Título: Questões mal resolvidas
Ficwriter: Kaline Bogard
Classificação: yaoi, violência
Pares: 1x2
Resumo: O que parecia uma tentativa de suicídio se revela algo muito mais profundo e complicado
Questões mal resolvidas
Kaline Bogard
PARTE I
Heero corria pelo corredor sem poder acreditar. Seria mesmo verdade? Não! Não podia ser...
(Heero) É um sonho...
Esbarrou em uma enfermeira, fazendo com que a moça derrubasse vários lençóis brancos.
(Enfermeira) Ei! Você não pode correr aqui!!
Mas Heero não escutou, já virava à direita.
(Enfermeira) Maluco...
Por sua vez, Heero não estava correndo mais. Finalmente havia chegado ao quarto 215. Em frente à porta, ele observava o ambiente. Estava tudo quieto, silencioso. Provavelmente o quarto estava vazio.
(Heero) É um pesadelo...
Forçou seu corpo a obedecer. Não queria encarar os fatos. Ou melhor, não podia. Colocou a mão na maçaneta e girou. Ao entrar no quarto, seu coração disparou, parecia querer quebrar as costelas.
Não era sonho, nem pesadelo. Era a realidade fria e insensível.
Ele se aproximou da cama.
(Heero) Duo...
O piloto americano estava deitado na cama, tinha os olhos fechados e dormia profundamente, devido aos medicamentos. Um tubo de oxigênio fazia com seus pulmões trabalhassem, e seu corpo era alimentado por soro.
Heero se aproximou devagar. Não queria acorda-lo. Como se isso fosse possível.
Parou ao lado da cama. Ficou observando o outro. Os cabelos soltos, esparramados pela cama. O corpo frágil coberto por lençóis. Seu rosto apresentava uma palidez impressionante.
Quase sem querer, os olhos de Heero se dirigiram para os braços de Duo, e viram os pulsos enfaixados.
Finalmente Heero compreendeu a extensão dos fatos. E tomar consciência disso foi demais pra ele. Suas pernas amoleceram e ele caiu de joelhos no chão.
(Heero) Por que você fez isso? Porque?
Nesse instante a porta foi aberta novamente, dando passagem a Trowa e Quatre. Eles pararam surpresos diante da cena.
(Quatre) Heero... como você soube?
Heero nem ouviu a pergunta. Estava completamente absolvido em sua dor.
Mas Trowa colocou a mão no ombro de Quatre.
(Trowa) Wufei estava em casa.
Quatre arregalou os olhos.
(Quatre) Você acha que ele seria capaz dessa maldade?
(Trowa) Que maldade? Heero tinha o direito de saber.
(Quatre) Eu sei! Mas essas coisas a gente fala com jeito... imagina só como Wufei deve ter dito...
(Trowa) O mal já está feito...
Pegou Quatre pelo braço e os dois se retiraram.
Já fora do quarto, Quatre puxou o braço se soltando.
(Quatre) O que será que aconteceu?
(Trowa) Não sei...
(Quatre) O Duo... tentando suicídio... isso é inimaginável...
(Trowa) Mas aconteceu...
(Quatre) Logo agora que as coisas estavam indo bem.
(Trowa) Isso é o mais estranho...
O loirinho ergueu os olhos. A voz de Trowa estava muito estranha. Ele continuou falando como se conversasse consigo mesmo.
(Trowa) As missões estão raras... as colônias estão sossegadas... o relacionamento de Heero e Duo ia muito bem... pra que ele ia querer se suicidar...
(Quatre) E ele nem recebeu a última missão...
(Trowa surpreso) Como assim?
(Quatre) Ora... nós recebemos essa missão na colônia 156 BN3. Wufei foi pra colônia X887. E Heero também tinha uma missão, só não sei em qual colônia.
(Trowa) E Duo não foi?
(Quatre) Não. Eu lembro que ele fez uma piadinha sobre "férias", você o conhece...
(Trowa) Não... não conheço...
(Quatre) Trowa...
(Trowa) Pensei que conhecia... mas estava enganado...
Sentaram-se em um banco de madeira.
(Trowa) De qualquer forma essa história cheira mal.
(Quatre) Sim. Você se refere às costelas?
(Trowa) Claro. Suicidas que cortam os pulsos não costumam quebrar costelas...
