fazer mira, foi por impulso. Mas o lobo ainda estava ali, e ele pôde perceber que Melane tinha sangue no rosto. Ela apanhou a sua varinha, e lançou algo no animal, Harry se aproximou mais, pegou a espingarda, o animal estava parado. Ele tremia, e atirou de novo e percebeu que realmente não era bom de mira.
- HARRY! – gritou a mulher.
Tentou segurar a espingarda com mais força, pendeu a respiração e atirou.
- HARRY! NÃO ATIRE!
O lobo caiu, tarde demais.
Ele foi até Melane, ela estava bastante suada, com o cabelo grudado no rosto sujo de sangue. Sua calça estava rasgada no joelho.
- Harry, eu disse para não atirar! – disse, aflita.
- Mas eu...
- Mas nada, me ajude aqui – pediu, abaixando-se.
- Ele é um lobisomem? É lua cheia e eu...
- Harry, não fale besteiras – respondeu nervosa. – Se fosse um lobisomem ele tinha voltado a sua forma quando recebeu o tiro.
- Então é um lobo – respondeu.
- Você tem imaginação fértil, temos que salvá-lo.
- Salvar?
- Não tenho culpa se eu e você fomos ignorantes demais. Eu deveria tê-lo imobilizado em vez de sair correndo e convocar uma espingarda.
Harry tremia, não estava tão calmo como Melane parecia estar. Ela lançou algum feitiço no animal, Harry ainda estava nervoso para prestar atenção.
- Como sou estúpida, agimos como trouxas! Correndo, fugindo! Ainda bem que você é péssimo em mirar algo – disse ela no caminho para a cabana.
Harry deixou escapar um suspiro, ele estava irritado com Melane.
- Você queria que eu fizesse o quê? – perguntou irritado.
- Eu disse para não atirar!
- Não – corrigiu Harry –, você disse que era para eu atirar, foi o que eu fiz.
- Harry, não estou te culpando! E se você continuar com este passinho de princesa chegaremos mês que vem na cabana. Eu vou na frente.
Harry não respondeu nada, estava nervoso e se sentindo culpado ao mesmo tempo. Ele estava querendo ajudar, mas só consegui piorar as coisas.
Melane se distanciou bastante, mas ele não estava muito preocupado com isso. Por fim, chegou até a clareira que se encontrava a cabana, já estava amanhecendo, decidiu tomar um banho e se deitar. Preferiu não saber o estado de saúde do animal, porque, na certa, ficaria escutando Melane nervosa, realmente não queria ouvir aquela conversa, e se sentir pior do que já estava.
Acordou, notou que Plácido e Melane não estavam em suas camas. Trocou-se e ouviu uma voz de homem na lareira, desceu as escadas correndo, por pouco não tropeçou quando chegou no último degrau. Melane estava ajoelhada em frente da lareira, conversava com Lupin. Harry ficou feliz de revê-lo. Mas os dois não tinham notado a presença de Harry.
- Melane, você ficou maluca! Levar o menino para o meio do mato! Você está aqui para cuidar dele e não ensiná-lo a atirar em animais silvestres!
- Remo, não seja idiota. Não aconteceu nada de mais.
- Se eu estou sendo idiota você foi imatura de ter feito o que fez! – Lupin estava bravo.
- Você não entende! Nós estamos vivos, e estamos bem, não vai mais acontecer isso. Só queria mostrar a ele, uma...
- Mostrar o quê, Melane?
- Estamos na América, e queria contar isso a ele, e você não precisa agir...
- Não preciso agir deste jeito? Faça me o favor!
- Eu não posso contar nada pra você mesmo. Não é meu pai para ficar brigando comigo, vai me colocar de castigo? Não vai deixar eu usar a minha vassoura? Vai tomar a minha varinha? Anda, papai, me diga logo meu castigo. – falou sarcasticamente.
- Às vezes eu tenho a impressão que você não cresceu, que continua a mesma Melane nos tempos de escola, fazendo tudo errado, agindo como uma criança –finalmente Lupin o notou. - Boa tarde, Harry.
- Boa tarde - respondeu.
Harry teve a leve impressão que Melane estava constrangida. Lupin estava lhe dando uma bela de uma bronca.
- Harry, que bom que você acordou. Melane não encontrou o bilhete que você deveria ter escrito. Não posso ficar muito tempo aqui.
- Bilhete? Que bilhete? Não escrevi nenhum bilhete, não deu tempo... Quer dizer, eu estava esperando Melane chegar e acabei esquecendo.
- Você não escreveu nada, mesmo? – perguntou Melane.
- Não – respondeu chateado. – Lupin, você está aqui só para isso?
- Sim, se você escrever alguma coisa rapidinho eu posso esperar.
Plácido, ouvindo a conversa, mais do que depressa, arranjou um pedaço de pergaminho e uma caneta. Harry se pôs a escrever.
- Quando é que vamos embora? – perguntou Melane, ainda ajoelhada.
- Não sei, mas eu acho que dentro de uma semana vocês estão saem daí. Já ia me esquecendo, uma carta de Dumbledore para você – Lupin estendeu um pergaminho para Melane.
- Terminei – disse Harry, indo em direção a Lupin.
- Bem, estou indo, já fiquei e conversei demais. E você, Melane, juízo.
- Dumbledore quer que eu lecione em Hogwarts – disse Melane, ignorando o pedido de Lupin.
- Anh? Você vai aceitar? – perguntou Harry, incrédulo.
