Capítulo Três - Xadrez de Bruxo

O bruxo fechou a porta sem passar por ela. Ele permaneceu do lado de fora e olhou para Tonks intensamente, como se a estivesse a examinando. Tonks ficou ruborizada com o que o outro estava fazendo, parecia que ele podia ver sua alma através de seus olhos.

- Como soube do meu nome? – perguntou o homem intrigado.

Ops...! Eu falei o nome dele? Bem, pela cara dele, acho que falei... Vamos Tonks, VAMOS!, pense em algo rápido!

- Er... Tom. Sabe, o ele é o...

- O dono do Caldeirão Furado, eu sei disso, aliás, acho que qualquer ser mágico sabe disso. – cortou-a com o comentário venenoso. – Só me responda o porquê dele ter citado o meu nome a você. - Lupin parecia estava começando a se irritar.

- Então, continuando: foi ele quem me disse porque eu perguntei qual era o nome do meu vizinho e ele me respondeu. – Tomara que ele acredite! – Sabe, esta é a política da boa vizinhança. Ao menos eu deveria saber o nome de meu vizinho, para o caso de eu precisar de algo ou vice-versa. – "Política da boa vizinhança?!", Tonks, entre neste quarto e pense em como voltar ao presente, antes que você comece a falar mais asneiras!

- Compreensível. – respondeu o bruxo levantando sua mão para abrir a porta.

Apesar de sua mente continuar a implorar-lhe para que entrasse em seu quarto e permanecesse de boca fechada, Tonks, não conseguia se mover nem um centímetro; ver, Remus, novamente, vivo e dialogando com ela – ok, o bruxo está conversando de má vontade mas, ainda sim, Lupin está falando com ela! -, lhe trouxe uma enorme alegria. Só não se importou de Remus vê-la sorrir tanto, pois sabia que o bruxo não acharia isso estranho, já que, todos os bruxos que estão lá em baixo, comemorando parecem estar num comercial de pasta de dentes que Tonks, vira algumas vezes na televisão quando esteve em território trouxa.

Só que agora ele estava indo embora de novo. Ela não poderia deixar que isto acontecesse, não. Ignorando completamente seus pensamentos falou:

- Então, você vai entrar em seu quarto sem nem perguntar qual é o meu nome? – perguntou a bruxa, feliz ao ver que Lupin, mais uma vez, voltara seus olhos para ela e não entrara no dormitório.

- Se você faz tanta questão de dizê-lo. – disse, dando de ombros; ele já estava perdendo a pouca paciência que ainda lhe restava.

Tonks, fingiu não notar a grosseria do outro. E informou-lhe:

- Meu nome é: Ton… Edwiges James – corrigiu-se rapidamente.

- Prazer em conhecê-la, Ton Edwiges James. Agora eu preciso realmente entrar...

- Não, não! – disse a bruxa, e mais uma vez Lupin não entrara no aposento, e, mais uma vez, ele a olhava intrigado.

- Er... – começou a bruxa constrangida -, quero dizer, é só Edwiges James; não tem Ton.

- Então, Edwiges James, agora eu posso... – dizendo isso o bruxo fizera um gesto com a mão, apontando para a sua porta.

- Eu achei... – Lupin jogou-lhe um olhar malévolo, isto fez com que a bruxa engolisse em seco. – er... achei que agora que já nos apresentamos... talvez... hum... talvez poderíamos conversar um pouquinho – Tonks, usando o indicador e o polegar de sua mão direita mostrou ao homem um pequeno espaço, entre eles, indicando-lhe o "pouquinho" de que falava.

- Chega!- explodiu por fim – Se você ainda não percebeu, eu não estou a fim de conversinhas! Há pouco tempo perdi meus melhores amigos, e descobri que um deles nunca fora um amigo e sim um grande traidor! Tudo isso aconteceu numa tacada só! Agora você poderia, por favor, deixar-me sofrer em paz? Se você quer conversar bobagens, vá ao térreo, lá você encontrara várias pessoas!

PoouEntrou em seu quarto, finalmente, batendo a porta.

