Capítulo treze "Enfim em Hogwarts"

Petúnia recomendou, por todo o percurso da rua Alfeneiros até King's Cross, para Harry se cuidar, ficar o tempo todo em Hogwarts, mandar notícias. Milhares de recomendações e muitas delas ele não se preocupou em ouvir. Dois carros o seguiram por todo o percurso, Harry não gostava de estar sendo seguido o tempo todo. Chegando à estação, Petúnia e Válter estavam bem atentos e Harry tinha a constante sensação de estar sendo observado.

Havia muitos alunos de Hogwarts, reconheceu facilmente. Também, se percebia muitos policiais trouxas, a estação estava diferente. Não sabia como, mas estava talvez um pouco sombria. Afinal, King's Cross tinha sido palco de um ataque memorável.

- Harry!

Ele sabia de quem era aquela voz. Virou-se e encontrou Gina sorridente, acompanhada de seus familiares. Olhou seus tios, Petúnia examinava Gina com curiosidade, já Válter com repugnância.

- Oi, Gina - cumprimentou Harry alegremente.

A garota respondeu com um belo sorriso. Todos pareciam estar animados, exceto Rony, que tinha um olhar melancólico e perdido.

- Harry, não vai me apresentar a sua amiga? - perguntou Petúnia sorridente.

- Petúnia, eu te espero no carro - falou Válter com descaso.

- Bem, está é a Gina. Jorge e Fred - apresentou Harry.

Depois de ficarem alguns minutos conversando os garotos se dirigiram à plataforma, deixando Petúnia e Molly conversando com bastante animação.

Atravessaram a pilastra e encontraram o Expresso de Hogwarts reluzente como de costume. Entrando no Expresso foram chamados pela senhora que costumava vender doces, ela os levou até uma cabine e recomendou que ficassem ali.

- Será que Hermione está aqui? - perguntou Gina, acomodada no banco.

Ninguém respondeu, era incerta a presença de Hermione.

- Eu não vou ficar aqui, isolado. Vamos, Fred, procurar os outros - disse Jorge animado.

- É, vamos - concordou o gêmeo.

- Hey! Ela disse pra ficarmos aqui! - exclamou a ruiva.

Jorge e Fred sorriram maliciosamente e deixaram a cabine.

- Ai, estes meninos! - disse Gina em vão.

- Até parece que eles ficariam aqui - falou Rony.

Enfim, o Expresso começou a se locomover e Harry sentiu um friozinho na barriga.

- Se estamos aqui é porque tem algum motivo, Rony - opinou Gina, reiniciando a conversa.

- Gina, você está parecendo a Hermione... - retrucou o irmão.

- Eu ouvi o meu nome?

- Hermione! - exclamaram os três.

- Olá - disse extremamente sorridente. - Estavam falando de mim, né?

- Então é por isso que estamos aqui! - disse Gina.

- Pois é, tive que chegar um pouco mais cedo, aliás, todos os monitores. Uma reunião e as novas regras, programação de Hogwarts...

- Mais regras? - perguntou Rony.

- Era só o que faltava mesmo - acrescentou Harry.

- Não posso adiantar nada, Dumbledore conversará com todos os alunos de uma vez só. E tenho uma péssima novidade... - contou Hermione, sentando-se.

- Conta, logo! - pediu Gina, bastante entusiasmada.

- Malfoy...

- O que tem o azedo? - interrompeu Rony.

- Como eu ia dizendo, Malfoy é monitor - contou sem animação.

- Ahn? - Harry deixou escapar.

- O QUÊ? MALFOY? MONITOR?! - esbravejou Rony, as orelhas vermelhas.

- Isso não é possível! - falou Harry indignado.

- Sim, é possível. Malfoy tem ótimas notas e todas estas coisas - contou Hermione.

- Aposto que Snape tem a ver com isso, ele deve ter influenciado a candidatura de Malfoy - suspeitou o ruivo.

- Rony, isso não tem nada a ver - discordou Harry.

- Também acho - concordou Gina rapidamente - Snape deve ter falado bem de Malfoy e isso pode ter acontecido com Hermione também.

- Ahn? Do que você está falando, Gina? - perguntou Rony, com cara de interrogação.

- Suponhamos que Snape falou bem de Malfoy, o mesmo pode ter acontecido com Hermione. McGonagall pode ter elogiado Hermione - explicou.

- 'Pera aí... Você está defendendo o azedinho? - perguntou Rony furioso.

- Rony, será que você não entende nada mesmo? Gina está certa, se ele é um bom aluno, que seja monitor - concordou Hermione.

Rony bufou, cruzou os braços e amarrou a cara. Fazia tempo que Harry não via o amigo bufando daquele jeito.

- Então, Hermione... Está tudo bem com você? - perguntou Harry mudando de assunto.

- Sim, eu estou novinha em folha. Tive alta naquele mesmo dia que vocês me visitaram. Nem consegui dormir, 'tô ansiosa com a monitoria e tudo mais.

- Sabe o que estava pensando... No quadribol - contou, Gina.

- Por quê? - perguntou Harry interessado.

- Estou pensando em disputar a vaga de goleiro - falou a ruiva olhando firmemente nos olhos de Harry.

- Goleira? Mas e o Rony? - questionou Mione. - Não era ele...

- Ah, vai existir uma grande probabilidade de ter um Weasley no time - disse sorridente.

- Goleira, mas você não é artilheira. Gina, o gol... É coisa para garotos - opinou Harry.

Harry teve a sensação de ter xingado Gina e Hermione, porque ambas o olharam de modo estranho. Rony desfez o bico e começou a rir.

- Por que você está rindo? - perguntou ao amigo.

- Eu esperava isso de qualquer pessoa, menos de você, Harry - falou Gina.

- O que tem uma mulher ser goleira? - perguntou Hermione. - Hein?

- Aprenda uma coisa. Nunca, em toda a sua vida, em toda sua existência, nunca, nunca, fale uma coisas dessas. Você terá que agüentar as conseqüências por toda a sua vida! - disse Rony com dificuldade para interromper suas risadas.

Naquele momento se iniciou uma conversa que só acabou quando foram se trocar, porque a viagem já estava acabando.

Devidamente uniformizado, Harry desceu do Expresso acompanhado de Rony. Depararam-se com Hagrid chamando os alunos do primeiro ano. Conversaram pouco no caminho, era estranho ver Rony quieto daquele jeito, ao contrário das garotas da Corvinal, que estavam com eles na carruagem, não paravam de falar um minuto. Entupindo Harry e Rony (que se limitava nas respostas) de perguntas.

Foram se aproximando do familiar portão de ferro forjado, as mesmas colunas de pedra com javalis alados. O balançar da carruagem deixava Harry um pouco enjoado e ficou satisfeito quando desembarcou.

Subindo as escadas, ao lado de um Rony irritantemente quieto, Harry ouviu uma voz que não lhe era muito familiar. Olhou por cima do ombro. Por um instante não conheceu o rapaz alto e loiro que lhe chamara. Draco Malfoy. Olhou o amigo, ao seu lado, tinha uma expressão de raiva estampada na face. Por um momento Harry pensou que Malfoy estaria o mesmo. Mas assim como ele, Rony, Hermione e Gina, Malfoy também havia mudado, e bastante. Estava um pouco mais alto que Harry, forte, os ombros largos. Mas a expressão era a mesma, olhos claros e maliciosos, nariz empinado, pose de rei e o distintivo de monitor brilhando em seu peito.

- Olhem só, o barbudo Harry Potter e seu fiel paupérrimo escudeiro, Weasley - caçoou.

Sua voz já não era mais arrastada, estava mais grossa, embora com o mesmo desdém.

- O que você quer Malfoy? - perguntou Harry irritado.

- Será que nas suas férias forçadas não havia nenhuma poção anti-barba? Potter, você me deprime... - caçoou novamente com um falso tom de tristeza em sua voz e um intenso brilho no olhar.

