Quando Severus Snape Amou uma Aluna de Hogwarts
Capítulo 2
No dia seguinte Snape seguiu cedo para o Salão Principal.
Hora do café da manhã. Após concluir que todos os alunos já estavam em seus devidos lugares, o diretor da Sonserina pousou os olhos sobre a mesa grifinória. Procurava por ela! Atento, olhou todos os lugares daquela mesa. Percebeu Rony cutucando Harry com aparência de assustado quando passou sua vista firme por eles. "Não, senhor Potter, hoje não quero nada com o senhor e seu bando!", limitou-se a pensar percebendo que Harry o fitara também. "Inferno! Onde estará aquela grifinória petulante? Ela não está aqui!".
Já na sala dos professores, após o café, Snape esperava o momento de sua primeira aula do dia. Pensativo, permitiu que seus negros olhos caíssem sobre os outros professores conversando entre si. Não conseguia ser sociável como os outros, não sabia ser... e também não queria. Sempre gostara de falar apenas o necessário, quando necessário.
Imaginou se seria muito estranho se aproximar agora para conversar sobre uma aluna. "Seria!", concluiu um milésimo de segundo depois. Havia algo estranho com aquela garota, disso ele tinha certeza, mas colher informações ali não seria o mais adequado. Num outro momento, e se fosse realmente preciso, falaria diretamente com Dumbledore sobre isso. Ponto final.
"Se não estava no salão principal para o primeiro banquete do dia é bem provável que não vá as aulas hoje! Estará doente?". Snape levantara-se de súbito ao passar repentinamente essa hipótese por sua cabeça. "Doente? Poderia ser?". Ah, agora ele lembrava-se! Tinha que ir até a Sala Hospitalar a pedido de madame Pomfrey. Sorriu de forma cínica para si mesmo. Se tinha que ir, iria agora. Afinal, ainda tinha algum tempo antes do início de suas aulas.
Snape caminhava imponente pelos corredores de Hogwarts seguindo para o quarto andar. O passo bastante ordenado, a coluna elegantemente ereta, as vestes, como sempre, totalmente pretas em completa harmonia com a capa que sobressaia-se ora para trás, ora para os lados de seu corpo. Estava ali andando entre alguns alunos que seguiam para suas aulas e mesmo que não premeditasse, se via olhando de esguelha para um e outro. Quem sabe não cruzaria com ela pelos corredores como sabia que já havia acontecido antes, numa outra época. Só não sabia quanto tempo poderia fazer isso.
A única coisa que sabia até o momento era que tudo o que ela, grifinória atrevida que só ela, fizera desde que retornara a Hogwarts foram coisas definitivamente fora dos limites do admissível. Se achava que perder cento e cinqüenta pontos para a sua casa era o suficiente para sanar todos os problemas que criara, logo perceberia estar totalmente enganada.
Gillian, no entanto, não estava na Sala Hospitalar. Não estava em parte alguma por onde Snape passara aquela manhã. "Será que está fugindo de mim? Não seria de admirar se estivesse.", pensou já saindo do quarto andar. E se estivesse na biblioteca? Não custava passar sorrateiro por lá e dar uma olhada, afinal estava bem próximo do segundo andar daquela seção. Mas Gillian não estava lá também. "Demônios! Onde se meteu?!". Snape começava a se irritar por não encontra-la. Ok! Iria, apenas por ser seu caminho, passar pelo primeiro andar da biblioteca.
Ao entrar vasculhou o local apenas com os olhos. Os alunos que lá estavam o olharam com claro receio. Estava evidente que procurava alguém e praticamente todos pediram que, por Merlin, não fosse nenhum deles. Snape sentiu, contrariado, a sobrecarga de temor que se abatera no lugar apenas por sua presença.
— Desprezível... — foi só o que resmungou baixinho entre os dentes.
Já ia dar as costas para ir embora dali quando ouviu uma voz estridente chamando-o.
— Iuhuuuu! Professor Snapeeeee!
Snape olhou na direção do chamado para ver exatamente quem ele estava procurando num canto mais afastado da biblioteca. Gillian estava com um sorriso enorme enquanto acenava freneticamente para ele.
Snape revirou os olhos. Não, ela não poderia estar fazendo aquilo! Por um momento fechou os olhos e respirou fundo. Olhou dos lados. Aparentemente ninguém tivera coragem de encara-lo mesmo diante de tamanha falta de respeito de uma aluna para com ele. Nem em mil anos ele poderia perdoar tal ato.
Então, como se não tivesse outra opção, deslizou devagar até a mesa da amaldiçoada grifinória, os olhos fuzilando-a enquanto se aproximava.
