Capítulo Doze "De volta ao mundo real"
Harry abriu os olhos, meio desajeitado, e se encontrou em um escritório. Não conhecia a mulher loira, de vestido cor de rosa, que estava presente na sala, reparou que Melane tinha uma expressão estranha, Plácido parecia um pouco assustado. O homem negro, que há alguns minutos havia aparecido na lareira da cabana, estava sentado em uma grande cadeira, com uma expressão calma. Era ruim, para Harry, a sensação de estar em um lugar estranho.
- Por favor, sentem-se, Fátima – falou, olhando para a loira. – Leve o elfo para outro lugar, para a enfermaria.
Ele esperou a loira e Plácido se retirarem. Harry olhou para Melane, ela sorriu meio encabulada.
- Vocês estão bem?
- Sim – responderam.
- A questão é a seguinte – disse sem rodeios –, vocês ficaram todo este tempo isolados por questões de segurança. Decidimos que já era hora do fim do confinamento. O Ministério teve um grade trabalho, para esconder o ataque dos trouxas. E foi decidido, depois de muita discussão, que seriam descartados os depoimentos dos trouxas. Já que muitos deles sofreram o feitiço da memória. Foi um grande trabalho, mas já está tudo resolvido.
- Como vocês fizeram isso? Eram muitos trouxas, até aplicar o feitiço...
- Senhorita Melane – interrompeu –, deixe as perguntas para mais tarde, sim?
Pelo que Harry conhecia Melane, ela não gostou nada da resposta que ele deu. Ela cruzou os braços e ficou com uma expressão de mau humor.
- Continuando, o problema é que os trouxas têm meios de comunicações muito rápidos, a notícia vazou para todo o mundo. Eles não sabiam quem havia feito isso, mas tinham certeza que era grave. Estou contando isso só para vocês terem a dimensão do ataque porque já está tudo resolvido. Sua família – disse olhando para Harry - e seus amigos já voltaram de onde estavam, estão todos muito bem. Hermione Granger não está mais em estado de coma há algum tempo, está se recuperando aos poucos, foi um verdadeiro milagre ela voltar à vida. Todas as pessoas que sofreram o feitiço morreram, aquelas que sofreram parte, como ela, não agüentaram por muito tempo.
Aquela notícia foi um verdadeiro alívio para Harry.
- Pedro Pettigreiw fugiu e no instante ninguém sabe como. Foi um verdadeiro descuido porque ele é aliado de Voldemort. Ficou em instalações desapropriadas por algumas horas em uma penitenciária trouxa e fugiu. Havia aurores por toda a parte, quando foi capturado não trazia nenhuma varinha consigo. Mas só depois da fuga ficamos sabendo de uma informação essencial, Pedro era um animago ilegal, um rato, e não encontrou obstáculos para a fuga. Não se tem notícia dele, mas através de uma foto, que foi tirada no dia do ataque, todos sabem como é o rosto dele, inclusive os trouxas. Não temos notícia de Voldemort, mas a segurança no mundo mágico e, principalmente, no mundo trouxa foi reforçada. Estão todos, na medida do possível, bem. Aurores de todo mundo estão sendo chamados para a segurança de todos e para a captura dos Comensais de Morte.
- Americanos? – perguntou Melane. – Eu odeio americanos!
O homem riu.
- Você se refere a que tipo de americanos? – perguntou, ainda sorrindo.
- Você conhece algum que seja normal? Todos que conheço são uns chatos... Sei que não posso culpar a maioria, mas eles não vão muito com a minha cara.
- Existe uma certa rivalidade entre bruxos britânicos e bruxos americanos. Bem, nós precisávamos de reforços e alguns contrataram o Ministério de livre e espontânea vontade. São africanos, egípcios, japoneses, de várias nacionalidades e com o mesmo objetivo. Perguntas?
- Bem – disparou Melane –, como vocês fizeram com os trouxas?
- Pensando no primeiro momento a solução parece ser difícil, porque os trouxas tinham o conhecimento parcial do que tinha acontecido. Meu filho ajudou na solução.
- Seu filho? – perguntou Harry.
