Vivendo no Limite
Por B166ER
Capítulo 3
Você deveria sorrir
Outro
momento de decisão
Uma bifurcação cravada na estrada
O tempo te pega de surpresa
E te fala para onde ir
Então tire o máximo proveito desse teste
E não pergunte "por quê?"
Isso não é uma pergunta
Mas uma lição que aprendi na vida
É
algo imprevisível,
Mas no fim, é certo
Espero que você tenha tido o momento da sua vida.
(Good Riddance [Time Of Your Life] - Green Day)
Parou em frente a uma casa à venda, sempre que estava indo para o trabalho passava ali em frente, não era tão grande, mas até um pouco espaçosa para apenas uma pessoa. Era de um tom de azul claro, tinha uma pequena varanda na frente com um banco, uma garagem do lado direito e um pequeno jardim na frente com uma bela cerejeira. Tocou a campainha da casa e logo uma senhora de uns quarenta anos de idade apareceu na porta.
- Boa-tarde!
- Boa-tarde! Eu gostaria de comprar esta casa, é com a senhora que eu devo falar?
- Ah, sim, sim. Entre, por favor.
Sakura abriu o portão e entrou na casa, a senhora sorria. A casa era muito bonita por dentro, parecia que havia sido construída há pouco tempo, os móveis eram todos novos. Havia um quarto, uma suíte, um banheiro, uma sala, uma cozinha e uma lavanderia. Tudo estava bem limpo e arrumado.
Enquanto mostrava os lugares a senhora chamada Ruri contava sobre a casa e seus motivos de vendê-la. Ruri muito simpática e risonha, mas com um olhar triste. A casa fora construída a menos de dois anos, desde que ela havia se separado do marido, mas ela se sentia muito sozinha ali, por isso ia morar com uma irmã dela, que era viúva.
- Ah, sim. É uma pena que a senhora tenha se separado do seu marido, mas se a senhora se sente mais feliz agora, espero que se sinta mais ainda junto de sua irmã. – disse Sakura gentilmente, já esquecendo da briga na casa dela.
- Obrigada, minha querida, também espero que sim.
As duas acabaram conversando por um longo tempo, enquanto tomavam um chá. Sakura ficava cada vez mais encantada com a senhora, por tudo que ela havia passado e que apesar de tudo ela ainda continuava tão confiante, tão esperançosa. E Ruri gostou muito de Sakura, era muito gentil, prestativa, sorridente e tinha um belo par de olhos verdes que transmitiam paz para ela.
Sakura acabou comprando a casa com o dinheiro que ela tinha ganho na corrida e algumas economias que ela tinha, haviam sido gastos em uma boa coisa. Ruri ficou muito feliz com a venda da casa, embora tenha ficado receosa com isso no começo, mas vendo que Sakura cuidaria bem de um lugar onde, apesar de ter sido solitária ali, tinha passado bons momentos.
Olhou no relógio, já eram quase sete da noite, despediu-se da senhora e marcou a data de entrega da casa, Ruri disse que já deixaria todos os papéis prontos e que ficara muito feliz de ter conhecido uma pessoa tão especial como Sakura.
Entrou no carro e foi para casa, seu irmão já não estava mais lá, ainda bem, evitaria mais brigas, estivera tão bem com a senhora Ruri que até esquecera da do acontecido. Entrou e foi procurar o pai, encontrou-o sentado em uma poltrona na sala com uma caixa cheia de revistas e álbuns. Ela sorriu, eram as fotos de Nadeshiko. Sentou-se no no apoio do braço do sofá, ao lado do pai, apoiando-se no nele para também ver as fotos.
- Olá, minha filha. Desculpe-me... – foi interrompido por Sakura.
- Pai, não precisa se desculpar, eu sei que eu não deveria ter gritado com vocês. Mas mesmo assim eu não vou deixar o Setsuna, eu sei que ele pode não ser o cara certo, mas ele é muito bom para mim, papai, ele me faz feliz e eu gosto muito dele.
- Tudo bem, minha filha, não discutiremos mais isso.
- Obrigada, pai. Hmmm, pai, eu tenho que lhe contar uma coisa... – disse receosa.
Sakura sempre fora uma pessoa direta, por isso quando ela ficava receosa para falar algo era porque com certeza era importante. Por isso Fujitaka colocou os álbuns e as revistas dentro da caixa, no chão, e olhou para a filha, chamando-a para deitar-se em seu colo.
