Capítulo vinte e quarto - Verdades e mentiras

As mãos sujas de Harry, agora estavam trêmulas segurando a vassoura, que voava a toda velocidade. Gina estava quase caindo: teria que aterrissar. Pensou em procurar Hagrid, mas teria que contar o que tinha acontecido ou inventar uma mentira enorme. "Melhor não...".

Deu uma volta no castelo e localizou a Torre da Grifinória. Abriu a janela com um feitiço, fez o menor barulho que conseguiu. Teria que chamar Hermione, para cuidar de Gina e ele teria que inventar alguma coisa para Madame Pomfrey não achar estranho o seu braço quebrado. Estava cansado e tomado por um sono anormal.

Olhou para Gina, sua pulsação era bem fraca e sua testa ardia em febre. De repente ouviu o ruído de pessoas descendo a escada. Rapidamente fechou a janela, apanhou a namorada e se encolheu em um canto escuro do salão comunal.

- Harry, é você? - chamou baixinho a voz de Hermione.

- O que você acha! - resmungou uma segunda voz - Lumus!

Harry saiu do canto escuro e enxergou Hermione acompanhada de Persephone ao pé da escada que levava para o dormitório feminino. Hermione correu em direção ao amigo com o olhar apavorado.

- Harry, Gramond me contou o que aconteceu, nós podemos cuidar de Gina mas você...- e olhou para o braço do amigo - Tem que ir correndo ver Madame Pomfrey - falou rapidamente - Vai, Harry!

O moreno olhou para o lado, Persephone havia levitado o corpo de Gina e levando em direção ao dormitório feminino.

- O que exatamente ela te contou?

- O suficiente para mim entender a gravidade do problema - disse Hermione, um pouco nervosa devido a situação. Ela virou as costas e subiu atrás de Persephone.

Assim, ele foi o mais rápido que conseguiu até a enfermaria. Agora com a situação "amenizada" ele percebeu o quanto seu braço doía, a cada pontada era um grito reprimido. Olhou para o seu braço, nunca mais seria o mesmo. Suas blusa já estava ensopada de sangue. Quando chegou na Ala Hospitalar, só se lembra de ter chamado Madame Pomfrey e aquele sono imenso o invadiu, fazendo com que caísse em qualquer leito, antes que a enfermeira aparecesse para socorre-lo.

Sonhou com uma mulher ruiva caída no chão, sentiu-se imensamente triste. Parecia estar morta de repente muitas vozes invadiram seu sonho, fazendo com que ele despertasse.

Piscou os olhos rapidamente, os raios do sol iam de encontro com seus olhos. Virou a cabeça em direção as vozes, não enxergou nada, além de vultos porque estava sem seus óculos. Eles se aproximaram, Harry fingiu estar dormindo.

- Ele ainda está dormindo meninas, voltem mais tarde... - falou Madame Pomfrey.

- A senhora sempre diz a mesma coisa - reclamou Gina - Ele pode acordar...

Madame Pomfrey resmungou mais um pouco e deu-se por vencida, saindo da Ala Hospitalar a procura da professora Sprout. Harry abriu os olhos.

- Harry! - Gina exclamou feliz.

Ele piscou mais três vezes, Gina estava diferente, ainda estava loiríssima e com os olhos claros.

- Nós lhe acordamos? - perguntou Hermione, aproximando-se do leito.

- Não... - mentiu Harry - Onde estão os meus óculos?

Gina alcançou os óculos de Harry na mesinha ao seu lado e entregou ao namorado, que tratou de colocá-los. Hermione tinha um sorriso cansado nos lábios e Gina, estava bem melhor da última vez que Harry a tinha visto, tinha cor de gente viva e não aquele branco-morto-vivo que estava da última vez.

- Como é que você está, Harry? Madame Pomfrey nos proibiu de visitá-lo... Estávamos preocupadas, porque você tinha perdeu muito sangue - contou Hermione - E foi encontrado desacordado aqui na enfermaria. Madame Pomfrey calculou que você tivesse se machucado jogando quadribol, porque você estava com as vestes de treino.

