O Novo Professor
Capítulo Seis - Já Não Era Sem Tempo
-Senhorita Branden, do que está falando?
-Pode me chamar de Íris, Snape, é mais curto caso queira chamar a minha atenção para que eu desvie de algum ataque.
-Pare de falar besteiras, você não passa de uma aluna do sétimo ano.
-E quanto tempo faz que você deixou de sê-lo? Cinco, seis anos? Você não é muito mais velho do que eu.
-Isso é irrelevante agora... Íris. De todo modo, você não saberia trabalhar comigo contra os Comensais de verdade.
-Estou ansiosa pra aprender. Admita, Snape, uma Rowena trabalhando com você aumenta bastante suas chances de sobreviver.
-Não quero sacrificar vida nenhuma pela minha.
-Muito nobre, Snape. Nobre até demais para um sonserino, mas isso não pode mais afetar a minha decisão.
-Você nem me conhece, como pode saber que minha verdadeira intenção não é destruir a família Ravenclaw?
-E por que você iria querer isso?
-Existem motivos. Diz-se que os herdeiros dos fundadores das Quatro Casas da centésima geração poderiam... Ah, deixe pra lá.
-OK, Snape, agora me diga como poderemos combater esses Comensais desocupados.
-Não são desocupados, ao contrário; andam muito ocupados se vingando de seus antigos colegas. Mas srta. Branden...
-Íris.
-Tudo bem, Íris. Já está muito tarde e até onde me lembro, amanhã recomeçam as aulas.
-O dia vai começar com Feitiços, e nós dois sabemos da minha facilidade nessa matéria.
Ela sorriu, e Snape esforçou-se para dessa vez não desviar o olhar.
-Não importa se Feitiços é fácil ou não... Íris. Conversaremos em outra oportunidade.
-Isso quer dizer que aceita minha ajuda?
-E você me deixou outra opção?
-Até que enfim!-exclamou Íris, com um grande sorriso.-Ah, Snape, agora eu seria capaz de beijá-lo! Até que enfim um pouco de ação!
-Que ceninha patética...
Íris ouviu uma voz desconhecida, vinda de uma janela altíssima da biblioteca, que estava aberta. Ao contrário dela, Snape pareceu reconhecer perfeitamente o dono da voz. Ambos se viraram de imediato.
-Lestrange...-Snape murmurou, com a voz pesada de ódio.
Íris viu o homem, sentado no beiral da janela, a quatro metros do chão. O rosto estava encoberto por sombras, envolto em roupas largas e escuras. Por um perfil daqueles, ela pensou, aquela figura poderia ser um milhão de pessoas diferentes, mas Snape sabia muito bem com quem estava falando.
-Então ainda me reconhece pela voz, meu colega Severo?-Lestrange caçoou.
-Já não sou seu colega há muito tempo.-sibilou Snape, furioso.-Veio tentar me matar logo aqui em Hogwarts? Dumbledore não está muito longe.
-A distância entre Dumbledore e nós certamente é muito maior do que a distância entre a minha varinha e o seu coração, Severo. Não acha, senhorita intrometida?
-Acho que está perdendo seu tempo aqui.-Íris retrucou confiante, e também consciente de que agora Snape a olhava de olhos arregalados.-Não preciso de varinha pra te dar uma lição.
De repente, uma voz feminina soou logo atrás de Íris e Snape.
-Nós sabemos muito bem disso, querida.
Em seguida, ela começou a ouvir pela terceira vez o zumbido, e sentiu um pano sendo pressionado contra seu nariz e sua boca. Snape, a seu lado, tentava livrá-la de Sophia Lestrange, mas seu marido, Alberto Lestrange acenou com a varinha e jogou o novo professor para longe de sua mulher, contra a parede. Íris tentou se debater, mas era obrigada a respirar sob um pano cheio de Poção Nocauteadora (nota da beta: num tinha um nominho melhor não, Lady? - nota da autora: quem liga pro nome da poção, sua amante de trouxas? Vá tratar da sua Mary Sue! - nota da beta: como se você me deixasse continuar a Maratona Incantatem! - nota da autora: que tal continuarmos com a p da fic?), seus sentidos logo começaram a falhar.
Snape levantou-se, já com a varinha em punho, pronto pra lutar.
-Não se esqueça, Lestrange, que sei tanto de Artes das Trevas quanto você. E não vou hesitar em usá-la.
