O Novo Professor

Capítulo Três - Os Perigos Que o Novo Professor Oferece

No dia das bruxas, os alunos da Grifinória tinham muito o que comemorar; no primeiro jogo do Campeonato Intercasas de Quadribol, Grifinória contra Lufa-Lufa, o time dos texugos não tinha dado nem pro cheiro. Com quinze minutos de jogo, Carlinhos pegou o pomo de forma humilhante, bem nas costas do apanhador da Lufa-Lufa.

Então, o mês de novembro chegou, e com ele uma descoberta, ou melhor, uma fofoca. Íris descobriu que de repente todos os alunos de Hogwarts estavam dizendo que Snape era um assassino.

-Mas, como assim, assassino?-perguntou Íris a Judy.

-Assassino, Íris, um cara que mata outras pessoas. Ou não sabe o que é?

-Não seja idiota, Judy, é claro que eu sei. Mas que tipo de assassino?

-Em três palavras?-disse sua amiga.-Comensal da Morte.

Íris ficou chocada, mas fez o possível para não demonstrar.

-E como ele teria conseguido virar professor tão rápido? Não faz nem um ano que o Lord das Trevas caiu.

-É, eu sei disso.-disse Alexandra.- Talvez ele esteja usando a Imperius em Dumbledore, ou coisa assim...

-Ah, Alexandra, que besteira.-falou Íris.-Dumbledore é poderoso demais pra ser controlado. O Snape está aqui porque alguém acredita que ele é inofensivo.

-Dumbledore, esse velho maluco -comentou uma prima de Íris, Shelly Carlton, da Corvinal.-Confiando sempre em pessoas suspeitas. Definitivamente, o prof. Snape já é culpado por um crime; estamos ainda em novembro e graças a ele já não temos a menor chance de ganhar a Taça das Casas este ano.

-Bom, uma coisa é tirar pontos injustamente, a outra é ser um Comensal da Morte.-murmurou Íris, incerta.

-Xi, Íris, qual é o seu problema, afinal?-reclamou Judy.-Por que está defendendo tanto o Snape?

-Olha aqui, eu não estou defendendo ninguém, só estou tentando ter um mínimo de sensatez.-retorquiu Íris, irritada.-De onde tiraram essa idéia, de o Snape ser um Comensal?

-Eu ouvi aqui e ali, pesquei no ar.-disse Alexandra.-Eu vou é me cuidar, porque meu pai é trouxa e não quero ser a recaída do professorzinho assassino.

Pelo resto do dia Íris ficou de mau humor. É claro que pouca gente chegou a notar, pois sua tática anti-mau humor é calar a boca e avisar que está em um dia aborrecido, para quem chegar a se ofender com qualquer de suas respostas atravessadas. Ela não queria acreditar que Snape fosse um Comensal da Morte, e tinha muitos motivos para isso, e o principal se resumia na palavra Dumbledore.

Na sexta-feira ela também tinha aula de Poções, e naquele dia ela percebeu que Snape estava plenamente consciente dos fuxicos sobre ele, e não parecia nem um pouco incomodado. Íris percebeu isso, e no fim da aula, derrubou sua poção (que já havia sido avaliada, ela não seria tão burra), e ficou limpando a sujeira feita depois de bater o sinal.

Quando todos os seus colegas já tinham ido, ela ousou:

-Andou ouvindo o que os alunos andam por aí falando do senhor, professor?

Snape só então viu-a; não tinha percebido que ela permanecera na sala.

-Ainda está aí, Branden?

-Ahã... Mas responda a minha pergunta, professor.

-Se fico prestando atenção e perdendo meu tempo com fofocas de alunos?

Íris deu um risinho.

-É... isso mesmo. Acontece que estão dizendo que o senhor é um Comensal da Morte.

-Ora, Branden, como você é ingênua.-disse Snape, não percebendo que estava prestes a revelar algo tão pessoal.-Eu não sou um Comensal da Morte.

-Eu sabia, professor, é claro que...

-Mas eu fui um deles.

Íris, que estava guardando o material na bolsa, parou de chofre.

-O senhor foi...?

-Agora vá, Branden, estou vendo que já terminou de guardar suas coisas.

Não adianta me perguntar por que ele resolveu revelar isso para Íris. O Snape não estava numa fase muito estável quando chegou a Hogwarts, mas tenha certeza que com o tempo ele foi ficando mais fechado. Então, sim, Íris contou com muita sorte para descobrir tudo o que descobriu sobre ele.

Se Snape fora um Comensal, devia ter tido um motivo fortíssimo para deixar de sê-lo. Íris ficou muito calada por um tempo, pensando no que poderia ter acontecido, pois, de acordo com o que ela ouvira dizerem por aí, das dezenas ou milhares de seguidores que o Lord das Trevas arrumou, apenas três ou quatro haviam conseguido abandoná-lo. Sendo em seguida, é claro, seriamente ameaçados de morte pelos que permaneceram fiéis a Você-Sabe-Quem mesmo depois de sua queda.

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Aaaaaiiii... Agora tenho que pedir desculpas a todos que estão lendo essa fic; mentalmente, a Íris acabou de me dar um tremendo puxão de orelha; estou no capítulo três e ainda nem falei da pessoa que ao menos deveria ser muito importante para ela: seu suposto namorado, Herbert Storm, da Lufa-Lufa, que também cursava o sétimo ano.

Ele não apareceu nos diálogos de Íris até agora porque eles haviam brigado no fim do ano passado, mas Íris ainda considerava-o seu namorado, pois eles eram um casal do tipo briga-volta-briga-volta, e há meses ela o surpreendia olhando para ela durante as aulas que Grifinória e Lufa-Lufa tinham juntas.

Íris sabia que mais cedo ou mais tarde ele ia querer reatar, mas na verdade tanto fazia pra ela. Eles eram mais amigos do que namorados, mas como às vezes trocavam uns beijos, definiram-se namorados mesmo.

Então, acabou acontecendo mesmo. Foi entre o fim de novembro e o comecinho de dezembro (pausa para ser zoada pelos Death Eaters: que eu saiba não existe nenhum dia entre trinta de novembro e primeiro de dezembro), ele foi até a mesa da Grifinória falar com ela. Coisa de rotina, para Íris. Eles se afastaram um pouco da mesa de refeição e lá veio Herbert pela milésima vez com aquele papo de "me desculpe por aquilo, Íris, eu gosto muito de você e pra mim esses meses sem você foram terríveis..."

Sim, conversa de rotina. Mas naquele dia não foi. Quando Íris foi aceitar que voltassem de novo, seu olhar correu por todo o Salão Principal, pela mesa dos professores e pelas mesas das quatro Casas. Ela não precisava ficar naquela rotina cansativa pelo resto da vida. Estava cansada desta vez, e não tinha volta.

-Sinto muito, Herb, mas desta vez não. Cansei disso.

Herbert Storm ficou tão perdido quanto um ator que vê o script sendo mudado na última hora.

-C- como assim?

-Ora, Herb, simplesmente agora é não. Chega de enganar a mim mesma, creio que nunca vou conseguir gostar de você como deveria.

Ele pareceu abalado, mas ao contrário de outros personagens Maria Mercedes de certas fan fics toscas, Herbert tinha orgulho próprio e não chorou caindo de joelhos:

-Bom, Íris, está bem. Desculpe-me ter te enchido a paciência.

-Não encheu.-falou Íris, despedindo-se.-Então até mais.

Judy olhava Íris com uma cara confusa, quando esta última sentou-se de novo à mesa:

-Foi impressão minha ou hoje o script foi alterado?-disse ela.

-Finalmente foi.-respondeu Íris.