- Você quebrou o braço em três partes, Harry... - Gina falou baixinho - Ou melhor, quebraram pra você.

- Eu estou bem - ele disse, ajeitando-se na cama - Mas e você, o que tinha? E porque está loira de novo?

Gina ficou levemente vermelha e disse:

- Eu estava nervosa naquele dia e usei um feitiço forte demais, acabou dando errado e agora estou de novo loira até encontrar um bom contra feitiço, que até agora nem eu e nem Mione achamos... - e olhou um pouco tristonha para Harry - Eu estou muito feia?

- Não, você está um pouco diferente - respondeu sorrindo um pouco.

- Gramond fez uns feitiços para que ela voltasse ao normal. Gina perdeu as duas aulas da manhã aquele dia - disse Hermione. - Porque não tinha acordado ainda, nós ficamos a noite toda tentando fazer com que ela voltasse ao normal.

- Gramond disse o que estava acontecendo lá? - Harry perguntou.

- Não, ela não disse nada. E também Harry, não tem nada para saber. Aqueles sonserinos idiotas, fazendo reuniões secretas - a ruiva disse com a voz um pouco alterada. - E aquelazinha fazendo parte de toda aquela seita idiota - ela acrescentou baixinho.

- Aquelazinha fez com que você voltasse do seu sono, Gina - censurou Hermione.

- Ela não fez mais que a obrigação, porque estava junto com aqueles outros, Mione. Eu não gosto nem um pouco dela e não faço questão de fingir.

- Como é que você foi parar lá, Gina? - disse Harry interrompendo a discussão - Você não tinha a senha!

- Bom, depois que você foi embora, eu decidi ir atrás porque estava achando que alguma coisa ia dar errado.

- E deu... - interrompeu Hermione - Vocês dois são uns irresponsáveis! Poderiam ter morrido!

- 'Pera aí, Hermione! - ralhou Gina, olhando feio para Hermione - Então... - e virou-se novamente para Harry - Fui atrás de você, mas nem eu sabia onde estava indo... Desci lá pelos lados das masmorras e encontrei uma menina sonserina saindo de uma passagem na parede. Daí - e Gina sorriu - Fiz umas coisinhas que os gêmeos me ensinaram.

- Se atracou com a menina, vamos dizer - resmungou Hermione, verificando a porta para ver se ninguém iria entrar enquanto falavam sobre aquilo. Os olhos de Harry encaram-na ligeiramente abertos.

- Ficamos discutindo, fiquei sabendo qual era a senha e dei uma rasteira nela - contou rindo um pouco - Uns feiticinhos e pronto, ela estava desacordada... Troquei de roupa com ela e o resto você já sabe. E agora, você tem que nos contar o que você sabe!

- Isso que nós sabemos é muito grave, Harry. Digo, pelo que Gina me contou, tudo aquilo que você viram é magia negra, sem contar a Maldição Imperdoável que o tal Deep lançou no pessoal. Gramond não quer nos contar nada sobre as reuniões, disse que se nós quisermos falar alguma coisa para Dumbledore, podemos ir em frente. Mas... Eu realmente não sei o que fazer. - contou baixinho.

- Eles estavam realizando duelos com Artes das Trevas! E Gramond está participando disso! - acrescentou Gina. Harry coçou a cabeça. O que era o mais certo a fazer?

- Talvez não seja nada de tão grave assim - falou Harry, fazendo com que as duas bufassem alto.

- Harry, Artes das Trevas é grave! - relembrou Hermione - O mais estranho é este salão que vocês estavam. Pense bem, Harry... Vocês desceram pela escola, estavam debaixo da terra, como é que apareceu uma janela para que vocês fossem embora? E o fato das luzes se apagarem e, ninguém nunca ter descoberto, digo, professores e o Filch. Isso é muito estranho!

- Assim que sair daqui vou falar com Gramond porque... - começou Harry. - Tem muita gente por trás disso.

- Sim, sim, meu filho você pode até quebrar o seu braço de novo se quiser, mas por enquanto está sobre os meus cuidados - falou Madame Pomfrey adentrando a Ala Hospitalar - Vocês duas, chega de conversa!

