Capítulo dezenove

No dia seguinte, durante o café da manhã, o salão estava mais barulhento do que o normal. O assunto era o mesmo em todas as mesas: o baile. O final da festa não foi muito divertido para Harry, que teve que explicar o que acontecera entre ele e Persephone. Parecia que Gina, não queria entender e largou Harry sozinho, que ficou sentando o resto do baile inteiro, conversando com Hermione (que parecia estar tão chateada quanto ele) e Patriani.

Harry achou um tanto estranho, Persephone não comparecer ao baile e depois estar suja de terra. Provavelmente estava na Floresta Proibida, mas fazendo o quê? Quem mais não teria comparecido a festa? Todos os alunos usavam máscaras, era impossível destinguir quem era quem. Mas naquele momento, não estava preocupado com isso, quando a porta do salão foi aberta bruscamente. A enorme porta de madeira bateu fortemente na parede de pedra, fazendo um enorme barulho que distraiu à todos. Quem estava na porta, ofegando bastante, era Persephone com um pergaminho nas mãos e uma expressão diferente da que costumava a ver todos os dias. Ela estava sentindo dor, era visível.

- VOCÊ! – disse ela apontando para a mesa dos professores.

As conversas no salão cessaram-se, Persephone era o centro das atenções.

- VOCÊ NÃO É O MAIOR BRUXO DE TODOS OS TEMPOS? – berrou ela, apontando para o diretor. Dumbledore levantou-se, mas não parecia estar assustado.

- O que foi que houve? – perguntou Dumbledore bastante alto.

- Você sabe muito bem o que houve – ela respondeu, caminhando apressadamente por entre as mesas do salão. – VOCÊ NÃO É O TODO O PODEROSO, PORQUÊ NÃO ACABA COM ESTA PALHAÇADA TODA? HEIN, ME DIGA!

- Do que esta está falando? – perguntou Rony baixinho.

- Eu simplesmente não sei... – respondeu Harry.

Snape fez menção em se levantar, mas Dumbledore o impediu. O diretor respondeu alguma coisa para a garota que riu alto.

- FALE PARA TODOS OUVIREM! – berrou Persephone e apontou a varinha ao diretor – SONORUS!

O salão todo exclamou "OHHH". O que a motivava para questionar Alvo Dumbledore daquela forma.

- VOCÊ NÃO É O PODEROSO? ACABE LOGO COM ISSO! ACABE COM A RAÇA DAQUELE LORD DESGRAÇADO! POR QUE NÃO FAZ ISSO, TEM MEDO? PO RQUE NÃO O ENFRENTA LOGO DE UMA VEZ, SE É TÃO PODEROSO ASSIM?

- Persephone, acalme-se – disse o professor de modo que todos os alunos ouvissem, devido ao feitiço lançado por Persephone.

- EU QUERIA SABER PORQUÊ VOCÊ NÃO O ENFRENTA LOGO! – questionou Persephone, que agora chorava. – PORQUÊ?

Um enorme silêncio pairou sobre o enorme salão. A única coisa que se ouvia era a respiração ofegante de Persephone.

- NEM VOCÊ SABE! EU SÓ QUERIA SABER DE ONDE VEM ESTA FARSA QUE TE ENCOBRE.

- Eu sinto muito sobre a morte de sua avó – falou Dumbledore, ele estava falando a mais pura verdade.

- AH! VOCÊ SENTE? - e riu nervosa – SE VOCÊ SENTE ALGO, FAÇA ALGUMA COISA. ELE QUER O POTTER, DÊ O POTTER À ELE! POUPARIA MILHÕES DE VIDAS. LUTE COM ELE! AMANHÃ MUITAS PESSOAS IRÃO MORRER, POR CAUSA DO SEU MEDO! NÃO É DO MEU, NEM DE SNAPE, NEM DE NINGUÉM AQUI! É ÚNCIO E EXCLUSIVO SEU! SEU! USE A DROGA DO SEU PODER! OU NÃO É TÃO PODEROSO ASSIM?