- Oras, pai! Eu já tenho vinte e quatro anos, não preciso mais me deitar em seu colo... – olhou para ele e sorriu, sentando-se no assento ao lado e deitando com a cabeça no colo do pai. – Bem, já fazia um tempo que estava pensando em mudar-me de casa, mas sempre pensei que deixar você sozinho não ia ser bom. Só que hoje percebi que sempre preciso tanto de vocês para tudo, eu queria ser um pouco mais independente... não que vocês não me deixem fazer nada, mas é que acho que já está na hora de eu me mudar. Então, vou me mudar para uma casa, mas não se preocupe, é aqui perto, prometo que vou visitar você sempre, não vou fazer que nem o Toya. – Fijitaka riu.
- Minha filha, você sabe que o Toya trabalha muito, por isso que ele não vem sempre. E se você pensou que eu ficaria chateado com a sua decisão, você se enganou. Eu entendo que queira ter a sua própria vida e que, com certeza, você pensou em todos primeiro e depois em você. E sabe que gostamos muito de você e que o que te fizer feliz vai nos deixar feliz também.
- Esse plural é contando com o Toya? – Fujikata riu novamente.
- Você sabe, Sakura, você já não tem doze anos, sabe muito bem como seu irmão é.
- Eu estava brincando. Mas apesar de entender, eu não aprovo.
- Só você mesmo para me fazer rir tanto, assim como sua mãe me fazia. Mas, quando você vai se mudar?
- Eu não sei. Tudo vai ficar pronto daqui a duas semanas.
- Então na outra sexta-feira seria um dia bom para levar as coisas, nós limpamos tudo na quinta e mudamos as coisas na sexta.
- Não precisa se preocupar com isso, pai, mas toda ajuda é bem-vinda.
- Isso é o mínimo que eu deveria fazer para você, minha filha.
Sakura estava andando no shopping e ao passar em frente a uma livraria resolveu ver se tinha um romance antigo que diziam que era muito bom. Estava distraidamente vendo as prateleiras dos livros, andando de lado quando esbarrou em alguém.
- Desculpe-me. – disse abaixando a cabeça – Eu sinto muito...
- Não, tudo bem, senhorita Kinomoto.
Ela ouviu a voz, já conhecida, levantou a cabeça para finalmente encarar o homem com quem havia trombado. Usava uma blusa azul meio colada, marcando os belos músculos, uma calça preta manchada, um sapato preto e uma bela corrente prata com um pingente de uma cobra formando um "S". Encarou-o, Syaoran era realmente lindo.
- Que prazer revê-lo, senhor Li.
- O prazer é meu.
Realmente era um prazer ver Sakura, ela era linda. Estava vestindo uma blusinha de alças branca, uma calça jeans, um cinto fino branco de duas voltas e um tamanco branco. Não podia negar, sentia algo por ela.
- Mas que coincidência, não é? – disse Sakura.
- Realmente. Eu ia perguntar o que faz aqui, mas é algo tão óbvio. – Sakura deu uma discreta risada.
- Verdade. Está procurando um livro para você?
- Não, eu vou mandar para a Meiling, na China.
- Sua namorada?
- Ah, não exatamente. – disse ele coçando a nuca.
Sakura percebeu que ele não queria falar sobre Meiling e achou melhor não perguntar mais nada sobre isso.
- Você já sabe o livro?
- Não, eu estava dando uma olhada nos livros para saber se tinha algum do gosto dela.
- Desculpa me intrometer, mas eu posso lhe sugerir um. – olhou a prateleira procurando o livro, ao achá-lo pegou-o e entregou para Syaoran –Este eu já li, é um livro muito bom . Eu não sei o gosto dela, mas este livro é um romance com bastante ação e tragédias.
- Eu acho que é perfeito, vou levá-lo. Obrigado, Kinomoto, pelo jeito você deve ler muito.
- De nada. Eu já li bem mais, agora estou um pouco parada com minha leitura, mas pretendo retomar.
- Você já escolheu o seu livro?
- Eu estou a um bom tempo tentando encontrar um romance antigo, mas eu não encontro em nenhuma livraria, está difícil de achar.
- Você perguntou para algum atendente se tem o livro aqui?
