Capítulo vinte - A Lendária Ordem

Harry Potter dormia tranqüilamente em sua cama quentinha, no dormitório do quinto ano, localizado na Torre da Grifinória. Um sono calmo e sem sonhos, estava cansado demais para sonhos. Enquanto os grifinórios dormiam, alguém abriu a porta do dormitório e andou cautelosamente para a cama de Harry Potter. Rapidamente, abriu as cortinas que envolviam a cama e tapou a boca de Harry, que nestas alturas já estava acordado.

- Fique quieto! – disse a pessoa envolvida pela escuridão do quarto – Sou eu... – mas Harry demorou alguns segundos para se acalmar e identificar a voz - Pegue os seus óculos, varinha e se arrume em três minutos. Rápido!

O garoto tirou a mão quente que envolvia a sua boca e apertou os olhos para ter certeza de quem era. Suas suspeitas estavam certas, era Melane, que levantou e deixou o quarto sem fazer nenhum barulho. Com milhares de perguntas na cabeça, Harry se aprontou o mais rápido que pôde e saiu do dormitório, encontrando Melane bastante séria.

- Vista isso – disse Melane entregando-lhe uma capa verde musgo escuro; ela vestia uma bem parecida – Vamos, Harry...

Ele se cobriu com a capa e eles desceram a escada de caracol rapidamente. Melane caminhava bastante rápido e ele percebeu que estavam indo para fora do castelo. Lá fora estava extremamente frio, escuro e nevava intensamente. Sentiu os pés serem congelados enquanto descia as escadas, estavam se aproximando do portão de ferro forjado, que se abriu. Eles caminharam cerca de dez minutos, andando junto ao enorme muro de pedra da escola. Melane parou e ficou olhando o chão branco como se procurasse alguma coisa, apanhou a varinha e disse: Aparecium. Do chão, surgiu uma enorme vassoura, do tamanho de duas Firebolt. Melane montou na vassoura e pediu que Harry subisse e arrumasse o capuz da capa, e assim ele o fez.

Era extremamente estranho voar em uma vassoura se não era ele quem a pilotava. Aliás, ele sentiu-se totalmente inseguro e com medo. Melane voava perigosamente sobre os telhados de Hogsmeade, muito rápido. Não sabia se era sua insegurança ou se Melane era um perigo voado em vassouras tamanho família. A neve agora caia com mais força e, finalmente, Melane anunciou que estavam chegando. Mas para onde estavam indo?

Os telhados brancos eram cada vez mais raros de se ver e Melane aterrizou em um "monte de nada". A última casa que Harry lembrara de ter visto ficava quinze minutos ao sul. Harry viu a figura de um homem se aproximando, andava na direção dos dois, parecia procurá-los. Melane arrancou o capuz e correu até o homem.

A capa que vestia não era uma capa qualquer, era uma capa de camuflagem. Ele conseguia distinguir Melane, mas ela se perdia algumas vezes no meio da nevasca. Ele apanhou a vassoura do chão e andou na direção que Melane havia corrido e pôde perceber que ela beijava o tal homem: era Lupin. Harry sentiu uma pontinha de felicidade e um sorriso escapou de seus lábios, estavam, ou pareciam estar, juntos.

- Meu Deus, como é bom te ver de novo! – disse Melane abraçando Lupin fortemente. – Eu fiquei sabendo do que houve lá e... Eu...

- Shh, se acalme... – ele falou carinhosamente, ainda abraçado a ela.

Harry distanciou-se um pouquinho, não iria ficar ouvindo a conversa dos dois, até que ouviu Melane o chamar e tirou o capuz. Lupin o cumprimentou, visivelmente acanhado.

- Que horas são? – perguntou Lupin.

- Três e meia – respondeu Harry, tirando o relógio de seu avô do bolso.

- Se afastem... – mandou Lupin. Do solo, surgiu uma pedra um tanto grande. Melane a chutou três vezes e ela se abriu, revelando um buraco fundo e negro.