Atrás estavam Crabbe e Goyle. Mais fortes e mais altos. Eles gargalhavam e isso deixou Harry mais irritado do que já estava.

- Lembre-se que você é um monitor, eu e Harry estaremos de olho em você, Malfoy - disse Rony com os maxilares cerrados.

- Lembre-se que sou monitor e quem vai estar de olho sou eu. Você e o Cicatriz estarão sobre a minha vigília, portanto não ouse me ameaçar - ameaçou Draco, calmamente.

- Olho por olho, dente por dente - disse Harry.

Malfoy o encarou sem entender nada, o mesmo aconteceu com os seus "capangas". Harry puxou Rony, porque seu amigo soltava faíscas.

Depois de subir as escadas, o corredor estava entupido pelos alunos, constante movimento e agitação. Passaram pelas imensas portas de carvalho. Cruzaram o saguão iluminado e entraram no Salão Principal, os alunos não paravam de falar, parecia que só Harry e Rony se mantinham calados.

- Harry... Como assim... "Olho por olho, dente por dente"? - perguntou Rony confuso.

Harry deixou escapar um sorriso.

- Ditado popular trouxa - explicou sorrindo. - Como se fosse, "estarei de olho em você assim como você está de olho em mim".

- Ahhh! Entendo, não sei falar "trouxês" - caçoou Rony, sorrindo. - Olhe, vamos nos sentar ali, perto de Fred e Jorge.

Acomodaram-se, o teto encantado estava azul com milhares de estrelas. Logo em seguida chegaram Hermione e Gina, vasculhando a mesa grifinória, a procura dos rapazes. Rony deu um breve aceno e os localizaram. Hermione se sentou ao lado de Rony e Gina ao lado desta. Harry olhou para a mesa dos professores. Dumbledore parecia não ter dormido muito bem, conversava com McGonagall. Hagrid, Sprout, Sibila, Flitwick, Melane... "Melane?", perguntou Harry para si mesmo.

- Hein, Harry? - perguntou Gina.

- O quê? - respondeu, saindo de uma espécie de transe.

- Hein, Harry, aquela mulher ali, é a tal de Melane? - perguntou Hermione.

- Ah, sim, ela mesma - confirmou.

- Merlin... Ela é linda! - disse Fred olhando a professora.

Conversava animadamente com Hagrid, gesticulando bastante, ambos sorriam enquanto conversavam. Ela estava bonita mesmo e parecia estar feliz.

- Garotos... - bufou, Hermione.

- Harry, você está lembrando de um tal de... Como é o nome é mesmo o nome? - perguntou Rony, com um sorriso de triunfo.

- Bem lembrado, Rony! Como é mesmo... Não consigo me lembrar do nome. Você lembra, Fred? - perguntou Jorge, maliciosamente.

- Gilderoy Lockhart - responderam Fred e Harry.

Hermione corou furiosamente e Harry não pôde deixar de sorrir. Começaram a conversar, até que Dumbledore se levantou e todos se calaram.

- Sejam bem vindos todos! Vamos começar a Cerimônia de Seleção.

Lá estava Minerva McGonagall, professora de Transformações, com a lista e o Chapéu Seletor na mão. Colocou-o no banquinho e, como tradição, cantou uma canção. Harry não prestou a mínima atenção, estava reparando em outra coisa. Uma garota, mais alta que Hermione, na fila para ser selecionada. Tinha uma expressão de tédio mortal e insatisfação. Cutucou Rony.

- Estou vendo - respondeu ele em um sussurro.

- Quem será? - perguntou, Harry.

- Acho que aluna de outro lugar, transferida - suspeitou Fred.

- Para o primeiro ano ela é muito grande - acrescentou Jorge.

Ficaram olhando a garota por uns instantes até que ela percebeu os olhares indiscretos e olhou com rancor para eles. Fixou o olhar em Harry, ele se sentiu extremamente desconfortável e desviou o olhar.

- Sonserina - disse Lino Jordan, do nada.

- Também acho - concordou Fred.

- Do que estão falando? - perguntou Harry.

- Aposto quinze bombas de bosta que ela irá para Sonserina! - disse Lino, com bastante entusiasmo.

- Eu acho que é Corvinal... - discordou Jorge.

- Eles sempre apostam, Harry - explicou Rony.

- Quem costuma ganhar?

- Bem... Fred costuma acertar mais vezes...

- Do que estão falando? - perguntou Hermione.

- Nada demais - retrucou Rony.

- Do que estão falando? - ignorou Hermione a resposta do amigo.

- Olha lá, você fica falando e agora eu perdi...

- Shhh - cesurou, Gina.

A garota estava sentada com mau humor no banquinho. Colocou o Chapéu de qualquer jeito e revirou os olhos.

- Sonserina... - sussurrou Lino.

- ... Ora, ora, força de vontade, persistência... - falou o Chapéu Seletor.

- Que foi? - perguntou Hermione, parecendo um pouco nervosa.

- ... Ganância, sede de poder...

- Sonserina! - sussurrou novamente, Jordan.

- SHHHH! - censurou Gina novamente.

- ... Sonserina... - a garota abriu um grande sorriso com as palavras do Chapéu Seletor.

- Ganhei! - comemorou Lino, não ligando para Gina.

- Lino, fique quieto - repreendeu Hermione.

- Não acredito, Lino! Ganhou de novo! - falou Fred um pouco mais alto.

- ... Coração sonserino e alma grifinória. Fidelidade e companheirismo. Quinto ano letivo. GRIFINÓRIA! - exclamou o Chapéu.

A mesa da Grifinória veio abaixo. Todos comemoravam, exceto Lino e a garota. Olhou com desprezo para a mesa de sua casa mas nem todos repararam. Rosto fechado, marchou em direção a mesa, que estava em alvoroço, e sentou-se de frente para Gina.

Ela não olhou ninguém, não agradeceu a recepção e nem o "seja bem-vinda" de Gina. Apenas colocou os cotovelos na mesa e segurou a cabeça com as mãos. Todos estranharam os modos da garota. O Chapéu continuava a selecionar, a maioria dos alunos foi para Corvinal e Lufa-Lufa. Terminada a Seleção, todos começaram a conversar em tom normal, já não era mais em sussurro e a novata continuava na mesma posição. Sem trocar uma palavra ou olhar.

Dumbledore se levantou e mais uma vez, o Salão tornou a ficar silencioso.

- Bem, todos vocês têm consciência do que aconteceu há alguns dias atrás. O ataque surpresa e inesperado de Voldemort - Rony engoliu seco. - Muitos de vocês foram prejudicados, feridos. Como por exemplo, Hermione Granger, quintanista, sofreu um feitiço muito poderoso e quase a perdemos. Fico feliz - disse o diretor olhando para Hermione - que você esteja conosco mais um ano. É uma pena que a maioria da comunidade mágica tenha tomado a consciência sobre o ressurgimento do bruxo desta forma bruta e dolorosa. Aprendam uma coisa, nunca subestime o seu inimigo. E mesmo que ele não seja visível não duvide de sua presença e poder. Como nos outros anos, agora, mais do que nunca, a Floresta Proibida está TERMINANTEMENTE PROIBIDA! Se algum aluno for pego na Floresta não teremos piedade. Expulsão. É para o bem de todos. A Floresta contém muitos animais selvagens, das trevas. Quero deixar bem claro, esta é a primeira e última vez que falo nisto.

Alvo Dumbledore encheu os seus pulmões de ar e retomou a falar.

- Quero lhes apresenta a nova professora de Defesa Contra Artes das Trevas, Melane Walker.

Melane ficou muito vermelha e foi ovacionada por todos, até mesmo pela mesa da Sonserina, só que com menos entusiasmo. Ela sorriu e se sentou novamente.

- Também quero apresentar o novo inspetor de Hogwarts.