Hermione acenou para Harry e puxou Gina pelo braço.

- Quanto tempo eu vou ficar aqui?

- Só mais algumas horas, creio que você não poderá mais jogar quadribol este ano Harry - avisou a enfermeira.

- Não!


Harry estava bastante nervoso, se fosse um dragão, teria saído da enfermaria cuspindo fogo para todos os lados. Mentalmente ele tinha feito uma lista de coisas que não poderia deixar de fazer, e o tópico número um era falar com Persephone Gramond. Mas, assim que chegou ao Salão Comunal teve que tomar nota de das lições que havia perdido (e que não eram poucas, pois perdera dois dias de aulas), dos deveres que tinha que fazer e os que tinha deixado para depois. Uma montanha de lição elevada a quarta potência.

Persephone havia passado para segundo plano, depois para o terceiro devido aos treinamentos que vinha recebendo para a Ordem da Fênix, mais tarde para quarto porque Hermione o perseguia em seu tempo livre para estudar para os N.O.M's.

O mais insuportável era que teve que assistir o jogo da Grifinória contra Lufa-Lufa nas arquibancadas. Wendy McFerson não era uma excelente apanhadora e Harry tinha conseguido melhora-la mas, o time da Lufa-Lufa não conseguiram um bom apanhador e assim. Grifinória ganhou de 250 à 100.

E para piorar só mais um pouco as coisas, Rony estava se saindo bem na missão de ignorá-lo. Não foi como das outras brigas, que sentia que uma hora ou outra Rony voltaria a falar com ele. Por muitas vezes Harry teve a sensação de que o amigo não o ignorava, porque se isso acontecesse de certa forma ele estava o vendo, mas agora era como se Harry realmente não existisse. Só mais uma pessoa estava sofrendo ainda mais com esta situação: Hermione.

Harry tinha a impressão de que Hermione já tinha decorado uma boa parte dos livros da biblioteca da escola. Andava apagada, uma estrela sem brilho, ofuscada pelos acontecimentos.


- Minha aula está tão chata ou vocês é que estão barulhentos demais? - perguntou Melane um pouco irritada.

Era sexta feira, última aula do dia e todos os alunos estavam cansados e agitados pelo fim da semana e Melane ainda queria que eles prestassem atenção na aula, estava sendo um pouco difícil.

Todos ficaram quietos e Harry olhou para o seu lado, até Hermione estava um pouco dispersa da aula.

- Bom, prestem atenção... - começou a professora, assim que os alunos ficaram quietos - O clube de duelos vem dando resultado, não é mesmo? Alguns alunos conseguiram aumentar as notas, não é mesmo? Vou mudar as regras e tornar o jogo mais difícil, porque imobilizar se tornou tão fácil como um simples "alorromora". Prestem atenção, eu não vou dizer mais de uma vez.

A sala de aula ficou mais silenciosa, se é que era possível.

- Para ganhar o duelo terão que fazer o Feitiço Espelho... Por exemplo, eu e Sr. Malfoy - e todos olharam para Draco, exceto Harry e Hermione - estamos duelando e eu, muito malvada quero lançar um feitiço para queimar as madeixas loiras do Malfoy, ele muito esperto lança o Feitiço Espelho e pronto eu fico torrada igual um churrasco.

Alguns alunos riram e Hermione, como de costume, levantou o braço.

- Professora... Nós ainda não aprendemos isso - disse Hermione.

- Eu sei disso, mas já chegou a hora. É um feitiço muito útil e na próxima aula iremos praticar um pouco e o Professor Flitwick também vai ajudar vocês, já que é um feitiço um pouco complicado. Exige uma certa concentração.

Pavarti Patil levantou o braço, meio indignada.

- Mas prof. Walker, que eu saiba este feitiço só vamos aprender o ano que vem. Não tem uma coisa mais fácil, não?