De repente, Draco Malfoy se levanta junto com a garota que Harry vira no dia que Rony e Draco brigaram, e dirigiram-se para Persephone, que agora estava caída de joelhos. A garota resmungou alguma coisa para Persephone, que ainda estava de joelhos com a cabeça baixa.

- Ananda, deixe ela – disse o diretor. Ananda olhou para Draco, que não tinha expressão alguma no rosto. Nem ele sabia o que estava fazendo ali, diante de Persephone ajoelhada no chão.

Mais uma vez, a porta do salão de abriu. Era Antony Gramond, todo de preto. Ananda levantou Persephone a força que encarou o pai, com os olhos cheios d'água. Antony olhou severamente para a filha, transferindo o olhar para Draco. Nisso, Dumbledore saia da mesa, acompanhado de McGonagall e Snape. Harry olhou para Melane, que parecia estar chorando. "Será que ela conhece a avó de Persephone?", ele pensou.

Olhou novamente para Persephone, ele leu os lábios da garota que disse ao seu pai, "Não tenho nada pra falar com você" e saiu do salão junto de Ananda.

Persephone não assistiu durante uma semana as aulas porque não estava no castelo. E assim que voltou de viajem só usava trajes pretos. Seu uniforme era diferente, as cores da Grifinória, amarelo e laranja viraram preto e cinza. Foi bastante noticiado a morte de sua avó, Marvela Gramond.

Voldemort aparecera novamente, em um ataque no Chile. Mas não foi algo como em King's Cross, algo para assustar. Voldemort matou bruxos escolhidos a dedo e Marvela foi um deles. Uma reportagem de Rita Skeeter dizia:

Novo ataque!

Diferentemente do famoso ataque a estação King's Cross, Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado apareceu mais uma vez matando "apenas" três bruxos: Edward Flip, Marcos Camargo e Marvela Gramond que foram atacados na aldeia bruxa, La Rioja localizada no vilarejo de Olivares, no Chile.

Algumas pessoas viram fortes jatos de luzes vindos da casa de Marvela, ás nove horas da noite (horário chileno), que fica próxima a um enorme matagal. Assustado, o bruxo Juan Anjos foi até a casa de Marvela e demorou cerca de meia hora. "A Sra. Marvela sempre foi muito anti-social e pensei milhões de vezes em ir até lá, até porque sua casa ficava bastante longe da aldeia e por Sra. Marvela ser bastante ranzinza. Sabia que encontraria a milhares de feitiços pelo caminho, porque ela não gostava nem um pouco de visitas. Por causa dos feitiços é que demorei aquele tempo todo, para chegar até a casa dela". Chegando lá, Sr. Juan nos contou que viu a enorme Marca Negra pairando encima da casa de Marvela Gramond. Foi então que Sr. Anjos saiu do local o mais rápido que pode. "Realmente foi assustador!" contou Sr. Juan Olivas, "Cheguei no povoado e todos já sabiam, porque a Marca Negra era realmente enorme e iluminava bastante o lugar. Nem com todos aqueles matos, árvores e arbustos que a Sra. Gramond plantou, dava para ver aquele crânio horrendo. Nunca imaginei que Você-Sabe-Quem atacaria o Chile..."

Os aurores chilenos demoraram para chegar em La Rioja, mas não havia mais nada a ser feito. Encontraram a casa bastante bagunçada, sinal que houve um duelo e infelizmente os três bruxos perderam.

Apavorados, muitos bruxos deixaram La Rioja com medo de outros ataques e o vilarejo está bastante vazio, assim como outras cidades chilenas, cuja a população soube do ataque.

O curioso é o porquê da morte destas pessoas, sendo que Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado e seus Comensais da Morte, poderiam ter matado todos os bruxos e trouxas existentes na área. O que esconderia Edward Flip, Marcos Camargo e Marvela Gramond?

