O Novo Professor

Capítulo Nove – Madrid

De volta a Londres, Íris pegou uma Chave de Portal com seus pais, para casa. Ela detestava Pó de Flu, e naquele dia eles não viram problema em fazer sua vontade. Afinal, agora tinham uma filha formada em Hogwarts.

Logo, Íris estava na sala de sua casa. Era tudo como ela se lembrava, limpo e meticulosamente arrumado, muito aconchegante. Já era noite, uma noite quente, e ela queria falar logo com seus pais sobre (quase) tudo que lhe acontecera naquele ano tão agitado.

Ela sentou-se no sofá e pediu que Thomas e Abigail Branden fizessem o mesmo. Ela gostava de seus pais, mas eles às vezes eram, por mais estranho que isso possa parecer, muito normais, um casal de comercial de margarina.

-Querem que eu conte tudo de uma vez ou vá por partes?-pelo menos ela os tinha deixado escolher.

-Como preferir, querida.-disse Abigail Branden.

-Bom... Os Comensais da Morte querem me matar e pra me proteger vou ser uma aurora.

Seus pais ficaram calados por alguns instantes.

-E por que eles estão atrás de você?-perguntou Thomas, digerindo a informação.

-Isso é uma história muito comprida -disse Íris, respirando fundo.- que começa com o professor de Poções que chegou a Hogwarts no início desse meu último ano letivo.

Ela ficou ali por um bom tempo contando essa história, e decidiu (mesmo sem saber com certeza o porquê) não contar sobre o que pensou de Snape desde o início ("Tem que ter um ser humano em algum lugar aí dentro!") e contou tudo como se só tivesse reparado nele quando eles foram atacados pelo casal Lestrange, quando ela decidiu entrar na briga contra os Comensais.

Seus pais ouviram com atenção. Sabiam que Íris fizera uma escolha e que seria bobagem tentar prendê-la em casa, agora que já era formada em Hogwarts, e maior de idade. Abigail perguntou como ela faria então sua viagem a Madrid, e Íris relatou a eles os planos que arquitetara com Dumbledore e Snape.

Ela percebeu o quanto seus pais ficaram tristes de saber o quanto a liberdade de sua filha estava limitada com essa decisão. Mas não se arrependeria agora, mesmo que essa possibilidade existisse, de alguma maneira. No terceiro dia, depois do almoço, a campainha dos Branden soou (nota da beta: alguém aí sabe se bruxos usam campainha?). Íris pegou sua mala e seu pai abriu a porta.

Ali estava Snape, e era incrível como ele parecia usar apenas roupas pretas e largas, que sempre o fizessem parecer alguém tão assustador e que honrasse sua fama de cruel a cada oportunidade.

-O senhor deve ser o prof. Snape -disse Thomas, estendendo a mão.

-Sim, sou.-confirmou Snape, apertando a mão do sr. Branden com ligeira hesitação.- O senhor deve ser o pai de, hum... Íris.

-Sou, meu nome é Thomas Branden, e essa é minha esposa, Abigail.

Snape viu-se apertando a mão da (sogrona) mãe de Íris.

-Voltaremos rigorosamente em quinze dias.-assegurou Íris para seus pais.-Não se preocupem.

Thomas olhou para Snape.

-Foi com você que ela aprendeu a usar humor negro?

Snape e Íris chegaram à "estação" das Chaves de Portal Escaladas (vide cap. 2 de Harry Potter e a Maratona Incantatem), através do Pó de Flu mesmo, embora ela não tivesse gostado nada da idéia. Ao chegarem, Íris cambaleou, zonza, e Snape segurou seu braço.

-Não vai querer desmaiar agora.-ele disse.- Você esperou por isso o ano todo.

Íris sorriu.

-Eu ODEIO Pó de Flu. Sempre me dá ânsia, não importa quantas vezes eu o use.

A mão que segurava o braço dela correu até sua mão, apertando-a.

-Pode me esperar naquele banco bem ali. Vou comprar as passagens pra Espanha.

Íris assentiu, e foi até onde ele dissera. Sentou-se e observou Snape caminhar em meio à multidão daquele seu jeito único, como se fosse um vulto ou um fantasma.

Ele mudou tanto desde o dia em que Judy e eu chegamos atrasadas na sua aula... Parece fazer tanto tempo, eu estava certa; existe um ser humano formidável ali dentro. Hoje penso no modo como o abordava quando estava no começo do ano, não é á toa que ele tenha se assustado... Eu parecia uma criança de dez anos brincando de faz de conta, enquanto ele tinha que estar sempre à espreita, para o caso de algum Comensal estar preparando uma emboscada. Não que eu tenha amadurecido muito desde o sétimo ano, mas... Bom, passar perto da morte afeta a gente. Ao menos eu acho...

Um pequeno tempo depois, ele voltou com as passagens. Íris tomou um lanche (cujo pedaço Snape recusou), quando viu alguém conhecido no meio da multidão, e um grande sorriso apareceu em seu rosto.

-Judy!

A garota morena virou-se na direção da voz que a chamava. Com uma expressão alegre, veio até ela. Quando notou Snape sentado com ela, seu rosto demonstrou um esgar de surpresa antes de se conter.

-Íris, que bom te ver por aqui!! Pra onde você vai? Cadê os seus pais?

-Eles não vão comigo.-sorriu a loira.-Vou pra Madrid...

-Vou até ali beber água.-avisou Snape para Íris.-Volto em breve.

Quando ele se afastou o suficiente, Judy disse:

-Íris Branden, o que diabos esse homem está fazendo aqui com você?

-É uma longa história... Está vindo comigo como meu guardião, a mando de Dumbledore.

-Guardião? Íris, e pra quê você precisaria de um guardião pra fazer sua viagem de férias?

-Eu já te disse que há muito o que te contar, Judy. Na verdade, não sei se você deveria saber. Posso colocar a sua vida em sério risco.

-Agora você já despertou a minha curiosidade jornalística, mocinha.-falou Judy.-Pode começar a falar.

-Olha aqui -murmurou Íris, puxando a amiga para mais perto, falando em seguida numa voz muito baixa.- tudo o que posso te dizer é que estou sendo procurada pelos Comensais da Morte.

Judy tomou um susto até onde era possível tomar.

-Mas você está se protegendo dos Comensais andando com um deles?

-O Sev... Snape é da confiança de Dumbledore. Não há problema com ele. Mas você não disse para onde está viajando!-acrescentou Íris, doida pra mudar de assunto.

-Buenos Aires.-respondeu a outra.- Depois o Rio. Em um mês começo no Profeta Diário!

-Parabéns!-cumprimentou Íris.-Quando você vai pegar a sua Chave?

-Acho que meia hora depois de você.-disse Judy.-Ih, veja lá, aquele infeliz está voltando. Boa sorte com ele, Íris, espero que mesmo com esse emplastro você consiga se divertir.

-Deixe comigo.

Minutos depois, Íris perdeu Judy de vista, e Snape voltou a se sentar com ela.

-Essa sua amiga...-comentou ele, medindo as palavras.- Não parece ser o melhor tipo de pessoa do mundo.

-Não se preocupe -assegurou Íris, rindo.- Ela também te odeia.

N/A - Este capítulo não tem ação nem romance, mas é necessário, pois existem algumas pistas de algo que acontecerá em um ou dois capítulos seguintes. Obrigada pelos comentários da fic!