- Você e Harry primeiro – indicou Lupin.

- Harry, você só tem que cair, okay? Estarei lá embaixo se alguma coisa acontecer – e pulou dentro do buraco. Harry olhou receoso para o chão e depois para Lupin, que sorriu amigavelmente.

Pulou e sentiu um enorme frio na barriga. Mas conforme caía, sentia-se aquecido. Harry ficou imaginando como seria a "aterrissagem", porque estava caindo muito rápido. Foi então que sentiu uma sensação parecida com quando se senta em um colchão de água. Melane estava em pé e da ponta de sua varinha saía um feche de luz. Harry levantou-se da bolha invisível e observou o lugar. Estavam debaixo da terra, em algum lugar que parecia tubulações de esgotos, mas não tinha nenhum cheiro fedorento ou animais escrotos pelo lugar.

- Tire a sua capa e a coloque ao contrário. Não é necessário se camuflar aqui – ela contou, enquanto arrumava a sua capa; Harry fez o mesmo. Lupin logo juntou-se aos dois, que entraram no enorme tubo que ficava à esquerda. Lupin estava bastante magro e tinha ferimentos no rosto, vestia uma capa preta e estava visivelmente cansado.

- Por que Harry está conosco, Melane? – perguntou Lupin depois de um certo tempo.

- Porque ele quer! Queria saber o que está acontecendo e falei com o Professor. Aliás, eu insisti para que ele viesse junto conosco... – ela respondeu.

- Ainda o chama de professor?

- É estranho chamar só de Alvo… – Melane respondeu, dando risada – Afinal, ele sempre está me ensinando várias coisas.

- É verdade... – concordou Lupin, parando de andar – Mas antes de tudo, temos que explicar o que está acontecendo ao Harry.

- Vamos em uma reunião com os aurores de confiança da Ordem que estãodisponíveis no momento, mas existem muito mais que esses... Eles estão em missões por aí. Prof. Dumbledore nos chamou, Harry. – explicou Melane baixinho – Não fale nada e não fique aparecendo muito. Ninguém sabe que você está conosco. Não sei se Dumbledore o apresentará para o resto...

- Ordem da Fênix? – perguntou Harry, olhando para os dois – Andei lendo sobre isso e é uma lenda! Se isso for mais uma brincadeira sua e de Sirius, eu juro que...

- Não é brincadeira! – ela retrucou severamente – Você acha que eu viria até aqui para brincar com a sua cara?

- Você e Sirius andaram pregando peças? – perguntou Lupin, olhando severamente para Melane, que respondeu com um sorriso:

- Não com ele... Mas foi só uma brincadeirinha… – ela disse inocentemente – Sirius que andou aprontando com Severo de novo! E desta vez eu queria ter visto a cara dele, Remo. O.k., vamos entrando.

Harry olhou e não viu nada, a enorme tubulação não parecia ter fim.

- Você contou os passos? – perguntou Melane – Pelas minhas contas está certo, cento e setenta passos. E você?

- Cento e quarenta, está certo. Onde está a porta? – perguntou Lupin apalpando a parede.

- Passos? – perguntou Harry, não entendendo nada.

- É, temos que contar os passos até chegar aqui – ela disse apalpando a parede a procura de uma passagem – Quem criou esta sala andou cerca de duzentos passos e criou a passagem. Mas cada um é cada um. A minha contagem são cento e setenta passos; cada pessoa tem pernas diferentes, então varia. Se ultrapassarmos a medida, ficaremos perdidos aqui durante muito tempo. O bruxo que inventou isso aqui não era muito espero... Se voltar aqui, comigo ou com Remo, lembre-se de contar seus passos...