(Quatre) Eu não entendo mais nada.
(Trowa) Eu muito menos.
(Quatre) E quem diria que Relena se importava tanto assim com Duo...
O outro olhou para Quatre como se não tivesse entendido nada. E não tinha mesmo.
(Quatre) Então você não sabe?
(Trowa) Não sabe do que?
(Quatre) A Aliança... Relena mandou que pagassem todas as despesas. Tanto do hospital quanto da casa.
(Trowa surpreso) Tem certeza?!
(Quatre) Claro. Eu estava junto quando ela deu essas ordens.
Trowa ficou em pé. Uma suspeita tomava forma em sua mente... mas ainda faltavam algumas peças naquele quebra cabeças... Tinha muitas perguntas, porém poucas respostas.
(Trowa) Definitivamente tem algo errado. Fique aqui. Eu vou falar com Relena e não saio de lá sem respostas.
(Quatre) Trowa... por favor... tome cuidado.
O outro saiu sem dar resposta.
oOo
Heero continuava incrédulo. Estava em pé, ao lado da cama, e segurava a mão de Duo entre as suas.
Estava tão fria e imóvel. O japonês mal podia acreditar que aquela era a mão que tantas vezes percorrera seu corpo, conhecendo todas as partes, acendendo os desejos mais ocultos de Heero... mão que inflamava o sangue nas veias, tocando com gentileza e audácia os lugares mais íntimos.
De jeito nenhum!!
Mas não tinha como escapar. Duo havia mesmo tentado cometer suicídio. Escapara por pouco. Muito pouco.
A pergunta premiada era "Porque?!" Porque o americano tão cheio de vida, tão alegre e doce, ia atentar contra a própria vida?
Obviamente ninguém sabia a resposta. Apenas Duo.
E o americano estava em um mundo onde ninguém podia alcançar. Pelo menos por enquanto. Era um mundo maravilhoso, sem sonhos ou pesadelos, sem preocupações. Mundo criado por várias pílulas coloridas, mundinho protegido pelos remédios.
A vontade de Heero era acordar Duo naquele instante e enche-lo de perguntas. Queria, ou melhor, necessitava de respostas! Estava tudo indo tão bem. Eles nem haviam brigado...
(Heero) Porque, Duo? Eu não entendo...
Mais uma vez a porta foi aberta. Porém dessa vez não foram Trowa e Quatre que entraram. E sim uma jovem e simpática médica.
Ela tinha uma prancheta nas mãos. Vestia um jaleco branco e usava óculos.
(Médica) Olá!
Ela não mostrou surpresa em ver Heero segurando as mãos de Duo.
(Médica) Eu sou a doutora Laureen e estou cuidando de seu amigo.
Ela se aproximou e tomou o pulso de Duo. E esse foi o começo de uma série de verificações e exames.
(Laureen) Tudo rotina.
Reunindo toda a coragem que tinha, Heero perguntou:
(Heero) Como ele está.
Queria que sua voz saísse fria e confiante. Mas não conseguiu. Sua pergunta era uma lamúria baixa e chorosa.
(Laureen) Não se preocupe. Ele perdeu muito sangue, e por pouco não o perdemos... mas seu amigo tem sorte. Só precisa se recuperar. Nós fizemos uma transfusão de sangue e ele vai ficar bem. As costelas são apenas questão de tempo. Mas com cuidado elas se recuperam.
Uma campainha soou na mente de Heero. Era como aquele ventinho refrescante e suave, que precede um vendaval.
(Heero) Costelas?
(Laureen) Sim. Três costelas partidas. Foi uma surra e tanto.
(Heero incrédulo) Surra?!
(Laureen estranhando) Você não é amigo dele?
(Heero confuso) Sim... mas eu estava viajando... quando voltei, tive essa noticia...
(Laureen) Entendo... você deve conversar com aquele loirinho... foi ele quem chamou a ambulância e trouxe seu amigo.
(Heero) Quatre...
(Laureen) Sim, esse mesmo. Bom, seu amigo está se recuperando. De tempo ao tempo.
Heero entendeu o que a médica queria falar, e concordou com a cabeça.
(Laureen) Bem... chega de papo furado. Ainda tenho muitos pacientes para ver. Até logo.
