Capítulo dezesseis – O jogo

Era sábado, Jorge havia entrado no dormitório do quinto ano fazendo uma verdadeira algazarra.

- Vamos, seus vagais! Hoje tem treino! – disse, abrindo as janelas.

- Jorge! – berrou Dino – Eu não estou no time de quadribol!

- Okay... Neville, Harry, Dino, Rony! Acordem! – chamou, ignorando Dino Thomas.

- Já estou de pé... – disse Harry molemente enquanto saía das cobertas quentinhas de sua cama.

- Rony? Eu não estou no time... Vai Harry, dê o fora daqui, quero dormir – reclamou Rony, com a voz abafada pelas cobertas que tampavam a sua cabeça.

- Você não está no time oficial mas está na listagem dos reservas. Vamoooooooos! – gritou Jorge, desviando de um travesseiro arremessado por Neville.

- Sério? – perguntou o ruivo.

- Sério, acha que brinco em serviço? Eu e Fred cuidamos disso enquanto você apodrecia na ala hospitalar. Daqui cinco minutos, todos vocês, no Salão Principal. DINO! BOM DIA!

- Rony... Me lembre de bater no Fred, okay? – Simas disse, abrindo as cortinas de sua cama.

- É isso mesmo – concordou Dino.

- Aquele não era Fred, era o Jorge – explicou Rony, espreguiçando-se.

- Tudo bem... Fred, Jorge, tudo igual. São pentelhos do mesmo jeito – explicou Simas, fazendo com que os outros rissem.

Neville, Harry, Dino, Rony (extremamente feliz) se trocaram rapidamente. Encontraram o time todo da Grifinória e mais alguns alunos, dentre eles Gina e Pavarti. Seguiram para o campo de quadribol. Fazia um frio enorme mas a animação era grande.

- Muito bem – começou Alicia pomposamente -, ano que vem só ficarão no time Neville e Harry, ou seja, a Grifinória ficaria desfalcada. Eu e as meninas estávamos pensando em treinar de forma diferente, com outro time. Então selecionamos alguns alunos... Desta vez escolhemos a dedo e unimos o útil ao agradável.

- Montamos um time reserva e treinaremos, assim, reserva contra titulares – explicou Angelina.

- Virgínia Weasley, Verona e Richard Frent, como artilheiros. Dino Thomas o goleiro, Wendy McFerson como apanhadora, Ronald Weasley e Persephone Gramond batedores – contou Alícia. – Onde está a Gramond?

- Ela virá, tenho certeza – disse Fred. – Ficou me alugando e ao Jorge também, para entrar no time.

- Bem... Enquanto isso, aos novatos, vamos ao vestiário pegar as roupas de reservas – falou Alícia.

- Por favor, Jorge, Gramond no time? – perguntou Harry, incrédulo.

- Fred – corrigiu – Ela rebate bem e até que é suportável.

- Pelo bem do time, da Grifinória – acrescentou o verdadeiro Jorge, juntando-se a eles.

- Suportável? Acho que você está exagerando... – continuou o moreno. – Potter James, blá blá blá – imitou.

- Olhem só... – indicou Fred. Ela vinha correndo, um tanto desajeitada. – HEY! VÁ PARA O VESTIÁRIO! – berrou para a garota.

- Hey... Quer me deixar surda? – disse Angelina, com as mãos nas orelhas.

Após quinze minutos o time reserva estava devidamente uniformizado. As vestes normais eram dourado e vermelho mas as reservas, ao invés do dourado, era bege, o vermelho permanecia o mesmo. Rony estava bastante feliz. O treino prosseguiu normalmente. Wendy McFerson, era do quarto ano , tinha pele morena e cabelos ondulados na altura dos ombros. Possuía unhas enormes e um sorriso sem graça. Harry trocou poucas palavras com Wendy, ela não era de falar. McFerson tinha bons reflexos e voava bem, aliás, muito bem.