- Aqui! – mostrou Lupin. Harry aproximou-se e iluminou a parede da tubulação com a luz de sua varinha. Lupin colocou a mão esquerda na parede, que movimentou-se para frente. Era uma porta de pedra, bastante grossa e um feixe de luz escapou por ela, enquanto se abria magicamente. Harry ajeitou o seu capuz e entrou na sala. Era bastante simples o lugar, uma gigantesca mesa de madeira ao centro da enorme sala. Havia um enorme lustre em cima da mesa, iluminando o local. Ao todo eram dez bruxos reunidos, contando com ele próprio.

Uma bruxa totalmente estranha se aproximou de Melane, que, ao vê-la, estampou um sorriso enorme no rosto. Ela tinha o cabelo vermelho-sangue e bastante curto. Baixa, um metro e sessenta e se vestia como um homem: calça jeans larga, uma camiseta três vezes maior que o seu número, sapatos surrados e uma boina verde. Nada combinava e Harry nunca tinha visto uma mulher daquele jeito. bastante desleixada. Ele só se deu conta que travava-se de uma bruxa devido aos seios enormes que a camiseta tentava ocultar. O mais interessante era que as duas não falavam, comunicavam-se através de sinais. A tal bruxa era muda.

Lupin também cumprimentou a muda, estava bastante feliz em vê-la. Harry sentiu uma mão em seu ombro, virou-se assustado e viu Alvo Dumbledore, que sorriu amigavelmente e depois fez um gesto para que Harry o seguisse. Cruzaram a sala subterrânea e entraram em uma pequena saleta. Havia uma mesa, bastante organizada, e algumas cadeiras, onde Dumbledore pediu que Harry se sentasse.

- Bem, acho que lhe devo explicações, não é mesmo? – começou Dumbledore – Melane andou conversando comigo sobre o seu respeito e ela estava um tanto aflita. Contou-me tudo e decidi que já está mais do que na hora de você saber o que está acontecendo, ou melhor, o que irá acontecer.

- Melane fez isso mesmo? – Harry perguntou, retirando o capuz.

- Sim. Apesar de parecer uma eterna adolescente, ela é bastante adulta. Fez muitas coisas, é uma grande mulher. Você deveria se orgulhar de tê-la como professora e guardiã.

Harry pensou um pouco. Por mais que quisesse, ele via Melane como uma amiga, e não como alguém superior a ele, uma professora como os outros. Talvez fosse o espírito jovial de Melane...

- Então aqui é a Ordem da Fênix?

- Não, essa é apenas uma reunião um tanto secreta – respondeu Dumbledore – Na Ordem ninguém mostra o rosto ou se chama pelo nome. Temos que fazer isso por causa dos espiões. Estão reunidos aqui aurores e alguns membros especiais da Ordem. Está tendo um enorme avanço de Artes das Trevas por toda a Inglaterra. Desaparecimentos, roubos, venda excessiva de certos materiais para poções e a última delas foi a morte de Marvela Gramond, que você já sabe.

- É a avó de Persephone...

- Ótima feiticeira, perdemos uma grande aliada. Mas gostaria de saber se você está disposto a fazer parte de nossos planos.

- Mas é cla...

- Não é assim, Harry – interrompeu Dumbledore – As coisas não são assim. Existe todo um segredo em volta da Ordem da Fênix, você tem que estar disposto a morrer. Seja em algum combate, sacrifício, ou qualquer coisa do tipo. Lutamos por um ideal.

- Está certo...

- Os nossos combatentes são escolhidos a dedo e muitos deles, como Marvela, morreram e morrerão. É um segredo absoluto, tanto que se você for um de nós, não poderá contar nada para Hermione e muito menos para Rony. Para a segurança de todos, de seus amigos, familiares... Uma vez descoberta a identidade, é morte na certa. Mortos pelo outro lado, o lado das Trevas. Está disposto a isso? Você poderá pensar nisso com calma. Caso não queira, terá a sua memória alterada.

- Mas eu quero, eu estou disposto.

- Bem, eu acho que você entenderá as coisas mais tarde – disse Dumbledore quando foi interrompido por um "toc-toc" na porta. Era a bruxa que conversava com Melane e Lupin.

