Capítulo 3 – Notícias I
O Largo Grimmauld estava escuro e frio. Os quatro jovens caminharam até o número doze, entretidos em uma conversa sobre quadribol. Kate parecia gostar do esporte, embora confessasse nunca Ter participado de um time. Segundo ela, em sua antiga escola, era muito difícil entrar em um time de quadribol, somente os melhores mesmo tinham chance.
-James já jogou em um. Era goleiro. Diziam que ele tinha futuro, que poderia ser um excelente jogador se tentasse se profissionalizar, mas mamãe não parece achar que essa seja uma profissão respeitável.
-Ah, que isso! – exclamou Rony, enquanto subia as escadas da entrada – Quadribol pode ser uma excelente profissão se você é um bom jogador. Ganha-se muito dinheiro.
-É. Se não fosse ser auror, concerteza seria jogador em algum time. – disse Harry
Abriram a porta da casa. A cozinha estava fechada. Presumiram que fosse alguma reunião da Ordem. Dirigiram-se então à sala, iluminada por velas. Hermione estava sentada a um canto, entretida em um livro muito grosso. Ela os cumprimentou normalmente, lançando um olhar cortante a Rony, cujas orelhas estavam vermelhas, embora não desse para perceber.
-Como era em sua antiga escola, Kate? – perguntou Gina
-Ah, era muito legal. Todo dia acordávamos com o som de pássaros, e quando a gente olhava pela janela, via aquelas árvores enormes. Era mato pra caramba. As aulas de Herbologia eram as melhores, porque às vezes íamos na floresta pegar algumas plantas. Tinha uns habitantes locais, os índios, que eram trouxas, mas tinham um conhecimento profundo de magia. Alguns deles eram até bruxos, mas de um jeito diferente. Não eram como nós. Tínhamos aulas de Herbologia com um pajé.
Hermione escutava interessada, embora fingisse ler o livro.
-Que é um pajé? – perguntou Harry
-Ah, é uma espécie de líder dos índios. Eles têm conhecimentos milenares, às vezes são meio sinistros, mas ensinam uma porção de coisas legais para nós. Por exemplo, algumas plantas de lá têm poder de curar muitas doenças, mágicas até.
-Irado! – admirou-se Rony – Vocês tinham feitiços diferentes dos nossos?
-Alguns. Mas a maioria era muito avançada, só os alunos do sétimo ano aprendiam. Aprendemos muitas poções que tenho certeza que vocês nunca ouviram falar.
-Hum... tem alguma para colocar alguém em sono eterno? – perguntou Gina
-Tinha, mas não existe antídoto, pelo menos por enquanto. Quem é que você queria colocar para hibernar?
-Um garoto desprezível que temos a infelicidade de conhecer. – respondeu ela
-Você deve realmente odiá-lo. – ponderou Kate
Harry observava o céu lá fora. Existiam tantas realidades bruxas...tantas escolas, tantos segredos. Hogwarts era apenas uma. Talvez, se morasse em outro lugar, não tivesse que se preocupar com Voldemort. Talvez, se tivesse nascido em outro lugar, seus pais ainda estariam vivos... sacudiu a cabeça, afim de espantar esses pensamentos. Suposições. Sempre fora marcado, não importava onde estivesse. Às vezes desejava poder se livrar desse fardo que carregava um pouco, saber como era a vida de alguém sem preocupações, poder dormir tranquilamente, sem Ter que encarar o inevitável fato que teria que matar, ou morrer. Queria gritar, colocar tudo aquilo para fora, se livrar dessa responsabilidade. Não desejava mais ser Harry Potter. " Quero ser um bruxo comum. ". Escondeu a cabeça entre as mãos. Estava tentando se conter ultimamente, não explodir sobre tudo que sentia, contar a todos sobre a profecia. Mas estava cada vez mais difícil.
O barulho de porta abrindo se espalhou pelo corredor. A Sra. Weasley apareceu e chamou-os para jantar. Chegaram na cozinha, e se depararam com dois jovens ruivos, ambos parecendo cansados. Harry sabia quem eram. Carlinhos e Gui Weasley. Gina correu para abraçá-los, enquanto Rony, Harry e Hermione se apressaram em cumprimentá-los. O olhar deles se deteu em Kate. A Sra. Weasley apresentou-a:
-Queridos, essa é Kate Laveri, - disse ela, colocando o braço nas costas dela - filha de Damien e Jane. Acredito que já os conheçam?