Harry não deixou de reparar em Rony. Por vezes os gêmeos lhe chamaram atenção, porque Rony era muito forte e rebatia os balaços com mais força que precisava. Ah, e é claro... Gina. Voava com extrema elegância, armava as jogadas seus olhares se cruzaram uma porção de vezes, fazendo com que Harry, sentisse uma felicidade estranha.

Depois de algumas horas havia acabado o treino, todos seguiram para o vestiário, suados como nunca. Harry se prolongou um pouco mais, estava um pouco sem ânimo e com uma enorme preguiça. Quando saiu do vestiário, supreendemente, alguém cutucou o seu ombro.

- Gina! – exclamou ele surpreso.

- Nossa, pensei que só as mulheres demoravam no banho.

- Bem, todos já subiram, eu que estava enrolando um pouco... Vamos subir?

- Oh, claro – ela concordou rapidamente. – Então... Não está mais bravo comigo?

- Anh?

- Você estava brabo comigo, se lembra?

- Não, eu nunca estive brabo com você, Gina – ela fez um "ah" silencioso e sorriu.

- Que bom... É que... Aquela vez, você disse umas coisas que... Me fizeram pensar. Você tem razão, eu sempre fui uma jeca, bicho do mato, que não consegue falar com as pessoas e lamento muito por isso. Não tem idéia de como eu me lamento ser assim – desabafou, enrolando uma mecha de seu cabelo.

- Gina, você não precisa ficar se lamentando e...

- Não! – interrompeu. – Eu não gosto de ser assim, Harry. Ser meio travada, sabe? Até a Hermione, que é a Hermione, fala com todo mundo... Me sinto como se fosse de outro mundo, como se não pertencesse a este lugar, não conhecesse essas pessoas, sabe?

- Mas é isso que te diferencia das outras garotas. Você... Você... É especial – disse, ficando um tanto vermelho. Gina sorriu, bastante tímida, e deixou que os cabelos caíssem sobre a face.

- Especial... – repetiu ela.

- Existem garotas e garotas, Gina. Aquelas que são todas... Hum, atiradas, metidinhas, nossa, uma porção. E existem garotas especiais, e você é uma delas – contou, fazendo com que ela ficasse ainda mais vermelha.

- E o que me faz ser uma... Garota especial? – perguntou, pausadamente. O garoto se aproximou e afastou os cabelos que cobriam a face rubra da garota. "Como ela é bonita...", pensou. Ela se aproximou mais e deixou que a mão de Harry alisasse seu rosto. Ele se inclinou levemente, ela fechou os olhos. Estavam bastante próximos e ele sentiu o cheiro de cerejinhas doces.

- AHHHHHHH! AÍ ESTÃO VOCÊS!- exclamou uma voz um tanto familiar. Harry saiu do transe e Gina tremeu levemente. Era Rony, acompanhado de Pavarti. - Por onde estavam? – perguntou, bastante agitado.

- Bem... – começou Harry.

- Vai, chega, chega. Não estão com fome? Eu estou e faz décadas que estou mofando lá embaixo, esperando os dois para comer – contou Rony.

- Larga de ser mentiroso, Rony. Você estava esperando o Harry e não eu – desmentiu Gina.

- Ai, ciúminho agora, Gina? – zombou. – Vamos, você sabe que é a minha irmãzinha do coração, venha – e puxou o braço de Gina.

- Rony... Gina é a sua única irmã – lembrou Harry.

- Por isso mesmo! Duas Ginas na minha vida seria humanamente impossível – brincou.

A primeira partida de quadribol já estava marcada, Corvinal versus Grifinória. Treinavam bastante, assim como Harry estudava. Hermione fazia questão de dizer todos os dias "Vocês sabem, este ano tem os N.O.M's". Também fizeram alguns testes, para que os professores fizessem o levantamento de notas e agendassem a primeira visita ao povoado de Hogsmeade. Algumas coisas despertavam a atenção de Harry, uma delas era a ausência de seu amigo, Rony.