- Sim - confirmou orgulhoso. – Ele teve a idéia de colocarmos poção do esquecimento nos reservatórios de água do país. Os trouxas beberam a água e esqueceram do que houve nos últimos dias. Bem mais rápido e eficaz que feitiços. Isso foi feito em todos os países.
- Genial... – concordou Melane.
- Mas... E o Cornélio Fugde? – perguntou Harry, curioso.
- Está tudo bem com Cornélio – respondeu, restrito.
- Ele ainda é Ministro? – perguntou Melane, um pouco ansiosa.
- Sim, ele ainda é Ministro.
Ele se levantou e saiu do aposento.
- Americanos... – resmungou Melane. – Eles me odeiam, agora terei que trabalhar, falar, e ouvir aquele sotaque.
- Você não gosta dos norte-americanos, então... – esclareceu Harry.
Neste instante um homem entrou no gabinete, acompanhado por Fátima. Harry reparou que era alto e tinha uma barriga enorme.
- Harry – disse ele, aproximando-se –, acompanhe Fátima, sim?
Harry levantou-se.
- Okay – respondeu.
- Foi um prazer – disse a Harry, estendendo a mão.
Harry e o homem apertaram firmemente as mãos, o menino sentiu seus dedos serem esmagados, tamanha força. Melane se levantou para se despedir também.
- Por favor, sente–se, Melane. Tenho que tomar um pouquinho mais do seu tempo.
Ela foi até Harry e se despediu, dando-lhe um grande abraço.
- Até logo – disse ela, sorrindo.
Harry pegou suas coisas, Edwiges estava bastante inquieta, seguiu a mulher de rosa. Do lado de fora havia muitas pessoas circulando por todos os lados. Se deu por conta, que estava em um prédio. Um monte de bruxos andava de um lado para o outro, alguns estranhando a presença de Harry. Por incrível que pareça, ele desceu de elevador até o térreo. Imaginou o porquê de um elevador, um aparelho trouxissímo, em um prédio de bruxos. Saiu, por fim, do prédio e reconheceu onde estava, no centro de Londres. A mulher parou em frente de um carro branco. Perto do carro estava um homem baixinho, careca, com uma longa barba e moreno.
- Bem, eu fico por aqui. Você entra no carro, que vai te levar na casa dos seus tios. Até mais – disse ela, com um sorriso.
- Até – respondeu Harry.
O careca colocou as coisas de Harry rapidamente no carro. Ele entrou, um pouco ansioso. As ruas estavam normais, como se nada tivesse acontecido, pessoas caminhando normalmente, sem o conhecimento que estavam em perigo de vida, que havia um assassino à solta, querendo a morte de todos.
- Então, quem diria que eu veria Harry Potter de perto – contou o careca.
Harry não respondeu nada.
- Meu nome é Skiper – apresentou-se.
- Olá, Skiper – cumprimentou Harry.
- Eu não sou da Inglaterra, nasci nos Estados Unidos.
- Hum... – disse, sem entusiasmo.
- Sou um Auror, fui convocado para a segurança de vocês.
- E você está gostando da Inglaterra?
- Sim, já estive aqui outras vezes. Só não gosto muito do frio, pra quem vive na Flórida isso aqui é um pesadelo.
Depois desta breve apresentação, Skiper não abriu a boca para nada. Harry achou bom, não estava muito a fim de conversar. Finalmente, depois de um bom tempo, reconheceu a rua dos Alfeneiros, tão familiar. Saltou do carro, fitou a casa de número quatro, parecia estar deserta, até que Petúnia aparece na porta.
- Harry! – ela exclamou alegremente, correndo em direção ao sobrinho.
Sua tia chegou até ele, bastante feliz, e lhe deu um abraço.
- Aqui estão as suas coisas, tchau - despediu-se Skiper.
- Muito obrigada, meu senhor – agradeceu Petúnia.
- Por nada – respondeu entrando do carro.
- Venha, Harry, vamos entrando, deve estar faminto.