Veio caminhando por trás da mesa dos professores um enorme cão preto. Sirius Black. Harry ficou imensamente feliz ao ver o padrinho, estava bem, estava em Hogwarts.

- O nome dele é Snuffles, dócil e não fará mal a nenhum aluno. Rondará pelo castelo e ficará algumas vezes em sala de aula. Snuffles é inteligente, vigilância constante – disse sorrindo. - Os passeios ao vilarejo de Hogsmeade serão temporariamente suspensos devido à grande exposição.

O Salão ficou barulhento. E finalmente a novata levantou o rosto para saber o que estava acontecendo. Encarou Harry novamente.

- É um absurdo, não podermos ir a Hogsmeade! - disse Fred muito irritado.

- Por favor, silêncio - pediu o diretor. - Por enquanto vamos deixar as coisas se resolverem, as normas de segurança e terei que pedir aos seus pais outro formulário. A vigilância no castelo está serrada, aqui está seguro, mas lá fora não. Assim que o Ministério da Magia informar à diretoria as normas de segurança, as providências, será liberada a visita a Hogsmeade. Última coisa, o professor Severo Snape ficará ausente algum tempo.

Harry vasculhou a mesa e não o encontrou.

-... as aulas de Poções serão suspensas nesta primeira semana de aula.

Harry perdeu as contas das vezes que olhou para a mesa e não o viu. Sua cadeira estava vaga.

-... tudo tem o seu tempo...

"Será que Snape está em alguma missão?", pensou Harry.

-... nenhum aluno será prejudicado e as aulas serão repostas nos finais de semana.

O Salão voltou a ficar barulhento.

- Finais de semana! Eu não posso acreditar! - reclamou Rony.

A garota à frente de Gina parecia estar achando tudo muito engraçado, porque ria discretamente.

- Você sabia disso, Hermione? - perguntou Harry desconfiado.

- Mas é claro, este foi um dos assuntos que discutimos - contou.

- Já vi que este ano vai ser mais longo do que eu esperava - falou Gina bastante desanimada.

- Eu simplesmente não acredito! Ninguém vai ter descanso! - reclamou Rony novamente.

A garota continuava rindo e Gina pareceu irritada.

- Afinal, do que você está rindo? - perguntou indignada.

Ela desfez o sorriso rapidamente.

- Qual é o seu nome? - perguntou com frieza.

- Perguntei primeiro - respondeu Gina.

- Qual é o seu nome? - insistiu.

Gina olhou os amigos com uma certa insegurança no olhar. A novata encarava a ruiva com um olhar estranho.

- Gina...- respondeu sem graça.

- O quê?

- Gina!

- Gina? Gina não é nome! - retrucou com maldade.

- Mas é claro que é um nome! - defendeu Harry.

Ela virou o rosto e olhou profundamente para o garoto.

- Não seja estúpido. Gina não é um nome, é um apelido.

Harry não gostou do jeito da grifinória. Ela tinha razão mas não precisava falar daquele modo tão rude.

- Meu nome é Virgínia. Satisfeita?

Ela não respondeu.

- E você? - perguntou Rony entrando da conversa.

- Persephone - respondeu rispidamente.

Hermione deixou escapar um gritinho de pavor.

- Bem, eu sou Ronald Weasley. Este é Harry Potter, Hermione Granger, Lino Jordan, Frederico, Jorge e Virgínia Weasley - apresentou.

- Persephone de quê? - perguntou Lino.

- Somente Persephone.

- Por favor, silêncio - pediu o diretor.

Desta vez o Salão demorou um pouco para ficar em silêncio.

- Continuando, as aulas de Poções serão repostas nos finais de semana. Bem, espero que tenhamos um ótimo ano letivo e que vença a melhor casa. Que seja servido o banquete!

Magicamente apareceram as saborosas comidas de Hogwarts que Harry tanto gostava. Estava faminto e a aparência dos quitutes estava muito boa. Todos começaram a se servir, exceto Persephone, que tinha os braços cruzados.

- Então, Persephone - disse Gina, frisando o nome da garota -, de onde você veio?

Assim como Harry, todos ficaram esperando a resposta da garota, em vão. Ela simplesmente se levantou e foi embora.

- O que tem ela? - perguntou Fred.

- Não gostei dela, mal educada - contou Gina, tomando um gole de suco de abóbora.

- Ela não pode andar pelos corredores, nem sabe onde é o salão comunal da Grifinória! Eu vou lá atrás dela - comunicou Hermione, levantando-se.

- Hermione, se ela não sabe o problema é dela - disse Rony.

- Tem o Filch, ela pode pedir ajuda a ele... Ou voltar para cá - falou Harry.

O jantar seguiu normalmente, Hermione, com ajuda do outro monitor, guiou os novos alunos para a torre da Grifinória.

Por todo o percurso Harry conversou com Gina, Rony se mantinha calado, perdido em seus pensamentos. Mas naquele momento, não se preocupou com a tristeza de seu amigo e sim nas palavras de Gina. No sorriso tímido, como ela o olhava e pronunciava docemente as palavras.

O salão comunal estava aconchegante como sempre. Harry estava muito elétrico, sem um pingo de sono, sentou-se em uma das poltronas e começou a observar um grupo de alunos do primeiro ano. Pareciam maravilhados com tudo e com todos, lembrou-se com saudade dos seus onze anos. Gina se sentou ao seu lado, fazendo-o desviar sua atenção inteiramente para ela.

- Não vai dormir? - perguntou, olhando o mesmo grupo de alunos que Harry observava há poucos segundos.

- Vou, mas estou sem sono... Onde está o Rony?

- Não sei, por quê?

- Ele anda um pouco estranho, quieto demais...

- Pra mim ele continua o mesmo reclamão de sempre! - falou com um sorriso tímido.

- E você, não vai dormir?

- Vou... É que estou com preguiça de subir as escadas, parece que estão há duzentos quilômetros de distância - contou olhando rapidamente nos olhos de Harry.

- Hey, vocês não podem ficar aqui - avisou Hermione, caminhando em direção a eles.

- Só estamos sentados - explicou Gina.

- É que... Ordens, só posso subir se todos estiverem nos seus respectivos dormitórios - contou a monitora agora próxima.

Harry se levantou.

- Ouço e obedeço, monitora Hermione - brincou o garoto.

Ela sorriu brevemente, parecendo um pouco encabulada. Gina se levantou, lentamente.

- Bem, até amanhã - despediu-se Harry.

- Até - responderam as garotas ao mesmo tempo.

Subiu a escada em caracol sem pressa alguma. Entrou no dormitório e notou a cortina fechada da cama de Rony. Também percebeu a cama vazia de Neville. Harry demorou a dormir, estava sem sono algum. Odiava ficar se revirando na cama, esperando o sono chegar. "Amanhã, falarei com o Sirius", pensou, encarando o teto.

- Qual é a primeira aula de hoje? - perguntou Harry a Hermione.

Harry se sentia como um zumbi, com sono. Parecia ter dormido apenas duas horas.

- Herbologia... - respondeu a garota passando manteiga em seu pão.

- Aquelas estufas frias, poderia ser de tarde esta aula - disse Rony, mexendo sem animação os ovos com bacon em seu prato.

- Alguém sabe onde está o Neville? - perguntou Harry apanhando uma maçã vermelhinha.

- É mesmo, eu não lembro de ter visto ele ontem - acrescentou Gina.

- Neville chega hoje, daqui algumas horas. Esteve viajando com a sua avó - contou Mione.

- Como é que você sabe disto? - perguntou Rony curioso.

- Ser monitora tem as suas vantagens - respondeu sorrindo.

- E suas desvantagens - completou Persephone, que se sentava à mesa.

- Por que seus pais lhe deram este nome? - perguntou a monitora indignada.

- Por que você se incomoda tanto com o meu nome? - rebateu mal humorada. - O nome é meu, não seu.

- Você poderia ser mais educada - pediu Harry.

- E você menos intrometido.