- Não, estava dando uma olhada antes. Eu vou perguntar. – disse Sakura se virando.
- Espere!
- Sim?
- Desculpa por ser tão inconveniente, mas você gostaria de tomar um sorvete ou comer alguma coisa?
- Inconveniente? De modo algum você é inconveniente. Seria ótimo ter alguma companhia.
- Então eu vou pagando o livro e espero você, está bem?
- Certo.
Sakura foi perguntar a uma atendente se havia o livro, mas infelizmente não tinha, agradeceu a moça e procurou Syaoran, que estava no caixa. Foi até ele, pensando o quanto estava difícil encontrar esse livro. Aproximando-se, percebeu que a senhorita do caixa estava fazendo charme para Syaoran e quando viu Sakura parando ao lado dele disfarçou e continuou fazendo o trabalho.
- Então, encontrou?
- Não.
- Que pena.
- Pois, é.
Depois do livro embrulhado e tudo pago os dois saíram da livraria. Andaram um pouco pelo shopping chegando à praça de alimentação. Acabaram tomando chá com bolo, enquanto conversavam começaram a se conhecer melhor.
Sakura descobriu que Syaoran era executivo, havia se mudado há pouco tempo, ele não entrou em muitos detalhes, pois não falava muito sobre ele, mas já percebera que ele era bem diferente do que se mostrara no dia da corrida. Já Syaoran sabia bastante sobre Sakura, era muito aberta, pura, transparente. Estava realmente gostando daquela garota.
- Kinomoto...
- Me chame de Sakura.
- Certo. Sakura, me perdoe por tamanha intromissão, mas me diga o porque de você correr.
- Por quê? Só digo se você disser o seu porque.
Um riso escapou dos lábios de Syaoran, o primeiro sorriso sincero que Sakura o viu dar. Ela ficou quase que encantada. Ele ficava mais lindo sorrindo dessa forma, do que com aquele sorriso sarcástico irritante. Já Syaoran pensava que essa era a primeira vez que uma pessoa "estranha" o fazia sorrir livremente, ele que sempre fora tão neutro.
- Você devia fazer mais isto. – comentou Sakura sorrindo.
- Isto o quê? – Sakura riu meio incrédula.
- Sorrir! Oras!
"Se você estiver ao meu lado, eu irei sorrir sempre!" Syaoran pensou em responder.
- Mas, me diga, por que você corre... – Sakura desviou o assunto.
- Eu corro porque eu gosto de velocidade, gosto da emoção, gosto dos carros... E você?
- Eu corro porque é uma maneira de eu sair do meu mundo certinho, em que eu acordo cedo, dou aulas, volto para casa, preparo as aulas, vou ajudar meu pai na faculdade ou saio para passear. Não que eu não goste da vida que eu tenho, mas é que eu sinto uma emoção diferente, sem contar que eu adoro carros.
- E o Setsuna?
- Bem, ele não influencia nessa minha vontade de correr, desde que eu comecei a entender de carros eu sonhava em correr, até que um dia meu bisavô me deu a minha jóia, meu pai e ele discutiram um pouco, mas meu pai acabou aceitando, já que eu queria muito correr. Agora os dois, e um pouco eu, bancamos as corridas, mas os dois não participam, dizem que é coisa só minha. Apesar de todo o protecionismo, meu pai é incrível. Opa, eu acho que falei muito, não é? Desculpa por fazer você ouvir tanta bobagem...
- Bobagem? Não é bobagem, você tem sorte de ter uma família assim. A minha não me deixa fazer nada, cheia de regras, de tradição, frescura, eu diria, mas eu não posso fazer nada, sou o único homem da família e por mais que deteste essas frescuras, não posso simplesmente ignorar tudo.
- Nossa, que, hmm...
- Merda?
- É... – respondeu um pouco envergonhada.
Syaoran soltou uma gargalhada.
- Hã? O que há com você? Eu sou uma palhaça por acaso? Mas talvez eu deva ganhar um prêmio... – disse rindo.
- Palhaça? Não, nunca! Eu estava rindo da sua hesitação em falar merda. Mas um prêmio por quê?
- Porque eu consegui fazer você sorrir duas vezes em menos de dez minutos! Você que parecia tão sério... – Syaoran soltou mais uma gostosa gargalhada.
- Terceira vez!
- Acho que você faz mal para mim.