Válter se encontrava na sala, tinha uma expressão estranha no rosto. Ele o cumprimentou bem formalmente. Sua tia o arrastou para a cozinha e fez Harry comer uma porção de coisas. E contou que haviam ficado junto com os Granger todo aquele tempo. Disse que o lugar onde haviam ficado até o dia anterior era uma casa de dois andares. No primeiro andar ficaram os Granger, no segundo os Dursley. Também contou do Auror que ficou cuidando das famílias, caso houvesse algum perigo. Disse que ele explicou tudo o que estava acontecendo, sobre os Comensais de Morte, Voldemort, como eles poderiam se proteger, quando saíssem do isolamento.
- Válter está assimilando melhor a idéia, mas Duda... Tivemos problemas com ele e isso é culpa minha. Por todos esses anos, movida a um ciúme doentio, que contagiou a todos aqui em casa.
- Hum... – respondeu Harry com a boca cheia de leite.
- A Sra. Granger chorava muito por causa da filha. Só Deus sabe o quanto rezamos por Hermione. Eu sabia que você estava seguro, mas mesmo assim não deixei de me preocupar, Válter também, por incrível que pareça. Agora nossa casa está enfeitiçada, estamos bem, mas sendo vigiados.
- Vigiados?
- É, eu não sei quem, mas estamos. Não contaram para nós, modo de segurança. Harry...
Ele olhou para a tia.
- Você precisa fazer esta barba – contou Petúnia.
Por um minuto se perguntou "Barba, eu não tenho barba!", mas passou a mão no rosto e a sentiu alguma coisa, que sua tia chamou de barba.
- Você não é mais um garoto, Harry – disse ela sorrindo. – Onde você ficou? Seu rosto está um pouco queimado, seus braços principalmente.
- Fiquei este tempo todo em uma cabana no meio do mato. Em um lugar, extremamente quente, era insuportável!
- Cada um ficou em um canto. É uma pena, mas amanhã você vai para Hogwarts, amanhã ou depois, o Ministério ficou de mandar uma coruja.
- Amanhã? Mesmo? – perguntou, com entusiasmo.
- Amanhã, ou depois... – confirmou a tia tristemente. – Bem, acho melhor você tomar um banho, se deitar um pouco.
- Não estou cansado – disse Harry apanhando mais um pãozinho. – Estou com fome.
- Ah, isso eu já pude perceber. Você andou engordando uns quilinhos este tempo que esteve fora. Quando terminar de comer vista o seu uniforme de Hogwarts. Nunca vi você de uniforme, mas creio que não cabe mais no seu.
Harry nunca havia pensado naquilo.
- Você 'tá enorme, se quer saber. Uns dias sem se ver e você engorda, cresce mais do que já havia crescido.
Harry sorriu.
- Acho que me lembro de como vai ao Beco... Válter pode nos levar de carro. – disse Petúnia.
- Tudo bem, vou me vestir – disse, levantando-se.
Subiu ao seu quarto arrastando o seu malão e a gaiola de Edwiges. O quarto estava do mesmo jeito que havia deixado. Vestiu-se e, realmente, as vestes estavam bem curtas. "Puxa", disse Harry. Abriu a porta de seu armário e se encarou no espelho. Suas bochechas estavam bastante queimadas, o cabelo desalinhado, os olhos verdes, a cicatriz fina em sua testa. Seu rosto havia mudado, ele mesmo pôde perceber. Sua tia tinha razão, ele estava com uma pelugem no rosto. Alisou-o e deu um sorriso maroto pra si mesmo, estava contente com aquele início de barba, não se sentia mais o menino magricela de 11 anos. Vendo a sua imagem no espelho, envelhecida cinco anos, sentia-se melhor, uma certa felicidade. Era um momento estranho para se sentir daquele jeito, mas não podia conter. De certa forma, estava tudo bem agora.
Hermione estava melhor, estava em casa, e logo iria para Hogwarts. Sentiu um pouco de paz, sentou-se na cama e ouviu sua calça se rasgar, mas ele nem se importou muito. Passou sua mão mais uma vez no rosto. Se trocou e avisou a tia que teria que comprar roupas novas. E assim o fizeram, em todo o percurso, um carro os seguiu, faziam a sua segurança. Válter permaneceu no carro o tempo todo. Não demoraram muito, Madame Malkin ficou feliz ao revê-lo. Disse que muitos alunos de Hogwarts passaram por lá naquele dia.