Tentamos falar com os familiares de Edward, Marcos mas não quiseram dizer nada. Apenas Hades Gramond, neto de Marvela nos disse a seguinte palavra "Justiça...".

É o que todos nós esperamos.

Rita Skeeter

Após ler a notícia Rony deu um sorrisinho.

- Vamos ver a coisa pelo lado positivo – começou ele, com a voz grossa devido as bolachas que mastigava – Existe uma família maior que a minha!

Hermione revirou os olhos com o comentário engraçadinho de Rony e tomou o jornal das mãos do ruivo.

- Bem típico este seu comentário, hein? – ralhou Hermione, colocando o jornal dentro de um livro.

- Então, como eu ia dizendo! Existe Gramond's pra tudo quanto é lado! Até que enfim, uma família maior que a minha! – continuou Rony, fazendo com que Harry achasse graça e Parvati exibisse um sorriso doce.

- Você não existe mesmo, Ronald Weasley! – reclamou Hermione, com uma vozinha aguda.

Assim como os amigos de Harry, Hogwarts inteira só se falava no ataque e no escândalo que Persephone armara, no dia que teve a notícia da morte de sua avó. Harry parou para pensar nos gritos desesperados da garota e por incrível que pareça, concordou com ela. Se Dumbledore era considerado o maior bruxo da atualidade, porque não enfrentava o Lord das Trevas e acabava com tudo logo. É claro, pensar e falar é extremamente fácil... Mas porque Dumbledore não agia logo de uma vez? Ou Harry estava muito desatualizado ou estavam lhe escondendo algo.

Por quê? Era hora de começar a questionar as coisas, perguntar o porquê de tudo, bater o pé, exigir respostas. Persephone tinha falado que Voldemort o queria, então ele tinha o direito de saber o que estava acontecendo.

Teria que falar Dumbledore e foi isso que fez, mas sem sucesso. Disse inúmeras vezes "pipoca doce" a frente da gárgula, que levava a sala do diretor mas ele havia mudado a senha. Tentou outros doces, comidas trouxas e tudo que vinha em sua cabeça mas nada acontecia. Depois de praguejar imensamente para a gárgula, andou em direção a sala de Melane. Andou mais rápido que pode e ficou satisfeito de entrar sala de aula, bater na porta do aposento de Melane e ouvir a sua voz mal humorada do outro lado da porta.

- Quem é, hein?

- Sou eu... – ele respondeu, odiando a própria voz. Ela havia saído um tanto desafinada e ele odiava quando isso acontecia. Melane abriu a porta, ela estava desarrumada, com os cabelos bagunçados, cara amassada e olheiras enormes.

- Estava dormindo? – ele perguntou ao ver o estado da professora.

- Posso dizer que quase...

Da última vez que esteve no aposento , estava terrivelmente bagunçado e agora estava bem arrumado, tirando a escrivaninha bagunçada. Ele enxergou muitas coisas desta vez, uma prateleira com coisas estranhas, umas miniaturas de bronze.. Uma das peças dizia "Melane Walker - Melhor aluna de Poções. Ano de 1964, Hogwarts". Alguns porta-retratos com fotos de pessoas que ele desconhecia.

- Estava fazendo umas coisinhas – ela contou, fechando a porta e correndo para a escrivaninha.

- Onde está Sirius? – perguntou Harry, analisando um abacaxi bronzeado que estava gravado "Melane W.Valentine&Sirius Black – Aporrinhadores de plantão. Ano de 1966, Hogwarts."

- Dormindo... – e apontou para o enorme cão dormindo encima do tapete - Este cão sarnento! Disse que não era pra me deixar dormir!

- Eu queria conversar com vocês, assunto sério – anunciou Harry agora olhando para uma Melane completamente descabelada. Ela ergueu os olhos para o garoto e cutucou Snuffles com o pé.

- Anda, acorda... Harry está aqui – disse ela, ainda o cutucando com o pé. Snuffles abriu os olhos lentamente e transformou-se em Sirius.