Saiu do quarto fechando a porta com suavidade.
Heero estava chocado demais pra falar algo. Era muita informação pra sua mente. Muito mais que o Zero System... do que a médica estava falando afinal de contas?
Aquele idiota do Wufei tinha lhe dito que Duo estava no hospital por causa de uma tentativa frustrada de suicídio. E agora ele descobria que...
Não!! Tinha que saber mais...
(Heero) Quatre...
Correu até a porta, e abriu. Pra sua surpresa, o loirinho estava sentado em um banco de madeira, no corredor.
(Heero) Quatre...
(Quatre) Heero. Precisamos conversar.
Heero sentou-se no banco.
(Quatre) Sinto muito. Eu queria ter lhe dado a noticia com jeito, mas não pude impedir Wufei...
(Heero) Quatre, o que aconteceu?
(Quatre) Eu não sei. Não tenho todas as informações. Posso lhe explicar só o que eu vi, quando cheguei da missão.
(Heero) Por favor...
O loirinho abriu os olhos de espanto. Heero? Pedindo "por favor"?! Era estranho demais pra ser verdade. Não combinava com ele...
(Quatre) Heero...
(Heero) O que houve durante a missão de Duo? Qual inimigo ele enfrentou?
(Quatre surpreso) Você não sabe?
(Heero) Não...
(Quatre) Eu quero dizer que ele não teve nenhuma missão.
(Heero) Não teve...
(Quatre) Não. Ele ficou em casa. Wufei, Trowa e eu partimos, e ele ficou sozinho.
(Heero) Foi você quem o encontrou?
O garoto abaixou a cabeça e concordou.
(Quatre) Sim...
(Heero) Quero que você me conte tudo! Cada detalhe!!
Inicio do Flashback
(Quatre) Finalmente em casa!
(Trowa) Que perda de tempo...
Jogou-se no sofá e ficou quieto.
(Quatre sorrindo) Pelo menos não precisamos matar ninguém.
(Trowa) Eu preferia ter ficado em casa.
(Quatre) Pelo jeito fomos os primeiros a chegar.
A casa estava muito quieta. Se Duo estivesse ali, já teria ido recepciona-los.
(Trowa) Menos mal.
(Quatre) Trowa!
(Trowa) Um tempo livre sem o chato do Duo, o idiota do Wufei e o Heero "Mal Humor" não é de todo ruim...
(Quatre) Você não devia falar assim...
(Trowa) Vou tomar um banho e deitar.
(Quatre) Você não tá com fome?
(Trowa) Não.
Saiu da sala em direção ao seu quarto. Quatre deu de ombros e foi pra cozinha preparar algo para comer.
Acabou desistindo no meio do caminho. Estava muito cansado e queria apenas tomar um banho.
Subiu as escadas, indo em direção ao seu quarto. Ao passar em frente do quarto de Trowa, escutou o som do chuveiro. Ia entrar no seu quarto, quando um reflexo no chão chamou sua atenção.
Ao se aproximar, viu surpreso que era um pedaço de vidro.
O loirinho se abaixou e pegou o caco de vidro nas mãos.
(Quatre) Estranho...
Só então ele olhou para o lado e arregalou os olhos de surpresa. A porta do quarto de Duo estava aberta.
Havia uma grande bagunça no local. A cama estava desfeita, varias peças de roupa estavam esparramadas. Um porta-retratos estava partido no chão, manchado de sangue. A janela também estava quebrada.
Cada vez mais surpreso, Quatre notou umas manchas que pareciam sangue espirrado na parede, ao lado da cama.
A porta do banheiro estava aberta, e o loirinho se aproximou com cautela. Sentiu uma pequena tontura e náuseas com o que viu.
Duo estava sentado no chão, encostado contra a parede. Sua cabeça estava abaixada, e os cabelos soltos, formavam uma linda e sinistra cascata em volta de seu corpo.
Os braços pendiam frouxos. E nos pulsos, dois cortes horríveis foram feitos. Era incrível a quantidade de sangue que manchava o azulejo branco do chão do banheiro.
O pijama azul, preferido de Duo, também estava sujo de sangue.
Quatre sentiu uma tontura, e o suor escorrendo pelo rosto, e pelas costas.
(Quatre) Tro... Trowa...