- Rouge! – Dumbledore exclamou levantando-se da cadeira – Pode entrar, por favor.

Rouge fez não com a cabeça e começou a gesticular; Harry começou a olhá-la. Nunca tinha visto alguém mudo antes. Rouge tinha uma boca grande e bonita, olhos um pouco puxados e seu rosto estava bastante queimado do sol. O garoto a encarou tanto que ela percebeu e o encarou também.

Rouge apertou seus olhos, parecia conhecer Harry de algum lugar.

- Filho de Tiago? – ela disse, embora não saísse nenhum som de sua boca. Harry lera seus lábios.

- Sim... – ele respondeu baixinho.

- Prazer, sou Rouge De'Buller – e esticou a mão para Harry, que levantou-se e a cumprimentou. Ela sorriu, olhou para Dumbledore e começou a falar em sua língua.

- Vamos andando, Harry, estão nos esperando - informou Dumbledore, saindo da sala. A muda juntou-se aos outros bruxos, que já estavam sentados na enorme mesa. - Rouge cursou Hogwarts junto com seus pais e disse que está feliz em vê-lo – contou Dumbledore. Antes de sair da sala, Harry colocou seu capuz.

- Ela não fala... – comentou Harry.

- É, mas não fique com pena ou senão ela arranca sua cabeça e dá para jacarés devorarem – brincou o velho professor.

Harry sentou-se ao lado de Lupin e quando Dumbledore ficou a frente da mesa, todos os bruxos levantaram-se.

- Podem sentar. Acho que temos novidades, não é mesmo?

- Oh, sim sim! Temos uma enorme novidade! - exclamou um bruxo gordo - Eu e De'Buller estivemos no Chile, como todos vocês sabem. Investigamos a casa de Marvela e achamos dezenas de objetos de Artes das Trevas. Por que o Ministério Chileno nos informou disso antes? Eu disse que Marvela não era flor que se cheirasse. Eu nunca, NUNCA confiei naquela velha caduca e coroca!

- Acalme-se, Greg! Onde vocês acharam estas coisas? - perguntou Dumbledore - Lembro que ninguém nos contou nada sobre isso, e se os aurores chilenos tivessem achado, teria nos informado.

- Eles são uns incompetentes, isso sim! A velha Gramond possuía um porão debaixo do assoalho da cozinha. Estava repleto de coisas que eu mesmo nunca vi na vida! – disse Greg, visivelmente nervoso – Olhem só isso, me digam se não tenho razão.

Greg puxou uma sacola preta e começou a tirar inúmeros objetos, o mais curioso era um colar com pingente de crânio, cujos olhos eram verdes.

- Magia negra por todos os cantos - disse uma velha senhora, que Harry parecia conhecer - Mas isso deve ser alguma experiência de Marvela, vocês sabem... Ela gostava de mexer com isso e estava ensinando algumas coisas aos netos dela. Magia Defensiva.

- Creio que não, Sra. Figg! Os netos dela são tão incompetentes quanto ela. E isso são só algumas coisas, o resto ficou lá... Por falar em netos, como é que eles estão? – perguntou Greg se dirigindo a Melane.

Figg? Harry olhou para a bruxa nomeada Figg e a reconheceu imediatamente. Sra. Figg, vizinha de seus tios, que cuidava de Harry quando pequeno. Bruxa, a Sra. Figg era uma bruxa...

- Ponha os objetos na sacola, Greg. Lupin, examine-os, por favor, e assim que descobrir algo me informe - falou Dumbledore - Por enquanto, nenhuma mudança de comportamento de Persephone. Recebi ontem de noite uma coruja de Moody. Parece que Hades tem sido seguido por um bruxo, o velho Jork.

- Mas ele não estava morto? - perguntou Melane apreensiva.

- Eu também me surpreendi, Melane. O fato é que Voldemort não conseguiu o que queria com a família Gramond, já que colocou Jork para seguir Hades. Melane, olhos abertos em Persephone e Ananda De'Windson. Nós sabemos muito bem em que lado os De'Windson estão e acho que isso não difere muito de Ananda. E você, Lupin, todos nós ficamos sabendo do incidente...