— Nunca--mais--faça--isso! — ele disse quase perdendo a compostura enquanto tentava controlar a todo custo o dedo indicador apontado diretamente para o nariz dela.
— Nunca mais faço o que? — ela perguntou franzindo a testa, aparentemente sem entender mesmo — Senta um pouco, professor! — ela apontou uma cadeira ao lado da dela, vazia. Aliás, todas as mesas do fundo estavam vazias pelo horário. A maioria dos alunos estava em aula.
— Eu estava procurando pela senhorita. — Snape simplesmente ignorou a oferta da cadeira.
— Eu sei. Me encontrou. — e sorriu.
— Ainda me deve muitas explicações, senhorita Ridley.
— Será que eu posso pagar com... — ela puxara alguma coisa que estava presa no cabelo e colocara encima da mesa — isso? — era uma flor azul de pólen vermelho.
— Detenção! — ele bradou, mais uma vez ignorando as palavras dela.
— Detenção. — ela repetiu — Por que?
— E ainda se atreve a questionar uma ordem minha? Primeiro, invadiu meus aposentos e até agora não apresentou nenhuma explicação plausível nem de como e muito menos por que fez isso! Segundo, desrespeitou obscenamente um professor em sua...
— Espera um pouco! — ela o interrompeu — Eu fiz o que? Que negócio é esse de obscenamente? Quando foi que eu fiz isso?
— Não me obrigue a fazer referências. — ele disse entre dentes olhando para um lado e depois para o outro de forma circunspeta.
— Se está falando do beijo, eu acho que não foi nada obsceno!
E Snape mal pôde acreditar que ela tivera coragem de pronunciar aquilo em público. Sua respiração falhou naquele instante e ele mais uma vez olhou para os lados tentando perceber se alguém teria ouvido o disparate que aquela grifinória doida acabara de proferir.
— Lavará os corredores e paredes das masmorras até que toda a masmorra esteja brilhando! E sem qualquer tipo de feitiço para auxilia-la! Começará hoje e seguirá pelo final de semana a dentro! — foram as últimas palavras de Snape antes de dar as costas e ir embora em passos firmes com uma sonoridade muito mais arrogante que o comum.
Gillian restringiu-se a observar o afastamento de Snape em silêncio. Seu semblante tornara-se sério de um momento para o outro. De repente olhou para o local onde tinha colocado a flor de seu cabelo. Ela não estava mais lá.
Snape caminhava rapidamente em direção à sua próxima aula. Pela segunda vez a maldita o fazia atrasar-se para uma aula. Isso era inconcebível! INCONCEBÍVEL!
Ao se aproximar das masmorras abriu uma das mãos para contemplar a flor que ele pegara sem que ela notasse de cima da mesa da biblioteca. Após certificar-se que ninguém o estava olhando levou a flor até a altura do nariz e inalou o perfume. "Agora sei por que sempre sinto o cheiro de cellidios azuis quando estou próximo a ela. Anda com eles impregnados nos cabelos!", pensou antes de arremessar a flor num depósito de lixo no caminho.
Ao concluir a última aula do dia, Snape se dirigiu à sua sala a fim de tomar um banho e preparar-se para o jantar daquela noite. Passando pelos corredores da masmorra encontrou Gillian arrastando um esfregão pelas paredes e piso. Do lado dela um enorme balde cheio de água com sabão. A garota parecia cansada e de sua testa a abrir caminho pelo rosto, pescoço e costas escorria suor como em bicas. Snape sentiu um misto de pena e satisfação ao vê-la daquele jeito. Era um castigo pesado demais para uma jovem franzina como ela, mas isso a faria pensar duas vezes antes de desafia-lo novamente. Aos poucos, ela se acostumaria a respeita-lo como todos os outros alunos de Hogwarts.
— Se divertindo, senhorita Ridley? — ele fez-se ser notado.
Gillian virou-se para ele e sorriu.
— Já terminou as aulas, professor?
Snape fechou a cara. O que interessava a ela se ele já tinha ou não concluído as suas aulas?
— Está gostando? — ela apontou para as paredes ignorando o fato de não ter recebido qualquer resposta quanto à pergunta anterior — Está ficando bom, não acha? Fico feliz de estar fazendo isso pelo senhor.
— Fazendo por mim? Não por mim! PARA mim! A senhorita está cumprindo uma ordem, senhorita Ridley! E admito... a está cumprindo bem. Seu trabalho está bem razoável. — disse avaliando melhor as paredes.
— Obrigada! Como eu disse, fico feliz!