Sua voz era pouco mais que um sussurro.
(Quatre) Trowa... Trowa... TROWAAAA!!
oOo
Trowa tinha acabado de sair do banho quando ouviu os gritos de Quatre. Surpreso e preocupado, enrolou uma toalha na cintura e correu em direção aos gritos.
Para sua surpresa, Quatre saiu correndo igual a um furacão, e sem dizer nada, grudou na extensão do telefone e discou uns números.
(Quatre gritando) Alô! É do hospital? Preciso de uma ambulância urgente! Anote o endereço por favor! É uma emergência.
(Trowa surpreso) O que houve?
O loirinho desligou o telefone, muito nervoso e tremulo. Jogou-se nos braços de Trowa e começou a chorar.
(Quatre) É o Duo! Ele... ele... cometeu suicídio!!
Fim do Flashback
(Quatre) Eu pensei que ele estava morto!
(Heero) ...
(Quatre) Sorte que os cortes eram recentes... o sangue estava quente ainda. Se demorasse um pouco mais...
Deixou escapar um soluço.
(Heero) Isso soa muito estranho.
(Quatre) É! O Duo nunca iria tentar se matar... não é?
(Heero) Eu... eu... estou confuso...
(Quatre) Heero... você não fez nada pra ele, fez?
Essa pergunta deixou Heero furioso. Ele levantou-se sem dar resposta e voltou para o quarto.
(Quatre) Desculpe, Heero. Mas eu precisava ter certeza...
Continuou sentado no banco.
oOo
Trowa estava andando pelos corredores do prédio da Aliança, observando o movimento das pessoas. Todos apressados, indo e vindo.
(Trowa pensando) Odeio esse lugar.
Chegou na sala de Relena.
Ela estava sentada atrás de uma mesa, lendo alguns papéis. Ao perceber a presença de Trowa, ela levantou a cabeça.
Ficou extremamente pálida.
(Relena) Trowa...
(Trowa) Eu sabia... tem dedo seu nessa história...
(Relena) Não.
(Trowa) Não negue.
Ela balançou a cabeça e deu um olhar triste para Trowa.
(Relena) Você se engana. Eu não nego que sou apaixonada por Heero, mas nunca faria algo que o ferisse. Muito menos contra Duo.
(Trowa) Eu queria acreditar nisso...
(Relena) Sente-se. Eu vou te contar tudo.
(Trowa) Sei...
(Relena) Escute com atenção. E depois, mantenha sua boca fechada... pelo seu bem... e de Quatre...
(Trowa irritado) Isso é uma ameaça?
(Relena) Não. É um aviso. Ameaças são vazias, mas meu aviso não é...
(Trowa) Relena... o que você fez...
(Relena) Você é muito curioso. Devia ter ficado na sua.
(Trowa) Agora é tarde demais. Conte-me tudo.
(Relena) Você vai trair Heero?
(Trowa) Eu não devo nada pra ele.
(Relena) Não me julgue por meus atos... eu não pude fazer nada.
A moça precisava desabafar... e começou a contar tudo.
oOo
Quatre continuava sentado no banco. As horas passavam lentas. Heero estava dentro do quarto com Duo. Mas Quatre não tinha coragem de entrar, pois sabia que Heero estava furioso com a sua pergunta.
Trowa ainda não voltara, e o garoto não sabia o que fazer.
Uma enfermeira dobrou o corredor. Trazia um novo tubo de soro nas mãos.
Ela entrou no quarto de Duo e fechou a porta. Alguns minutos depois ela saiu com um tubo vazio nas mãos.
(Quatre) Pobre Duo...
(Wufei) Nada de novo?
O loirinho se sobressaltou. Nem percebera a presença de Wufei.
(Quatre) Não.
Até o chinês estava preocupado...
(Wufei) E Heero?
(Quatre) Está ali no quarto...
(Wufei) Ele engoliu a história?
(Quatre) Claro que não. Nenhum de nós acredita nisso...
(Wufei) Ah... essa história tá mal contada.
(Quatre) Eu também acho.
(Wufei) É mais fácil eu cometer suicídio do que o Duo...
(Quatre) Você acha que foi armação?
(Wufei) Tenho quase certeza...
(Quatre) Eu também... você acha que Relena?...