-Ah, Severo, tenho certeza de que você não vai ousar nos atacar.-disse Sophia Lestrange, que segurava uma Íris já desacordada.-Não enquanto tivermos alguém tão importante conosco.
-Amarre essa garota, Sophia.-disse Lestrange.-E acorde-a depois. Qual é a graça de torturar alguém desmaiado?
-Você não vai usar a Cruciatus nela.-sibilou Snape.
-E você não vai usar nada contra nós dois.-impôs Lestrange, enquanto sua mulher cumpria as ordens com um sorrisinho cruel no rosto.-Você foi um grande covarde, Severo, na hora de receber os poderes do Lord você estava lá, mas foi só acontecer um pequeno imprevisto e você mudou para o lado desses malditos sangues ruins!
-Eu não fui covarde, eu percebi meu erro a tempo, Lestrange. E ainda haveria tempo para você, se percebesse seu erro também.
-Não seja estúpido!-gritou o outro.-Jurei matar você, Severo, jurei matar Dumbledore e não pretendo quebrar a minha palavra, como você fez.
-A menina já está bem amarrada, Alberto.-disse Sophia Lestrange, enquanto Snape sentia um grande frio no estômago.
-Pode acordá-la.
Íris estava amarrada de pé a uma estante, e foi acordada não por um feitiço normal como o Enervate, mas sim por...
-Crucio!
Foi como ser jogada numa piscina de água gelada a princípio, mas logo Íris sentiu a pior dor de toda a sua vida, seus nervos pareciam gritar e facas a cortavam no corpo todo... Como estava amarrada, não podia se debater e isso fazia tudo parecer cem vezes pior, ela decidiu falar um feitiço, mas todo o ar que havia em seus pulmões estava destinado aos gritos que eram a única válvula de escape para seu sofrimento, ela mal tinha consciência do que acontecia à sua volta.
-Pare com isso agora!-gritou Snape, apontando a varinha para Lestrange.- Finite Incantatem!
No instante seguinte, Íris já não sentia nada. Observou, atordoada e arfante, a cena.
-Erro fatal, Severo.-murmurou Lestrange, muito devagar.-Agora você escolhe quem morre. A garota ou você?
A natureza de Snape mandava que dissesse para que Lestrange matasse Íris em seu lugar. Mas a voz de Dumbledore ecoou em sua memória: "De hoje em diante, Severo, não aceito mais mortes de inocentes, entendido?", ao mesmo tempo que constatava que a jovem Íris Branden era diferente das alunas imaturas da Grifinória. Ela era decidida e com certeza tinha um futuro promissor no combate às forças do Lord das Trevas, não podia morrer tão cedo.
-Mate-me primeiro, mas com uma condição.-ele falou, finalmente.
-Expelliarmus!-ordenou Lestrange à sua varinha, e Snape foi desarmado.-Sem condições.
-A garota tem que ficar viva.-insistiu Snape.-Ela não tem nada a ver com os meus problemas.
-Não foi isso que ela estava dizendo quando chegamos.-falou Sophia.
Íris mal podia acreditar no que estava ouvindo. Snape estava se oferecendo para ser morto no lugar dela? Ela agora tinha sua voz de volta, por que não agia logo? Íris estava exausta, e respirou fundo para tomar fôlego.
-Depois veremos o que fazer com a pequena Rowena.-decidiu Lestrange.-Mas você, traidor Severo Snape, é nossa prioridade...
-Estupefaça!-Íris berrou com toda a força, fazendo na mesma hora Sophia Lestrange cair estuporada.-Estupefaça!
Antes que pudesse matar Snape ou Íris, Alberto Lestrange perdeu os sentidos. Caiu da janela e certamente teria quebrado o pescoço na queda de Snape não tivesse sido ágil o suficiente para pegar a varinha de Sophia e levitar o Comensal a poucos centímetros da morte.
-Por que não o deixou morrer?-perguntou Íris.
-Azkaban e os dementadores não estão lá à toa.-arfou Snape.
Íris sorriu.
-Até que enfim eu te ensinei alguma coisa.-ela olhou para o casal Lestrange, ali estuporado.-O que vamos fazer com eles?
-Vou injetar Poção do Sono neles para que durmam até que chegue o dia, e então o diretor tomará as providências necessárias.
-Que bom.-murmurou ela.
Ficaram em silêncio por uns instantes.
-Acho que agora sou obrigado a te levar até sua sala comunal.
-Como quiser, Snape. Posso ir sozinha se preferir.
-É melhor não.-retorquiu Snape.-Se der de cara com Filch sozinha, estará encrencada.