— Por hoje já chega! Pode se recolher às suas acomodações... tirar essas roupas molhadas de suor... tomar um banho... — e Snape sentiu que sem querer arrastara a voz mais do que deveria ao pronunciar essas duas últimas frases — e ir jantar! — concluiu resoluto ao dar-lhe as costas temendo que estivesse com a face corada pelo pensamento que tivera.
— Eu não estou com fome. — ela exclamou ao mestre que já se afastava dali.
— Mesmo assim, está dispensada por hoje! — ele respondeu sem se dar ao trabalho de voltar a encara-la.
Três dias depois....
Snape caminhava devagar pelos corredores das masmorras. Tudo estava em perfeita ordem e como ele mesmo exigira, brilhando! Ele olhava atentamente cada ponto, cada detalhe e precisava admitir, estava ótimo! Ocorreu-lhe que ela ainda estivesse por ali, pois a última vez que atravessara os corredores ela ainda não tinha concluído e não fazia muito tempo, só poucas horas, quando ela sorrindo afirmou ser fã incondicional de Snape e arrancando dele um olhar desaprovativo por tal afirmação.
Averiguou todos os pontos.... Ela não estava mais presente nas masmorras.
Por olhar a tudo tão atentamente foi que Snape percebeu jogada ao chão, largada, esquecida num cantinho formado pelo encontro do piso e da parede, uma cellidios azul. Ele ficou ali olhando para a flor como se estivessem travando um duelo visual. Só depois de algum tempo ele se aproximou, se abaixou e pegou-a com certo zelo. Acabaria por colocar em dúvida a verdadeira dona daquela fragrância. Já não sabia dizer se era a cellidios azul que passava seu perfume para Gillian Ridley ou vice-versa. Só sabia que já era de Gillian, e não da cellidios, que ele lembrava-se sempre que sentia aquele aroma.
continua
Obrigada a todos os que estão acompanhando essa fic!
E muito obrigada pelas reviews:
Vivi Snape, pois é, aquela clássica história mesmo! Mas vai, quantas de nós podemos dizer que nunca nos apaixonamos por um professor? Eu mesma poderia citar uns dois ou três, hehehe! Mas fica mais legal quando o professor é duro na queda feito o Snape, né não? O desafio é maior! Em que sentido o desfecho é inesperado? Ah, é no sentido de não poder falar nada por enquanto, hehehe... Mas não cria muita expectativa não, por favor, lembre-se que é a minha primeira fic de HP (ou primeira fic de HP é sempre difícil ou eu acho que não levo jeito pra coisa). E sabe que agora que você falou, acho que o Snape falou mesmo a primeira coisa que veio na cabeça naquela hora, imagina se ele ia deixar ela completar aquele raciocínio, hahahaha!
Videeeeeeeeeeeeely! Menina, que bom ter notícias suas! Olha, não fala assim que eu fiquei preocupada mesmo. Eu sei que o Japão não foi atingido, mas sei lá, a Niele comentou que talvez vocês tivessem viajado em férias esse final de ano e como você não dava notícias e eu não sabia pra onde poderia ter sido essa viagem, fiquei com receio sim! Ser humano é assim mesmo... Ah, mas pra mim é uma honra saber que você está lendo essa minha fic. Eu sei que você e o Snape não se dão muito bem (tudo por causa daqueles marotos, hehehe!), mas saiba que eu estou gostando também do Sírius e do Remus (por qual deles mesmo você disse que eu não poderia me apaixonar de jeito nenhum?). Fica tranqüila você também, meu amor em HP é pelo Snape! Não dá pra evitar! O Snape tem aquele Q que tanto me atrai, você sabe do que tou falando, né? Nada de delicadezas e sorrisinhos... O Ivanovich disse que ele era tenebroso e que não entendia meus gostos, hahahahaha! Se ele soubesse da legião de fãs apaixonadas que esse 'tenebroso' tem!
Cabelos negros e cacheados, né? Não, sua espertinha, ela não sou eu não, hehehe!
Tou com saudades também! Vê se aparece!
Sheyla Snape, eu não sei não! Eu sou muito tímida! Acho que não teria coragem de fazer aquilo não, hahahaha!!! No máximo ia ficar nervosa e tremendo toda com uma baita vontade de fazer, mas não passaria disso! Mas sinceramente admiro quem tem coragem o suficiente pra fazer, afinal, quem não arrisca não petisca, não é verdade? Muito obrigada pelo incentivo! Espero também não demorar com os novos capítulos, pois a idéia já está toda pronta na cabeça!
Feliz 2005 para todos!
Bjinhos!
Lailla Facundo