O professor de Estudo dos Trouxas, Trend Twain, havia passado um seminário para a classe. Harry estava fazendo dupla com a sorridente Daniella Barsos. A garota, se interessava muito por animais, Trato de Criaturas Mágicas e Herbologia eram seu forte. Foi decidido que apresentariam algo sobre os animais de estimação trouxas. Rony estava no grupo de Persephone, junto com Lilá e Neville. Os quatro mantinham segredo absoluto sobre o tal projeto. Harry não sabia de nada e não estava querendo discutir com o amigo sobre o assunto. Aliás, Rony andava para cima e para baixo com Pavarti Patil, para o desespero de Hermione. Às vezes Harry lembrava da triste conversa que tivera com o amigo, realmente, ele havia enterrado Hermione e ela parecia perceber muito bem isso e se afastou de Harry, afogando-se mais nos estudos e se unindo mais a Filipe Patriani.

Harry se sentia um pouco largado, Hermione frustada com a falta de atenção de Rony, que mantinha segredinhos com Persephone. Com isso, passou a conversar mais com Gina, que conhecia cada vez mais, desde o dia do "quase beijo".

Também percebeu a agitação dos gêmeos Weasley com o passeio de Hogsmeade se aproximando. Pelo que observava, estavam estudando mais do que o normal. Os gêmeos não precisavam estudar muito, aliás, só havia visto os dois pegarem pra valer nos estudos em seu terceiro ano. Realmente, Fred e Jorge Weasley estavam interessados demais na ida ao povoado bruxo e ele se divertia, pensando no que estariam aprontado.

Harry estava deitado em sua cama, olhando Rony revirar o dormitório todo. Estava fazendo uma verdadeira bagunça, para o seu desespero e de Dino Thomas, que odiavam ver o aposento bagunçado.

- 'Tá procurando a sua varinha de novo? – zombou Harry, preguiçoso, esticando-se como uma preguiça em um galho.

- Não enche – respondeu Rony, jogando o travesseiro de Neville na direção do amigo.

- Rony, eu posso saber o que você tanto faz com Gramond pra lá e pra cá?

- Anh? – resmungou o ruivo, virando-se para o amigo.

- É, você e ela...

- Harry, é o nosso projeto para Estudo dos Trouxas, lembra? E não é só eu, têm o Neville, a Lilá...

- E no que vocês tanto trabalham? – perguntou, levantando-se da cama.

- Ué, nada de mais.

- E o que seria este seu "nada demais"?

- Putz, está parecendo a Hermione. "Rony Weasley, por onde você esteve? Rony, o que anda fazendo com a Patil?" – reclamou, imitando a voz de Hermione.

- Você fica me escondendo as coisas...

- Não estou escondendo nada. Persephone é que fica enchendo pra não contar a ninguém.

- Persephone? Agora você a chama assim?

- Vai criar caso com isso também? A convivência com Hermione está te fazendo mal – caçoou, tentando organizar a bagunça que fizera.

- E Hermione?

- O que tem? – rebateu o ruivo.

- Rony, quando você vai largar esta tua mania de ficar respondendo com outras perguntas! – exclamou Harry, irritado.

- Mas o que tem Hermione, algum problema com ela? – perguntou, sorrindo.

- Você sabe muito bem o que estou falando.

- Ahhhh! – exclamou longamente – Aquilo! Já falamos sobre aquilo lá, Harry.

- Mas eu quero conversar de novo.

- Já disse, Hermione é sua e sempre será – respondeu Rony rapidamente.

- Você fala como ela fosse um prêmio, um troféu... Eu não quero este troféu!

- Cala a boca, seu boboca – disse sorrindo. – Sei lá, Harry, eu não ligo mais pra isso. Pode ir em frente – e bateu a mão no ombro do amigo. – Você gosta dela, não é mesmo?

- Não, eu...

- Vá, deixe de cerimônias – interrompeu o ruivo. "Eu não gosto da Hermione", pensou Harry.

Rony apanhou algo que parecia ser uma moeda - só que de plástico - e Neville abriu a porta estrondosamente.

- Ê, Rony! Parece uma moça, por que demora tanto? Vamos, as garotas estão dando cria lá embaixo!