- Não queria ser indiscreta... - continuou Hermione, parecendo bastante encabulada, mas Persephone não a deixou terminar.

- Mas foi - respondeu, com agressão.

- Será que você não é capaz de perdoar alguém? - disse Gina com irritação visível.

- Não - respondeu encarando a menina, cruzando os braços. - Por que eu deveria?

- Ai, quer parar de brigar, por favor? Mas que coisa irritante, será que eu não posso mais tomar o meu café em paz!? - brigou, Rony.

Todos o encararam.

- Obrigado - agradeceu, mexendo em seu prato.

Depois de alguns minutos Harry avistou um garoto andando desajeitadamente a caminho da mesa grifinória. Ele, percebendo o olhar de Harry, acenou com um sorriso enorme no rosto.

- Gina, aquele é Neville? - apontou Harry discretamente.

A garota olhou na direção em que havia apontado. Ela sorriu e olhou para Harry. Levantou-se bastante animada, todos perceberam a agitação dela. Neville, começou andar depressa, um pouco desastrado, segurando os seus livros desajeitadamente e a mochila só no ombro esquerdo.

- Oi! - exclamou sorrindo bastante.

Seu rosto já não era tão redondo, cabelo um pouco comprido. Alto e magro.

- Olá - responderam, com exceção à mal humorada Persephone.

- Neville, prolongou as suas férias, espertinho - brincou Rony.

- Viajei com a minha avó e cheguei mais tarde - explicou, sentando-se ao lado da novata. Ele a olhou com curiosidade.

- Acho que você vai ter que comer rapidinho, Neville, logo começarão as aulas - falou Gina estendendo uma cesta com pães.

- Oh, muito obrigado. Eu comi em casa - agradeceu.

- Mesmo assim, acho melhor você comer alguma coisa - insistiu.

Neville, olhou a cesta que Gina estendia, apanhou o pão menor. "Por que se preocupa tanto com ele?", perguntou Harry, tomando o último gole do saboroso suco de abóbora.

- O que é este suco? - perguntou a mal humorada com uma cara enrugada.

- Abóbora, uma delícia, não? - respondeu Neville alegre.

- Delícia? É absolutamente, horrível! Nunca ouviram falar em laranja?

Todos a olharam com reprovação. Harry sempre gostou do suco.

- Uma fruta redonda, varia de verde, laranja e amarelo, é doce...

- Nós sabemos o que é laranja - interrompeu Harry.

Ela o olhou e Harry se sentiu desconfortável. Sacou a sua varinha e lançou um feitiço no copo. Harry a observava bastante atento. Tomou o suco e lhe pareceu agradável.

- E as novidades? - perguntou Neville.

- Hermione é monitora! - disparou, Gina. - Malfoy também é...

- Ah, não. Ele vai descontar pontos da Grifinória á toa! - reclamou Neville.

- Também acho. É um verdadeiro pesadelo ele na monitoria, vamos ver... Se eu o pegar fazendo algo de errado, roubando para a Sonserina, delato ele na hora. Malfoy não me escapa este ano, não mesmo! - acrescentou Rony limpando a boca.

- Bem, acho melhor irmos, não quero chegar atrasada na primeira aula do ano - disse Gina, levantando-se. - Vejo vocês na hora do almoço.

- Boa aula, Gina - desejou Neville.

- Vamos - disse Rony apanhando uma maçã.

- Rony, você só come, já percebeu? - falou Hermione.

- Você vem reparando muito em mim, hein?

As bochechas de Hermione ficaram tão vermelhas quanto o cabelo de Rony. O amigo abriu um sorriso maroto para Harry, ria por dentro.

Já haviam acabado todas as aulas do dia, Harry andava apressadamente por entre os corredores frios de Hogwarts. Queria falar com Sirius, Melane. Só quinta feira teria aula de Defesa Contra as Artes das Trevas. Em nenhum momento havia topado com o padrinho em forma de cachorro nos corredores da escola.

Dirigia-se à sala de McGonagall, talvez ela soubesse do padrinho ou de Melane, quando ouviu alguém o chamar.

- Harry, espere - chamou Rony.

Ele o alcançou, um pouco ofegante.

- Onde você está indo? Saiu sem dizer nada...

- Quero ver Snuffles ou Melane, saber como as coisas andam - explicou.

- Ah... Snuffles.

- Rony - disse Harry subindo os degraus da escada de pedra -, o que há com você?

- Ih, lá vem você com estas histórias... Você, Gina, Hermione.

- Hermione?

- Hermione, a monitora da Grifinória. Que agora vai ter que andar, conversar com Malfoy para cima e para baixo.

- Está com ciúmes - disse sorrindo.

- Malfoy é meu inimigo número um, não quero que ela fique conversando com ele.

- Está com ciúmes - repetiu Harry zombeteiro.

- Depois sou eu que não entendo as coisas, não quero que ela fale com ele. Assim como não quero que Gina fale com ele.

- Sei...

- Harry, dá pra parar de desconfiar! Lembra... Malfoy insultou Hermione. Imagine agora, tendo que se encontrar com ele nas reuniões de monitores. E se ele xinga ela? Ninguém vai estar por perto. Eu não vou estar por perto!

- Eu acho que ele não é idiota o suficiente para falar alguma coisa que ofenda Hermione na frente de todos. E ela sabe se defender sozinha.

- Se um dia me falarem que Malfoy vendeu a mãe vou acreditar, sem brincadeira. É capaz de tudo para ter o que quer.

Encontravam-se em frente à sala de Transformações. Harry bateu na porta e entraram.

McGonagall se encontrava absorta lendo um livro, tanto é que não percebeu os garotos em sua sala.

- Hum-hum - pigarreou Rony.

A professora os olhou por cima dos óculos. Aproximaram-se até a mesa, onde se encontrava.

- Weasley, Potter, o que fazem fora do salão da Grifinória? - perguntou ainda olhando por cima dos óculos.

- Bem, queria ver como anda Snuffles... - explicou Harry.

- Entendo, mas esta visita tem que ser adiada.

- Por quê? - perguntaram os dois simultaneamente.

- Por favor, sem perguntas. Você vai visitá-lo, mas não agora.

- Quando?

- Não sei, você pode ter reparado, não o viu rondando por aí. Tivemos alguns problemas com pais de alunos e o professor de Estudo dos Trouxas... Já que está aqui, gostaria de lhe falar sobre o time de quadribol. Estamos sem um goleiro, não é mesmo? - perguntou parecendo animada. - Vocês do time terão que escolher outro goleiro e o capitão, já que Olívio nos deixou.

- Já temos dois candidatos - contou Harry com animação.

- Por favor, sentem-se.

Eles arrastaram duas cadeiras, que estavam mais próximas.

- Quem são os candidatos? - perguntou com brilho no olhar.

- Rony e Gina.

- É mesmo? Está animado com a vaga? - disse olhando Rony.

- É, de certa forma...

Ela estampou um grande sorriso.

- É mas mesmo assim, temos que abrir inscrições para as vagas. Não é justo que a vaga seja disputada só entre os dois.

- Eu sei, professora - disse Rony um pouco encabulado.

- Já papeamos demais. Voltem para o salão comunal. Sem se desviar do caminho!

- Tudo bem, até amanhã professora - despediu-se Harry. Rony acenou.

Assim que saíram da sala de McGonagall, Rony começou a falar.

- Harry, precisava falar sobre a vaga de goleiro!

- Larga de ser bobo, ela ficou feliz...

- E eu um tomate ambulante - completou. - Você já pensou na possibilidade de ser o capitão do time?

- Não...

- Porque você sabe, todo aquele mito que te envolve sobre suas partidas, Você-Sabe-Quem... Capitão, apanhador, herói, ê vidão, Harry! - falou sorrindo, bagunçando o cabelo do moreno.

- Eu não quero ser capitão.

- Por quê? - perguntou incrédulo.