(Wufei) Não sei... do jeito que ela é obsessiva...
(Quatre) Você não vai entrar?
(Wufei) Com o Heero lá dentro?! E eu sou louco?
(Quatre) Então bem vindo ao clube.
(Trowa) Que clube?...
Os dois se voltaram surpresos. Estavam tão concentrados que nem notaram a presença do outro.
(Quatre) Trowa! Você descobriu alguma coisa? Como foi com a Relena?
O outro desviou os olhos.
(Trowa) Deixa isso pra lá.
(Quatre surpreso) Trowa...
(Wufei) O que quer dizer?
(Trowa) Não foi Relena. É tudo o que posso dizer.
(Wufei) Não acredito...
(Trowa) Não se meta nisso. Vamos embora Quatre. Deixe que Heero resolva os próprios problemas.
(Quatre) Mas... Duo é nosso amigo!
(Wufei) O que foi que você descobriu, Trowa?
(Trowa) Uma bomba atômica.
Nenhum dos dois entendeu nada.
(Quatre) Bomba?
(Trowa suspirando) Sim. E tem um pavio muito curto, chamado Heero... quando ele souber da verdade... a explosão será gigantesca...
(Wufei) Eu logo suspeitei...
(Trowa) Você não tem nem idéia do que se trata.
(Wufei) Se não é Relena... mas a Aliança demonstra todo esse interesse...
(Quatre) Você não está dizendo que foi...
(Wufei) É só somar dois mais dois. Óbvio.
(Trowa) Heero vai chegar nessa conclusão também.
(Quatre) Trowa... mas... porque?
(Trowa) Ciúmes... nosso amigo Heero destrói corações...
(Wufei) E é o Duo quem paga o pato...
(Trowa) Eu vou dar um conselho, não se metam nisso. Heero vai descobrir tudo mais cedo ou mais tarde. Se Duo sair dessa, menos mal. Se não...
(Quatre) Trowa! Não fale assim!
(Wufei) Seja realista, Quatre.
(Trowa) Acho que Duo se safa dessa.
(Wufei) Vaso ruim não quebra fácil.
(Quatre) Trowa... Wufei...
O loirinho olhava de um para o outro, surpreso. Eles estavam mesmo preocupados com Duo. Incrível.
(Trowa) É melhor que ele se salve...
(Wufei) Se não, Relena terá que cuidar de quatro bombas, ao invés de uma.
(Quatre) Com certeza!!
(Trowa) Vocês arrancaram a verdade de mim... espero que estejam satisfeitos.
(Wufei) Claro!!
(Quatre) E agora?
(Trowa) Vamos embora... Heero não vai sair tão cedo desse quarto...
(Wufei) Mas... eu nem vi o Duo...
(Trowa) Então vai lá ver...
O chinês pensou um pouco.
(Wufei com a mão na cabeça) Ah... vamos indo? Tem tanta coisa pra fazer...
(Quatre) ...
(Trowa) ...
(Wufei) Amanhã eu volto...
Antes que eles pudessem falar alguma coisa, a porta do quarto se abriu, e Heero saiu.
Estava com uma cara muito estranha. Parecia extremante furioso. Lançou um olhar gélido para os três, e saiu sem dizer nada.
(Quatre) O que houve?
(Trowa) Ele tava com uma cara pior que a de sempre.
(Wufei) Não me interessa. Eu vou visitar o Duo.
Entrou no quarto, sendo seguido por Trowa e Quatre.
A situação era a mesma. Duo continuava dormindo profundamente, nem mesmo se mexera. As únicas coisas que indicavam que ele estava vivo, era o leve movimento do lençol, que acompanhava a respiração calma, e o bip do aparelho, que marcava as batidas de seu coração.
(Wufei) É estranho vê-lo assim.
(Quatre) Nem parece o nosso Duo.
(Trowa) O preço para amar é muito alto.
(Quatre) Nem sempre.
(Wufei) Só se desafiar a dona do mundo...
(Quatre) Vocês acham que Heero foi até lá?
(Wufei) E você ainda tem dúvida?
(Quatre) Eu não queria estar na pele de Relena...
(Wufei) E eu vou perder essa cena...
(Quatre) O ódio de Heero deve ser enorme! Pra ele deixar o Duo sozinho.