Íris olhou-o.
-Desde quando você se preocupa se eu sou me encrencar ou não?
-Desde quando você salvou a minha vida. Passar pela Cruciatus não é uma experiência agradável, sei disso. Você está bem?
-Estou, mas como você sabe? Já te lançaram a Cruciatus?
-Muitas vezes.-respondeu Snape.-Mas creio que vá entender se eu não quiser recordar isso agora.
-Claro.-falou Íris baixinho.-Posso... perguntar uma coisa?
-Você já perguntou.
-Quando Lestrange te mandou escolher entre a minha vida e a sua... Por que escolheu morrer? Eu nunca esperaria uma atitude dessa de um sonserino como você.
-Os sonserinos são ambiciosos, não injustos.
-Não foi a impressão que você deixou desde o começo do ano letivo.
-Eu imaginei.
Estavam no caminho para a Torre da Grifinória, já na metade dele.
-Srta. Branden... Desculpe. Íris, você salvou a minha vida, e eu sei o valor de uma atitude como essa.
-Vou ganhar pontos na média de Poções?-gracejou ela.-Estou brincando... Mas não se esqueça que salvei a nós dois, não só a você.
-Você disse que te surpreendi, não foi?-disse Snape, olhando fixo para frente.-Você também mostrou ser muito mais do que eu esperava. Enfrentou Lestrange como se ele fosse apenas um valentão do sexto ano.
-Vou encarar isso como um grande elogio.
-Surpreendeu-me também por ser uma grifinória muito madura. Nunca encontrei alguém que reunisse as duas qualidades, com a exceção de... esqueça.
Íris parou, e olhou sorrindo para ele.
-Sabe, estou morrendo de sono e por isso acho que não ouvi direito. Disse que sou madura?
-Sei criticar, mas também sei reconhecer as qualidades de certas pessoas.-respondeu Snape, encarando-a.
-Eu sabia.-murmurou Íris, pensando alto.
-Sabia o quê?-Snape retrucou depressa.
-No começo do ano, quando começou a dar aulas pra gente... Todo mundo te odiava...
-Inclusive você, creio eu.
-Bom, acho que não te odiava.-falou ela.-Apenas te achava uma pessoa impossível.
-Impossível?
Íris encostou-se na parede e respondeu:
-É, achei impossível que você não gostasse de ninguém, e que a sua alegria estivesse apenas em nos ver ir mal nas suas provas. Tinha que ter um humano com sentimentos em algum lugar.
-E você o encontrou?
-Com certeza. Quando você negou às Artes das Trevas. Elas não trazem nada de bom, nem o poder que se adquire, e ainda consomem a sua alma por dentro.
Snape olhou-a.
-Como sabe?
-Nenhum Comensal da Morte parece ter uma alma, e muito menos o Lord das Trevas aparentava ter.
-Você chegou a vê-lo?
Foi a vez de Íris dizer:
-Por favor, Snape, não quero me lembrar disso.
-Desculpe.
-Tudo bem. Mas continue contando comigo, ok?
Íris caminhou até Snape e tocou na mão dele. Eles se encararam. A presença de Íris, que já o perturbava tanto, agora tão próxima fê-lo sentir um arrepio em todo o seu corpo, ele olhou para o rosto dela, sorridente e carinhoso, e não pôde suportar nem um segundo a mais.
Snape puxou Íris para perto de si de repente, envolveu-a com seus dois braços e um segundo antes sentiu a respiração assustada dela em seu pescoço, seus cabelos loiros roçando-lhe o rosto. Apertando-a contra si, beijou-a impetuosamente, com todo o desejo que trancara dentro de si durante todo o ano.
Foi melhor do que ele esperava ter Íris em seus braços, envolvê-la e protegê-la do que fosse. Por uns momentos, Severo Snape se permitiu deixar que seis impulsos o guiassem, abraçando-a com toda a sua força e tocando-a como tanto quisera, sentindo finalmente o sabor de seus lábios, os mais tentadores que já vira na vida.
Nota da autora: Não sei se alguém percebeu que os primeiros nomes do casal Lestrange (Alberto e Sophia) são tirados do livro O Mundo de Sofia, que é muito bom mesmo, recomendo a todos vocês! Vale lembrar que essa fic foi escrita antes de lançarem o livro cinco e de sabermos que o verdadeiro nome de Sophia Lestrange é Bellatrix. Mas, claro, são a mesma pessoa.
Continua...