- Porque se algo acontecer com o time de bom ou de ruim todos vão colocar a culpa em mim. Se perdemos a taça vai ser por minha culpa, se ganharmos vai ser somente pelos meus méritos. Toda Hogwarts vai ficar falando...

- Hum... Quem liga pra eles?

- Eu ligo pra eles...

- Você é idiota, não conta!

Ambos sorriram, andando descontraídos para o salão comunal.

- O que será que aconteceu com o tal professor de Estudo dos Trouxas? - perguntou Rony, levantando levemente a sobrancelha esquerda, como o de costume.

- Não sei... Se fosse algo de grave Dumbledore já teria nos comunicado no jantar. Nem me lembro como é este professor...

- Também não...

- Está ouvindo? - interrompeu Harry.

- Ahn? Harry, cada dia...

Neste instante Harry puxou Rony para trás de uma pilastra.

- Que diabos está fazendo?- perguntou em um sussurro.

- Não está ouvindo passos?

- E daí? Não estamos fazendo nada de errado.

- Melhor não correr o risco...

Os passos apressados ficavam mais altos e Harry verificou seu relógio de bolso. Eram exatamente nove e meia da noite.

- Deve ser algum professor - sugeriu Rony. - Ainda acho estúpido ficarmos aqui.

Os dois viram uma silhueta feminina se aproximando. Hermione.

Rony deu um tapinha na testa de Harry e saiu de trás da pilastra.

- O que está fazendo? - perguntou, franzindo a testa.

- Se escondendo de um bicho papão! Harry cismou que era algum ser perigoso que estava vindo.

- O que estão fazendo? - perguntou agora no plural. - Deixa pra lá, eu e Filipe estávamos procurando vocês.

- Filipe, quem é? - perguntaram.

- Patriani. Filipe Patriani, o monitor. Vamos, temos que chegar em menos de quinze minutos.

- Humf... Filipe - resmungou Rony, baixinho.

- Professora, por que a senhora não fala sobre o Lions? - perguntou Hermione, curiosa.

Assistiam à aula de Transformações, McGonagall desviou um pouco sobre o assunto principal de sua aula. Todos estavam no jardim de Hogwarts, aprendiam transfigurar ratos em cavalos. Persephone se revelou uma péssima aluna em transformações e Hermione parecia um pouco satisfeita.

- É, professora, todo mundo quer saber sobre este animago - continuou Neville.

Minerva McGonagall levantou as sobrancelhas, um pouco receosa. Harry sabia sobre o Lions, ou pelo menos alguma coisa, Melane havia contado quando estavam isolados.

- Aproximem-se - pediu McGonagall.

Os alunos, antes espalhados no jardim, agora formavam um semicírculo em volta da professora.

- Eu não tenho muito que falar sobre o animago. No caso seria uma bruxa, porque não tinha juba. Esta bruxa é muito boa em transfiguração. Porque se transformar em um animago desta grandeza é muito raro, tanto que fazem séculos que não se sabe de algum bruxo que se transforme no Lions Alado.

- Se o ministério descobrir quem é a tal da bruxa o que vai acontecer com ela? - perguntou Pavarti.

- Ela vai pra Azkaban? - completou Lilá Brown.

- Eu realmente não sei... Ela é ilegal, provavelmente será julgada. Salvou a vida de Hermione Granger então isso mostra que não está usando a sua forma animaga para o mal ou algo do tipo. O Ministério não está muito preocupado com isso, tem outras prioridades. Caso não aconteça nada com ela talvez o Ministério a encaminhe para ter um acompanhamento, porque ela não chegou na forma completa.

- Como não chegou? - perguntou Pavarti de novo.

- Vocês perceberam que havia uma pedra na cabeça do animal, como se fosse um terceiro olho. Aquela pedra é o centro de uma tiara. É perigoso ela ficar se transformando toda hora, sem acompanhamento, porque em uma das transformações ela pode ficar na forma de Lions para sempre - contou McGonagall.

- Eu duvido que o Ministério descubra quem é - disse Simas.

- É bastante complicado, porque havia centenas de bruxas na estação. Provavelmente uma bruxa que estava levando os filhos ou passando por lá, nenhum dos alunos de Hogwarts tem tamanho poder para se transformar em um animago grandioso da mitologia grega.

- Nenhum? - perguntou Hermione, franzindo a testa.

- Nenhum, eu mesma não poderia. Eu posso estar equivocada mas conheço as minhas alunas e nenhuma apresenta os pré-requisitos para ser o Lions.

- Pré-requisitos? - repetiu Rony.

- É, quando você se transforma um animago ele vem da sua personalidade. Tudo influência, nenhuma aluna tem uma personalidade tão explosiva, confusa. Todos os bruxos que se transformam nele são solitários, do elemento fogo e signo do elemento ar. Fogo e ar, combustão. Alguns casos água, mas já é outra raça do Lions, não é alado, para ter asas precisa do elemento ar no signo. O Lions normal não tem os mesmos poderes que o Alado. Este tipo de animago, ambas raças, morre mais cedo porque suga muita energia, geralmente morrem aos cinqüenta anos de idade. Existe um caso que o bruxo morreu aos vinte e sete anos, muito novo.

Todos começaram a falar, comentando o fato da vida curta.

- Essa foi boa, a pessoa se transforma e depois morre - caçoou Rony.

- Rony, isso não é hora de brincar - disse Hermione.

- Mas é verdade, morre. Bate as botas! - falou o ruivo sorrindo.

- Eu não acredito que nenhuma aluna de Hogwarts não pode se transformar - falou Pavarti, mostrando grande desapontamento.

- Pavarti, você se preocupa à toa - disse Harry, encarando a garota.

- Todo mundo sabe que você e Hermione são as melhores alunas em Transformações, você não precisa se ofender só porque não consegue se transformar em um animago cheio de lendas e frescurinhas - consolou Lilá.

- É, cada um é cada um - completou Rony.

- Se fosse um animago queria ser um falcão, ficar voando - contou Simas, sonhador. - E você, Neville?

- Não tenho a mínima idéia... - respondeu um pouco confuso.

- E você, Harry? - perguntou Simas. Aquela conversa tinha animado o garoto.

- Algum animal que tivesse asas - contou.

Assim como Neville, também não tinha a mínima idéia do que queria se transformar.

- Harry, você não pode se transformar em qualquer que tenha asas. Já pensou, você poderia ser um zangão, mosquito, insetos nojentos - disse Rony sorrindo. - Harry Potter: o Homem Barata!

- Rony, você consegue ser nojento - disse Hermione.

- Hermione, talvez seja um macaco, espertinha que só ela - brincou, ignorando a garota.

Hermione fechou a cara e saiu pisando duro.

- Por que ela sempre tem que ser assim? - perguntou Pavarti a Rony.

- Eu não estou nem aí para Hermione, não vou ficar brigando com ela - respondeu.

- E você, Rony, o que queria ser? - perguntou Harry, mudando um pouco de assunto.

- Um lobo - respondeu com um enorme sorriso nos lábios.

- Lobo? - perguntaram todos.

- Um lobo! Imagine que legal ser um lobo, um máximo.

- Okay, okay, chega de conversa por hoje. Vamos retornar aos ratos, muitos de vocês ainda não conseguiram - disse McGonagall, chamando atenção dos alunos.

Até que Harry estava se saindo bem. O rato tinha corpo de cavalo, cabeça e rabo de rato. Rony também se saía muito bem, estava quase chegando à perfeição. Hermione estava bem longe dos dois, alisava o seu cavalo branco, perfeito.

- Do que adianta transfigurar um rato em cavalo se eu não sei montar! - resmungou Rony, um pouco nervoso, porque seu "quase-cavalo" tinha orelhas e focinho de rato.

- Está aí um bom motivo pra você aprender, Rony Lobo - respondeu Harry, sorrindo.