- Olá, Harry – ele cumprimentou lhe estendendo a mão para o sobrinho que a apertou fortemente. – Alguma coisa errada?

- Sente-se Harry – falou Melane, apontando uma cadeira – Eu... Vou tomar um banho para ver se eu acordo, já que certos cães bobos e idiotas me deixaram DORMIR!

- Não! – falou Harry – Eu quero falar com vocês dois.

Melane sentou-se no chão e esfregou os olhos, visivelmente morta de sono. Harry consultou o relógio de seu avó e contatou que eram apenas nove e meia da noite. Por que ela estaria tão sonolenta daquele jeito?

- Nossa! Deixe-me ver este seu relógio? – pediu Sirius, com os olhos brilhando. Harry estendeu o relógio de bolso para seu padrinho que ficou o olhando maravilhado.

- Onde conseguiu isso? – perguntou Sirius, estendendo o objeto para Melane.

- Minha tia me deu, quando fiz aniversário... Porquê?

- Ah... Ela virou boazinha agora – disse Sirius com um sorrisinho – Uma vez vi sua mãe com este relógio, falou que era do pai dela. Tinha um segredo este relógio... Mas não me lembro o que é agora.

- É, isso deve ser caro... – constatou Melane, arremessando o relógio para Harry – Olha o reflexo!

Por pouco Harry não consegue pegar o seu relógio e Melane bateu palmas.

- Sabia que você conseguiria pegar. Então, o que te trás aqui? Era pra você estar dormindo estas horas – disse Melane, em um bocejo. – O que está acontecendo com você?

- Comigo nada, quero saber o que está acontecendo com vocês! – respondeu Harry. Sirius virou a pequena poltrona, (que estava de frente para a lareira) para Harry e sentou-se de frente do sobrinho. – O que estão tramando?

- Tramando? – perguntaram Sirius e Melane juntos.

- É – ele respondeu restrito.

- Ah! Aquilo, Sirius – lembrou Melane, levantando-se em um pulo – Acho que realmente devemos contar pro Harry... Afinal, uma hora ou outra ele ficaria sabendo.

O garoto se animou e sentou-se na cadeira que Melane havia apontado minutos atrás.

- Isso não é nada fácil de te contar, Harry – começou Sirius.

- Nada fácil... – Melane repetiu aproximando-se de Harry, com uma expressão tristonha. – Eu e Sirius... Conta pra ele vai.

- Não conte você! – retrucou Sirius, parecendo bravo. – Você que começou e agora termine.

- Não, não e não! Você é o padrinho dele, então você é que tem que contar! – argumentou Melane. Sirius começou a falar alguma coisa mais rapidamente Melane correu e tapou a boca de Sirius.

- Vai eu conto – ela disse, ainda com a mão na boca de Sirius – É o seguinte... Este Cão Sarnento e eu temos um enorme projeto. Muito grande que se estenderá por todo este mundão de Merlim.

- Sobre Voldemort? – perguntou Harry, bastante ansioso.

- Será para o bem de todos – disse Sirius, tirando a mão de Melane sobre a sua boca.

- Sirius e eu... – disse ela baixinho e olhando para os lados – Queremos dominar o mundo!

- O quê? – perguntou Harry irritado.

- Dominar o mundo meu querido! – ela disse subindo encima da mesa. – Dominar, tomar conta! Será para o seu próprio bem! – e ergueu sua a varinha para cima, como se fosse uma espada. Neste instante, Sirius começou a gargalhar bastante. Harry nunca tinha visto seu padrinho rir daquele jeito, ele parecia estar se divertindo muito com toda aquela palhaçada. Harry olhou para cima e lá estava Melane, que continha o riso, com a varinha levantada que jorrava estrelinhas.

- Dominar, dominar e arrasar! Nós vamos detonar! – cantarolou Melane, com uma expressão séria.

O garoto levantou-se tão raivoso que a cadeira que estava sentado, caiu no chão. Agora que Sirius ria mais e desta vez Melane o acompanhava, ainda encima da escrivaninha.