Lupin abriu um grande sorriso.
- Melane Walker, quem diria, professora de Hogwarts – caçoou Lupin.
- Defesa Contra Arte das Trevas... Ele disse que é para não me precipitar na minha decisão – contou Melane.
- Você vai aceitar? – perguntou Harry novamente.
- É uma bela oferta, tenho que ir. Até breve!
E Lupin sumiu no meio das chamas. Harry não podia acreditar, teria que agüentar Melane no pé dele o ano todo. Ela se levantou, parecia estar satisfeita. Saiu da cabana sem responder, Harry foi atrás.
- Melane – chamou Harry.
Ela se virou, parecia estar muito feliz.
- Fala, o que você quer?
Harry se odiou tanto de ter corrido atrás dela.
- Onde está o lobo?
- Ele está bem, o tiro pegou de raspão.
Melane o levou para a parte de trás da cabana. O lobo se encontrava deitado, em um colchão, solto. Havia um curativo na parte traseira, tinha um olhar morteiro. Ao perceber a presença de Harry, tentou se levantar, mas não consegui, rosnou bem alto.
- Acho que ele não gosta de você – contou Melane. – Ele se lembra de você, do tiro.
Sem responder nada, retirou-se e seguiu em direção ao quarto. Deitou, ele procurava não pensar em Melane, mas era inevitável. "Estava tudo muito bom", pensou Harry. Tentou se ocupar, pensando quando Rony receberia o seu bilhete, quando sairia dali, em seus tios, em Hogwarts. Este último pensamento, lembrou-lhe Melane. Ela teria que conviver com ela mais do que havia imaginado. Ela se mostrou uma boa professora, persistente, prestativa. Mas naquele momento Harry só conseguia pensar nos defeitos e de como seria duro ter uma professora-auror durante um bom tempo. Como ele rejeitava aquela situação de estar sendo protegido o tempo todo. Com certeza, ela aceitaria a proposta de Dumbledore.
Harry pôde perceber que Melane não foi um bom exemplo, pelo o comentário debochado de Lupin. "Melane Walker, quem diria, professora de Hogwarts", lembrou. Ela era diferente dos outros, tinha um toque sarcasmo misturado com um pouco de irresponsabilidade, era isso que diferia Melane dos outros bruxos adultos que Harry conhecia.
O dia se passou rapidamente, para a surpresa de Harry. Geralmente, quando não fazia nada, os ponteiros do relógio demoravam a trabalhar e ele sentia que havia parado no tempo. Durante todo o dia, Melane e Plácido cuidaram do lobo ferido, com isso, não teve aula.
Assim como o dia, a noite passou rapidamente, e Harry foi acordado novamente por Melane, desta vez um pouco mais delicada. Até que enfim o dia que ele havia ansiado tanto chegara. Levantou-se rapidamente, apanhou sua roupa, e foi tomar um banho. Seu último banho naquele lugar, naquele lugar de clima estupidamente quente. Era estranho admitir, mas enquanto Harry arrumava as suas coisas sentiu que, algum dia, sentiria saudades daquilo tudo, mas não agora, não naquele instante. Melane parecia um tanto melancólica, deixar o lobo para trás. Ele parecia gostar dela, e já estava bem melhor, resultado dos feitiços e poções. Levou seu malão para baixo e saiu para chamar Edwiges. Ela costumava ficar, em um ipê roxo. Voltou para a cabana com Edwiges piando em seu ombro, um pouco mal humorada, era dia e, naturalmente, estava com sono.
- Ai, eles estão atrasados! – reclamou Melane quando Harry sentou-se ao lado dela.
- Que horas eles iriam nos buscar?
- 13:30! – respondeu um pouco aflita.
- E que horas são?
- 13:40! Dez minutos de atraso!
Neste instante apareceu um homem negro, de rosto robusto, usava um óculos grosseiro e dava a impressão de ser extremamente calmo.
- Saudações! – exclamou ele.
- Olá – respondeu Harry.
- Oi, eu achei que vocês tinham esquecido de nós! – reclamou Melane, em pé.
O homem sorriu.
- Seria impossível. Bem, aqui está o portal – ele arremessou uma meia furada da cor verde. – Será aberto exatamente daqui 10 minutos. Estão com tudo pronto?
- Sim, está tudo pronto! – ela respondeu rapidamente. – Onde está o Lupin, achei que seria ele...
- Lupin está em uma missão no momento – interrompeu o homem. – Acho que é só isso, nós se falamos mais tarde.
E sua face desapareceu da lareira.
- Bom, agora é só esperar – disse Melane, um pouco mais calma. – Já são, 13:46.
"Esperar foi o que eu mais fiz nestes últimos dias", pensou Harry.
Melane estava muito impaciente, andava de um lado para outro, os quatros minutos estavam demorando a passar. Plácido estava aflito também. Harry tentou ficar calmo, mas era inevitável, queria rever seus amigos de novo.
- 13:50! Está tudo mais do que pronto. Vai você primeiro – disse Melane.
- Não, quero ser o último – respondeu Harry.
- Já que você faz tanta questão. Plácido, vai ficar tudo bem.
Apanhou a suas coisas e sumiu, Plácido foi o próximo. Harry não entendia o medo do elfo. Estava só na cabana, apanhou suas coisas, a gaiola de sua coruja, Edwiges estava permanecia acordada. Deu uma última olhada em tudo, nunca mais estaria ali de volta. Apanhou a meia, caída no chão e partiu em rumo ao desconhecido.