A aula prosseguiu normalmente, muitos ainda comentavam sobre o Lions Alado. Harry demorou um pouco para conseguir transformar o seu rato em cavalo e Rony estava quase quebrando a sua varinha quando as orelhas e focinho ficaram perfeitos.

Os três tempos de Transformações haviam acabado e prosseguiam para o Salão Principal, para almoçar.

Era quinta feira, Harry estava feliz, finalmente teria aula de D.C.A.T, finalmente poderia ver Melane e, com um pouco de sorte, Sirius.

Desciam para o café da manhã, Rony não parava de falar um segundo, tinha voltado ao seu estado normal. Em compensação Gina estava quieta. Depois que Harry havia contado sobre a aula de Transformações tinha ficado estranhamente quieta.

Ele se sentou ao lado da garota. Desta vez puxou assunto, sem nenhum sucesso.

Dumbledore se encontrava em pé, aguardando que todos os alunos se acomodassem.

- Bom dia, alunos! - saudou o diretor com um sorriso amarelo. - Quero comunicar que a partir de hoje as aulas de Poções com o professor Severo Snape serão retomadas. Portanto, sigam normalmente os horários e as aulas serão repostas. Os monitores entregarão o horário. Boa aula a todos! - informou.

- De volta às aulas de Poções... Que legal - satirizou Harry, mexendo seu suco de abóbora.

- É um máximo! - completou Rony, bastante desanimado.

- É, ele voltou... Mas cadê? Na mesa ele não está, senão todos teriam reparado - falou Harry.

- Deve estar penteando aquele cabelo seboso que ele tem. Eu não senti falta dele e, por mim, poderiam arranjar outro professor - contou Rony, mastigando alguma coisa.

- Rony, não é só você que não gosta dele. Apenas os sonserinos, e eu acho que alguns deles nem gostam do Snape, tudo fachada - falou Gina com uma voz esquisita.

- Se ele ficasse mais um tempo fora imagine quantas aulas teríamos que repor? Ainda bem que ele já voltou... Pensei que ia demorar mais um pouco - disse Hermione, parecendo um pouco feliz.

- Não que eu sinta falta dela... Mas onde está aquela aluna estranha? - perguntou Pavarti, passando geléia de damasco em uma enorme torrada.

- Eu nunca vi uma garota tão estranha, ela é a última a dormir e primeira a acordar. Nunca a vejo pela manhã, e olhe que eu tenho que acordar cedo pra ver se está tudo em ordem - contou Hermione. - Alguém tem que avisar que o Snape chegou.

- Eu não faço a mínima questão, se alguém for falar alguma coisa a ela é capaz que atire uma pedra no meio da nossa testa! - brincou Rony, apanhando mais um pãozinho.

- Ela tinha que estar aqui... - falou Harry. - Hoje temos Poções?

- Sim, segunda aula - informou Lilá desanimada.

- Então, eu já vou indo - disse Gina, levantando-se.

- Vai pra onde? - perguntou Harry.

- Pra aula.

- Já? Você nem comeu direito!

- Desde quando você repara nas coisas que a Gina come? - perguntou Rony.

Gina de um sorrisinho.

- Muito obrigada pela preocupação, Harry. Mas eu tenho que apanhar o meu livro de Poções e pegar umas coisinhas que fiz o favor de esquecer no quarto. Até!

- Gina, espere aí - chamou Colin, que engoliu rapidamente seu leite. - Vou com você!

Colin, que estava um pouquinho mais alto e com os cabelos levemente compridos, levantou e despediu dos colegas. Gina deu um aceno e seguiram para a Torre da Grifinória. Harry ficou olhando até perder de vista os cabelos compridos e vermelhos de Gina.

- Harry, nós precisamos começar a buscar o novo goleiro da Grifinória, se ficar muito em cima não vai dar muito certo - disse Angelina.

- É, nos já conversamos com o resto do time. Acho que depois das aulas de hoje combinamos direito e resolvemos isso no sábado - contou Jorge.

- Sábado deve ter aula do Snape - falou Harry.

- Depois da aula, ou alguma coisa assim. O que não podemos é ficar parados, esperando que um bom goleiro caia do céu - continuou Jorge.

- Tudo bem, McGonagall já tinha me falado sobre isso. Quanto antes melhor, porque senão já viu... - concordou Harry, limpando sua boca educadamente.

- Vai, vamos! Temos que chegar nas estufas logo - apressou Hermione.

- Eu adoro Herbologia! - exclamou Neville, satisfeito.

Eles se levantaram, assim como muitos alunos, e se dirigiram às estufas. No caminho encontraram Persephone, que lançou um olhar ameaçador para Hermione.

Finalmente conheceram a estufa quatro, que continha plantas mais interessantes, para o delírio de Neville e alívio de Rony, que não suportava Herbologia.

Estranhamente, Pavarti tinha se aproximado mais do trio. Hermione parecia gostar da presença da garota, afinal durante quatro anos só tinha a companhia de dois garotos. Eram seus amigos, mas eram garotos.

Harry, assim como Rony, desceram desanimadamente para as masmorras. Tinha esquecido de como era gélido aquele lugar. Gélido e impessoal.

Entraram e se acomodaram no fundo da classe, longe dos olhares irritantes de Snape. Após alguns minutos de aula a porta de abriu em um baque. Era Persephone, ligeiramente ofegante.

- Me desculpe, eu - começou a novata.

- Me desculpe? - perguntou o mestre, raivoso.

- Estas escadas de Hogwarts se mexem a todo instante. Nunca vi uma coisa desta, uma verdadeira inutilidade - prosseguiu, sem dar atenção a Snape.

- Cale-se, aqui quem fala sou eu. Não você.

Persephone bufou alto e cruzou os braços.

- Então é você a aluna nova. Filha de Antony Gramond e Deméter Lennon.

- Não me compare a eles - disse grosseiramente.

- Hogwarts não é como você pensa e nunca vai ser. Eu exijo respeito. A Grifinória será prejudicada.

- Não me importo.

- Vejo que seu pai não educou você muito bem. Quinze pontos a menos para Grifinória.

- Não me importo.

Harry olhou feio para Persephone, assim como todos os grifinórios.

- Não irei tolerar a sua audácia aqui, Gramond - disse Snape olhando firmemente para ela. - Mais quinze pontos a menos para Grifinória! - vociferou.

- Não tenho culpa se as escadas... - tentou falar de novo mas Snape a interrompeu.

- Aqui quem fala SOU EU - vociferou novamente. - Você é uma novata, tem que seguir as regras, e não me importarei de lhe mostrar. Menos 10 pontos para a Grifinória! Agora saia. Malfoy, leve-a para sala da monitoria e chame McGonagall, vamos ver o quão longe Gramond vai.

Malfoy se levantou e sorriu triunfante para Harry. Olhou de forma estranha para Persephone Gramond, que saiu antes do monitor sonserino.

Malfoy fechou a porta silenciosamente.

- Isso serve para os atrevidos, que serão punidos severamente - disse Snape com pompa.

Ele retornou à aula, triunfante. Afinal, na primeira semana de aula Grifinória já havia perdido 40 pontos.

- Garota petulante - cochichou Harry.

- Expulsão na certa, mal chegou já vai embora - respondeu Rony com uma cara estranha. - Ela é simplesmente, louca!

Hermione se virou rapidamente.

- Vocês dois, querem parar? - bronqueou em um sussurro.

Harry não teve problemas com a poção corrosiva que estava aprendendo, estranhou um pouco sua habilidade e ficou satisfeito. O distraído Neville, deixou cair uma gota na carteira de madeira. Os olhos de Snape faiscaram mas Rony resolveu em segundos o problema com um feitiço reparador.

Todos os grifinórios estavam bastante ansiosos, Hermione principalmente. A sala de Melane não era igual a de McGonagall, séria, nem como a sala de Sibila Trelawney, quente, com aroma de perfume doce e enjoativo. Era a cara de Melane, um pouco bagunçada, algumas flores coloridas enfeitando o ambiente. Em sua mesa, papéis esparramados, livros abertos, geringonças pequeninas, uma enorme caneca, entre outras coisas que Harry não conseguiu analisar muito bem.