- Vá em frente Harry – repetiu Rony, com um olhar vago.

Harry se sentou em uma poltrona, algumas pessoas passavam pelo corredor e uma delas lhe chamou a atenção, Gina, com seus cabelos de fogo soltos.

- Posso entrar? – perguntou a garota.

- Pode! Não repare a bagunça, o furacão Ronald Weasley acabou de passar por aqui – explicou-se Harry, levantando e tirando umas roupas do caminho.

- Sabe, eu queria te pedir uma coisa...

- Peça – respondeu sorrindo.

- Lembra aquele livro que pegamos na biblioteca?

- Sei... "Feitos históricos", se não me engano.

- Sim este mesmo!

- Nossa, eu descobri uma coisinha sobre a Confederação – sussurrou Harry. – Havia me esquecido.

- É, eu também, com toda aquela confusão de Você-Sabe-Quem na estação, depois fomos levados para o fim do mundo. Mas... Eu 'tô querendo o livro de volta. A bibliotecária está louca atrás de mim por causa do livro – contou, bastante acanhada.

- Por que você não me contou antes? – perguntou, andando até a estante do dormitório.

- Bem... Nem eu sei, Harry – disse baixinho.

- Pronto, aqui está – disse, estendendo o livro – Vamos ao corujal, Edwiges pode levar o livro pra lá...

- Ah, obrigada – agradeceu, sorrindo.

Caminharam até o corujal da escola, Edwiges piou bastante quando viu Harry se aproximar. Ele fez o pacote e despachou a coruja.

- Então, o que você descobriu com o livro? – perguntou Gina, caminhando para fora do corujal.

- Nada de extraordinário – respondeu, acompanhando-a. – Estava escrito quem havia criado, mas não como funciona, membros e estas coisas...

- Mas você leu o livro todo?

- Não... Eu tive tempo mas acabei esquecendo dele... E também esta história toda já esfriou.

- Ah é? Pensei que vocês três estavam trabalhando nisso.

- Rony anda pra cima e para baixo com a Gramond, Hermione com Filipe... Acho que eles esqueceram também.

- Ih, senti uma pontinha de tristeza nisso.

Gina começou a tagarelar, como costumava a fazer quando se sentia à vontade. Harry apenas concordava com a cabeça, contemplando a garota. Aos poucos ele conhecia a verdadeira Virgínia Weasley. Sempre que Harry se aproximava para conversar ela permanecia um pouco acanhada mas depois não parava de falar. De certa forma, a distância dos amigos aproximava Gina de seu cotidiano. Era uma garota muito esperta, engraçada e bastante feminista.

Aos poucos, Harry se pegava pensando nela, perdidamente... Gina lhe proporcionava um calor estranho, borboletas no estômago e uma felicidade engraçada. Ela sempre esteve ali e de fato, ele nunca tinha olhado com outros olhos. Antes era apenas a irmã de Rony, a mais nova dos Weasley. Agora era a garota que desejava ter sempre por perto. Ouvir o ruído do seu sorriso, vê-la enrolar um cacho de cabelo, contar coisas da sua família, tagarelar, reclamar dos direito das mulheres. Apenas sentir a sua presença e o seu cheirinho de cereja.

- Harry, está me ouvindo?

- Oi...

- Nossa, eu odeio quando você faz isso – reclamou irritada.

- Fazer o quê?

- Eu começo a falar e você não escuta nada do que eu digo! – disse ela, parando de andar. Harry percebeu que estavam próximos da Torre da Grifinória.