- Quase capturei Mcnair. Mas ele foi mais rápido do que eu e conseguiu me atingir com um feitiço. A única coisa que descobri é que no dia vinte de março os recém comensais se reunirão, no norte do país, em Glasgow... Mas acho que esta informação não é mais confiável, porque me descobriram - contou Lupin seriamente.

- Concordo com você, Lupin, mas mesmo assim deveremos conferir esta reunião no dia vinte - falou a Sra. Figg - É um risco que temos que correr!

- Vamos contatar os outros membros - anunciou Dumbledore - Estão dispensados: Remo Lupin, Rouge De'Buller e Arabella Figg. Precisarei da ajuda dos outros, principalmente você, Gregório - o bruxo gordo sorriu contente. Então apareceram envelopes brancos na frente de cada bruxo, menos para Harry. Melane abriu o seu envelope e ergueu as sobrancelhas.

- Aguardem o meu sinal. Estão dispensados!

Todos os bruxos se levantaram, Gregório um pouco exaltado, com a face vermelha. Saíram da sala junto com Melane, Lupin e a estranha Rouge. Harry tratou de contar os passos até que chegaram à passagem.

- Rouge, por que você não vem conosco e fica uns tempos aqui em Hogsmeade? Aproveita e fala com Sirius... – Rouge fez uma cara feia – Fique em minha casa! Não é mesmo, Remo? Faz tanto tempo que todos nós não ficamos juntos – falou Melane bastante animada.

- Eu acho que Rouge quer descansar depois da missão que teve, Melane. Ela e Sirius poderão se reencontrar outro dia, quando as coisas estiverem mais calmas – disse Lupin, olhando o relógio.

Rouge falou alguma coisa, mas o garoto não entendeu nada. Para ele, aqueles gestos eram códigos e ele não sabia decifrá-los. Melane fez uma careta depois de toda gesticulação de Rouge, que parecia estar aliviada. Seria ela alguma coisa de Sirius? Reencontro? Ah, Harry havia muito o que conversar com o seu padrinho. Mais bruxos chegaram e acenavam para os quatro, que ainda não haviam subido. Harry observou os outros membros subirem, enfeitiçarem a bolha invisível e pronunciarem alguma palavra com a varinha erguida para cima, em direção ao buraco que estava um pouco acima de suas cabeças e sumirem. Logo chegou a vez de Harry. Um feitiço básico de imobilização na bolha e para subir ele deveria dizer apenas "Up", a magia fazia o resto. Na verdade, ele não subia, era sugado, subindo em toda velocidade, e em instantes, estava na superfície branca e gelada. Melane, Lupin e Rouge subiram em seguida. Andaram cerca de meia hora naquele "monte de nada", estava fazendo bastante frio e Harry pensou "Vou ficar resfriado". Lupin explicou que não dava para chegar onde estavam aparatando, pois era protegido por um feitiço parecido com o de Hogwarts. Então eles tinham que andar um bocado para aparatar. Quando Harry já estava bastante "congelado", Rouge e Lupin se despediram dos dois e aparataram.

- E aí, gostou da Rouge? – perguntou Melane curiosa, assim que os outros dois aparataram.

- Hum... Um pouco estranha. O que ela é do Sirius?

- Ah, essa é uma longa história e não sou eu que devo lhe contar – ela respondeu, consultando o relógio - É uma boa pessoa, minha amiga... De sua mãe também - acrescentou, subindo na vassoura e se cobrindo com a capa camufladora.

- Vocês estudaram juntos, então? – Harry concluiu, subindo na enorme vassoura.

- Aham. Aliás, Rouge ficava mais com a sua mãe do que comigo. Eu vivia aprontando as minhas, conseqüentemente de detenção, era divertido. Eu, Sirius e Tiago passávamos muito tempo em detenções. – ela disse e Harry ouviu o som de sua risada.