- Se eu não me engano você foi a primeira a reclamar do feitiço para imobilizar e veja que você já o domina muito bem, senhorita Patil. Então, não reclame muito... Eu sei muito bem do que os meus alunos são capazes e do que não são - respondeu Melane, um pouco mal-humorada. - Não haverá dever de casa neste final de semana e nem na semana seguinte, creio que vocês estarão ocupados estudando para os N.O.M's - a turma toda comemorou o anuncio da professora - Ah, mais uma coisa... A tabela dos classificados para a próxima etapa dos duelos estará afixada no salão comunal de suas casas. Quem não quiser participar mais, só me comunicar ou falando com os monitores de suas casas, que me passarão os nomes dos desistentes. Já avaliei a todos, então não serão mais obrigados a participar. Estão dispensados, até segunda que vem.

Harry arrumou suas coisas rapidamente ele e Hermione foram para a sala de experimentos, onde faziam as poções de lição de casa. Adiantar a lição era uma coisa que Harry passou a fazer, depois que brigou com Rony e não era tão ruim assim, porque ele aproveitava melhor seu final de semana.

- Hermione? - chamou Harry.

- Hum...

- Porque a minha poção nunca fica da cor que tem que ficar?

Hermione levantou os olhos para o amigo e esticou o pescoço para ver a coloração da poção do amigo, que estava quase um rosado, mas segundo o livro ela deveria estar vermelha.

- Bom, você e Rony costumam colocar os ingredientes a mais, a menos ou simplesmente inão colocam./i - falou sorrindo um pouco. Ela examinou a poção de Harry e fez uma careta.

- Snape mencionou que poção de insônia cairia no exame dos N.O.M's?

- É claro, Harry... - disse ela verificando seus ingredientes - Você precisa de mais pó de salamandra, eu não tenho mais... E pelo visto você usou tudo o que tinha.

- Acho que a Melane deve ter alguma coisa... Aproveito e vejo o Snuffles.

- Tá bom então, vou com você... - falou Hermione, arrumando suas coisas em um piscar de olhos.

Os dois seguiram para a sala de Melane, conversando sobre clube de duelos, quando cruzaram com Pavarti e Rony, de mãos dadas. Harry olhou rapidamente para Hermione, que tinha uma expressão tristonha. Parvati passou sorrindo e como sempre, Rony sem se quer se abalava ao vê-los.

- Parece que Rony está se virando bem sem nós - disse Harry amargurado. Hermione não falou nada, apenas concordou com a cabeça.

- Da próxima vez não escondemos nada dele - disse, abrindo a porta da sala de Melane. Os dois subiram rapidamente a escada de pedra que dava para o aposento de Melane e bateram na porta, que por sinal estava aberta.

Para a surpresa dos garotos, encontram Snape.

- Olá... - falou Melane limpando um tipo de lança. - O que devo a honra da visita de vocês?

Harry não queria falar que estava precisando de material para a poção de Snape e nem que precisaria de uma certa ajuda e pensou em inventar uma desculpa qualquer, mas não foi preciso porque Lupin adentrara o aposento. Ele tinha um aspecto doentio e branco, trazia consigo Snuffles. Hermione trancou a porta e Snuffles pode se transformar.

- Uma festa e não me convidaram? - falou Sirius com um enorme sorriso.

- Pra você a vida é uma festa, não é mesmo? - falou Snape amargamente.

- O que está fazendo aqui? - rebateu Sirius com uma certa ferocidade desnecessária.

- Eu o chamei aqui, porque precisava de um pouco de pó de prata - explicou Melane, passando o pó de prata na lança.

- Prata? - perguntou Lupin, Harry e Hermione.

- Aham... - ela respondeu concentrada em lustrar a arma - Tem um lobisomem rondando a Floresta Proibida, amanhã é noite de lua cheia e vou dar um jeito naquele traste.

Todos ficaram quietos.

- Eu tive que entrar na floresta, buscar umas ervas que só podem serem colhidas em noite de lua cheia, acho que isso foi mês passado... Bom, mas não importa. Eu vi um e tenho uma certa antipatia por lobisomens, são seres das trevas não é mesmo?

Todos olharam para Lupin, que ficou mais branco.

- Ah, é? Porque não gosta de lobisomens? - perguntou Snape olhando para Lupin.