- Oh, me desculpe – disse encabulado. Ela suspirou alto e começou a enrolar uma mecha de cabelo. Ele segurou a mão de Gina, que estremeceu. - Eu tenho tantas coisas para lhe dizer, Gina... – ela ficou imensamente vermelha, fazendo com que ele risse. Harry puxou Gina pela cintura e pensou "Meu Deus, o que estou fazendo...?". A respiração de Gina estava bastante ofegante, mas ela não se afastou, pelo contrário, colocou as mãos em volta do pescoço de Harry. Ele se inclinou e levemente seus lábios encontraram os de Gina. Seu coração acelerou fortemente, pulsando e pulsando. Apenas a beijava, sentido seus lábios pequenos, seu cheiro de cereja, o calor que ela lhe proporcionava

As mãos de Gina deslizavam sobre as costas de Harry, que tinha as mãos na cintura fina da garota, como era bom beijá-la. Foi quando ele sentiu os lábios dela se distanciarem dos seus e abriu os olhos.

- Sabe... Isso... – começou Gina, que colocou a mão sobre seus lábios, que estavam um pouco vermelhos.

- Acho que gosto mais de você do que eu pensava – disse, com um sorriso nervoso. Ela arregalou os olhos e pegou na mão do garoto.

- Eu... E agora? – perguntou, tentando desviar os olhos de Harry.

- E agora eu te beijo de novo – disse, beijando-a novamente.

Harry não conseguiu dormir muito bem durante a noite. Estava feliz como há tempos não se sentia. Sabia que aquele beijo não era qualquer coisa, como um abraço ou um aperto de mão. Gina havia entrado em sua vida, vagarosamente, pela porta dos fundos, e agora ocupava todo seu coração e mente.

Sábado haveria a visita para Hogsmeade, Harry tinha certeza que poderia ir ao povoado e Gina também. Mas existia um pequeno contratempo, domingo seria a partida contra a Corvinal e, provavelmente, Harry teria que treinar. Por isso, quando acordou na sexta-feira procurou Alícia e conversaram sobre os horários dos treinos. A sexta-feira foi um pouco corrida, Harry conseguiu "seqüestrar" Rony e Hermione e visitaram Hagrid, há tempos deviam uma visita decente ao enorme amigo. Depois de algumas horas seguiram para o Salão Principal. Chegando lá, todos estavam bastante animados, falavam ao mesmo tempo, produzindo o familiar "zum-zum-zum".

- O que está acontecendo? – perguntou Hermione, sentando-se.

- Eu não sei... Parece que todo mundo está falando na visita para Hogsmeade. Uns reclamando, outros esperando – contou Gina.

- Esperando? – perguntou Harry.

- Parece que Dumbledore vai falar algumas coisinhas – respondeu, sorrido levemente. Rony percebeu a troca de olhares entre seu amigo e sua irmã e encarou Harry.

- Harry? O que está acontecendo? – falou, com a sobrancelha ligeiramente levantada.

- Ahn? – disfarçou Harry. Rony olhou novamente para Gina, que colocava mais suco de abóbora em seu copo e tornou a olhá-lo, desta vez, com um sorrisinho.

- Boa noite a todos! – saudou o diretor. – Vamos se acalmando, por favor... Amanhã será um domingo um tanto agitado. Temos quadribol pela manhã e alguns visitarão o povoado de Hogsmeade. Muitos alunos do terceiro ano não gostaram das novas regras, que os impedem de visitar o povoado. Isso é um pedido do Ministério da Magia, portanto temos que obedecê-los. Para ninguém ficar de cara feia, organizamos uma gincana para os alunos do primeiro ao terceiro ano e, é claro, quem ganhar, pontos para a casa vencedora – disse com o costumeiro sorriso bondoso. A animação tomou conta do Salão Principal inteiro, provocando risadinhas e cochichos. - Continuando, depois do jantar, vocês terão mais informações com os monitores e de como ela funcionará. Os alunos do quarto ano adiante encontrarão no salão comunal de suas respectivas casas a lista de quem poderá visitar Hogsmeade. Última coisa, desejo aos times da Grifinória e Corvinal boa sorte na partida de amanhã. E que vença o melhor!

- Ou seja, a Grifinória! – exclamou Lino Jordan.

- Nós vamos vencer, nós temos que vencer – acrescentou Fred. – Não é mesmo, Neville? É a sua primeira partida amanhã!

- É... – concordou o goleiro, sem animação.