-Sim, Damien é um grande contador de piadas! Foi ele que me salvou de uma enrascada no Egito... - Gui se adiantou – Prazer em conhecê-la! Você se parece muito com seu pai.
-Digamos que eu não tenho o mesmo, hum, talento humorístico. – ela apertou a mão do rapaz
-Mas aposto que é inteligente como sua mãe. – disse Carlinhos, estendendo a mão para ela
-Acho que sim. – respondeu, corando – Carlinhos, não é?
-É. – confirmou ele
-Espero que papai não tenha lhes contado a piada do leprechaun quando foi esquiar...
-Ah, ele contou. – confirmou Gui – Nunca esquecemos dessa. É a melhor.
-Conta pra gente! – pediu Fred
-Ah, sei não...
-Conta! – replicou Gina
-Tá bom. – concordou Gui
Enquanto contavam a piada, foram se acomodando na mesa, que explodiu em gargalhadas quando Gui chegou ao final. Até Hermione riu um pouco, embora tenha se contido. Tonks perguntou aos dois como tinha sido a viagem, mas quando responderam que foi tranquila, ela não pareceu acreditar. " Vocês não se perderam? Mesmo?! ". Moody disse que ela já devia se conformar com o fato que só Ninfadora Tonks poderia querer ir para a França e ir parar na Polônia. Carlinhos pareceu se interessar na história, mas quando Moody estava pronto para contar, Tonks deu uma pisada em seu único pé que o fez se calar na hora. Rony discutia xadrez bruxo com Kate, enquanto Hermione, Harry, Gina e os gêmeos conversavam sobre suas novas invenções. Hermione insistia que um dia eles ainda seriam processados.
-Sua invenções são perigosas! – afirmou com veemência – Ainda sofrerão um grave processo se alguém se machucar!
-Hermione, querida, - disse Fred – já vendemos mais de cem caixas de Kit Mata-Aula, fora nosso novo Kit Confusão Portátil Weasley, e até hoje só recebemos elogios.
-As pessoas sabem do risco que correm, mas garantimos a qualidade de nossos produtos. Você não acha que venderíamos alguma coisa que pudesse causar danos físicos a alguém, acha? – completou Jorge, fazendo cara de tristeza
-Não acredito que perderiam a chance se esse alguém fosse o Snape ou o Malfoy.
-Mas você tem que concordar que esse caso é especial. – defendeu Harry
-É, Mione. – acrescentou Gina
-Ah, tudo bem, eu concordo. – disse, com certa relutância
Jorge chegou um pouco mais perto de Harry e passou-lhe um pequeno pacote dentro de uma sacola com os dizeres: " Gemialidades Weasley ". Fez menção de abri-la.
-Não! – sussurrou Fred
-Abra somente quando estiver sozinho! – acrescentou Jorge
-Por quê?
-Dentro estão todas as explicações e instruções. – finalizou – Gina ganhou uma igual, vocês descobrirão mais tarde. Acho que será de grande utilidade.
Harry acomodou o pacote em seu colo. Que seria dessa vez?
Rony tentava convencer Kate que um determinado xadrez bruxo era melhor do que o que ela estava acostumada a usar. Hermione balançava a cabeça em tom de desaprovação.
-Tá, chega, você me convenceu! – disse Kate, se dando por vencida
-Eu sabia que não há como negar que Winstons é melhor que Fainz. É bem mais resistente. – finalizou, com orgulho
-Tá legal, eu já entendi! Mas Fainz tem um design melhor.
-Concerteza. – Rony enfiou um pedação de costeletas de porco na boca
Kate correu os olhos pela mesa, que se arregalaram quando viram uma queimadura no braço musculoso de Carlinhos.
-Carlinhos! Com o quê você trabalha, afinal de contas?!
-Quê? – disse ele, surpreso
-Com o quê você trabalha! – repetiu apontando para a queimadura
-Ah, - disse, entendendo – dragões.
Kate fez uma expressão de medo e surpresa, ao mesmo tempo.
-D-d-dragões?
-É. – Carlinhos deu uma risada – Você não gosta muito deles, suponho.
