DISCLAIMER: Todos os personagens da série "Sir Arthur Conan Doyle's The Lost World" são propriedade de John Landis, Telescene, Coote/Hayes, DirecTV, New Line Television, Space, Action Adventure Network, Goodman/Rosen Productions, e Richmel Productions (perdoem qualquer omissão).

Notas: não, eu não sou dona dos personagens… Mas isso não me impede de amá-los!

Spoilers: cada episódio que me permitiu conhecer um pouco mais sobre esse personagem... (ou seja, TODOS!)

Brandindo o arco da besta...

Olhos azuis se apertam sob o arco brandido da balestra. Fixam-se no alvo, impassíveis, esperando o momento preciso de soltar o arco e deixar que a seta siga seu curso. A garota do futuro sente-se em casa naquele ambiente pré-histórico, apesar do paradoxo. Ela é jovem mas já viu e sofreu muito. Viveu os primeiros vinte e dois anos de sua vida no futuro – mas, enquanto todo mundo anseia pelo futuro, ela esteve lá e prefere não voltar, pois ao contrário dos outros sabe bem o que o futuro reserva.

A oportunidade de mudar de realidade fora abraçada sem pestanejar: qualquer coisa, absolutamente qualquer coisa, era melhor que a rotina que ela vivia no futuro. E não se enganara: voltara para um mundo onde havia comida em abundância, onde o ar era puro e respirável, onde continuava livre, e onde encontrara uma família, um grupo do qual podia dizer que fazia parte realmente. Os dinossauros certamente não eram piores que os caçadores de escravos de sua época - e havia a vantagem dela poder lidar com eles e matá-los, se necessário, sem peso na consciência...

Aliás, consciência era um conceito bastante relativo no mundo de onde ela vinha. Afinal, em 2033 ela nunca encontrara espaço para sentimentos. Era a razão que dominava, que a tinha permitido sobreviver sem ser capturada como escrava. E a razão era instintiva. Sentimento era algo que não tinha tido tempo de aprender, ou exercitar. Mas no mundo perdido as coisas mudavam de figura. Afinal, quando teria sonhado em ganhar uma irmã, um tio, um pai cientista, e hmmm... Não sabia como definir Marguerite... Talvez a mulher que ela gostaria de se tornar – ou na qual inevitavelmente se transformaria se tivesse continuado sua vida na Nova Amazônia, sozinha... Mas as coisas todas podiam ser diferentes agora. Para ela, para Marguerite, para todos eles.

Vir para o platô tinha sido uma oportunidade. Aprender a ler tinha sido outra. Saber o que era uma família, pessoas com quem ela se preocupava e que se preocupavam com ela era um presente. Para que pensar em futuro, então? Apenas para evitar, influenciar de alguma forma, tudo o que ela sabia que aconteceria... E era exatamente isso o que pretendia fazer. Estava em suas mãos a pequena faísca que poderia desencadear um futuro diferente. E ela tentaria atear essa faísca à pólvora de uma nova era.

O barulho da presa se afastando despertou-a de seu devaneio. Sorriu para si mesma. Jamais desperdiçaria uma oportunidade na sua vida do futuro – mas ali podia dar-se o eventual direito de perder-se em pensamentos. De olhar para dentro de si mesma e enxergar uma jovem mulher redescobrindo quem era, e reconstruindo seu caminho em um mundo novo – apesar de pré-histórico – com novas regras. Dando-se o direito de sonhar e acreditar. De ir além do sobreviver - e viver, e conviver. De fazer planos. De avaliar seu presente – e apreciá-lo. Mas, acima de tudo, de acreditar ser capaz de atuar para mudar o futuro para aquilo que queria, e não para o que já fora uma vez...