Durante a viajem, eles conversaram bastante e Harry ficou sabendo de muitas coisas da adolescência de Melane. Ela fugiu de casa quando terminou Hogwarts, não queria viver com os pais controladores. Começou a trabalhar, mas no início não conseguiu muita coisa, por ser um tanto indisciplinada. Seus pais tentaram fazê-la voltar para casa, mas ela continuou firme, até que foi deserdada. Não falava e nem via seus pais há anos. Com o tempo, ela foi conseguindo o seu próprio dinheiro e viajou para alguns países, estudando uma porções de coisas, conhecendo novas pessoas.

- Você não sente saudades dos seus pais? – Harry perguntou.

- Ás vezes... - disse com uma voz triste - Tem uma hora que você se acostuma com a ausência, ainda mais na situação em que eu estou. Na verdade, a briga toda foi com o meu pai, ele não queria a filha dele andando por aí, solta no mundo. Eu tenho certeza que minha mãe não está braba comigo.

- Mas você está braba com ela?

- Não... Minha mãe é... Era, não sei, muito submissa ao meu pai, coisa que eu não sou. Tudo o que tenho, fui eu que construí, Harry. Por isso, nem liguei por causa da porcaria de herança, dinheiro não me importa muito. Eu não estava nem um pouco feliz lá, então eu fugi... Depois uns capangas do meu pai me descobriram, daí fui embora de novo... Voltei à força e briguei com todo mundo lá em casa, só o meu irmão que me dava apoio.

- E o que aconteceu com seu irmão? – ele perguntou curioso.

- Também não o vejo há séculos... Depois que saí definitivamente de casa, eu só o vi mais uma vez. Eu vivia me mudando, indo de um lugar para outro. Usei transfiguração facial em mim, para ninguém me reconhecer. Eu queria esquecer o que tinha acontecido, viver outra vida. Fui deserdada, expulsa e todas estas coisas... Meu pai me tirou até o nome, mas eu nem faço questão dele.

- Walker é da sua mãe?

- É, meu nome completo é Melane Walker Valentine.

O sol começou a aparecer e em pouco tempo já estavam em Hogwarts. Melane recomendou que não contasse nada para Rony e Hermione e que tomasse algo quente, porque havia tomado bastante vento.

Harry teve tempo para tomar o seu banho tranqüilamente e acordar Rony, que estava com uma cara péssima. A língua de Harry coçou, ele queria compartilhar as coisas que sabia e quem sabe animar a cara de seu amigo, que acabou se atrasando e desceu para o salão comunal sozinho.

Foi uma semana estranha e cheia de deveres de casa, menos em D.C.A.T. Melane estava ensinando magia defensiva e Harry estava se saindo bem. A professora dizia que já estava tratando do dever de casa e confessou aos alunos que ela achava bastante inútil muitas tarefas, sendo que muitos alunos faziam de qualquer jeito, eles teriam que aprender na prática. "Livros são bons, mas não adianta ficar estudando e não pôr nada em prática". Em Transformação, aprendiam a se "auto transfigurar", mudando o formato do rosto, cor de pele, olhos, cabelo, forma física. Era um tanto complicado, mas Hermione estava bastante empenhada em ajudá-los. Snape estava ensinando poções explosivas e corrosivas; Harry nunca detestou Poções tanto quanto detestava agora. Durante a semana, diversas vezes a poção explodia em seu rosto e Snape tirava pontos de sua casa.

O mais estranho foi ver a partida de quadribol entre Sonserina e Lufa Lufa. Em dez minutos de jogo, Draco Malfoy apanhara o pomo, e Harry percebeu que teria um enorme trabalho se jogasse contra a Sonserina. "Malfoy deve ter treinado em casa", comentou Rony após o fim da partida.

Hermione estava mais distante do que nunca, andava com Filipe Patriani o tempo todo e isso deixava Rony mordido de ciúme. Depois que Rony a beijara, a garota vivia evitando-os.