-Ah, - respondeu, no seu melhor tom irônico – você acha?
-Hum, não é a primeira a se surpreender. – falou, tomando um gole de vinho de sabugueiro
-Bem, esses bi... animais não eram muito comuns onde eu morava.
Harry já enfrentou um Rabo Córneo no Torneio Tribruxo, não é? – disse a Sra. Weasley
-É. – respondeu – Não foi muito agradável.
-Cruzes! – exclamou Kate – Eu desmaiaria se tivesse que enfrentar um d-dragão. Ou então seria frita viva.
-Não se eu estivesse por perto. – acrescentou Carlinhos
Jorge chegou um pouco mais perto do irmão.
-Quer dar aulas particulares de inglês pra ela ? – perguntou, num tom mais baixo que um sussurro.
-Não. – respondeu – Ela fala inglês muito bem. Não acho que seria necessário.
-Tá, sei. Caso mude de idéia, entre na fila.
-Por quê?
-Ora, devem haver muitos caras afim dela. Uma beleza assim não se desperdiça.
-Caras tipo você, não?
Jorge não respondeu.
Gui parecia nervoso. Tomou um bom gole de vinho, e inspirou profundamente. Parecia estar ponderando sobre o que faria. " Tenho que contar logo ". Travava uma batalha interna, um pouco preocupado quanto à reação da mãe e do pai. Finalmente, inspirou novamente e pigarreou.
-Que foi, Gui? – perguntou Moody – Dor de garganta? Tenho um ótimo remédio...
-Não, Olho Tonto, - ergueu-se – tenho uma notícia para dar.
Todos pararam de fazer o que estavam fazendo e prestaram atenção nele.
-Diga logo, rapaz! – rosnou Moody
-Eu... – tomou fôlego, e deu um largo sorriso – eu vou me casar.
As reações foram diversas. A Sra. Weasley quase desmaiou, e o Sr. Weasley teve que segurá-la. Rony, Gina, os gêmeos e Carlinhos ficaram estupefatos. Os outros se apressaram em parabenizá-lo.
-Hum, quem é a garota que conseguiu segurar Gui Weasley, hein? – perguntou Tonks
-Ah, vocês verão. – respondeu ele
-É, vai se amarrar, é rapaz? – disse Moody – É uma responsabilidade...
-Não sei o que dizer... Parabéns, acho!
-Obrigado, Harry.
A Sra. Weasley sentou-se na cadeira, uma mão segurando a cabeça e outra sobre a mesa. Encarou Gui perplexa. Os outros Weasley já tinham se recuperado e cumprimentado devidamente o irmão.
-Meu Deus... casar! Você é tão novo...
-Mamãe, tenho uma profissão e sou maior de idade!
-Você nos pegou de surpresa, filho. – disse o Sr. Weasley
-Oh, Gui querido, tem certeza?
-Tenho, mamãe. Gosto muito de Fleur, e...
-Fleur? Delacour?! – admirou-se Rony
-É. – confirmou ele
-Caprichou, hein? – disse Jorge
-Deixe seu irmão continuar! – ralhou a Sra. Weasley – E o quê, querido?
-Acho melhor não falar agora.
-FALE!
-Tá bom, mas quero que prometa que irá se controlar.
-Até parece. – sussurrou Rony para Harry
-Mamãe, papai... vocês serão avós.
De novo, a Sra. Weasley quase desmaiou, e o Sr. Weasly teve que segurá-la. Todos foram cumprimentar Gui novamente. Rony não parava de perguntar " Como ele conseguiu? ", ao Hermione replicou que talvez ele tivesse mais tato que ele. Gina falou que aquela era uma noite de surpresas. Harry ponderou que a Sra. Weasley talvez desmaiasse de vez se Gui desse mais uma notícia.
O Sr. Weasley engatou em um discurso sobre responsabilidade e como a vida do filho mudaria agora. Gui prestava atenção, e Carlinhos ainda não se recuperara. Dizia que ainda era novo para ser tio. Kate contou uma história do tio dela, quando o primeiro filho nasceu, e de quando foi trocar a fralda da criança. Rony fez cara de nojo, e Gina riu.
