Capítulo vinte e três - Gina contra ataca!

Harry sentiu uma mão em seu ombro e estremeceu. Deep olhou para a pessoa atrás de Harry e depois encarou o moreno, sorrindo maléficamente, fazendo com que ele estremecesse.

- POTTER! - berrou Persephone - COMO VOCÊ É BURRO!

É, ele sabia disso.


- Quer dizer que temos uma visitinha um tanto inusitada! - Deep falou bem alto, de modo com que todos os sonserinos percebessem a presença do grifinório.

A mão apertou o ombro de Harry, que virou-se para ver quem era. Como esperava, era Draco com um sorriso de triunfo nos lábios.

- Mas que feio, Potter, invadindo uma festa sem ser convidado! - debochou Draco, puxando Harry pelo colarinho.

- Me solte, Malfoy! - falou Harry, tentando soltar-se do loiro.

- Traga-o aqui, Malfoy! - mandou Deep - Vamos nos divertir hoje!

Draco empurrou Harry para frente, que olhou feio e caminhou para a passarela, pensando em como sair de lá.

- Gramond, espero que isso não seja mais uma de suas obras - continuou Deep, olhando Harry e Draco se aproximarem. Os sonserinos olhavam para Harry com um sorriso nos lábios, Persephone fitava Harry com ar de desaprovação.

- Gramond, estou falando com você! - esbravejou Deep.

- Isso não tem nada a ver comigo... - ela respondeu calmamente - Veio por burrice própria.

Harry não conseguia pensar em nada. Aliás, a única coisa que se passava em sua mente era que eles não poderiam lhe matar. Ou podiam?

- O que eu faço com você, hein, Potter? Vamos, suba aqui! - Deep ordenou e, sem escolha, Harry andou até ele e o encarou.

- Potter, Potter... Está encrencado, descobriu o nosso segredinho. Gramond tem razão, você é um burro e muito curioso. O que lhe trás aqui? - Harry não disse nada - Vamos, responda-me!

- Isto é ilegal, sabia? - disse Harry encarando os olhos negros de Deep - Você está em sérios problemas.

- Isso é uma ameaça?

- Entenda como quiser...

- Da última vez que um grifinório entrou aqui, primeiro ele sofreu e muito. - contou Deep - E depois...

- Ele foi morto, assim que saiu de Hogwarts. Ninguém entra no salão de Slytherin sem ser convidado - completou Draco com satisfação.

Um burburinho tomou conta do salão. Harry sentiu seu estômago congelar-se.

- Deep, por que Draco não duela com o Potter? - ouviu-se a voz de Goyle um pouco trêmula - Gramond disse que está indisposta, seria bem mais interessante...

Deep ficou quieto, cruzou os braços e olhou para Draco, Persephone e depois para Harry, que segurava o braço machucado.

- Até que enfim uma idéia boa vinda de você, Goyle - disse Deep. Ele puxou Persephone pelo braço - E você vai assistir seu colega de casa ser massacrado. Junto comigo, convidada especial.

Persephone tentou soltar-se de Deep, mas ele era mais forte. Harry passou a mão na cabeça e olhou Draco, que estava altivo e pomposo, seria um prazer para o loiro.

Deep conjurou uma cadeira parecida com a dele e empurrou Persephone, que caiu sentada.

- Em seus lugares! - ele disse sentado em sua cadeira. Os sonserinos ficaram quietos, Harry caminhou para a outra extremidade - Potter, está pronto para morrer ou para matar? - perguntou e depois riu alto.

- Para matar! - ele berrou alto. Persephone estalou os dedos, parecia estar ansiosa; Draco balançou a cabeça, descordando de Harry.

- Duelem!

Harry não teve tempo de fazer nada, só sentiu uma dor intensa em seu braço machucado. Estava de joelhos e sua varinha quase rolou de seus dedos. Malfoy foi rápido e o feitiço eficaz.

- Vamos, Potter, levante-se! - desafiou Draco. Harry o fez com dificuldade e pensou em quando estava isolado com Melane na mata, das coisas que ela tinha lhe ensinado. Ele teria que colocá-las em prática, mas estava cansado demais.

- Frateska! - disse Harry com força, uma luz clara saiu de sua varinha. Só que, ao mesmo instante, Draco lançou um feitiço (o qual Harry não conhecia) e a luz clara que tinha saído da varinha de Harry ficou parada no ar. Draco balançou a sua varinha e Harry viu o feitiço voltar contra ele.

- Protetium! - o grifinório disse assim que percebeu o que aconteceria. Draco olhou com um certo espanto para Harry. Uma explosão aconteceu em seguida e Harry desfez o escudo.

- Eu não tenho medo de você, Potter!

- Como se eu tivesse... Vamos, Malfoy, venha! - falou com uma certa raiva.

O rosto branco de Draco encheu-se de raiva, os olhos faiscaram e Harry sentiu uma certa confiança em si mesmo. O braço doía, a cabeça latejava e os joelhos não sustentavam-no firmemente, mas ele teria que escapar dali. Vivo. O loiro fez menção de lançar um feitiço, mas uma voz feminina estremeceu todo o salão.

- NÃO!

Todos pararam e procuraram a dona da voz. Era uma loira pequena, com vestes da sonserina, que estava meio apreensiva.

- Pare com isso, Malfoy! - continuou ela, em pé, com um olhar perdido.

- Anh? - resmungaram Harry e Draco ao mesmo tempo.

- O que você está fazendo? - berrou Deep nervoso, levantando-se de sua cadeira.

- Er... Eu exijo que parem este duelo! - a lorinha continuou com uma voz mandona.