- Eu? Nossa, como eu sou má. – Sakura riu tentando imitar uma risada maléfica.
- Realmente.
Ele se sentia muito descontraído perto de Sakura, ela, de alguma forma, fazia tudo parecer mais simples. Sua vida agitada não parecia existir naquele momento em que estava com Sakura, ela simplesmente o fazia esquecer de tudo. "Esquecer?" Olhou para o relógio, três e vinte e duas. "Droga! A reunião!". Nem ia dar tempo de trocar de roupa.
- Sakura, desculpe-me, mas eu tenho uma reunião na empresa, é sábado, mas sabe como são essas empresas. Tenho uma reunião marcada e eu não posso faltar.
- Tudo bem, eu entendo.
- Poderemos conversar mais vezes?
- Claro!
- Então, hum, poderia me dar o seu telefone?
Sakura pensou que poderia ser uma desculpa para conseguir o número dela. "Deixa de ser boba, Sakura! O Syaoran mostrou ser seu amigo, além do mais ele sabe que você namora o Setsuna". Ele anotou o número.
- Desculpe-me, mesmo. Eu me esqueci completamente da hora. – ele abriu a carteira e pegou um dinheiro – Tome, pague a conta e tem um dinheiro a mais para você comprar o que quiser, é um modo de eu me desculpar por isso, não me entenda mal, eu não estou te comprando, diga-se que é um presente.
- Não precisa se incomodar com isso...
- Eu já disse que é um presente! Deixa de ser teimosa! Até mais.
- Obrigada, até mais, então.
Syaoran pegou todas as sacolas e saiu apressado, ele nem tinha comido o bolo direito. Sakura terminou de tomar o café e pegou o dinheiro, ela ficou quase pálida, ele tinha dado cerca de cinco mil trezentos e sessenta e sete ienes (quase 150 reais, de acordo com a cotação de 03/02/2004). Pagou a conta e guardou o restante do dinheiro, ele só podia ter se enganado com uma quantia daquelas.
Comprou ainda umas coisas, animada com o dia que tivera, Syaoran era um amigo muito legal. Voltou para casa com muitas coisas para sua nova moradia, estava sendo muito gostosa a idéia de se mudar.
- Opa! Cuidado com essa caixa, tem coisas que quebram. – Sakura apontava para uns vasos que pagara muito caro.
- Veja se está tudo certo, senhorita Kinomoto – um dos homens que estavam carregando a mobília entregou uma prancheta para Sakura - E assine aqui em baixo, por favor.
Sakura deu uma conferida no endereço, tudo certo, assinou no lugar que o homem indicara e devolveu a prancheta. Esses últimos dois dias estavam sendo muito cansativos. Empacotar coisas, limpar a casa nova, separar o que levaria, não pensou que se mudar fosse tão complicado.
Seu pai a ajudou muito, apesar da idade. Ela sempre dava uma bronca nele por estar carregando peso demais para um homem da idade dele, mas ele dizia que estava somente velho e não acabado, Sakura ria, seu pai era teimoso às vezes.
As coisas chegaram intactas na casa, tudo certo, mas tinha mais uma seção de limpeza, tudo estava encaixotado. Tomoyo chegou de surpresa e trouxe algumas empregadas para ajudar.
- Tomoyo, não precisava se preocupar!
- Que é isso, Sakura! Você sabe que eu poderia te ajudar, deveria ter me pedido.
- Obrigada, Tomoyo.
- Ahhhh!!! Estava me esquecendo! Trouxe alguns presentes para você.
- Presentes? Já disse que não precisava se incomodar,
- Quer dizer, não são exatamente presentes para você, são para a casa. Se não se importa.
- Imagina! Brigadão, Tomoyo!
Tomoyo pediu que trouxessem os presentes. Sakura levou um susto, Tomoyo tinha comprado um monte de coisas: sofá, enxovais, alguns aparelhos eletro-domésticos que estavam faltando, televisão, tapetes e muito mais. A casa que ia ficar um pouco vazia pela falta dessas coisas já estava completa, com certeza seu pai contara para prima o que faltava na casa.
- Obrigada, Tomoyo!! – Sakura abraçou a prima contentíssima. – Você é um anjo!
- Não exagere, Sakura. – Tomoyo disse rindo. - Mas, vamos logo arrumar essa casa.