-Nunca vou Ter filhos. – sentenciou Rony
-Ah, quando você crescer muda de idéia. – afirmou Gina
Harry caminhava por uma rua escura e fria. Estava chovendo, e ele desejava voltar para Hogwarts. Correu para qualquer direção, torcendo para que o levasse para o castelo. Porquê todos sumiram? Estava tudo muito estranho... Sentia cada fibra do seu corpo congelar um pouco. Tropeçou em algo. Levantou-se e, quando ia recomeçar a caminhar, uma voz gélida o deteve.
-Não fuja, Potter.
Era Voldemort. Uma onda de medo tomou conta dele. Sentiu como se uma bola de chumbo tivesse se alojado em seu estômago.
-O quê você está fazendo aqui? – perguntou, enquanto se virava para encará-lo
-Não é óbvio? Vim te matar. Crucio!
Harry não conseguiu se defender. A dor penetrava cada parte do seu corpo, como um veneno letal. Quando a mesma cessou, iniciou-se um duelo entre ele e Voldemort, um duelo intenso. Sabia que era agora ou nunca. Um feitiço raspou o seu braço, deixando-o com uma dor lancinante. Estuporou o inimigo, e recuou, mas novamente tropeçou. O que aconteceu a seguir foi muito rápido.
Tentou se recompor, e Voldemort já havia se levantado. Viu um lampejo verde vir em sua direção, mas alguém se colocou na sua frente, e logo após ser acertado com o feitiço, caiu morto. Harry tentou ver quem era, mas sua visão estava embaçada.
-NÃO!!!!
Acordou, sentindo uma forte dor em sua cicatriz. Olhou para o lado. Rony acordara, e o encarava surpreso. Harry colocou os óculos, e deitou-se novamente, a respiração acelerada.
-Que aconteceu, Harry?
-T-tive um pesadelo. – respondeu, cobrindo-se com a colcha
-Era... sobre Você-Sabe-Quem?
-Era.
Rony empalideceu. Parecia decidir se queria ou não saber mais do sonho. Harry se encolheu, esfregando a testa ainda mais.
-O q-quê aconteceu? No sonho?
-Eu - ele hesitou por um instante, pensando se realmente devia contar aquilo ao amigo -estava correndo por uma rua, estava frio, e chovia muito. Aí tropecei em algo. Quando ia me levantar, Voldemort apareceu. – Rony fez uma careta – Começamos a duelar, e quando ele ia me matar, alguém pulou na minha frente, e recebeu o ataque por mim.
-Você viu quem era?
-Não.
Permaneceram em silêncio por um bom tempo. Rony tentava armazenar toda aquela informação, enquanto andava de um lado para o outro. Harry pensou em escrever para Sirius, mas lembrou que estava morto. O impacto do sonho cresceu dez vezes mais.
-Você deveria falar com Dumbledore. Ou então Lupin. – ponderou Rony
-Mas ele nunca vem aqui.
-Então escreva. Acho que ele saberá o que fazer.
-Talvez eu tenha que retomar as aulas de Oclumência... – disse, pesaroso
-Talvez. – ele consultou o relógio na parede – Vamos descer. O café da manhã já deve estar pronto
Trocaram de roupa e desceram em silêncio. Todos estavam lá, embora Carlinhos não parecesse muito acordado. Cumprimentaram todo mundo e se sentaram. Harry não estava com fome. Hermione lhe passou um pedaço de bolo de caldeirão, que ele tentou comer, mas simplesmente não conseguia engolir. Fred e Jorge terminaram de comer e desaparataram. O Sr. Weasley estava prestes a fazer o mesmo quando uma coruja entrou na cozinha, seguida por Edwiges, que pousou no ombro de Harry. Hermione pagou a coruja e pegou o jornal.
-Ah, é o Profeta Diário. - seus olhos correram pela primeira página, ela cada vez mais pálida, uma profunda expressão de horror estampada na face.
-Que houve, querida? – quis saber a Sra. Weasley, enquanto se servia de chá
-Oh, céus! – exclamou Hermione
-Que é que aconteceu? – perguntou Gui
Ela ergueu os olhos esbugalhados, enquanto encarava todos na cozinha, um por um. Finalmente falou:
-Percy desapareceu.
N/A: Gostaram desse capítulo? Comentem! Só um aviso: daqui para frente, coisas importantes começam a acontecer. Cada uma terá um papel importante na história, então prestem atenção!
