Angel
Esse é o meu presente de amigo secreto para Kisamadesu.
Espero que ela goste. :D
Mais um dia de chuva...
Seus dias naquele lugar não eram e nem seriam os melhores.
Como gostaria de vê-la novamente.
A guerra acabara. Muitas pessoas voltavam para as suas famílias, para os seus lares.
Ele...
Eu não tenho nada, nem ninguém.
A lembrança daqueles belos olhos azuis fez com que se lembrasse dela.
Um anjo que me salvou e, agora, nem ao menos sei onde está.
Voltou a olhar para fora da janela. Aquele quarto de hotel. Nova York sempre parecera sombria para ele, mas agora...
Agora que não a tenho mais, tudo isso me parece o verdadeiro inferno.
O céu nublado parecia transmitir a todos a tristeza que ficara no coração do pobre soldado.
- Rosette...
Spend all your time waiting
for that second chance
for a break that would make it okay
there's always some reason
to feel not good enough
and it's hard at the end of the day
I need some distraction
oh, beautiful release
memories seep from my veins
and may be empty.
Oh, how weightless,
then maybe ill find some peace tonight
(Eu passei todo o tempo esperando
Por uma segunda chance
Por um intervalo que consertaria tudo
Mas há sempre uma razão
Para não se sentir totalmente bem
E no fim do dia é difícil
Preciso de uma distração
De um belo escape
Das memórias correndo nas minhas veias
Deixe-me ficar vazia e leve
E então, talvez eu encontre alguma paz esta noite).
o Flash Back o
A guerra estava perto de seu fim e o numero de mortos divulgado pelo governo só fazia aumentar a cada dia.
Tantos amigos, tantas pessoas queridas...
Ele tivera sorte. Isso, se pudesse chamar de sorte o fato de ter sido atingido por uma bala na altura do coração e ter que ser levado para o posto da Cruz Vermelha com urgência.
Para ele, aquela bala fora sua benção.
Fora por causa dela que ele acabara por passar a maior parte da guerra de cama. Aos cuidados do seu anjo.
Ela que o ajudara quando ele chegara quase morto.
Lembrou-se com perfeição do momento em que abrira os olhos pela primeira vez após a sua chegada ali.
Lembrou-se também de que a primeira pessoa que viu foi ela. Foram seus olhos.
Como era bom acordar com o som da voz dela. O aroma que emanava de seu corpo. Como amava aquela garota.
- Já está se sentindo melhor?
Fora tirado de seus pensamentos por ela. Ela que era a única dona deles.
- Já. Eu gostaria de andar. – disse olhando-a com intensidade e, reparando que ela corara, voltou seus olhos para o lado.
- Mas o medico disse que você não pode andar ainda.
- Ele vive dizendo isso desde que estou aqui. Assim está parecendo que não poderei me levantar nunca.
- Claro que poderá, mas não agora.
- Se não começar a andar agora, sinceramente, não sei quando começarei.
Trocaram olhares e ele pode ver um misto de preocupação e determinação nos olhos dela. Sabia que ela era teimosa. Assim como ele. Mas também sabia que deveria insistir.
- Se não quer me ajudar então vou me levantar sozinho.
Ela correu em sua ajuda e pegando-o pelo braço evitou que ele caísse.
- Está ficando louco?
- Não.
Encararam-se mais uma vez e sentiram como se os corações acelerassem. E sabiam que eles batiam no ritmo da mesma melodia.
Caminharam para fora. O dia estava ensolarado. Ali, naquele instante, não parecia que estavam no meio de uma guerra. Os campos floridos a sua volta mostravam o qual tranqüilo era o lugar em que instalaram a Cruz Vermelha.
- Aqui é tão...
- Tranqüilo? – ela completou olhando por um instante, mas logo em seguida desviou os olhos para a colina a sua frente.
- É. Tranqüilo demais.
- Os governos de todos os paises cuidaram para que os postos da Cruz Vermelha ficassem bem afastados do campo de batalha. Foi por isso que muitos morreram. Você teve sorte em sobreviver.
- É. Tive muita sorte. – disse olhando-a.
Se pudesse ficaria assim eternamente.
Contemplando-a.
Uma certeza ele tinha. Quando tudo aquilo acabasse a tomaria como esposa.
- Vamos entrar?
- Não.
- Mas...
- Nós só estamos aqui há cinco minutos e você já quer que eu volte para a cama? Não mesmo. Já passei tempo demais deitado.
Ele permaneceu em pé. Ela ao seu lado segurando o seu braço. Nunca se sentira tão bem em toda sua vida.
Sentiu-a apertar seu braço com força e olhou-a.
Ela estava angustiada. Podia ver isso em seus olhos.
- Não precisa ficar preocupada, não vou desmaiar só por passar um tempo em pé.