Um homem pediu licença e entrou na casa com um belo sorriso, observou todas as caixas e foi em direção às duas mulheres que estavam no meio do aposento que, provavelmente, seria a sala.
- Oi, Tomoyo! Oi, Sakura!
- Olá, Eriol. – responderam as duas ao mesmo tempo e todos riram.
- O que você veio fazer nessa bagunça? – disse Sakura um pouco confusa.
- Tomoyo me disse que você ia se mudar hoje e eu pensei que talvez pudesse ajudá-la. Já que, apesar de trabalhar como médico, eu também sou decorador, se bem que o segundo é mais um hobby. Vim ajudar vocês, trouxe umas coisas ótimas que eu e a Tomoyo escolhemos.
- Vocês dois, hein? Não precisavam ter se preocupado com essas coisas. Fico tão sem graça de não poder fazer nada em troca. Obrigada por tudo, vocês são incríveis. Muito obrigada Eriol, você nem me conhece direito e já está fazendo tanto por mim, obrigada mesmo. E Tomoyo eu continuo achando que você é um anjo, só pode, você é a melhor amiga que alguém pode ter! Por isso, Eriol, cuide muito bem da minha prima ou você vai se ver comigo!
- Pode deixar! – Eriol sorriu.
- Bem, mas vamos logo terminar tudo isso! – disse Tomoyo.
- É, chega de conversa fiada. – completou Sakura rindo.
Quando tudo ficou realmente pronto já eram mais de sete da noite. A casa havia ficado maravilhosa, os cômodos ficaram todos muito bem decorados, havia quadros, vasos e outros objetos decorativos muito belos e que eram a cara da Sakura, só a Tomoyo para acertar em cheio no gosto dela.
Sakura se ofereceu para fazer um chá, enquanto Eriol e Tomoyo ficaram conversando na sala. Minutos depois Sakura voltava com uma bandeja com alguns biscoitos e chá.
- Esses biscoitos meu pai fez ontem. Estão uma delícia.
- Obrigado, Sakura. – agradeceram Tomoyo e Eriol pelo chá.
- Gente, a casa ficou melhor do que eu imaginei, se não fosse por vocês... Obrigada, novamente.
- Que isso, Sakura, você já agradeceu o bastante por uns cinqüenta anos. – disse Tomoyo rindo.
Todos riram e continuaram a conversar e a comentar sobre a casa. Logo um celular toca.
- É o meu. – Sakura atendeu o celular que estava sobre a mesa de centro. – Alô?
- Sakura?
- Syaoran!
Sakura abriu um largo sorriso, que foi facilmente percebido por Tomoyo. Enquanto Eriol deu um daqueles sorrisos de que suspeitava de algo.
- Olá, Sakura! Eu só queria saber como vão as coisas.
- Eu vou bem, só um pouco cansada, acabei de me mudar. E você?
- Eu vou bem, só um pouco atolado de trabalho. Só liguei para saber se você vai correr no sábado.
- Sábado? Se der tudo certo eu irei!
- Então está bem, a gente se vê lá.
- A gente se vê, com certeza, então.
- Ótimo! Mas me desculpe, tenho que voltar a trabalhar. Tchau, Sakura.
- Tchau, Syaoran.
Sakura desligou o celular e olhou para Tomoyo que sorria e tinha os olhos brilhando.
- Quem é esse, Sakura?
- Ahhh, é um novo amigo meu.
- Amigo? Que amigo?
- Eu não sei muito sobre ele, conheço-o há pouco tempo. Ele é um cara muito legal, pena que trabalha muito, até parece que ele é o dono da empresa.
- Qual o nome dele? – Eriol perguntou.
- Li, Syaoran Li.
Os três ainda continuaram a tomar chá e a conversar, até que já eram mais de oito e meia quando Tomoyo e Eriol foram embora. Sakura achava que os dois, sem dúvida alguma, foram feitos um para o outro, não dava para negar.
Preparou uma comida rápida e depois de deixar novamente a cozinha limpa, tomou um demorado banho e foi dormir.
Syaoran estava trabalhando quando encarou o celular, não conseguia parar de pensar naquela bela mulher, de face inocente, de sorriso sincero, de personalidade cativante e de lindos olhos verdes. Olhou para os papéis sobre a mesa e para o celular. Deveria ou não ligar? Pegou o celular e ligou o número que Sakura havia dado a ele.