Mas na manhã de fria de sexta feira, quando Rony deixara a mesa bastante nervoso, derrubando suco de abóbora por toda mesa, Hermione encarou Harry tristemente.

- Você está esperando o quê? Vai atrás dele, dê-lhe explicações – ele disse severamente. Hermione levantou-se rapidamente e saiu correndo atrás de Rony.

- Então você sabe o que está acontecendo, Harry? – perguntou Gina bem baixinho.

- Mais ou menos, o importante é o que está acontecendo neste exato momento – ele respondeu, terminando o seu suco de abóbora.

Persephone juntou-se à mesa e, como de costume, sempre perguntava de quê era o suco.

- Você sabe muito bem que só servem suco de abóbora – respondeu Pavarti.

- Depois falam que eu sou mal educada. Eu odeio suco de abóbora – disse transfigurando o seu suco – Odeio.

- Transfigure o meu também, eu sempre vejo você tomar isso daí com um gosto – pediu Gina. Persephone a encarou e transfigurou o suco de Gina sem dizer nada. Harry olhou a namorada e disse:

- Eu acho que você não deve tomar isso, Gina...

- Potter James, se tivesse alguma coisa neste suco, eu daria a você, e não para a Weasley – disse Persephone tomando o suco. – O que achou, Weasley? Ruim?

- Péssimo, isso é horrível! – disse Gina, limpando a boca.

- Não tanto quanto esta joça que vocês gostam. Eu não sou boa em Transformações, mas prefiro tomar isso do que esta abóbora doce. Onde está Ronald, Potter James?

Harry odiava a maneira como Persephone o chamava.

- Rony já foi para a estufa – contou Parvati – O que você quer com ele?

- Nada do seu interesse – ela respondeu, saindo da mesa.

Harry terminou seu café rapidamente e foi atrás de Persephone, provavelmente ela arrumaria alguma confusão. Ele avistou Hermione suficientemente longe de Rony, com cara de quem havia chorado. O amigo conversava com Persephone.

- Bom dia, Potter James! – exclamou Persephone sorrindo sarcasticamente.

- Rony, vamos – disse ele ignorando a presença da garota.

- Eu já estou saindo, Potter James. Não consigo ficar no mesmo lugar que você, o ambiente começa a ficar perigoso e ainda não quero morrer. Tenha cuidado, Ronald, o Lord das Trevas pode se enganar e matar você em vez do Potter James – disse ela caminhando em direção às estufas.

- Hermione tem razão sobre essa garota.

- Hermione não, Harry – pediu Rony.

- Ela veio atrás de você... O que aconteceu?

- Começou a falar coisas sem nexo e ficou chorando – contou, caminhando para a estufa.

- E você?

- Ela disse que tinha os seus motivos e todo aquele "blá blá blá" de quando alguém te dá um fora e vem querer consertar o que não tem conserto...

- Você ainda gosta dela, Rony.

- Não precisa me lembrar. Já sinto o suficiente.

- A convivência com Persephone anda te fazendo mal... O que é este tal trabalho que nunca acaba?

- Você sabe que não posso contar... Enfeitiçou o pessoal, não tem como você ficar sabendo.

Entraram na estufa, estava bem mais agradável.

- Ainda vou descobrir o que está por trás disso...

- De quê?

- De tudo, Hermione e o segredinho daquela insuportável.

- Não tem nada o que descobrir sobre a Hermione...

N/A: Este capítulo é bem grandinho, né? Desculpe pela demora, o capítulo estava pronto há séculos mas vivo tendo problemas com meus betas. Depois, infelizmente a Hteca ficou fora do ar. Mas, está tudo certo agora. Estou escrevendo o capítulo vinte e três...

Quem gosta de R/Hr leiam "Amo-te tanto" (uma sidestory, está aqui no fanfiction.net), daí vocês descobrirão o que acontece entre estes dois. Até a próxima!