Ciúmes – Parte V
Flash back Por: Ayummi HinottoNaquela manhã os pássaros cantavam, o sol brilhava mais que o diamante, as rosas desabrochavam, e orvalho saciava a sede da terra, como uma mãe faz com seu filho. O tempo seguia seu curso naturalmente, enquanto o milagre da vida transcorria, no entanto, o mesmo não ocorria naquela sala, ali parecia que o tempo havia regressado, para Kurama parecia que a terra já não existia mais, pois sentia como se seus pés estivessem pisando o vácuo. Não estava acreditando no que seus olhos teimavam em mostrar ser verdadeiro. Sim, seu passado estava todo de volta, e bem ali na sua frente, seu passado como Youko Kurama.
-Não, não pode ser você!
Kurama estava ajoelhado diante da figura de seu seqüestrador, este por sua vez só meneou a cabeça para que os homens que estavam do outro lado da porta saíssem e fechassem a porta, exceto o homem que foi responsável pela captura de Kurama.
-Você não velho monge, fique.
-Sim senhor como desejar. – Disse a figura exótica que na noite anterior havia estado com Kurama.
-Este é Hideioshi Kumaki, meu melhor servo. Espero que ele tenha te tratado bem.
Kurama estava tão absorto em seus pensamentos que nem prestou atenção ao que lhe era dito. Ao ver o homem que ordenara sua captura kurama viu toda sua vida passar diante seus olhos como um flash back, seus pensamentos custavam em acreditar na imagem da pessoa que estava diante de seus olhos.
-Não, não, não....Isso é loucura, eu só posso estar sonhando...
-O que foi Kurama? Não acredita que sou eu? Oras...não faça isso comigo. Eu costumava ser mais que um sonho para você.
-Kuronue... – Kurama sussurrou essas palavras tentando convencer a si mesmo de que realmente estava diante de seu velho parceiro de luta do Makai.
-Isso meu velho amigo...Kuronue... Pelo menos a lembrança de meu nome aquele inseto não roubou de você.
-Mas como isso é possível? Você deveria estar morto, desde aquele dia nunca mais tive noticias suas então eu...
-Então você tinha me dado como morto! Não é isso Kurama!?
A expressão de Koronue havia mudado, de repente sua face demonstrava o mais puro ódio e rancor. Ele não parecia com o antigo Kuronue que ele conhecia, aquele que ria de tudo, até de seus erros e que não deixava nada lhe tirar a paciência e bom humor que tanto prezava. Coisa que Youko Kurama por algumas vezes não suportava.
Por que fez isso comigo Kurama? Por que?Por que??
Kurama foi pego de surpresa por aquela pergunta, se antes não estava entendo quase nada do que estava acontecendo ali, agora não entedia nada por completo.
-Acalme-se meu senhor, desse jeito estas assustando vosso convidado. Vou me retirar para que possam conversar melhor. – Disse Hideioshi encaminhando-se para a porta quando sentiu a barra de seu kimono ser levemente puxado.
-Hideioshi Kumaki. É esse seu nome não é?
-Sim, é isso mesmo. – abaixando-se disse baixinho para que apenas Kurama ouvisse enquanto Kuronue recuperava o controle de si. – Senhor Kurama, perdoe-me os modos rudes como o tratei, mas apenas o senhor será capaz de ajudar Kuronue.
-Eu sou o único que pode salva-lo? Mas do que você esta falando?
-Preste bem atenção no que vou lhe falar, suas lembranças lhe serão muito úteis aqui. Quando o dia virar noite, o segredo será revelado, a chuva irá virar gelo e logo após retornará ao seu estado normal, e então o portal das trevas irá se abrir e somente o poder das palavras e das boas recordações o farão se fechar novamente...Por toda a eternidade.
-Mas, o que isso quer dizer? E por que eu tenho que salvar Kuronue?
-Por favor, Sr. Kurama salve-o. E não se esqueça do que acabei de lhe dizer.
-Mas...
Tempo não era algo que estava a favor de Kurama naquele dia. Quanto mais procurava por respostas, mais perguntas se formavam e o quebra-cabeça demonstrava não ter fim. Hideioshi logo após plantar mais uma duvida na cabeça de Kurama saiu em disparada pela porta por onde entrou, deixando-o sozinho com Kuronue.