Tonks permanecera no mesmo lugar, perplexa. Ela nunca vira Lupin nervoso, ele sempre fora o mais calmo, sempre manteve o equilíbrio, uma prova disso foi a sua reação ao presenciar a morte de Sirius Black, um de seus melhores amigos. Amigo este, que ele acabara de chamar de traidor... Idiota, idiota! Deveria ter escutado a minha consciência e entrado de uma vez neste maldito quarto, assim eu evitaria esta cena desagradável... Como eu posso ser tão idiota? Eu vi que ele estava mal-humorado, que tinha chorado por um longo tempo, mas mesmo assim, insisti para que ele continuasse a falar comigo!... É realmente lamentável que, depois de tanto tempo, eu vá encontrar com Remus num dos momentos mais difíceis de sua vida... A bruxa deu um longo suspiro, deixando explicito a sua derrota, dera uma última olhada na porta fechada do aposento do homem e entrara no seu.

Dentro do quarto havia uma cama, uma mobília de carvalho lustroso e uma lareira, que no momento encontrava-se apagada – não era inverno; pelo calor que estava sentindo, Tonks deduzira que estava no verão.

Jogou-se na cama. Talvez tivesse sido melhor assim, talvez se ela continuasse a falar com Remus... talvez ela poderia contar-lhe coisas de que ele não poderia saber, não por enquanto... E ficando amiga desse Lupin do passado ela talvez quisesse ficar por mais tempo naquela época... e isto, era exatamente o que ela não queria. Arrependera-se profundamente de usar indevidamente o vira-tempo, e torcia para que não tivesse alterado absolutamente nada do futuro.

Tentou pensar em alguma maneira de poder lembrar-se da quantidade exata de voltas que o objeto mágico dera antes de transportá-la para o passado, mas não conseguiu ter nenhuma idéia; ela só conseguia pensar em Remus, que, apesar de seu desmazelo e de sua cara amarrada, estava mais belo do que nunca.

Toc-toc. Tonks levantara-se da cama e foi atender a porta, perguntando-se quem seria.

- Desculpe. – era Remus quem estava do outro lado do portal. – Acredite, geralmente eu sou mais simpático. – deu um sorriso fraco. – Não queria ter lançado a minha raiva em você, você não tem culpa, e se a idéia da conversa ainda estiver de pé...

Está é a sua deixa! Mas por mais que tentasse, não conseguia mover seus lábios, quanto mais falar. Oh, ele esta tão parecido com o Lupin que conheci e me apaixonei!

- Você não vai dizer nada? – perguntou o bruxo, com um imperceptível desconforto na voz.

- Ah... er... er... ahã. – balbuciou, Tonks. – Digo... sim, sim. – finalmente recuperou o autocontrole. – Pode entrar.

Lupin entrou no quarto e acomodou-se na única poltrona que havia no cômodo. Assim, Tonks fechou a porta, sentou-se na beirada de sua cama. Um silêncio mortal tomou conta daquele lugar. Parecia que ambos estavam admirados com o aposento, pois não paravam de admirar os móveis, o chão, o teto... Então, depois do que se pareceu séculos para os dois, eles finalmente, trocaram olhares. Tonks, sorriu para ele, timidamente, o outro ficou a olhando, esperando que ela se pronunciasse. Como isto não aconteceu, restou a ele quebrar o silêncio:

- Então, sobre o que vamos conversar?


- Ganhei! Eu lhe disse que era boa neste jogo!

- Demonstrou isto muito bem, perdendo treze vezes consecutivas pra mim. – disse irônico.

Logo depois que Lupin havia finalmente dado fim ao silêncio, Tonks se sentira segura e voltou a ser aquela velha tagarela de sempre. Eles conversaram sobre os bruxos haviam perdido totalmente a sanidade de tão felizes que estavam, e se expuseram aos trouxas; sobre o que poderia ter acontecido com os comensais de Voldemort que não haviam sido presos, nem mortos; sobre o que realmente aconteceu com Voldemort (neste momento Tonks, tivera que se segurar para não contar a ele que o Lord não estava morto, vivendo em algum lugar, precisando se hospedar em corpos alheios...). A bruxa tentara mudar um pouco de assunto, e perguntou a Lupin sobre mais detalhes da revelação que ele gritara para ela, antes de bater a porta, mas este não lhe respondeu nada, e em seguida – para que não houvesse tempo dela retornar a perguntar -, perguntou se ela sabia jogar xadrez de bruxo (Talvez tenha sido melhor ele não ter dito nada. Se ele começasse a responder minhas perguntas sobre a sua vida, ele estaria no direito de fazer o mesmo comigo, e eu não saberia mentir tanto, nem me sentiria bem fazendo isso.).

O bruxo saiu do quarto de Tonks, e foi até o dele pegar seu velho tabuleiro e peças para dois jogadores. Voltou para o quarto e os dois sentaram-se na cama, colocando o tabuleiro no centro dela.