- Bom...- Melane pareceu não gostar muito do assunto - Eu era pequena...- ela fez uma pausa e continuou a polir a lança - Não era tão pequena assim, eu e meu irmão estávamos acampando em uma floresta, quer dizer... Tava toda a minha família lá, em uma clareira da floresta e...

- Melhor deixar este assunto pra depois - interrompeu Sirius.

- Não! - falou Melane séria e decidida a continuar - Eu adentrei muito a floresta, estava brincando, sabem? Bom eu ouvi uivos era ele, o lobisomem. Então, eu o vi - os lábios de Melane tremiam enquanto ela contava, com certa dificuldade - Estava pronto para me atacar, quando Patrick pulou em cima de mim, eu vi meu irmão ser devorado por uma fera. Não conseguia me mover, gritar, meus olhos estavam grudados em Patrick e aquela besta peluda. O lobisomem poderia ter me atacado, mas ele me olhou chorando, com a boca cheia de sangue do Patrick e foi embora... Lobisomens são ruins e aquele era especialmente maligno - uma lágrima escorreu pelo rosto de Melane e ela tratou de secá-la rapidamente. - Não quero que aconteça nenhuma desgraça em Hogwarts - disse se levantando, com a lança da mão - Isso aqui só vai deixá-lo fraco, depois no amanhecer, eu pergunto o que ele está fazendo aqui... Uma escola cheia de alunos, curiosos por sinal... Eu já entrei muitas vezes na Floresta Proibida quando estudava aqui e acho que isso não mudou muito...

Harry, Hermione, Snape e Sirius não entendiam porquê Melane estava falando daquele jeito, sendo que Lupin era um lobisomem e este era o único que parecia entender aquela situação estranha. Ele se virou, em direção a porta, mas Melane o interrompeu:

- Ei, Remo! Você não quer vir comigo amanhã?

Lupin virou lentamente o seu rosto pálido para Melane.

- Prof. Walker, aonde quer chegar com tudo isso? - falou Hermione nervosa, quase chorando - Pare com isso imediatamente.

- Hermione, eu não vou matar ninguém - resmungou Melane, pendurando a lança na parede.

- Então você não sabe... - começou Snape.

- De quê eu não sei? - perguntou Melane, que agora guardava o restante do pó de prata.

- Isso não é engraçado, zombar deste jeito! - disse Hermione bastante alterada. Harry segurou a mão da amiga, pedindo para que ela parasse de piorar a situação.

- Durante todos estes anos ninguém lhe contou, Walker - Snape falou aproximando-se de Melane - É meio difícil perceber algo estranho quando ele está bem debaixo do nosso nariz, ainda mais estando apaixonada por ele...

- Do que está falando, Snape! - disse Melane um pouco brava. Harry se convenceu de que ela não sabia nada sobre Lupin.

- Remo Lupin é um lobisomem! - contou Snape com os olhos faiscando.

Melane ficou sem se mexer por alguns instantes e olhou para Lupin, horrorizada e depois tornou a olhar Snape.

- Isso não é verdade, se fosse eu saberia... Ele me contaria, não contaria Remo? Sirius? - falou Melane soando desesperada.

- Por Deus, Walker! Onde esteve durante todos estes anos? - continuou Snape - Porque você acha que ele não é mais professor de Hogwarts? Todos descobriram o segredo dele, que aliás, só era segredo pra você...

- Cale esta maldita boca, seu seboso de araque - falou Sirius, avançando sobre Snape.

Então, Sirius começou a brigar com Snape. Melane e Lupin pareciam estar congelados, sobre algum feitiço, porque eles apenas se olhavam, sem dizer nada um para o outro.

- Parem com isso! - falou Harry - Chega!

Os dois pararam com a gritaria.

- Vamos embora - falou Harry, puxando a amiga pelo braço - E acho que vocês deveriam fazer o mesmo.

- Isso é verdade? - falou Melane, lutando contra as lágrimas - Snape disse a verdade?

- Eu sinto muito, Melane... - confessou Lupin, com um ar triste que Harry jamais tinha visto - Sinto muito.

