O Novo Professor

Capítulo Dez – Traição

Pouco depois do encontro com Judy, Íris e Snape pegaram a Chave de Portal para Madrid. A mudança de ambiente não foi tão brusca quanto ela esperou; pessoas falando espanhol à sua volta e muito mais movimentação foram os maiores diferenciais.

-Belo lugar.-foi o único comentário de Snape.

-Você sabe espanhol?-perguntou Íris.

-Nem uma palavra.-disse o homem.-Mas tenho a solução pra isso: Poção da Compreensão.

Snape tirou do casaco (que carregava mesmo no verão) um vidro com uma poção amarela, e Íris se lembrou da poção que, dependendo da intensidade de ingredientes com que fosse feita, podia fazer com que alguém entendesse algum idioma qualquer por horas ou até dias. Cada um deles tomou metade do líquido.

Íris achou muito engraçado aprender a falar espanhol.

-Que língua engraçada.-ela murmurou, com tanta habilidade como se aquela fosse sua língua natal.

-Ficou combinado que nos hospedaríamos num hotel de trouxas.-disse Snape.-Por isso, teremos que ir até ele como trouxas.

-E você sabe como fazer isso?

-Alguém que já teve que ficar escondido por uns tempos precisa saber se virar entre os trouxas.-disse o outro.-Em primeiro lugar, precisamos saber onde fica o Gringotes daqui.

Para isso, eles compraram um mapa da cidade, que mostrava os lugares trouxas e bruxos. Snape e Íris foram até o Gringotes de Madrid usando Pó de Flu ("Quantas vezes vou ter que dizer que eu ODEIO Pó de Flu???"), e trocaram algum dinheiro bruxo por trouxa. Em seguida, Snape pegou um táxi, provando a Íris o quanto já sabia sobre trouxas. Logo, pararam na frente de um belo hotel, e novamente foi ele quem tomou as rédeas da situação e registrou a ambos.

-Vamos ficar em quartos separados?-Íris perguntou.

-Você é que sabe.

-Nada contra ficarmos no mesmo quarto.-ela murmurou.-Mas seria bom que houvesse duas camas.

-Pra isso vou ter que registrar você com um nome falso. Caso contrário, não vão nos deixar ficar no mesmo quarto.

-Por mim, tudo bem.-ela disse.- Talvez desse modo possamos nos disfarçar mais ainda caso eles venham atrás de nós.

O que ela não sabia foi que ele os registrou como sr. e sra. Snape.

Eles entraram no quarto. Íris se jogou com tudo na cama, enquanto ele foi até a janela observar a vista.

-Bom, chegamos.-disse ela, respirando fundo.-O que quer fazer primeiro?

-As férias são suas.

-Severo, espero que não tenha vindo comigo pra me fazer ficar no hotel o dia todo!-exclamou ela, abrindo um folheto turístico.- Esse parque aqui parece ser maravilhoso...

Snape não teve como resistir. Íris a arrastou a tarde toda pela cidade, foram a um parque, a um museu e, à noite, jantaram num restaurando ao ar livre.

-Ahhhh... Foi um dia ótimo!-exclamou ela, enquanto esperavam a comida.

Snape não disse nada.

-O que você tem?-Íris quis saber.-Pensei que estava gostando da viagem.

-Sim, estou.-ele disse.-Mas não consigo parar de pensar que está tudo muito tranqüilo.

-E não foi pra isso que viemos pra tão longe de casa?-Íris pousou sua mão sobre a dele, debruçando-se sobre a mesa.-Vamos esquecer um pouco que há um exército de Comensais atrás da gente. Não temos medo deles, podemos enfrentá-los a qualquer momento!

-Não estou preocupado comigo.-retrucou Snape, olhando para a mão de Íris.- Você sabe.

-Sei?-ela perguntou.

-Não me faça o que você sabe que é verdade.

-Que você se importa comigo?-ela falou, juntando coragem.

Snape desviou o olhar dela.

-Fale, Severo. Em mim você pode confiar, esqueceu que estamos juntos nisso? Esqueceu que eu escolhi estar nisso com você?

Neste momento, o garçom trouxe a comida e Snape foi salvo pelo gongo. Um tempo depois, pagaram e foram á pé para o hotel, que era perto dali.

Íris estava insegura, e em parte brava com Snape.

-Severo...

-O que aconteceu?

-Na Inglaterra, Dumbledore disse que você viria como meu guardião. Honestamente falando, achei que...-ela estava se esforçando pra falar. Estava com um pouco de medo.- Achei que você viria também pra me fazer... companhia. Você disse se importar comigo, mas...

-Qual é a sua dúvida, afinal?-Snape perguntou, parando de andar.

Íris também parou, olhando para ele.

-Você não parece gostar de mim do modo como gosto de você, Severo. Acho que você se arrependeu de ter me beijado quando eu ainda era aluna de Hogwarts. Acho que você só fez aquilo por fazer e se arrependeu de verdade de ter vindo...

Íris foi interrompida quando Snape a segurou pelos dois braços, trouxe-a pra perto e beijou-a, no meio da calçada. Íris relaxou por uns instantes, e deixou-se beijar, quando achou que aquilo não respondia às suas dúvidas.

-Está vendo? Você fez de novo!

-Das últimas vezes em que te beijei você não reclamou.

-Mas agora eu reclamo, porque parece que essa é a única coisa que faz com que você esteja aqui comigo.

-Você está fazendo tudo parecer complicado.-resmungou Snape, voltando a andar.

-Eu estou fazendo parecer complicado? Não senhor, não fui eu quem tem dificuldade em assumir que tem sentimentos! Ou que não tem! Diga agora, Severo, porque não sou nenhuma bonequinha sua!

-Dizer o quê? Que estou apaixonado por você? Há realmente essa necessidade?

-Não, caso você não esteja.-falou Íris em tom irritado, andando mais depressa e indo à frente.

Ela foi na frente, com passo irritado, até o hotel. Snape não se alterou e foi atrás dela. Ela tentou ser mais rápida e não deixar que ele entrasse no quarto, mas falhou.

Snape fechou a porta com chave.

-Já que é tão importante pra você -ele murmurou, olhando a fechadura da porta.- Estou apaixonado por você, Íris.

Ela estava sentada na cama.

-Se isso é verdade, porque tanta dificuldade em confessar? Não é nenhum crime, ao menos de onde eu venho.

Snape se virou.

-Isso é irrelevante, srta. Branden.

Íris não pôde deixar de sorrir.

-É mesmo?-disse, se levantando.

-A única coisa relevante neste momento -murmurou Snape, andando na direção dela e parando bem na sua frente.- é que estaremos trancados aqui a noite toda.

Com um sorriso feliz, Íris passou os braços em torno do pescoço dele, tocando os lábios dele com os dela. Snape abraçou-a com força, beijando-a. Ele foi conduzindo-a para trás enquanto a beijava. As pernas de Íris já tocavam na cama, quando, num grande estrondo, a porta abriu-se.

-Desculpem interromper essa cena tão romântica -disse alguém, do batente da porta destruída.-, mas tenho uma missão muito importante pra cumprir com a maior urgência.