- Acho que vocês não podem pensar assim. Corvinal joga muito bem. Tem ótimos artilheiros, batedores e tem a Cho Chang – lembrou Alícia, apanhando uma porção de batatas.

Harry, ao ouvir "Cho Chang", deslizou na cadeira. Lembrou do início de "paixonite aguda" que sentiu pela oriental. Procurou Cho com os olhos, lá estava ela. Conversando animadamente com o seu grupo de amigas, seu cabelo liso balançava um pouquinho enquanto gesticulava com as mãos. Parecia contente, rindo. Até que percebeu que Harry a observava. Chang levantou levemente a mão e acenou para Harry, que retribuiu com um sorriso. Lembrou-se de Cedrico, conseqüentemente Voldemort e suspirou. Olhou desanimadamente para os lados e encontrou Gina lhe observando com uma expressão tristonha. "Droga...", lamentou Harry, "Ela deve achar que eu...".

- Gina, eu... – disse Harry, baixinho.

- Boa sorte no jogo amanhã, Harry – desejou a ruiva, que se levantou e deixou o salão barulhento.


Fazia frio mas Neville não parecia se importar. "Ninguém se importa", pensou Harry, que caminhava para o campo de quadribol. Era novembro e já estavam no inverno. Ainda não havia nevado mas como se isso significasse alguma coisa. Estava bastante frio, não sentia direito as pontas dos dedos. Olhou para sua mão esquerda, seus dedos longos brancos e suas unhas roídas. Algum dia ele havia se perguntado qual era seu tique nervoso. Gina enrolava o cabelo, Hermione mordia levemente os lábios, Rony coçava a nunca e ele roía as unhas. Fora perceber quando a voz de Gina ecoava, teimosamente, em sua cabeça "Boa sorte amanhã...", e viu-se com um dedo na boca, roendo a unha.

Todos estavam bastante ansiosos, mesmo com aquela manhã nebulosa, com o vento cortante. Assim como os jogadores, ambas torcida estava bastante animadas. Na torcida da Grifinória havia um enorme faixa vermelha "VAI NEVILLE!" em letras pretas. Depois de alguns instantes aparecia em enormes letras douradas "ESTAMOS COM VOCÊ""" junto com o emblema da Grifinória.

- Nossa, Neville! Olha a sua torcida! – gritou Jorge, apontando para a enorme faixa. O homenageado apenas concordou com a cabeça, visivelmente emocionado.

- Nem o Harry recebeu uma faixa assim – exaltou Fred, muito animado.

- Não, não, não – corrigiu Jorge. – Nem EU, batedor máximo, profissional, premiado pela Liga de Internacional de Quadribol, tive uma homenagem em Hogwarts assim!

Todos deram risadas. O chão vibrava, as arquibancadas tremiam e Harry voava, estava mais frio no alto mas decidiu não se preocupar com aquilo. Suas preocupações eram o pomo de ouro e Cho Chang. Sobrevoou a arquibancada vermelha e dourada da Grifinória e localizou Rony conversando animadamente com Parvati, Hermione ajudando alguns grifinórios a encontrarem acentos, Gina e Persephone discutindo alguma coisa. Persephone estava um tanto gorda por causa dos agasalhos, usava no mínimo dois cachecóis.

Olhou a arquibancada da Corvinal, agitavam uma enorme bandeira com o brasão da casa. Batendo palmas, cantarolando alguma coisa.

- Prestigiando a minha torcida? – perguntou Chang, que aparecera do nada ao seu lado.

- Estão bastante animados – disse. evitando o olhar da garota.

- Boa sorte, Harry! – despediu-se, deixando seu rastro de perfume para trás.

Harry olhou seu time e Alícia vinha em sua direção.

- Vamos Potter! Acabou o reconhecimento de campo.

- Estão todos aí? – perguntou Alícia, pela centésima vez.

- Siiiiiiiiiim – responderam longamente.

- Jordan está anunciando a Corvinal – observou Neville, que agora estava um pouco tenso, e saíram do vestiário, sendo bastante ovacionados.