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Harry ficou pensando em tudo o que tinha acontecido, como Melane conseguiu inão saber que Lupin era um lobisomem/i? Era difícil de acreditar, durante todos aqueles anos, estudando juntos e ela não sabia, nem desconfiara.

- Eu ajudei naquela confusão toda, Harry - desabafou Hermione desolada - Como ela não desconfiou em nenhum momento?

- 'Tava pensando nisso agora e acho que não é tão difícil assim - falou Harry, os dois pararam em frente ao retrato da mulher gorda - Contos de fadas!

- Certamente... - o retrato disse, abrindo a passagem para os dois.

Os dois se sentaram perto da lareira, que estava acesa. No salão havia bastantes alunos, alguns estudando, outros chegando do jantar e alguns fazendo bagunça: Fred, Jorge e Lino eram um deles.

- Hermione, nem eu e nem o Rony desconfiava do Lupin, até que ficamos sabendo de toda a verdade naquele dia, na Casa dos Gritos.

- Mas Melane é uma professora, Harry. Ela leciona iDefesa Contra Artes das Trevas!/i - frisou Hermione, com ar seríssimo.

- O que tem a prof. Walker? - perguntou a curiosa Gina, que sentou-se ao lado de Harry.

- Ela não sabia que o Lupin é um lobisomem... - informou Harry.

- Oh... - resmungou Gina - E isso é grave?

- Bom, eu acho que eles tinham, tem ialguma coisa,/i sabe - continuou Harry - Foi horrível como ela ficou sabendo...

- O amor é cego - filosofou Gina. - Por onde vocês andaram? Com a iDaniella/i, Harry? - perguntou fazendo uma carinha de zanga.

- Não, procurando pó de salamandra... - falou observando Persephone entrar sorrateira no salão comunal - Eu sei quem pode ter - falou, levantando em um salto - Já volto...

Harry desviou de um grupo de alunos do primeiro ano, de Neville que caminhava com uma pilha de livros e de Lilá Brown, que atravessava calmamente o salão. Persephone andava em direção ao dormitório feminino, quando Harry a alcançou e segurou-lhe o braço.

- Gramond - chamou Harry, segurando o braço da garota. Ela se virou e pareceu surpresa ao vê-lo - Precisamos conversar.

- Eu não tenho nada a tratar com você, Potter James - respondeu, puxando o braço.

- Ah, não?

- Ah sim! - respondeu virando-se para a escada. Harry a puxou novamente.

- Eu quero falar com você! Há semanas que tenho adiado esta conversa e você escorrega como sabão - disse Harry. Persephone olhou para os lados, verificando se alguém escutava a conversa e Harry fez o mesmo. Todos estavam ocupados demais para perceber que Gramond e Potter conversavam ao pé da escada que dava para o dormitório feminino.

Persephone andou até a janela que ficava perto da estante de livros, ali ninguém iria vê-los conversando e Harry, foi atrás.

- Vamos logo com isso, Potter. O que quer de mim?

- O que quero de você?! - rebateu Harry - Você sabe muito bem o que quero falar com você. Que aconteceu aquele dia nas masmorras?

- Você é cego? - perguntou espremendo os olhos por de trás das lentes grossas de seu óculos.

- Não, eu não sou - ele respondeu irritado - Vocês estão praticando imagia negra/i na escola!

- E daí? Vai dizer que praticou magia negra? - perguntou debochada, rindo depois.

O coração de Harry pulsou mais forte. Ela deveria achar aquilo uma grande palhaçada e ele deveria ser o palhaço mais engraçado do circo.

- Então terei que comunicar Dumbledore - Persephone parou de rir na hora, analisou Harry e sorriu amarelo.

- Por que você não fez isso antes então, Bom Samaritano? - perguntou ameaçadora.

- Porque queria saber exatamente o que estava acontecendo lá. Eu poderia ter morrido, Gina também.

- Se vocês não fossem tão idiotas de nos seguirem. Ninguém os convidou lá, e Deep é bastante esquentado, quem procura acha, iquerido./i E ninguém é suficiente burro de matar alguém na escola.