Onde iria chegar com tudo aquilo? Por que ele deveria salvar Kuronue, e o mais intrigante, por que estava ali? Perguntas como essa estavam fervilhando em sua cabeça, retirando a racionalidade que lhe era tão característica. As palavras do velho monge torturavam-no com tanta intensidade que mais parecia estar sendo esmagado por uma montanha. Recuperado e já calmo Kuronue voltou-se para seu objeto de desejo, Kurama.
-Naquele dia quando disse que corresse para se salvar, fui atacado sem piedade, muitos foram os ferimentos que sofri, a dor que eu sentia era lascinante, por um bom tempo eu imaginei ter visto a morte na minha frente a me chamar, escapei de tudo graças a minha força de vontade e por um sentimento que a muito tinha guardado em mim...
Kurama estava chocado com o que estava ouvindo. Jamais em toda sua existência, imaginou que algo tão bizarro como aquilo poderia estar acontecendo com ele. Como em tão pouco tempo tantas coisa aconteceram, por um tempo ficou com a sua relação abalada por ciúmes, depois uma noite maravilhosa veio para recompensar as duvidas e as incertezas, mas tão logo isso aconteceu, foi raptado e retirado dos braços do seu koorime.
E o modo como falava estava diferente, e quando se referiu a.... Kurama ainda não havia parado para analisar tudo o que tinha acabado de ouvir, e só agora se dava conta de que Kuronue havia chamado alguém de inseto, mas... Não, não podia ser, agora tudo se encaixava, ele o havia raptado para separa-lo de Hiei! Essa era a única explicação. Enquanto todos esses pensamentos eram processados pela mente ágil de Kurama, ele não percebia que Kuronue continuava a falar, e quando menos esperou foi pego de surpresa por palavras, que encerraram o desabafo de seu seqüestrador.
-fiz isso porque...Eu te amo
Teve pesadelos a noite toda, não conseguira dormir bem desde que sua raposa sumiu. Desde o dia em que encontrou Kurama pela primeira vez, teve a certeza que sua vida jamais seria a mesma, de que tanto seu corpo, pensamentos e alma seriam inteiramente daquela raposa. Começou a lembrar do cheiro de seus cabelos carmim, do gosto daqueles lábios vermelhos, da pele sedosa e daquelas íris verdes tão cheias de amor, paixão e luxúria que teimavam em sempre lhe convidar a tentadoras e tórridas noites de amor . Aqueles pensamentos estavam fazendo Hiei despertar, seu corpo já havia acordado, seus poros já denunciavam o vulcão adormecido que despertara, sua boca agora seca, procurava engolir algo inexistente, seu coração mais acelerado, agora parecia querer sair pela boca...
-Hnf!...Kurama... – Gemeu baixinho.
-Droga! – Pensou ele .
Rapidamente Hiei levanta-se e volta ao local onde Kurama havia sido raptado, analisou tudo, e nada, sentiu-se o mais incapaz de todos, com todo seu poder e experiência não conseguia achar nenhuma pista que o levasse a sua raposa...Nenhuma....
-Hiei... – disse uma voz
-Quem esta ai? – Gritou ele, para logo após pensar que estava ficando louco por estar ouvindo vozes a essa altura dos acontecimentos – só posso estar muito cansado, até vozes estou ouvindo, e no lugar que acabei de vasculhar!
Sem pistas, céu corpo sentindo a falta de Kurama e agora essa, ouvindo vozes, Hiei estava se achando um baka completo.
-Hiei... – insistiu mais uma vez a voz..
-Ora! Mas quem é que esta fazendo essa brincadeira sem graça? Eu ordeno que se apresente!
De um pulo ficou no mais alto galho da árvore, rastreou com seu jagam de onde vinha aquela voz, mas a única coisa que conseguiu foi sentir um youki que se espandia por todo o local, dificultando a localização de seu dono.
-Hiei... Siga o cheiro... siga-o e encontrará o que tanto procura...
-Cheiro? Mas que cheiro? Do que esta falando?
-Siga o cheiro...E o mais importante... não esqueça das palavras Hiei....Só elas podem desfazer o mal que circunda sua jóia.
-Mal? Minha jóia? Palavras? Do que esta falando? Quem é você!?
-O cheiro Hiei....o cheiro.... – Lentamente a voz foi se tornando cada vez mais longe, até desaparecer totalmente.