- Eu acho que alguém não dormiu muito bem esta noite - disse Rony indicando Hermione ao seu lado.

A menina tinha olheiras e com ar de cansaço.

- Ser monitora é mais difícil que pensava - contou desanimada.

- Nem tudo na vida são flores, Hermione - falou Persephone, que estava sentada atrás dela.

Rony olhou para Harry e revirou os olhos.

- Tem gente que não se enxerga mesmo - disse bem alto.

- Como eu ia dizendo, garotos, eu e Patriani, estamos tendo um belo trabalho. Parece que Hogwarts só tem alunos da Grifinória - contou Hermione. - Mas eu gosto, é questão de se acostumar...

- E o Malfoy?

- Não sei, Harry... Só falei com ele uma vez e acho que foi o suficiente. Os monitores sonserinos, como disse a Cho, "não gostam de se misturar".

- Você fala com a Cho? - perguntou incrédulo.

- Ih, Harry. Você está atrasado mesmo - caçoou o ruivo.

- Cho Chang é monitora também... Aliás, uma ótima pessoa - contou Hermione sorrindo.

Por fim, Melane entrou na sala, acompanhada por Snuffles. Harry pôde reparar que o cão estava muito magro. Assim que a professora chegou à porta, ele se deitou ao lado da mesa de Melane.

Ela olhou todos e exibiu um sorriso.

- Bem, meu nome é Melane Walker e neste ano vou ser a professora de D.C.A.T. Não sou de ficar falando muito e também não gosto de ficar enchendo o saco dos alunos com bronca. Mas quando eu estiver falando peço que fiquem em silêncio. Só aplicarei uma prova escrita. Todos os dias vocês serão avaliados. Por isso prestem atenção no que eu falo. Ah, fiquei sabendo que houve um problema com uma aluna desta classe, eu espero que isso não se repita. É muito chato isso, vocês não acham?

- Sim - responderam os alunos em um coro só.

- Não quero criar problemas para ninguém, então não criem problemas para mim e nem para a casa de vocês. Quem quiser perguntar alguma coisa não se acanhe. Alguns alunos acham que ficar perguntando atrapalha a aula, ou aquela velha coisa, quem pergunta é que não está entendendo. Isso é um absurdo, porque se você está perguntando está entendendo, esclarecendo as suas dúvidas. E caso você não saiba alguma coisa, isso aqui é uma escola, um aprende com os outros. Ninguém nasceu sabendo, não é verdade?

Ela caminhou até Snuffles.

- Alvo Dumbledore já disse sobre o Snuffles. Alguns pais reclamaram mas Snuffles não faz mal a ninguém. Fique em pé - disse ela ao enorme cachorro preto, que obedeceu. - Vai ficar aqui comigo, nas minhas aulas, por enquanto. Pode até servir de cobaia - Snuffles olhou Melane. - Alguma dúvida?

A classe ficou em silêncio, parecia que todos estavam com medo de falar alguma coisas. Até que Simas, que estava à frente de Harry, levantou a mão.

- É... O que vamos aprender este ano?

- Ah, inúmeras coisas. Vocês estão um pouco atrasados na minha matéria, por causa do segundo ano, aquele professor que não fez muita coisa. Neste trimestre, animais das trevas e como se defender deles. Por isso, aguardem os livros do quinto ano, e se puderem tragam o livro do segundo ano, vocês deixaram de aprender. Ninguém joga livro fora... Caso vocês tenham perdido há livros disponíveis na biblioteca. Vamos sair daqui e ir lá pra fora. Vamos, vamos! Peguem as suas varinhas.

Ela se virou para sua mesa e ficou procurando alguma coisa. Os alunos, rapidamente pegaram suas varinhas e saltaram de suas cadeiras.

- Quem são os monitores da Grifinória, mesmo? - perguntou Melane, colocando uma coleira em Snuffles.

Hermione rapidamente levantou a mão, Patriani também, só que timidamente. Ele tinha um rosto sereno e um sorriso tímido. Harry nunca conversara com ele, conhecia apenas de vista. Um pouco mais baixo que Harry, cabelos curtinhos, parecia ser um cara legal.

- Então aquele é que o tal Filipe - comentou Harry, olhando discretamente para o monitor.

- É o que parece... Versão feminina da Hermione, deve ser certinho e tirar notas altas, todos os monitores são assim - respondeu Rony evitando olhar Patriani, que agora exibia um sorriso, mostrando seu dentes extremamente brancos.

- Malfoy não é assim. O que o ciúme não faz, hein? - brincou Harry.

- Já conversei sobre esse assunto - respondeu um pouco bravo.

- Por favor, monitores, levem os alunos para o lago - pediu ela. - Potter, você fica!

Todos os grifinórios olharam Harry, olhares curiosos. Rony colocou a mão sobre o ombro do amigo e seguiu junto com Pavarti. Em instantes a classe se esvaziou e Melane fechou e trancou a porta. Snuffles tomou a forma de Sirius. Extremamente magro, olheiras enormes, resultados de noites mal dormidas. Se não fosse pela roupa e cabelos limpos Harry poderia concluir que Sirius estivera passando uns tempos em Azkaban.

- Sirius - falou olhando o padrinho.

- Eu estou bem, Harry! Só esta coleira que me incomoda - contou bastante alegre.

Ele parecia mais um fantasma, aparência bastante mórbida. Pálido e magro, mesmo assim, mantinha um sorriso nos lábios. O padrinho se aproximou e Harry recebeu um abraço caloroso.

- Como você está? – perguntou alto.

- Estou bem, como você está? Aquele bilhete... Você parece um fantasma!

- Mais tarde conversamos, só queria ver você com meus próprios olhos.

- Este cabeça oca se recusa a tomar as poções de Snape - contou Melane, aproximando-se.

- Não quero ficar devendo favores a Snape, já convivi com ele o suficiente. Vou me recuperar sozinho, não estou morrendo e nem vou morrer por causa de uma poçãozinha de Snape - falou Sirius. - Nem estou tão ruim assim...

- Sirius, se não te conhecesse acharia que era mais um fantasma de Hogwarts - contou a professora.

- Parece alguém que conheço, um certo Remo Lupin - caçoou Sirius.

- Harry vai ficar pensando besteira!

- Ele é um garoto e vocês já tiverem a idade de Harry...

- Cale a boca, Sirius! - gritou Melane. - Vamos, isso era só um abraço, os outros estão esperando.

Sirius tomou a forma de cachorro, Melane apanhou algo que lembrava um aquário em cima de sua mesa. Sirius tinha que usar coleira a pedido de muitos pais.

Chegaram rapidamente ao lago, onde estavam os outros alunos, Hagrid também estava presente. Melane entrou na água sem tirar os sapatos ou aplicar um feitiço secante em si mesmo, só parou de caminhar quando a água estava em seus joelhos.

- Cheguem mais perto, por favor. Água não machuca... - pediu a professora. - Bem, o que tenho no aquário é um animalzinho infeliz. Sua aparência não tem nada a ver com sua personalidade. Bonitinho, fofinho, engraçadinho, todas estas qualidades que terminam com "inho" e disso daqui. As aparências enganam, lembrem-se disso. Sobrevive bem em terra mas adquire sua forma somente na água, mas isso não significa se vocês estiverem em água estarão sãos e salvos. Observem...

Ela tirou o animal da caixa, era azul e parecia ser simpático. Melane conjurou enormes grades em volta do animal. Pequeno, com uma espécie de cones em suas costas, eram três ao todo. Tinha quatro patas bastante pequenas, cauda parecia de sereianos. Olhos fundos, parecia entender o que estava acontecendo.