Viu-a baixar o rosto e sentiu uma enorme vontade de abraçá-la. Mas não foi preciso que ele o fizesse.
Ela já o tinha feito.
- Rosette...
Abraçou-a de volta sentindo as batidas de seu coração acelerar cada vez mais.
- Eu não quero que nada aconteça a você. Não quero. – olhou-o sentindo o rosto aquecer.
- Nada vai me acontecer. Não enquanto você estiver comigo.
Passou-lhe a mão pelo rosto e viu-a fechar os olhos. Era tão bom sentir a pele dela. Ela era tão...linda. Por Deus como a amava.
Observou-lhe os lábios. Tão rosados. Um sorriso surgira deles. Viu-a abrir os olhos lentamente. Seus olhos encaravam-no tão intensamente que ele poderia perder-se neles.
- Chrno...
As batidas dos corações confundiam-se. Os rostos cada vez mais próximos. Viu-a fechar os olhos novamente. Fechou os seus também. Queria aproveitar aquele momento ao máximo. E assim o faria.
Beijou-a. Finalmente pode sentir o doce sabor dos lábios dela. Beijou-a doce e intensamente. Como ansiara por aquele toque. Tê-la em seus braços.
O seu anjo.
In the arms of the angel
far away from here
from this dark cool hotel room
and the endlessness that you fear
(Nos braços de um anjo
Voe para longe daqui
Deste frio e vazio quarto de hotel
E da infinitude que você teme)
Separam-se. As respirações descompassadas. Mantiveram os olhos fechados, ainda sentindo o corpo aquecido pelo que havia acontecido.
Ele foi o primeiro a abri-los. Esperou que ela fizesse o mesmo e encarou-a. Vendo nos olhos dela a felicidade. Um sorriso brotou-lhe também dos lábios. Como amava ver aquele sorriso.
- Rosette?
- Fale. – disse, não reconhecendo a própria voz, em um sussurro.
Abraçou-a fortemente e sentiu-a retribuir.
- Prometa-me uma coisa.
- O que você quiser.
- Prometa-me que nos encontraremos quando tudo isso terminar. – disse separando-se dela para olhá-la melhor.
- Não há algo que eu deseje mais do que isso.
Sorriram. Sentiam-se felizes por compartilharem do mesmo sentimento. Por serem correspondidos.
- Eu amo você. - disse aproximando-a mais de si.
- Eu também amo você.
you are pulled from the wreckage
of your silent reverie
you're in the arms of the angel
May you find, some comfort here
(Você foi puxado das ruínas
De seu silencioso transe
Você está nos braços de um anjo
Que você possa encontrar algum conforto aí)
o Fim do Flash Back o
Olhou novamente para a rua. As pessoas lá embaixo pareciam-lhe ignorar a chuva. Ele adoraria fazer o mesmo, mas não podia.
Frustrante.
Ficar trancado ali não era exatamente o que tinha imaginado fazer depois que a guerra acabasse.
Mas nem tudo é como planejamos.
Aquele céu nublado...
Adoraria encontra-la.
- É só isso o que sei fazer. Olhar para baixo à procura dela. E me frustrar por não encontra-la. Como se a qualquer momento ela fosse aparecer.
Suspirou longa e profundamente. Estava cansado disso.
Foi com relutância que se levantou.
- Não comer nada definitivamente não a trará de volta.
Caminhou até a sala a procura do telefone. Pediria alguma coisa.
Ficaria naquele hotel até que a encontrasse. Durasse o tempo que tivesse que durar.
A mulher no outro lado da linha falou-lhe que o pedido subiria em alguns minutos. Desligou o telefone e voltou para o quarto.
Você vai pra guerra viúvo e volta apaixonado. Muito bem Chrno.
- Muito bem.
Não soube quanto tempo passou sentado ali. Pensando nela. Mas o som da campainha o trouxe para a realidade.
Pelo menos o serviço aqui é rápido.
Abriu a porta e encarou a pequena moça. Recebeu o carrinho depois de entregar-lhe a gorjeta. Comeria no quarto.
o o o o
Ela andava pelas ruas procurando-o.
Sabia que aquela busca era insana.
Como pretendo encontra-lo em uma cidade tão grande como Nova York e ainda por cima sozinha?
Balançou a cabeça negativamente.
Sabia que era tolice, mas ainda sim não iria desistir tão fácil.
Será que ele já me esqueceu?
Sentiu o coração apertar com aquele simples pensamento.
Não, ele não pode ter me esquecido assim.
Levou a mão ao peito em uma tentativa de acalmar as batidas de seu coração.
Andar pelas ruas sem rumo. Era sempre a mesma coisa todo dia.
E eu sempre acabo aqui.
Olhou para o grande hotel a sua frente e sentiu o coração acelerar ainda mais.
- Por que sempre sinto isso quando paro aqui? Por quê?