- Isso tem alguma coisa a ver com Voldemort, Gramond?

- Além de cego, enxerido é burro - disse com certa raiva - Minha vó foi morta por ele, você acha que eu estaria lá para me alistar a ele?

- Mas magia negra é imagia negra!/i - relembrou Harry.

- E daí, Potter? Você acha que o mundo é dividido entre o bom e o ruim? iBruxos bonzinhos/i não sabem executar um Avada Kedrava e ibruxos feiosos/i não sabem executar um Alorromora? Ora, por favor!

Harry sentiu-se estúpido.

- Nós estávamos nos divertindo. Só com magia negra se acaba com magia negra e é bom eu ficar esperta, é isto que venho fazendo e eles também. E alguém quer ser aspirante ao Lord das Trevas, Comensal eu não tenho nada a ver com isso. E nem você, Potter. Deveria me agradecer - ela falou convicta.

- Pelo quê?

- Por dar um jeito na sua namorada - falou meio zangada, apertando os olhos como a pouco havia feito.

- E aquele papo de quem invadir a reunião morre? - perguntou sentindo-se mais estúpido.

- Deep falou para botar medo, mas isso não quer dizer ficará livre deles para sempre. Você invadiu o clube de duelos ultra secreto e blá blá blá. Os sonserinos tentem a serem meio vingativos, se é que me intende... Então, se acontecer mais algum acidente com você e a Weasley, será obra deles. Fique atento, Potter James. Alguém pode colocar uma poção caganeira no seu suco de abóboras e fazer com que você perca algum exame, uma visita a Hogsmeade... - sugeriu a morena sorrindo um pouco. - Eu já disse, ninguém vai matar alguém aqui em Hogwarts, ou fora... Você é muito inocente, Potter James.

- Porque está me falando estas coisas se me odeia tanto?

- Hum... Talvez porque eu realmente seja da Grifinória - e fez cara de pensativa - Eu não te odeio, iquerido/i, só acho você metido à besta, salvador da pátria, pobre e inocente. Esta sua pose de coitadinho, sabe... Ninguém é santo, Potter James. Se acha o tal, como todos aqui.

- Não tenho culpa se você não se encaixa em Hogwarts e se acham todos aqui metidos demais - debochou Harry - A metida aqui é você! Só anda com sonserinos, fala e faz o que bem entende, quem é a idiota não sou eu, é você. Eu não sou coitadinho - defendeu-se irritado.

- Potter James, você sabe o que é ser arrancada de onde você vive, da sua escola, longe dos seus amigos e perder a sua avó, tudo de uma vez?! - disse apontando o dedo no rosto de Harry - Não! Então cale esta sua boca imunda, certo?

- Você veio de onde?

- E o que isso te interessa? - rebateu irritada, cruzando os braços. Harry ficou quieto, já sabia tudo o que queria. - Eu sou irlandesa, - respondeu de repente - mas só fico na Irlanda mesmo no Natal, com toda a família reunida. Escutava na escola dos meus antepassados, no Chile e morava com a minha avó lá. Meu pai era diretor da escola, mas daí surgiram uns pepinos aqui na Inglaterra, ele é inglês e foi convocado e... - ela suspirou meio entediada - E virou nisso tudo que você sabe. Eu tenho motivos para não gostar daqui e muito mais para não gostar destes ingleses ialmofadinhas./i

- Você anda com os piores almofadinhas de Hogwarts, é uma surpresa os sonserinos te aceitarem - disse Harry rapidamente, olhando nos olhos nublados da garota.

- Ai, cansei de falar com você! - disse ela com maus modos - Potter James, eles não vão te deixar em paz tão cedo, não vou ficar passando a mão na sua cabeça. Abra seus olhos - preveniu a garota deixando-o sozinho.

Enfim a conversa com Persephone tinha sido bem mais produtiva que Harry pensara.

N/A: Hoho, nem EU acredito que terminei este capítulo. Tá meio chatinho, mas no próximo terá muita ação, quem sabe o nosso "amiguinho" Voldie dê as caras, ele anda bastante sumido, não? ''