- Isto é um Demônio da Água. Ainda é um filhote, por isso não oferece tantos perigos assim. Atinge facilmente seis metros, pode te esmagar em um piscar de olhos - falou a professora bastante animada. - Observem, logo ele tomará a sua forma.

Segundos depois a bolinha "indefesa" tomou forma, Harry recuou assim como os outros. Calculou rapidamente que o demônio deveria ter quatro metros. Harry imaginou como aquilo era possível, os pequenos cones que havia em suas costas eram enormes espinhos da cor roxa, a cauda também era enorme, boca com dentes incontáveis, estava sentado como se fosse um cachorro. Harry entendeu o porquê de Hagrid estar presente, talvez Melane deveria ter comentado sobre o Demônio. Snuffles latia para Melane, incansavelmente. Rony estava ao seu lado, olhava boquiaberto o bicho.

- Apresento-lhes Charles, o Demônio da Água! Estes espinhos - disse apontando a sua varinha - são extremamente perigosos, como se fossem vulcões, deles saem substâncias um pouco perigosas. Primeiro um líquido que causa a cegueira, um sonífero. Ele também expele um pó, quando você inala não acontece nada mas depois de alguns minutos você pode morrer... Seus brônquios se fecham e você morre com falta de ar. Alguma pergunta?

- Eu li um pouco sobre este animal. Existem alguns que expelem água ou algo parecido? - perguntou Hermione, um pouco incerta.

- Sim, é um problema de genética. Os animais não têm noção de mãe, pai, irmão, acontecem cruzamentos entre a família, parentes, é uma bagunça. Daí o demônio pode expelir água em vez das outras substâncias. Todos os animais têm algum ponto fraco, você, Hermione? - a garota fez que sim com a cabeça. - Hum, alguém tem alguma idéia de qual seja o ponto fraco?

Os alunos conversavam entre si e Melane saiu da água.

- O que me dizem? - perguntou a professora.

- Os olhos - sugeriu Harry.

- As patas - falou Filipe Patriani.

- Sim, está certo. São as patas! - confirmou animada.

- Eu atacaria os olhos, depois pensaria nas patas - falou Rony baixinho.

- Um animal deste tamanho com patas tão pequenas. Um simples feitiço põe o animal no chão, dando um tempo para a fuga.

Charles parecia se irritar dentro das grades, batendo a sua calda e espirrando água para todos os lados. Snuffles, que havia dado trégua, voltou a latir. Melane, "sem querer" pisou na pata do cachorro.

- Vamos, quem quer encarar o bicho? - perguntou Melane ainda do lado de Snuffles.

Neville levantou a mão, causando um certo espanto na classe. Harry e Rony levantaram as mãos, o ruivo um pouco contrariado.

- Alguma garota? - perguntou olhando para a classe. - Hein? Não se fazem mais garotas como antigamente.

Hermione, raivosa com o comentário, levantou sua mão, Pavarti fez o mesmo.

- Entrar no lago é um bom começo - sugeriu a mestra, sarcasticamente. Pediu que os outros alunos se reunissem e aplicou um feitiço. "Algum tipo de escudo...", pensou Harry.

A água estava fria e Harry sentiu um friozinho em seu estômago. Conhecia Melane e sabia que aquilo poderia não acabar tão bem. De onde estava, Melane desfez as grades que prendiam o bicho e gritou algo como "vamos lá".

- E agora, o que fazemos? - perguntou Rony coçando a nuca.

- Ora, só atacar os pés... Quem vai primeiro?

- Humpf! Como se fosse a mesma coisa que comer um pedaço de pão - brincou Rony. Começaram a conversar calmamente sobre o feitiço que usariam.

- Hey... Ele está mergulhando - observou Neville.

- Ah, estamos no raso e... - falou Rony.

- VAAAAAMOS LOGO! ANDEM! - gritou Melane com um olhar pavoroso da margem.

Harry percebeu o que estava acontecendo depois que o bicho deitava sobre a água.

- Temos que lançar o feitiço ao mesmo tempo - falou Hermione.

- Como? As patas dele estão submersas - lembrou Pavarti.

O bicho batia a calda na água, os óculos de Harry se molharam, assim como ele. De repente Neville lançou alguma coisa no olho do Demônio. Ele grunhiu alto e expeliu um jato de suas costas. Harry correu em qualquer direção, cada um estava em um canto. Hermione estava ao seu lado, Pavarti e Rony estavam do outro lado, mais ao fundo do lago, e Neville estava em frente ao bicho.

- Pense Harry, pense - murmurou pra si. Lembrou-se do escudo que Melane havia ensinado. - Chegue mais perto Hermione. Protetiulum!

Um escudo azul claro envolveu os dois, Melane entrava na água bastante nervosa. Do outro lado da margem Pavarti segurava fortemente o braço de Rony, que olhava Neville, paralisado. Charles batia a cauda na água, fazia barulhos e jatos saíam de suas costas.

- Quando ele levantar a pata nós atacamos! - falou Hermione.

- Que feitiço?

- Prende perna - informou olhando para o bicho.

Assim que levantou uma de duas pequenas patas, Harry e Hermione lançaram o feitiço assim como Rony do outro lado da margem. O Demônio caiu, fazendo um grande barulho e produzindo uma enorme onde de água, Neville, aproveitando a situação, lançou algo no olho do bicho. Hermione conjurou cordas que prenderam as patas. Rony correu em direção a enorme cauda, que se balançava lentamente no ar e gritou.

- Harry, petrifica! No três!

- Petrificus totalus - gritaram Hermione, Harry e Rony.

A enorme e pesada cauda de Charles, caiu como um baque na água, fazendo Harry se molhar mais. Rapidamente Melane conjurou as grades. Rony ficou parado, processando tudo o que tinha acontecido. Pavarti dava pulinhos na outra margem, Neville recuava de costas. Os alunos aplaudiam o feito dos cinco. Harry desfez o escudo.

- Vocês só funcionam à base do perigo? - perguntou Melane bastante alterada. - Mais um pouco e vocês viram comida de Demônio!

- Estas grades são seguras? - perguntou Hermione um pouco preocupada.

- Se não fosse não as teria conjurado. São especiais, logo ele volta em sua outra forma.

Saíram da água, Rony ainda se encontrava um pouco aéreo.

- Pavarti, ao invés de fazer alguma coisa, ficou se agarrando com Rony! - comentou Hermione enquanto caminhavam.

- Ai, Hermione... Se agarrando?! - contrariou sorrindo.

- Harry, gostei de seu escudo, parece que aprendeu alguma coisa - elogiou Melane.

- É mesmo, o que foi aquilo? - perguntou Hermione, encarando Harry.

- Depois eu te conto.

Melane explicou mais coisas sobre o Demônio, embutindo uma bronca nos cinco. Realmente tinha sido emocionante, todo aquele perigo e angústia, depois a fabulosa bronca da professora, como se tivessem culpa do medo que sentiram. As aulas de Melane Walker prometiam, e muito.

N/A: AEE! Até que enfim o Harry chega em Hogwarts. :-) Parece brincadeira, só no décimo terceiro capítulo, ele volta pra escola... afinal, foram muito os contratempos.

Bem, a Persephone não tem discrição PROPOSITALMENTE. Continuo dizendo: não se precipite sobre os shippers. Não... DEFINITIVAMENTE Persephone, não fica com o Potter.

Já fazem idéia de quem seja o animago? Gostaram da aula de Melane? E o novo cargo de Draco Malfoy? Hehehe, eu amei.

Próximo capítulo teremos alguma coisa de quadribol e uma tremenda encrenca, aliás, uma tremenda briga. Especialmente dedicado aos fãs de Draco e Rony.

Gostaria de agradecer a todas as pessoas que escrevem e-mails, muito obrigada. Continue escrevendo e se você não escreveu, faça-o logo!

Agradecimentos especiais à minha beta! O que seria de mim sem ela? Meus migos Filipe e Nanda! Obrigada por não me deixarem desistir!

Até o próximo capítulo!