Acho que vou caminhar mais um pouco.
o o o o
Depositou a bandeja com cuidado no carrinho e voltou para a janela.
Seu coração acelerou com o que viu.
Não pode ser ela.
Uma moça loira, menor do que ele e com o mesmo jeito de Rosette estava andando na calçada do lado oposto ao hotel.
Mas...será?
Não ficaria ali parado pensando nisso.
Isso não tiraria suas duvidas.
Pegou o casaco na poltrona da sala e saiu.
Tem que ser ela. Tem que ser o meu anjo.
So tired of the straight life
and everywhere you turn
there's vultures and thieves at your back
and the storm keeps on twisting
keep on building the lies
that you make up for all that you lack
it don't make no difference
escape them one last time
it's easier to believe
in this sweet madness
Oh, this glorious sadness,
that brings me to my knees
(Você está tão preso às linhas
E onde você esteja
Há ladrões e vultos atrás de você
A tempestade continua rugindo
Você mantém as mentiras
Com as quais você escondeu o que não tem
Não há diferença, escape uma última vez
É mais fácil acreditar nessa doce loucura
Nessa gloriosa tristeza
Que me faz ajoelhar-me)
o o o o
Voltaria para casa e falaria com o seu irmão.
E o que eu vou dizer? Que fiquei andando o dia inteiro pelo mesmo lugar?
Joshua apoiava-a na idéia de procurar o dono de seu coração.
Ele sempre está ao meu lado, mesmo quando tomo as decisões mais loucas.
Sorriu com aquele pensamento.
Como queria encontrá-lo.
Sentir os braços dele apertando-a contra seu corpo quente.
Sentir o gosto dos lábios dele.
- Chrno...
Sentiu um pouco de frio e apertando mais o casaco contra o corpo continuou a caminhar.
- Onde você está Chrno onde?
Olhou para o céu nublado.
Daqui a pouco começa a chover e eu vou ficar toda encharcada.
o o o o
Saiu do hotel correndo o mais rápido que podia.
Queria encontrá-la.
Parou na calçada olhando para o outro lado a procura dela.
Pare de correr e ajeite esses cabelos ou todos vão pensar que você é algum louco.
Atravessou a rua. Ao alcançar a calçada do outro lado da rua parou.
Onde ela está? Onde?
Procurou cuidadosamente. Até que a viu.
É ela. Tem que ser ela.
Apressando um pouco mais o passo pode diminuir a distancia entre eles facilmente.
o o o o
Sentiu uma mão pousar em seu ombro. Assustou-se com isso.
Quem poderia ser?
Meu irmão está em casa. Ele não me seguiria até aqui.
Sentiu o coração acelerar e as mãos suarem.
Rosette mantenha a calma.
Soltou um suspiro tentando aliviar toda a tensão que sentia.
Virou-se lentamente e teve que tapar a boca com a mão ao reconhecer de quem eram aqueles olhos castanhos.
- Chrno...
Viu um sorriso surgir no rosto do rapaz. E antes que pudesse pensar em algo. Sentiu-se abraçada por ele, como há muito tempo esperava.
- Rosette...finalmente nós encontramos.
Passou-lhe a mão pelo rosto. Queria ter certeza de que aquilo tudo não era mais um sonho seu.
Sentiu-a abraçá-lo pela cintura.
Queria sentir o gosto dos lábios dela novamente.
- Eu amo tanto você, Rosette. Tanto...
- Chrno...
As respirações agora se misturavam.
Os corações agora aquecidos batiam no mesmo ritmo.
Aproximou-se dela e finalmente sentiu...
Como é doce o sabor dos lábios do meu anjo.
Sentiu-a enlaçar o seu pescoço e ficar quase que na ponta dos pés. Abraçou-a delicadamente pela cintura, aproximando-a mais do seu corpo.
In the arms of the angel
far away from here
from this dark cool hotel room
and the endlessness that you fear
you are pulled from the wreckage
of your silent reverie
(Nos braços de um anjo
Voe para longe daqui
Deste frio e vazio quarto de hotel
E da infinitude que você teme
Você foi puxados das ruínas
De seu silencioso transe
Você está nos braços de um anjo
Que você possa encontrar algum conforto aí)
Não se importavam se as outras pessoas estavam vendo.
Não se impostavam com a chuva que agora caia sobre eles.
Sentiam-se aquecidos nos braços um do outro.
Pertenciam um ao outro.
E seria assim...
you're in the arms of the angel
may you find some comfort here
you're in the arms of the angel
may you find some comfort here
(Você está nos braços de um anjo
Que você possa encontrar algum conforto aí
Você está nos braços de um anjo
Que você possa encontrar algum conforto aí)
Pra sempre.
Fim
Lembrando que está também é a primeira fic de Chrno Crusade em português. XD
Quem gostar e resolver mandar review ficarei muito feliz em recebe-la.
Kissus e ja ne
Leila.