Estava tudo bem na relação "Válter e Harry". Mas Válter mostrava um discreto mal humor, embora não tenha ralhado com Harry em nenhum momento.
Chegando em casa, Harry recebeu uma coruja, segunda-feira começariam as aulas e domingo poderia visitar Hermione.
- Rony! - exclamou Harry ao ver o amigo sentado em uma cadeira na sala de espera do hospital.
- Harry – disse Rony. – Nossa, como é bom te ver de novo!
Deram um abraço, típico de homem, sem se encostar muito.
- Onde você estava? 'Tá todo queimado! – falou Rony.
- Eu fiquei no meio do mato...
- HARRY! – era Molly correndo em sua direção.
- Mãe, estamos em um hospital! – ralhou Rony.
- Harry, Harry, querido, como você está? Tudo bem? Por Merlin, você está queimado! – exclamou Molly, contente.
- Oi, está tudo bem comigo. Melane suspeitava que nós estávamos na América – contou Harry.
- América? – perguntaram Molly e Rony.
- Melane? – perguntou uma quarta voz, era Gina. – Melane... Quem é Melane?
- Oi, Gina – cumprimentou Harry.
- Olá, Harry – respondeu a garota.
- Quem é Melane? – perguntou Rony.
- É uma longa história. Vocês já viram a Hermione?
- Não, ainda não deu o horário de visita... – contou Gina.
- Eu estou nas cadeiras, por favor, não saiam daqui – disse Molly se retirando.
- Onde estão os gêmeos? – perguntou Harry.
- Por aí, pregando peça nos trouxas. Eles nunca mudam. Esta história deles ficarem separados só os uniu mais ainda – contou Gina.
- Separados?
- É, nos separaram. Este tempo ficamos separados. Eu, Rony, mamãe, Fred em um lugar. Meu pai ficou trabalhando no Ministério este tempo todo. Jorge, Carlinhos e Gui ficaram em outro lugar – acrescentou a garota.
- Mas está tudo bem agora. Pelo menos é o que parece... Veja – apontou Rony –, Mamãe esta acenando, acho que está na hora.
Aproximaram-se de Molly, que estava nervosa com os gêmeos, que haviam desaparecidos, decidiu procurar pelos filhos. Uma enfermeira guiou o trio até o andar e quatro que Hermione estava.
- Estou tão nervosa, será que ela esta bem mesmo? – preocupou-se Gina.
A enfermeira abriu a porta do quatro e lá estava Hermione. Sentada em uma poltrona, um pouco pálida, cabelos presos, semblante calmo, vestia um robbe rosa clarinho. Assim que viu os amigos entrando no quatro abriu um lindo sorriso.
- Que saudade! – exclamou Hermione, levantando-se.
Gina correu até Hermione, que a abraçou.
- Olá, garotos – cumprimentou a Sra. Granger.
Era uma mulher bem branca, tinha os cabelos presos em forma de coque, o sorriso de Hermione.
- Oi – disseram Rony e Harry.
- Oi, meninos. Está tudo bem com vocês? – perguntou Hermione.
- Está tudo bem, Hermione – disse Harry, abraçando a amiga.
- Vocês não sabem como é revê-los. Estava angustiada de não ter notícias de vocês, dos meus pais...
Hermione parecia um pouco frágil.
- Nós também, Mione. Quando é que você vai receber alta? – perguntou Gina.
- Talvez, hoje, né, mãe? Eu estou bem melhor, e tem a escola...
- Você continua a mesma – falou Harry.
- Mas é verdade, veja quanto tempo que ficamos sem aulas. Elas começam amanhã e eu me sinto perfeitamente bem. Estou mesmo! - contou alegre.
- Por favor, sentem–se – convidou a Sra. Granger.
Eles se sentaram em um sofazinho verde claro que havia no quarto. Rony só abrira a boca para resmungar um "oi".
- Filha, eu vou dar um telefonema ao seu pai e conversar com o Dr. Paker, volto em um instante – informou Sra. Granger, deixando o aposento. Hermione respondeu com um sorriso.
