O Novo Professor
Capítulo Onze - Íris Não Pode Morrer
Snape afastou-se de Íris e os dois miraram, com terrível surpresa, o emissor da ameaça.
Judy Halfman.
Íris mal podia acreditar no que estava vendo. Sua melhor amiga dos tempos de Hogwarts, com uma varinha apontada pra ela e com... Uma Marca Negra no braço??
Era nojenta. Judy deveria ter ido com uma camiseta regata só para mostrar a Marca para Íris e Snape, mostrar que mudara de lado e que sua ambição superara a nobreza que tivera antigamente.
Íris, muda pelo choque, mal conseguiu balbuciar:
-Judy? O que pensa que está fazendo? Você não ia para a... Argentina?
-Foi o que fiz com que vocês pensassem, Íris. Ou achou mesmo que minha maior ambição era ser apenas uma jornalista amadora de artigos de fundo do Profeta?
-Judy... Não pode ser você quem está dizendo tudo isso.-insistiu a loira.
-Não? Quem é você para pensar isso? Você pensava me conhecer, e há uma qualidade minha que você nunca descobriu... Sou uma ótima atriz. "Em um mês começo no Profeta Diário, Íris", "o que esse homem está fazendo aqui com você, Íris", "comensais atrás de você, Íris? Mas por quê?". Você queria saber quem é que quase te matou com aquele Feitiço Agoniante... Não te passou pela cabeça que teria que ser alguém de dentro de Hogwarts? Certa vez tentei fazer o serviço completo, transferir toda a sua energia num raio que matasse Snape... Teria sido perfeito. Mas não... Em todo caso, isso não foi problema, afinal você estava preocupada demais tentando saber o porquê de estar sendo atacada para querer descobrir quem te queria morta.
'Será que estávamos atrás de você por tentar encobrir um traidor? Bom, era exatamente isso que você pensava. Mas não... Nós, os Comensais Fiéis, precisamos impedir que a família Ravenclaw chegue à sua centésima geração, contando de Rowena... Severo já deve ter te falado sobre isso.
Snape ergueu as sobrancelhas.
-Desde quando você me chama de Severo, menina?
-Pode parar de fingir, homem, já a pegamos mesmo... Ela não tem como fugir daqui.
-Você só pode estar mentindo, Judy...-balbuciou Íris, a mente não querendo acreditar em uma palavra do que ouvia.
-Pra quem sempre foi tão inteligente, srta. Branden, você está muito lerda pra compreender.-retrucou Judy, com um fino sorrisinho.- Severo não teve dificuldade em enganar Dumbledore e se tornar professor, para procurar a geração número noventa e nove de Rowena Ravenclaw... E a descobriu, era justamente aquela que mostrou tanto interesse por ele, desde o início... Foi patético ver aquilo, Íris, francamente.
Perplexa, Íris olhou para Snape, o homem que a estava beijando há poucos minutos... Como aquilo era possível?
-Não acredite nela -Snape apressou-se a dizer.- Não sou mais um Comensal, Íris, não é porque a Marca Negra ainda está aqui que pertenço ao Lord das Trevas!
-Mesmo que vocês dois sejam traidores -murmurou Íris, enquanto recuava.- O que os faz pensar que podem me matar? Esqueceram-se de que eu sou...
-Por quanto tempo mais vai se prender a esse dom de família, garota?-riu Judy.-Minha varinha está bem apontada pra você, e mesmo que me estupore terei tempo de gritar o feitiço que vai te matar... Tão inocente, não acha, Severo?
-Só posso achar que você está maluca.-retorquiu Snape, furioso.-Agora, baixe essa varinha e vá embora, é o melhor que você faz.
-Acha que estou brincando? Francamente! Se são cegos demais pra ver a minha Marca Negra, talvez a Maldição Cruciatus os convença... Vou matá-la aqui e agora, e quanto a você, Snape... Depois verei o que faço com você.
Pela porta arrebentada, os três ouviram passos, cada vez mais próximos. Por um instante fugaz, Íris teve esperança de escapar, mas ninguém poderia protegê-la de uma bruxa com uma varinha apontada diretamente para o seu coração...Mas Judy não parecia nem um pouco preocupada.
-Avery, pensei que você não vinha.-foi seu único comentário quando um outro homem, alto e corpulento, de cabelos escuros e olhos muito claros, como os de um vampiro, adentrou o quarto. Snape reconheceu John Avery, um dos Comensais da Morte.
-Ainda não terminou o serviço?-disse ele, numa voz rouca, mas sossegada.-Ande logo com isso, precisamos terminar o trabalho. Acabei de receber uma coruja de Lúcio dizendo que encontrou o maldito Karkaroff.
-Já não era sem tempo.-Judy retrucou, sem tirar os olhos de Íris.-Onde acha que devemos matá-los, John? Aqui neste hotel trouxa mesmo?