Hiei ficou paralisado, era a mesma presença que alguns dias atrás o tinha paralisado, mas, agora, essa voz, mais uma coisa para lhe atormentar. E afinal, de que cheiro essa voz se referia, seria o cheiro de sua raposa?! E se fosse, porque alguém que nem se identifica o ajudaria a encontrar Kurama? Hiei desejava que tudo aquilo não passasse de um pesadelo, e que a qualquer hora, iria acordar nos braços de sua raposa, para juntos passarem mais um dia juntos. Mas, infelizmente não era, e já que não tinha conseguido descobrir pistas, a única alternativa seria seguir o "tal cheiro" que a voz se referiu.
-Hnf!...Mas afinal que diabos eu estou pensando em fazer! Sair atrás de um cheiro! Eu sou um Youkai e não um cachorro!
Transtornado.Essa era a palavra para descrever Hiei naquele momento. Já tinha passado por várias situações, mas, nenhuma delas o havia feito chegar a esse ponto de ter que farejar o que procurava. Mas naquele momento "opção" não era o que ele tinha de sobra. Deu alguns passos para começar seu árduo trabalho, quando sentiu um aroma... Não demorou muito para Hiei identificar , era o perfume dos cabelos de Kurama, um doce aroma de flores que sua raposa sempre usava.
-Esse cheiro... Cheiro?!... É, mas esse é, é o cheiro de Kurama!
Não demorou muito para que ligasse os fatos. Quem quer que tenha sido aquele que o deu uma pista, estava tentando ajuda-lo a achar Kurama. E agora, comprovava isso. Sem mais demora começou a seguir o cheiro, até que chegou a um belo jardim que se localizava no centro da cidade. Caminhou mais alguns passos até que o aroma se dissipou bem em frente a uma cerejeira, ainda por florescer. . Sua expressão não foi das melhores, após alguns minutos de observação, descobriu que não havia ninguém ali.
-Mas que diabos! Segui esse cheiro a toa! Fiz papel de idiota e tudo só para achar uma droga de árvore que não floresceu!
Chateado e sem saber o que fazer, acabou sentando ao pé da árvore, para ali descansar e pensar melhor no que fazer, porém, seu tempo de descanso ainda não tinha chegado, mal se encostou à árvore sentiu-se sendo tragado pela mesma. De um pulo levantou-se e encarou aquela planta tão estranha. Queria ter certeza de que não estava ficando louco, então, vagarosamente foi aproximando sua mão do tronco onde a pouco estava encostado. Para sua surpresa, a árvore tragou sua mão. O susto foi tanto, que sem perceber caiu sentado. Jogou pedras e galhos que estavam a mão, e viu a todos atravessarem o tronco e desaparecerem.
-Mas aonde isso vai dar?
-Entre... – Tornou a voz
Confuso e extremamente aborrecido por todos os acontecimentos, não havia mais o que fazer senão aceitar a "dica". Sem mais esperar, jogou-se de encontra a árvore e ali desapareceu.
-Me ama!?
-Sim...e agora chegou a hora que eu tanto esperava.
-hora que tanto esperava? Do que esta falando? Kuronue me ouça, você tem que parar com isso. Onde pretende chegar afinal de contas? Por que mudou tanto, você não era assim meu amigo, coloque a mão na consciência!
-Chega! Não quero mais ouvir nada. Você foi envenenado por aquele Youkai miserável. Mas não se preocupe vou te curar, e depois disso ficará tudo bem.
De seu bolso Kuronue retirou um pendulo, e direcionou-o a face de Kurama. Passados alguns segundos, luzes começaram a se fazer, e antes mesmo que kurama conseguisse usar seu chicote de rosas, uma grande bola de energia o atingiu paralisando-o.
A imagem que se seguiu foi espantosa. Uma figura de longos cabelos prateados, forma humana, olhos sem brilho, sem vida. Uma criatura com vestes escuras e de expressões totalmente vagas. Essa é a imagem na qual Kurama havia se tornado. Kuronue tinha em seus olhos refletidos uma horripilante felicidade, seu propósito tinha sido atingido, e agora nada nem ninguém poderia detê-lo.
Do lado de fora da sala onde todo esse episódio ocorria, Hideioshi se permitia apenas suspirar desconsolado. Por mais que tivesse tentado, não conseguiu evitar o pior.
Continua....
P.S.: Oi, oi gente! Aqui quem fala é a Ayummi! Espero que estejam gostando da minha fic! Ah! Um detalhe importante, a cena da profecia "quando o dia virar noite, o segredo será revelado..." quem me ajudou a fezê-la foi a You-Chan! Espero q gostem, pq..ela tem uma imaginação fértil e está me ajudando a continuar a fic p vc's! um beijo e até o próximo capítulo!
Por Ayummi Hinotto
Fevereiro/2003