- O que vocês me contam de novo? – perguntou Hermione, entusiasmada.
- Mione, eu estava tão preocupada. Eu, Rony, mamãe e Fred, ficamos em um lugar no meio do nada, nevava o tempo todo! Foi horrível. Mas sempre tinha um senhor do Ministério que aparecia na lareira, dando notícias do que estava acontecendo aqui fora – contou Gina. – Um Auror ficou conosco, Michel, para a nossa proteção, mas eu acho impossível alguém achar a gente naquela nevasca.
- Eu acordei um pouco assustada do coma, pensei que estava no colo do Rony, ainda... Foi estranho assimilar tudo o que aconteceu aquele dia, foi horrível. E você, Harry? Por onde esteve, seu rosto está queimado... – comentou Hermione.
Harry contou, resumidamente, o que aconteceu naqueles longos doze dias.
- Mas está Melane, ela é realmente boa? – perguntou Hermione, preocupada. – Porque, o que ela fez, foi imaturo! Imagina, um lobo!
- Antes eu não gostava muito dela, mas acabei acostumando, ela é assim mesmo. Quando me despedi dela fique um pouco triste. Ela é uma boa professora, você vai gostar ela.
- Ah, se ela é uma boa professora, por mim... – disse Gina.
- Rony, o que você tem? Não abriu a boca, pra nada? – perguntou Hermione.
- Anh?
- Anh! Rony, o que há com você?
- Nada, por quê?
- Você não abriu a boca para nada, o que você tem?
- Não tenho nada, Hermione. Estou muito bem... – confirmou o ruivo.
- Hermione, sabe o que eu queria saber de você? Os meninos me contaram sobre a Skeeter, porque você a soltou?
- É – disse, sorrindo. - Assim que cheguei em casa, tirei ela do vidro e fizemos um acordo. Se tornasse a escrever aquelas matérias ridículas, fofoqueiras, inúteis, eu contaria para o Ministério que ela é um animago ilegal – contou com um olhar de triunfo.
- Bem pensado – disse Gina.
- Vejam, só – falou levantando-se. – Meus pais me trouxeram todos estas cartas, estavam na minha casa.
Hermione mostrava uma caixa com vários pergaminhos.
- Você também é querida pelos outros, Hermione – falou Gina feliz.
- O estranho seria se você não recebesse nada – contou Harry.
- É... – concordou Rony.
A porta se abriu bruscamente, eram Molly e os gêmeos. Estes últimos chegaram fazendo uma algazarra, animando Hermione, mais do que já estava. Depois de alguns minutos, a mesma enfermeira que guiado os garotos até o quarto de Hermione, chegou anunciando que a hora de visita tinha acabado.
- Harry, espero lá fora... Tchau, Hermione – despediu-se Rony.
Harry se viu sozinho no quarto com a amiga.
- Bem... Te vejo mais tarde – falou Harry.
- Tá tudo bem mesmo? Com você? – perguntou a garota, com ar de preocupada.
- Mione... – murmurou.
Ele passou a mão no rosto de Hermione. Como era bom estar com ela de novo, tocar a sua pele, olhar em seus olhos. Hermione chegou mais perto de Harry e devagar, colocou seus braços em volta da cintura de Harry, ele estremeceu. Mione lhe abraçou com toda força, como se fosse o último minuto de sua vida. Ele a abraçou também, e sentiu o doce perfume de seus cabelos.
- Harry, eu estou com medo... – disse ela.
Ele passou a mão nos cabelos de Hermione.
- Está tudo bem agora – respondeu em um sussurro.
Ela se soltou, tinha um sorriso tímido nos lábios.
- O que tem o Rony? Ele está estranho...
- Eu não sei o que ele tem. Eles estão me esperando, espero te ver amanhã. Logo sua mãe chega, não tem por que ficar com medo. Acho melhor você se deitar.
A garota deitou. Harry a cobriu, deu um beijo no alto de sua testa e se retirou do quarto.
Lá fora se encontrava Sra. Granger e Molly, os gêmeos conversavam com Gina, Rony estava isolado em um canto. Harry se despediu da Sra. Granger e foi até o amigo.