- 'Tá tudo dominado! O Lord das Trevas será piada de mau gosto perto de nós! Aporrinhadores de Plantou! – falou Melane, rindo bastante. Da sua varinha saía mais estrelas e que agora, faziam barulhinhos quando tocavam no chão.

"Porque ninguém me leva a sério?", perguntou-se raivoso. Ele dirigiu-se para a porta mas Sirius o impediu, segurando-o pelo braço.

- Ei, espere aí...

- Para vocês rirem mais da minha cara? Não, obrigado!

- Não! Espere aí, Harry – disse Melane saltando da mesa, ainda com um sorriso no rosto – Você deveria rir um pouco faz bem para a pele.

- Não quando é da minha cara e quando eu estou falando sério. Melane, porque você sempre tem que ser assim?

- Quando eu sou séria, você não gosta. Quando eu sou normal, você não gosta. Quando eu faço uma graça, você também não gosta. Agora eu é que pergunto, você sempre tem que ser assim? – disse ela bastante séria – Eu sei que você está preocupado, como se eu e Sirius não estivéssemos. Todo mundo está preocupado. E você saberá das coisas na hora certa. Você é muito impaciente, porque não vai rir um pouco? Pelo amor de Deus, outro Lupin na minha vida não! – ela reclamou e Sirius exibiu um sorriso para Melane.

- Eu só quero saber quando é esta hora, que não chega nunca. Você estava no dia que a Persephone fez aquele escândalo e eu concordo com ela. Se Voldemort me quer, porque me escondem as coisas.

- Ninguém está escondendo nada – respondeu Sirius olhando para os olhos de Harry – Ninguém sabe o porquê daquele maldito te quer morto. O que está em questão até agora, é a sua segurança.

- Eu não quero que os outros fiquem me protegendo, Sirius. Isso é o que vocês não entendem. Eu sou um homem, não tenho dez anos de idade. Não sou um inválido que...

- Ai, por favor me poupe! – interrompeu Melane – Alguém aqui disse que você é um inválido? Não, né? Bom, acho que você tem que dormir. E se não quiser também, tudo bem. Mas não fique aqui, senão Snape...

- Snape? – repetiu Sirius, interrompendo Melane.

- É, ele aparecerá aqui para pegar uns papéis. Se ver Harry aqui, vai falar um montão na minha e na sua orelha e eu não estou afim de ficar ouvindo ele reclamar. Hoje não. Então, Harry... Tchau, vai com Deus. Que os anjos iluminem o seu caminho até a Torre da Grifinória ou qualquer lugar que você vá agora – ela disse empurrando Harry para a porta – Mande um "alô" para Hermione... Aliás, você sabe o que está acontecendo com ela?

- Hermione...? Porquê? – Harry perguntou um tanto surpreso.

- Ela tirou oito nos exames que corrigi ontem. Hermione sempre tira dez...

- Ah, ela também não anda comendo direito – contou Harry.

- Coisas de mulheres – falou Sirius por cima do ombro de Melane.

- Até amanhã, Harry! – despediu-se Melane, fechando a porta no nariz de Harry.

- E foi isso que aconteceu – disse Harry, após contar a conversa que na noite anterior com Sirius e Melane. O trio estava a caminho das masmorras, dois tempos de Poções e não estavam animados com as aulas que teriam há alguns minutos.

- Realmente eles te querem seguro, Harry – comentou. – Agora... Porquê?

- Pela mesma razão que Você-Sabe-Quem quer Harry morto – concluiu Hermione, com o rosto iluminado - Deve existir alguma coisa dentro de você, Harry. Um poder ou algo do tipo, por isso que eles te querem tão seguro assim. E por causa deste poder, digamos assim, Você-Sabe-Quem quer te matar... E tentou isso, anos atrás quando você era pequeno e está tentando até agora. Você é uma ameaça constante à ele.