(Trowa) Ele só foi porque sabia que estávamos lá fora.
(Wufei) Mesmo Heero não é tão egoísta. Ele sabia que nós não entraríamos com ele aqui. E assim ele resolve dois três problemas com um golpe só.
(Quatre) Não é "dois patos com uma cajadada só"?
(Wufei) Não nesse caso. Ele saiu tranqüilo, sabendo que Duo estará seguro com a gente, ao mesmo tempo nós acabamos com a preocupação fazendo uma visita para Duo.
(Quatre) E o terceiro pato? Digo, problema?
(Trowa) Você ainda pergunta?
Os três se entreolharam em silencio. A mesma coisa passou pela mente deles: "A bomba Heero ira causar uma grande destruição?".
Wufei aproximou-se da cama.
(Wufei) Seja forte, garoto... você tem que sair dessa...
A respiração continua do americano foi a única resposta que Wufei recebeu.
oOo
Preste atenção!! Seu fdp!!
Heero nem mesmo ouviu o desaforo. Dirigia como um louco. Não prestava atenção nos carros que vinham em sentido contrário, nem mesmo nas ofensas que eram dirigidas a ele.
Fez uma curva fechada a mais de cem quilômetros por hora. O motorista que vinha em sentido contrário mal teve tempo de desviar.
(Motorista) Onde você tirou sua carta? Num hospício?!
Os pensamentos de Heero estavam todos voltados para uma direção: Relena.
(Heero) Maldita... maldita! Relena, dessa vez você passou dos limites!
Fez outra curva fechada.
(Heero) Você me paga! Me paga!!
A imagem de Duo deitado naquela cama de hospital, imóvel, sem vida, era a companhia de Heero naquela viagem.
Onde estava o seu Duo? O seu falante e alegre Duo?
Nunca perdoaria Relena por isso. Ela tentara tirar a coisa mais importante da sua vida. Tudo o que ele tinha. Imperdoável.
(Heero) Duo... você tem que sair dessa!
Finalmente chegou no principal prédio da aliança. Estava tudo muito quieto. Estranho.
Começou a subir os degraus até a entrada, mas uma moça carregando uma pilha imensa de papeis o atrapalhou.
(Moça) Ah... senhor Heero! Tudo bem?
Ele nem se dignou a responder.
(Moça) Desculpe, a senhorita Relena não se encontra.
Isso chamou a atenção de Heero, ele parou de andar e olhou para a moça.
(Heero) Ela não está?
(Moça) Não. Surgiu um problema em uma das colônias e ela teve que viajar urgente.
(Heero) Uma das colônias?
(Moça) Sim. Ah, foi logo depois que um dos seus amigos esteve aqui. Ele acabou de sair e a senhorita Relena saiu também.
(Heero surpreso) Amigo?
(Moça) Sim. Não sei o nome dele. Mas parecia sério, ele nem me cumprimentou.
(Heero) E quando Relena volta?
(Moça) Não sei. Semana que vem teremos uma reunião importante com os lideres da Aliança. A senhorita Relena estará presente.
(Heero) Semana que vem...
(Moça) Digo a ela que o senhor esteve aqui?
Heero começou a se afastar.
(Moça) Até logo!
Foi ignorada novamente.
oOo
(Heero) Então ela fugiu... quem será que esteve lá? Não podia ser o Quatre. Ele estava o tempo todo no hospital...
O cérebro de Heero trabalhava rapidamente, tentando reunir tudo o que sabia, decifrar o enigma.
Queria esclarecer as coisas com Relena o mais rápido possível!
Só havia saído do hospital, porque a enfermeira garantira que Duo não acordaria até amanhã de manhã. Ele tinha que estar perto, quando o americano abrisse os olhos.
Tinha tantas coisas pra perguntar. Com certeza Duo esclareceria muitas coisas...
Se ele dissesse que Relena era a culpada... bastaria apenas uma palavra de Duo, e Heero mataria a garota, sem vacilar...
Esse era um obstáculo. Provavelmente Duo não diria nada contra Relena, tentando proteger Heero.
O americano saberia das intenções assassinas de Heero e faria tudo para impedi-lo. Até mesmo encobrir uma víbora como Relena.
(Heero) Duo... dessa vez ela não vai escapar...
Continua...