- Spinnet, Bell, Jonhson, Weasley, Weasley, Potter e Looooooooongbottom. Estes são nos Leões da Grifinória! – anunciou Lino Jordan, ao pronunciar o sobrenome de Neville a torcida se agitou mais ainda nas arquibancadas.

Os jogadores ficaram frente a frente, atrás dos capitães.

- Vamos ficar um minuto em silêncio, em memória à Cedrico Diggory, ex- apanhador da Lufa-Lufa - pediu Jordan, fazendo com que o estádio ficasse magicamente silencioso. Harry olhou Cho, que tinha as feições tristes. "Ela realmente gostava dele...", pensou.

- Okay, okay. Quero um jogo justo e limpo, estão me ouvindo? – disse Madame Hooch, firmemente. – Apertem as mãos, Spinnet e Davies! – e assim o fizeram.

O apito soou alto e Harry deu um enorme impulso com sua vassoura, voava como um louco. Não importava o frio, seus dedos quase congelados e suas unhas roídas. Voava, Grifinória tinha que ganhar e aquela era a sua parte, a captura do pomo.

Estava a cinqüenta metros do chão, lá estava Katie Bell voando com a goles na mão.

- E a partida começa bastante animada por sinal! Katie Bell tem a posse da goles na mão. Cuidado Bell, aí vem um balaço! Jorge Weasley o rebate para longe... Bell, Jonhson, Spinnet, Bell mas Davies rouba a goles. Davies se dirige para as balizas da Grifinória, em uma jogada individual. Longbottom parece estar um tanto aflito. Davies arremessa e.... SIM, SIM!!! Longbottom DÁ UMA VASSOURADA NA BOLA! Bela defesa.

Harry sorriu, Neville era um bom goleiro. Voou em direção às balizas da Corvinal e avistou algo dourado. Era o pomo, mas percebera tarde demais, Cho, que estava mais perto, voava velozmente atrás da pequena bolinha dourada. Harry se inclinou em sua vassoura, querendo que voasse mais rápido.

- Vamos, vamos, vamos! – berrou para si mesmo. De repente, Chang pára de voar, havia perdido o pomo de vista, assim como ele. Apertou mais uma vez os olhos, nem sinal do pomo. Grifinória estava na frente, sessenta a dez.

- Quase, hein? – berrou Cho, aproximando-se de Harry.

- Quase? – perguntou, contornando as balizas da Corvinal. Era o pomo novamente, próximo à arquibancada da Grifinória, batendo as suas asinhas. Harry desviou de um balaço que vinha em sua direção, por pouco esbarram em Wilton, o batedor da Corvinal.

- Mais uma vez os apanhadores percebem o pomo, primeiramente Cho Chang e agora Harry Potter. E lá vem ele, montado em sua Firebolt e Chang em sua cola, montada em uma Nimbus 2002.

Lá estava o pomo, voava calmamente próximo a arquibancada. Harry inclinou a sua vassoura para cima e Cho, fez o mesmo, estava bastante determinada assim como ele.

- Por Merlin! A Nimbus de Cho está ganhando a corrida, ela está quase ULTRAPASSADO Harry Potter – disse Lino Jordan com uma voz assustada. Harry olhou para trás, vinha em uma velocidade alta. Tornou a olhar para frente, faltava pouco e esticou a mão. Cho estava praticamente ao seu lado. - Vejam senhoras e senhores, ela realmente vai ultrapassar Potter. Olha o que ela está fazendo! Olha o que ela está fazendo! Estão lado a lado, com as mãos entendidas! Meu Deus, quem apanhará o pomo?

Foi quando, Cho berrou alto, um agudo "AHHHHHHHHH!".

- Ela está gritando?! Olhem o que esta garota está fazendo! Está uma cabeça à frente de Potter, isso está melhor do que esperava!

O grito agudo de Cho assustou Harry, fazendo com que diminuísse a velocidade. Ele viu, perfeitamente. A mão delicada de Cho apanhar o pomo e segurá-lo firmemente, à sua frente.