Ela atendeu ao telefone, com aquela doce voz que parecia música. Agora, por que ele ligara? Inventou uma desculpa qualquer. Perguntar da corrida foi muito idiota, mas de qualquer forma pudera ouvir a voz dela e sabia que a encontraria na madrugada de sábado.
Nunca ficara tão perdido por uma mulher, nenhuma lhe chamara tanta atenção quanto Sakura. Ela era especial, mas parecia não notar o que ele sentia, e se notara, disfarçara muito bem, coisa que Syaoran achava difícil, pois aqueles olhos verdes não mentiam. Só havia um problema: o namorado de Sakura. Ele era o maior obstáculo de Syaoran naquele momento. Seus pensamentos foram interrompidos pelo telefone.
- Sim?
- Senhor Li, sua noiva Meiling no telefone.
- Eu atendo, pode deixar.
- XIAOLANG! – a mulher gritou.
- Olá, Meiling. – Syaoran se mostrou calmo e paciente.
- XIAOLANG VOCÊ NÃO ME LIGA A UM TEMPÃO!
- Eu te liguei no domingo, Meiling.
- MAS NÃO É O SUFICIENTE!
- Eu estou trabalhando, Meiling, não passeando.
- MAS, MAS... – Meiling respirou fundo pela primeira vez – Obrigada pelo livro, estou começando a ler, é muito bonito.
- Que bom que gostou. Mas se era só para isso, tchau que eu tenho que trabalhar.
- Tchau, Xiolang.
Syaoran desligou e telefone, Meiling era realmente irritante, às vezes. Pensou em Sakura e em Meiling. Ele nunca quis esse noivado, Meiling era sua prima, quase uma irmã para ele, não queria se casar com ela. E agora, depois que encontrou um belo anjo de magníficos olhos verdes, a vontade de se casar com Meiling era menor ainda.
Olhou para a imensa pilha de papéis em cima de sua mesa e respirando fundo voltou a trabalhar.
Sakura saiu do banho, colocou uma calça preta de couro colada, um bustiê de couro preto com amarrações dos lados e um coturno preto. Escolheu brincos, colares e anéis pratas e algumas pulseiras de couro com tachinhas. Deixou o cabelo solto. Passou uma maquiagem escura. Deu uma olhada no espelho e resolveu trocar de brinco.
- Agora sim. – e sorriu para o espelho.
Agora que ela tinha a sua casa podia fazer o que quisesse. E se arrumar em plena madrugada para correr era uma dessas coisas, o que resultou em quase uma hora se aprontando. Pegou as chaves do carro, o celular e um CD. Saiu de casa, ligou o rádio do carro, colocou o CD que escolhera: Hyde. Adorava esse cara, além de ser muito gato, ele tinha uma voz incrível, e o rock dele na carreira solo era da melhor qualidade, ou melhor, de qualidade única.
A música que estava tocando era Hello, uma de suas preferidas, a letra era muito linda, falava sobre um reencontro de dois amantes, que se dava a entender, um reencontro após a morte. Meu desejo, voe longe até meu amado. Sakura sentiu um pequeno arrepio, seu desejo era chegar logo ao local da corrida. Me guie meu desejo! Voe longe meu desejo, para o outro lado do sol! Seu desejo a estava guiando, não só apenas o amor, o desejo por Setsuna, mas também o desejo de correr. Havia escolhido a música certa.
O local da corrida, sempre lotado de gente, sempre animado, sempre emocionante. Estacionou o carro e desceu. Viu Setsuna, cabelos loiros soltos, caindo livremente nas costas, trajava um casaco marrom, camisa preta, calça marrom escura e bota marrom, no pescoço uma corrente prata com uma cruz. Perfeitamente lindo, como sempre. Foi caminhando até ele.
Percebeu que a maioria das mulheres à volta dele estavam o olhando. "Suas vadias!" Setsuna, que não era nem um pouco santo, olhava para todas que conseguia. "Sua idiota! Você sabia muito bem que ele era assim. Como pude ser tão burra em acreditar que ele mudaria?" Uma loira, com uma saia mínima, mini-blusa rasgada e salto altíssimo chegou perto de Setsuna, encostando a cabeça no ombro dele, que a enlaçou pela cintura e a beijou.