- Rony, por que está aqui sozinho?
- Eu não gosto de hospitais, sempre que venho em um, fico assim.
- Ah... Você está com uma cara de enterro.
- Cara de quê? Vai, vamos lá, senão minha mãe vai pensar que fomos raptados por comensais da morte!
- Será que Hermione vai estar conosco amanhã? – perguntou Harry.
- Claro que sim, ela me pareceu estar muito bem. Harry, eu já ia esquecendo de te contar...
- Meninos, por que estão tão dispersos? – perguntou Molly. – De qualquer modo, vamos embora. Harry, você veio com quem?
- Meu tio me trouxe de carro, ele está esperando lá no estacionamento. Vocês querem uma carona?
- Muito obrigada, mas nós vamos andando.
- Andando? Eu vou chegar n'A Toca sem os meus pés! – reclamou Rony.
- Rony! Mesmo assim muito obrigada, Harry. Eu vou indo na frente, mas eu quero ver vocês dois no meu campo de visão!
- Está bem, mãe – disse Rony.
Molly se afastou um pouco e Rony continuou.
- Ontem eu ouvi uma conversa de meus pais. Meu pai tava dizendo que apenas vinte e sete sonserinos foram vistos na estação no dia do ataque – informou Rony.
- Não me lembro de ter visto o Malfoy – lembrou-se Harry.
- Nem eu, aposto que ele não estava lá. Os sonserinos sabiam do ataque! Os pais deles, todos, têm parte com o Você-Sabe-Quem. Aposto que o aguado do Malfoy ajudou naquela confusão toda...
- Você-Sabe-Quem? – perguntou Harry.
- Oras, pensou que fosse quem?
- Rony, no dia do ataque, você disse o nome dele - contou sorrindo.
- Eu disse o nome dele? – perguntou, assustado.
- Disse com todas as letras!
- Eu estava nervoso aquele dia, acho que foi isso...
- Olha lá o elevador, vamos, se não vamos ter que ficar aqui esperando outro.
Eles deram uma breve corridinha. Estavam todos no elevador.
- Eu odeio elevadores – disse Rony.
- Como você pode odiar uma coisa sendo que é a primeira vez que você anda em um? – perguntou Gina.
- Ah – disse a ascensorista –, são do interior?
- Sim, nós somos – respondeu Molly, rapidamente.
- O que estão achando de Londres? – perguntou, entusiasmada.
Fred e Jorge não paravam de dar risadinhas.
- Estamos adorando Londres! – contou Gina. - Cidade grande, não é mesmo?
- Sim! – confirmou a ascensorista. – Bem, aqui é o térreo.
As portas do elevador se abriram e eles saíram rapidamente, para não ter que ouvir mais perguntas.
Todos estavam do lado de fora do hospital, os Weasley iriam a pé até o Beco Diagonal e, de lá, seguiram para a Toca.
- Nossa, olha a cara do seu tio, Harry – comentou Fred.
- Mal humorado como sempre – respondeu o garoto.
Válter estava com uma cara péssima, entediado por estar no carro o tempo todo.
- Por que a sua tia não veio? – perguntou Molly
- Meu primo Duda tem dado trabalho mais do que o normal – contou Harry.
- Bem, 'tá na hora de ir embora. Até amanhã – despediu-se Molly.
Harry se despediu de todos e atravessou a rua, para encontrar seu tio mal humorado dentro do carro.
Válter praguejou alto a demora do sobrinho e seguiu para a rua do Alfeneiros. O carro do Ministério sempre atrás, fazendo a vigilância.
Chegando em casa, Harry dirigiu-se ao seu pequeno quarto. Colocou de volta algumas roupas em seu malão, seu novo uniforme. Estava ansioso com a volta às aulas, voltar a King's Cross. Teve um pouco de receio, mas estava confiante. Voldemort não era burro para repetir a mesma tática. Nem era tão tarde, mas Harry estava com sono. Sua tia lhe chamou para a janta, mas ele não estava com muita fome. Resolveu se deitar, porque amanhã seria um longo dia.