- É... Mas o que é esta tal coisa? Que droga – resmungou Harry.

- Putz... – reclamou Rony, parando de andar – Esqueci o meu livro de transfiguração no salão comunal. Vão indo na frente, eu vou lá pegar.

- Rony... A aula de Transformação é só depois destes dois tempos de Poções – falou Harry, consultando o horário de aulas.

- Eu sei, mas estamos alguns minutos adiantados. Eu vou rapidinho – contou Rony, endireitando a mochila.

- Okay, eu vou com você Rony – disse Hermione. Harry olhou para Rony que olhou para Hermione, um tanto surpreso.

Naquela tarde Snape parecia estar de bom humor, até agora não havia gritado com ninguém e nem tirado pontos do pobre Neville, que estava sentado ao seu lado. O que chamou a atenção de Harry foi a ausência de Rony e Hermione, que até o momento, não estavam presentes na aula. Quando este pensamento deixou a cabeça de Harry, a porta da sala de aula, range alto rasgando bruscamente o silêncio. Todos os alunos olharam para trás e encontraram Rony com cara que tinha corrido muito para chegar até a masmorra.

- Ronald Weasley, está atrasado dezesseis minutos! Vai colocar a desculpa nas escadas? Virou rotina chegar atrasado ou é impressão minha? – perguntou Snape se aproximando de Rony. – Da próxima vez será suspenso durante UMA SEMANA nas minhas aulas! Não importam os N.O.M's , o azar será todo seu, Weasley. Sente-se!

Rony sentou-se e Harry o observou por alguns minutos, estava aos cochichos com Persephone. Isso era uma das coisas que o intrigava. Rony estava bastante amigo da garota e Harry simplesmente não a suportava. O modo dela falar, lhe dirigir a palavra, ficar lhe chamando de "Potter James" era extremamente irritante. Mais ainda, quando muitos alunos da Sonserina o chamavam assim, especialmente Draco Malfoy. Nunca tinha realmente reparado na aparência de Persephone desde o dia que ela enfrentou Dumbledore na frente de todos. A garota era bastante morena, cabelos cacheados e cara de poucos amigos. O olhar de Persephone lembrava o de Lúcio Malfoy, uma certa imponência e ar de superioridade. Usava óculos enormes, maior que o rosto, simplesmente horríveis e aparelho nos dentes.

Harry voltou a atenção para a sua Poção para Animar, que estava dando certo, assim como a de Neville, que parecia estar pegando o jeito em Poções. Assim que a aula acabou, Harry viu Rony saindo rapidamente da sala e Harry o puxou pela mochila.

- Ei, não vai me esperar mesmo? – perguntou Harry em tom brincalhão.

- Estou com pressa – informou o amigo, saindo da classe.

- O que há com você?

- Do que está falando? – Rony perguntou surpreso fazendo com que Harry levantasse as mãos para o alto.

- Vem, vamos para aula de Transfiguração – chamou Harry, puxando o ruivo para esquerda.

- Não, eu não vou.

- Como, não vai? – disse, arrastando Rony de qualquer jeito. – Você me diz que esqueceu um livro no salão comunal, Hermione vai junto. Ela falta na aula e você chega atrasado. O que foi? Brigaram?

- Não posso te explicar agora, tenho que ir atrás dela – disse, acelerando o passo, tentando livrar-se do companheiro. Harry percebendo tudo, tratou de alcançar Rony e o prensou na parede.

- O que está havendo? O que você tem? Onde está Mione? – perguntou Harry, segurando Rony pelo colarinho. O ruivo o empurrou amigavelmente e correu em direção as escadas.

Harry não entendeu nada, quando viu Rony sumir em meio dos alunos do terceiro ano. Na aula de Transformações Hermione não estava presente assim como Rony. Voltou para o salão comunal, bastante cansado. McGonagall e os outros professores, estavam passando muitos deveres. Até mesmo Melane, que Harry não considerava uma professora de "verdade" passou algumas pesquisas. Eram trabalhos, trabalhos-extras devido aos N.O.M's, em todas as matérias. Agora ele entendia o porquê que Rony odiava os N.O.M's e Harry passou a odiá-los também.