-Poderíamos aproveitar para eliminar alguns deles.-sugeriu o outro, com um leve brilho assassino nos olhos.
-Não seja idiota, em tempos como esses nós somos poucos e não podemos nos dar ao luxo de fazer pequenos joguinhos... Os aurores espanhóis estariam aqui numa questão de segundos.
-O que está esperando, então?-ponderou Avery, sacando a varinha.-Eu mato Severo primeiro, estou precisando acabar com a vida de alguns traidores ultimamente...
-Pelo menos desistiram da idéia de que ainda sou um de vocês -retrucou Snape, evitando se mexer e tentando conter o turbilhão de pensamentos do tipo eu-vou-morrer de sua cabeça.
-Cale-se!-gritou Judy, e Íris sonhou que alguém a ouvisse. O que ela não sabia é que Avery e Judy usavam um Feitiço Silenciante.-Você, Íris, foi muito idiota e nunca mostrou que poderia me ajudar com a Causa... Se fosse assim, não morreria agora... Avada...
A mente de Íris rodou entorpecidamente em milésimos de segundo. Mesmo que não pudesse matar alguém com um feitiço normal, ainda havia o kiway. Antes de tudo, Íris experimentou um peso na consciência por ter que matar sua melhor amiga. "Esta não é a minha melhor amiga Judy, não é..."
-Avada Kedavra!
Avery e Snape recuaram ao ver as duas maldições se chocando em pleno ar, com uma força apavorante. Mas depois, cada um dos feitiços atingiu seu destino... Íris e Judy caíram por terra.
Aquele momento seguinte parecia não passar. Snape mal podia se mexer. Mal podia acreditar. Íris, a pessoa que ele tanto se preocupara em proteger, a nonagésima nona herdeira de Rowena Ravenclaw, morta... Os Comensais da Morte haviam vencido. Agora, ele não tinha o menor motivo para lutar contra Avery.
Mas ele precisava... Se os dois morressem, como seria? Íris fora uma benção na sua vida, tão grande e tão confortante quanto o perdão de Dumbledore a todas as atrocidades que cometera. Íris não fora apenas uma bruxa muito poderosa... Fora a pessoa que ele amava.
Avery, de alguma forma, também parecia entorpecido com a morte de Judy. Talvez não fossem apenas colegas, mas isso nunca mais teria importância. A chance de Snape escapar estava ali. Num movimento rápido, controlando a tristeza profunda que vinha de dentro dele, ele roubou a varinha de Avery.
-Imobillus!
Quando o Comensal quedou-se imóvel ali, Snape jogou-se na cama, partiu a varinha de Avery e largou-a no chão. Ele não conseguira cumprir a promessa de Dumbledore. Deixara que uma inocente morresse.
Snape esperou que chorasse naquele momento, e embora a vontade fosse imensa, nenhuma lágrima caiu de seus olhos. Ele não conseguia alívio. Se ele ainda soubesse executar um Feitiço da Vida...
Enquanto procurava um pedaço de pergaminho para relatar o acontecido ao diretor de Hogwarts imediatamente, Snape viu passarem diante de seus olhos várias imagens de Íris, desde aquele primeiro momento em que chegara atrasada na sua aula, ao lado daquela... traidora...
No instante seguinte, Snape desistiu de escrever a carta. Ele precisava de algum modo mais rápido, quando mais depressa Dumbledore soubesse de tudo, melhor. Mesmo que a esperança já não existisse mais.
Havia um modo. Snape levantou-se da cama, e correu pelo hotel à procura de uma lareira, e percebeu que tudo parecia muito deserto. Encontrou provas da impaciência e do descuido de Avery, ao dar de frente com três cadáveres trouxas, mortos pela Avada.
Virando um corredor, finalmente achou o restaurante do hotel, que possuía uma lareira sabe-se-lá para que fins. Tirou um pouco de pó laranja de um saquinho que sempre carregava consigo, logo depois de acender o fogo. Falou com Dumbledore daquele modo, sabendo que o diretor via apenas sua cabeça flutuando entre as chamas, e contou tudo.
Snape teria que esperar que a equipe do Ministério da Magia Espanhol chegasse. Enquanto isso, não era aconselhável que ficasse no quarto onde tudo acontecera, para não sofrer mais ainda.
Assim que se despediu de Dumbledore, Snape saiu do hotel e sentou-se no jardim, no meio das plantas. Ali, finalmente, as lágrimas trouxeram-lhe um pouco de consolo.
N/A - Alguns feitiços (o da Vida, o Silenciante e o Agoniante) são invenções da amante-de-trouxas-Dumbledore, que é o que se pode chamar de minha beta. Se quiser saber mais sobre o Feitiço da Vida, dê uma olhada no cap. 5 (acho q é esse) de HP e a Ligação Silenciosa, a primeira fic dela. Mas eu não aconselho, se você é contra Mary Sues!