Como Remus possuía suas as peças há um bom tempo, elas lhe obedeciam em tudo sem reclamar. Já Tonks, tivera dificuldades com suas peças pois eles não confiavam nela, sem falar que pareciam que elas estavam torcendo para que o seu verdadeiro dono ganhasse o jogo: todas elas gritavam, dando-lhe péssimos conselhos. Com ou sem a ajuda de suas peças, uma coisa era fato: Tonks não era tão boa quanto Lupin nesse jogo.

- Não, senhor! Eu não perdi as treze partidas, eu apenas o deixei ganhá-las, mas agora já me cansei disso, resolvi jogar pra valer. – disse a bruxa, muito séria.

- Desculpe, - intrometeu-se na conversa, uma das peças de Tonks. – mas se há alguém aqui que deixou o outro ganhar, este alguém não foi à senhorita.

A bruxa olhou para o restante do tabuleiro e viu a maioria das peças concordarem, e desembestarem a falar de como Lupin jogara mal para que ela ganhasse.

- Você me deixou ganhar? – ele confirmou com um sorriso. Definitivamente, o humor dele estava bem melhor.

- Eu não acredito! Que presunçoso! Você acha mesmo que eu só conseguiria ganhar de você se você o deixasse? – protestou zangada.

- Eu só estava sendo cavalheiro. - deu de ombros.

- Grande maneira de demonstrar cavalheirismo, mostrando a outra pessoa que é incapaz de vencer um mero jogo de xadrez. – criticou a outra ainda aborrecida. – Você está com fome? – perguntou em seguida.

- Você está?

- Eu perguntei primeiro!

- Porque está me perguntando isso?

- Sabe, é realmente uma pergunta muito difícil de se responder... escolher entre sim e não...

- Estou. Agora me diga porque me pergunt...

- Ótimo! Então vamos jogar por uma última vez, só que agora esta valendo um jantar. – explicou a outra com o seu tom habitual. Não era de seu feitio ficar aborrecida por muito tempo.

- Você tem certeza...?

- Sim, certeza absoluta! Ou vai dizer que esta com medo de perder de mim? – desafiou a bruxa.

- Não estou com medo de perder; sei que não perderei. Só queria poupar as suas moedas, pois eu como muito.

- Vamos jogar, e veremos quem é que irá ficar com dó do outro por ter que gastar muitas moedas.

As peças se organizaram novamente no tabuleiro. Todas aparentavam cansaço, afinal já era a décima quinta vez que se organizavam para iniciar um jogo. Porém, Tonks e Lupin estavam tão animados quanto na primeira rodada. Começou o jogo. Este demorou mais do que as outras partidas para terminar, ambos estavam concentradíssimos.

- Ok. – disse a bruxa para as suas peças - Respondam: eu ganhei ou ele – apontou para Lupin -, deixou-me ganhar novamente?

Silêncio.

- Ótimo... ótimo! É evidente que houve outra marmelada!

- Se você faz tanta questão assim, pague a conta. – disse por fim o homem sem paciência.

- Eu não vou pagar! Eu ganhei.

- AHH! Num segundo atrás você dizia que tinha sido marmelada. Agora já esta dizendo que ganhou... Decida-se, e quando chegar a um veredicto, me procure.

Levantou-se da cama, abriu a porta...

- Ei!, aonde você vai? – perguntou a bruxa.

- Vou jantar. – dizendo isso, ele fechou a porta.

- Remus!, espere que eu também vou! – saiu correndo atrás dele.


Nota da Autora: Eu sei que demorei MUITO para atualizar esta fic, mas fiz isso para que, tanto a fic aqui do quanto a fic no 3V tivessem o mesmo número de capítulos (deu pra entender? Ultimamente tem ficado difícil me expressar direito...). Enfim... prometo que, as atualizações, voltarão a ser semanal. Portanto, semana que vem têm mais um novo capítulo.

Por falar em fic... eu escrevi uma songfic. Ela ficou em segundo lugar no concurso de songfics do PotterCon (18/12/04). Quem se interessou procure pela fic de título ONE MORE TIME.

Antes, de me despedir, queria agradecer aos comentários que recebi (eu fico muito feliz em ver que estão lendo o que eu escrevi), e queria desejar a todos os leitores e não leitores das minhas fics, um MARAVILHOSO Natal!!!!!!!!!!
Beijokasss, Elis (Winky)