Como sempre o dormitório estava uma bagunça, aliás uma bagunça ao quadrado. Harry saiu catando tudo o que encontrava no chão, meias, livros, camiseta, uniforme jogado e uma galinha de plástico, que chamou muito a sua atenção. Sentou-se em sua cama e apreciou o silêncio. Harry gostava do silêncio algumas vezes, principalmente quando estava imensamente cansado. Mas não durou por muito tempo, Rony entrou como um furacão no quarto, com a cara amarrada.

- Rony... – chamou Harry.

- Nossa, nem tinha visto você aí.

Começou a encarar Rony, esperando uma explicação sobre os últimos acontecimentos.

- Você viu Hermione? – perguntou Rony, apanhando alguma coisa no baú.

- Quer fazer o favor de olhar pra mim – pediu Harry que se levantou e fechou a porta, porque Rony havia largado aberta.

- Eu beijei Hermione – contou.

Harry ficou alguns segundos sem pensar em nada e depois, olhando para o amigo percebeu que fez uma cara estranha, devido a expressão de Rony.

- Você o quê?

- Beijei Hermione. Ela saiu e foi embora, procurei por todos os cantos mas não sei onde ela foi parar – contou apressadamente.

Os olhos de Harry estavam imensamente arregalados. Era inacreditável. "Rony beijando Hermione? Não, não...", ele pensou. Mas porque Harry ficou tão vazio de repente, nem ele mesmo entendeu a sua reação. Balançou a cabeça e finalmente sorriu.

- Eu realmente não tenho palavras.

- Nem eu – concordou Rony, sentando na cama do amigo. – O que eu fiz de errado? Se ela não tivesse gostado teria me chutado, empurrado, xingado. Mas ela... Ela ficou me olhando daquele jeito e disse, sei lá... Falou que alguém estava a chamando e foi embora. Achei que ela estaria na aula do Snape, mas não estava! Por que ela não me chutou, esmurrou? Ela apenas deu às costas e foi embora, sem dizer uma palavra!

- Ela também não assistiu a última aula... – contou Harry, sentando-se de frente para Rony.

- E agora, o que eu faço?

- Rony, se ela não tivesse gostado ela não teria correspondido ou algo parecido, mas ela não fez. Ela deve ter gostado.

- Então por que saiu inventando uma desculpa esparramada?

- Deve ter se sentido confusa, eu não sei – Harry respondeu, sem saber muito o que dizer.

O ruivo se esparramou na cama e ficou encarando o teto, praguejando-se infinitamente.

- Rony, se ela não tivesse gostado ela não teria correspondido ou algo parecido, mas ela não fez. Ela deve ter gostado.

- Então por que saiu inventando uma desculpa esparramada?

- Deve ter se sentido confusa, eu não sei.

Rony se esparramou na cama, encarando o teto, praguejando-se infinitamente.

- Eu não deveria ter feito isso...

- Não seja bobo, seu louco. Logo ela aparece e vocês conversam. Agora... Vai tomar um banho, você está fedendo! – contou Harry, fazendo com que Rony risse também.

Rony levantou e arrancou a parte de cima do uniforme suado e jogou na cara de Harry.

- Eu estou o quê? – perguntou, tampando a respiração de Harry com a sua camiseta fedorenta. – O quê, não estou te ouvindo?

Harry produzia sons abafados, tentando empurrar Rony e a camiseta fedida pra longe. Mas não estava conseguindo e começou a rir. Fazia tempo que Rony não fazia aquilo, aliás, ele tinha esta mania.

- Okay, eu tenho piedade, coisa que você não tem quando chega dos treinos de quadribol e esfrega suas meias no meu nariz.

- Vai ter revanche! – gritou Harry, quando Rony saía do quarto.