- Exige? - Draco rebateu - Quem é você, para exigir alguma coisa aqui?!

- Vamos garota, qual seu nome? - perguntou Deep indo em direção a loira - O seu nome, será que ficou surda?

- Nianda Kilen - ela disse rapidamente.

- Kilen?

- Kilen! - repetiu ela, com a voz medrosa - Olhe, você não acha que o Potter está podre demais para fazer algo direito? - agora nem Harry entendeu - Digo, olhe o estado dele... E aquele braço todo coisado?!

- Coisado? - Deep perguntou olhando para Harry - Ele está quebrado.

- Então! - e o rosto da sonserina iluminou-se - Como ele pode duelar direito se está naquela condição? Seria injustiça, não seria?

- Vamos ver se eu entendi... Você está nos atrapalhando por causa do braço do Potter? - perguntou Draco impaciente.

- Cale-se, Draco! - ordenou Deep - Está defendendo o Potter? - e virou-se para a garota.

- Não, estou defendendo o Malfoy! É claro que Malfoy está mais preparado, todo nós sabemos e...

- Pare de puxar o saco dele e vá logo ao que interessa!

- Malfoy ganharia injustamente, porque ele não está em condições de lutar. Certo? Digamos, Potter se entregaria sem ao menos lutar.

- Eu não me entregaria! - respondeu Harry nervoso; a garota olhou Harry de um jeito diferente. Aquele olhar... Não havia fúria, rancor, desprezo. Era um olhar meio desesperado, amigável.

- Ela tem razão - concordou Persephone sentada no fundo do salão. - Draco tem que ganhar de Harry em cem por cento e não em... - olhou para Harry - dez por cento.

- E mais - a Nianda continuou - Nós podemos fazer alguma coisa com aquele clube de duelos e fazer com que Harry e Draco lutem na final. A escola toda vai vê-lo perder. Mas se este duelo continuar, Potter pode alegar que já estava machucado...

- Como você tem tanta certeza de que ele perderá? - perguntou Deep desafiando-a.

- Porque está é a chance que Malfoy mais quer na vida, provar que é melhor do que Potter, e acho que ele não deixaria esta chance escapar. Se auto afirmar na frente da escola toda...

Nianda subiu na passarela e parou ao lado de Draco.

- O que você acha?

Draco olhou para Nianda e deu um quase sorriso. A garota ficou ao lado de Potter e pegou em seu braço.

- Potter, onde você fez isso? - perguntou transparecendo um tom de voz quase preocupado.

Deep pulou na passarela e...

- Estagmata!

Harry ficou suspenso no ar pelo seu braço quebrado. O sangue começou a escorrer e a pingar no chão. Nianda olhou assustada e disse "Agüente firme...". Harry sabia muito bem quem é que estava por trás dos cabelos loiros...

- Está com sorte hoje, Potter... - falou Deep. - Como sempre, você é um filho da mãe sortudo.

Harry engolia o berro de dor fortemente, até que Deep cansou-se e desfez o feitiço. Harry caiu no chão feito um saco de bosta, mas levantou-se imediatamente. Não queria que os outros pensassem que ele fosse fraco, por mais que parecesse.

- Nianda, Nianda... - continuou Deep e passou a mão nos cabelos da loira.

Harry estremeceu. Conforme Deep tocou as mechas loiras da garota, o cabelo mudou de cor, tornando-se vermelhíssimo. O disfarce de Gina tinha ido por água abaixo.

- Vai ser melhor mesmo... - ela disse.

Deep olhou-a surpreso, assim como todos no salão.

- Melhor mesmo, Weasley!

Em um impulso, Harry apanhou a mão fria de Gina e os dois pularam a passarela.

- Peguem-nos! - berrou a voz rouca de Deep.

Houve um enorme barulho, estavam perdidos, mas mesmo assim não desistiram de chegar até a passagem de pedra.

- Accio Firebolt! - disse Gina, e do escuro da passagem apareceu a vassoura de Harry, que por pouco não fica do outro lado, porque a passagem se fechou rapidamente - Vamos, Harry! Suba!

Os dois já estavam em cima da vassoura, que decolou.

- Temos que procurar uma saída! - falou Gina desesperada. A ruiva inclinou a vassoura para cima a fim de escapar dos feitiços que estavam sendo lançados. Ele segurou na cintura da namorada, e este gesto fez com que ela estremecesse levemente.

Harry tentou conjurar o escudo, mas estava sendo impossível se concentrar naquele balanço da vassoura desajeitado, nos berros e os feitiços e azarações que ele tentava escapar.

Até que um jato púrpura atingiu em cheio a vassoura e começaram a perder altitude.

- Harry... - falou a ruiva molemente - Harry...

- Protetium! - e finalmente o escudo deu certo. Ele se afastou um pouco de Gina e puxou o cabo da vassoura para cima. Se seu braço doía, agora ele nem o sentia, e mais sangue escorria e mais fraco sentia-se.

- Vocês não tem como escapar! - berrou a voz grossa de Deep.

Harry estava parado no meio do salão, havia sonserinos na parte de cima e em baixo. Gina se apoiou em Harry, aparentemente adormecida. Foi quando ele olhou para as paredes do lugar na esperança de achar uma janela. E ele a encontrou. Não pensou duas vezes: com o seu braço quebrado "segurou Gina" e com o outro impulsionou a Firebolt para frente. Ele podia ouvir o barulho dos feitiços indo de encontro à bolha roxa, até que um deles a estourou. Estava tão perto, não poderia deixar-se vencer. Com seu pé esquerdo, chutou com força a janela que se quebrou.

E seguiram embalados pelo vento.