Sakura ficou imóvel, não podia acreditar no que via. Ela sabia que ele a traía, mas não imaginava que seria capaz de fazer isso na frente dela. Sentiu o peito doer, o coração se apertar, um bolo subir pela sua garganta, os olhos arderem. Não podia chorar, não agora, não na frente de todos. Mas os olhos ardiam, e eles continuavam a se beijar, as lágrimas encheram-lhe os olhos.
Fechou os olhos tentando impedir que as lágrimas escorressem. E se lembrou do que já havia passado com Setsuna. Sentiu o toque dele, as carícias, os beijos, a língua. Lembrou-se do cheiro dele, de cada detalhe do corpo, das palavras, dos movimentos. Abriu os olhos, vendo-o abraçado com outra.
"Oferecida! Vadia! Setsuna, seu galinha! Eu acreditei em você." Não conseguia mais segurar as lágrimas, a maquiagem já devia estar toda borrada. Afastou-se, indo em direção ao seu carro. Levou um tropeção sendo amparada por alguém. Encarou a pessoa, Syaoran, ele a olhava preocupado.
- Tudo bem, Sakura?
- Syaoran...
Não suportando mais tudo aquilo se jogou nos braços de Syaoran, encostou a cabeça no tórax dele e chorou. Naquele momento o que mais precisava era de alguém e ali estava Syaoran. Ele a amparou, preocupado com ela, ele era realmente um amigo.
Pelo jeito amava mais Setsuna do que imaginava, no começo era só um jogo, mas depois ela começou a gostar dele de verdade, a amá-lo. Chegou a chamá-lo de amor. Ele pareceu mudar, se tornar mais fiel, mas era só aparência, só mentira. Sentiu raiva de sua inocência, de sua tola esperança de que ele mudasse. Tinha vontade de ir até os dois e bater neles com toda a sua força.
Syaoran não sabia o que fazer, ela estava ali, nos seus braços, chorando. Ouvia os soluços dela. Só um idiota seria capaz de fazer Sakura chorar e não duvidava que esse idiota era Setsuna.
Passou os braços nas costas de Sakura e a apertou contra seu corpo. Esperou até que os soluços se tornassem menos constantes e se afastou, levantando o rosto dela. Apesar da tristeza que seu rosto deixava transparecer, ela ainda continuava linda. Estendeu um lenço a ela, que enxugou o rosto.
- Obrigada, Syaoran.
- De nada, Sakura. Você sabe que pode contar comigo. Mas vamos sair daqui, venha. – passou um dos braços pelo ombro dela.
- Não precisa. – tentou se livrar dos braços de Syaoran, mas ele era bem mais forte.
- Precisa sim, vem.
Sakura continuou relutante, mas Syaoran a levou até seu carro, colocando-a sentada no banco, enquanto ele ficou agachado do lado de fora.
- Sakura, fique aqui, eu vou resolver isso. Dê-me a chave do seu carro. – ele estendeu a mão.
- Não, não precisa. E para que a chave do meu carro?
- Você não está em condições de correr, você não está bem. Eu vou pedir para um amigo meu guardar seu carro. Confie em mim.
- Syaoran... – ela olhou bem para ele e entregou a chave – Tome.
- Obrigado. Fique aqui que eu já volto.
Syaoran deu uma olhada em Sakura e foi procurar Ryuichi Kawamura. Encontrou-o com outros homens analisando um Nissan Skyline. Os carros novos que apareciam para correr tinham que ser avaliados e normalmente era Ruiychi que fazia isso.
- Kawamura?
- Li. E aí cara?
- Estou com um problema, será que dá pra você me quebrar um galho?
- Que problema?
- A Kinomoto não está muito bem e eu vou cuidar dela. Dá pra você levar seu carro até a minha casa?
- Claro.
- Cuida desse carro, Kawamura. – disse enquanto entregava a chave para Ryuichi.
- Pode deixar, cara. E cuida direito da Kinomoto, vê o que vai fazer.
Syaoran se distanciou, ignorando o comentário de Ryuichi. Andou até seu carro, fechando a porta do lado de Sakura e entrando pelo lado do motorista. Sakura ainda chorava muito, estava de cabeça baixa, abraçando-se. Ele não gostava de vê-la chorar, se dependesse dele, ela nunca mais choraria, não de tristeza.
- Tudo certo, Sakura. Vamos embora daqui. Coloque o cinto.
Ela não falou palavra alguma, apenas colocou o cinto. Não adiantava discutir com Syaoran, e nem ia, confiava nele. Sentia que ele não faria nada que a machucasse, a não ser cuidar dela. Naquele momento a única coisa que queria era que alguém a protegesse e sabia que ele faria isso, assim como já estava fazendo.
O sol batia em seu rosto. Abriu os olhos, mas a luz ofuscou a sua visão e fechou-os rapidamente. Piscou várias vezes até se acostumar com a luz e se sentir finalmente acordada, sentou-se na cama e olhou à sua volta.
Estava em uma cama de casal, olhando em volta viu uma estante, um guarda-roupa e uma poltrona. Aquele não era seu quarto.
Continua...
Oioioioi!! Estou empolgada... hahaha... mas gente, que calor que está fazendo nesses dias não? Aqui onde eu moro (Cambé - Paraná) está muito quente, até em plenas 2:39 da madrugada (hora que eu estou comentando aqui). Mas vamos à fic...
Ohhh, finalmente a Sakura saiu de casa, já estava mais de que na hora, gostei dessa senhora, Ruri, vamos ver se ela vai aparecer mais... Que pai que é esse Fujitaka, já disse que queria um pai assim? Uau... Syaoran arrasou geral, eu quero ele, como eu só tenho oito maridos mais um seria ótimo! Como ele está sorridente e lindo... Casa nova, quase tudo novo e ainda um telefonema do Syaoran, isso é que é felicidade! Noiva? Epa, pelo jeito tem umas complicações aí no meio... Viu que toda-poderosa a roupa da Sakura? Arrasou geral...
Eu não me segurei, tive que colocar Hello, do Hyde (sim, sim, Hideto Takarai), nessa história, amo essa música e no clipe ele está LINDO! Vale a pena conferir... O Setsuna pisou na bola geral, sacanagem o que ele fez com a Sakura, é eu já estava cheia dele... e quem aparece para ajudar? Sim, sim, o tudo de bom Syaoran Li! Quem também deu aqui o ar de sua graça foi Ryuichi Kawamura, também MEU marido, lindooo!!... E agora? Onde a Sakura está? O que será que ela fez? Hahaha... até a próxima, gente!
B-jokas da Rafa
Violet-Tomoyo: Aiaiai *totalmente envergonhada* muito obrigada pelo seu comentário, fiquei totalmente sem graça... Quanto as falas isso é obra quase divina da minha querida Rô! Pode deixar que vou continuar com a fic, principalmente com comentários como os seus não tem quem não se anime! O Hideto é um dos meus preferidos, amei essa garoto, principalmente o nome... hahahaha...
Sandor Yamato: Obrigada por essa coisa de "ir longe", bem, é isso que eu espero e agradeço também pelas suas sugestões, agora continue acompanhando para saber como elas serão inseridas aqui... hihihi...
Hime: Hahaha, desculpa, mas ainda bem que essa coisa de ver o Hyde no Setsuna passou... Eu amei o Hideto, eu amo os MEUS dois Hidetos... E bem, o Gackt ainda não sei, mas se viu quem pintou por aí? Hahaha, o MEU marido Ryu, lindo não? Huahahahaha
Anna Li Kinomoto: Nossa, receber um elogio assim de uma escritora demais como você é DEMAIS! Obrigada T_T fiquei tão emocionada... Hahaha, claro, claro que não, o Hyde é meu e de meio mundo, então pra que brigar?
Bella-chan: Hahaha, realmente, naquela raiva dele tinha mais ciúmes que qualquer outra coisa... Eu estava pensando em pedir um irmão que nem ele (sou filha única) mas, sinceramente, eu prefiro ele como namorado... hahahaha... vou tentar não demorar tanto...
Rô: *reverencia* *reverencia* *reverencia* *reverencia* Ohhh, obrigada por comentar minha divina amiga, salvadora dos frascos e dos compridos! Hahaha... mas se você me elogiar tanto meu ego vai subir muito... aí vai ser só na base da porrada para eu acordar... hahahaha....
Kirisu-chan: Realmente, ele é muito fofo, numa combinação de Hideto Takarai e Hideto Matsumoto só podia dar nisso... Lindo, claro, ele inspirado no MEU Gakuto... hahahaha... Eu é que fico feliz pela sua idéia...
