Capítulo Quatro - Em Busca De Uma Solução
Foi um jantar simpático. Tonks, notara que Lupin não comeu muito. Não que ele estivesse com remorso de Tonks ter que pagar a conta – até porque, depois de muito discutirem, chegaram à conclusão de que o melhor seria pagarem cada um a metade. -, ele não comeu muito pois ainda continuava deprimido. Realmente a perda, apesar de ter acontecido já há alguns dias, fora muito grande para Remus e é muito difícil esquecê-la tão facilmente.
O Caldeirão Furado continuava com muitos clientes, embora estivesse mais vazio do que a hora em que Tonks entrara nele. Os dois conseguiram uma mesa só para eles. E, finalmente - depois de boas doses de vinho -, Remus se sentira seguro para falar das mortes de Pedro, do casal Potter e da suposta traição de Sirius. Por vários momentos, Tonks, notara os olhos do outro se encherem de lágrimas, porém, nenhuma gota saiu de seus olhos. Sentiu vontade de dizer a Lupin que Pedro é quem era o verdadeiro traidor, e que Sirius foi preso injustamente... Mas sabia que não podia fazer isso. Se o fizesse, o curso da história mudaria totalmente... Ouviu-o com atenção, falou palavras para consolá-lo, disse a ele que sabia exatamente como era perder alguém que se ama...
- Quem você perdeu? – perguntou o bruxo.
Tonks ficou sem fala. Ela não poderia dizer que perdera a ele.
- Perdi o meu namorado, quer dizer, perdi o homem que amava sem antes lhe falar sobre os meus sentimentos... Foi horrível. – estremeceu.
- Como foi que ele morreu?
A bruxa contou a Remus que ela e o falecido foram atacados de surpresa pelos Comensais da Morte, ela disse que duelou com um deles – Lupin ficou curioso com o fato dela saber duelar, perguntou aonde ela havia aprendido isto e, mais uma vez, Tonks, mentira dizendo-lhe que aprendera com o seu pai, que havia participado de um clube do duelo quando era mais novo. Ela não podia dizer que era auror... isto acabaria gerando mais perguntas -, e que o homem que amava lutava com uma Comensal. Depois, contou-lhe como foi atingida pelo Comensal e como o outro homem – que na realidade é Lupin - a salvou, morrendo em seguida por ser atingido covardemente pelas costas.
- Desculpe. – disse Tonks, secando as lágrimas que escorreriam de sua face. Suas mãos tremiam tanto que, se ainda estivesse jantando, mal conseguiria segurar o garfo.
Lembrar daquela cena sempre a deixara emotiva, agora então, que acabou de contar ao homem que ama, a maneira que ele ira morrer (é claro que ela omitira o fato de que o homem morto em questão era ele)... Isto era tão estranho pra ela.
- Você está bem? – perguntou Lupin, a afastando de seus pensamentos. – Está tão pálida e trêmula.
Eis o seu Remus Lupin agindo novamente. Era típico do bruxo se preocupar mais com os outros do que com si próprio. Esquecera-se de seus problemas e demonstrara apreensão para com ela. E isto, em vez de ajudá-la a fez se sentir pior ainda.
- Eu... eu vou subir. – balbuciou a bruxa, enquanto pegava de seu bolso algumas moedas para pagar a sua parte do jantar e deixava-as sob a mesa.
Lupin pedira para que ela o deixasse acompanhá-la até o seu quarto, porém, ela recusou, dizendo-o que estava bem, só estava um pouco triste por ter lembrado da sua recente perda – o que, de certa forma não deixava de ser verdade. Subiu as escadas sozinha, pensando em uma maneira que a fizesse se lembrar das vezes em que o vira-tempo girou. Ela tinha que sair daquela época o quanto antes. A bruxa já começava a se afeiçoar por aquele bruxo, e isto não era nada bom... Ela tinha que voltar para o seu presente! Ela tinha, mas não sabia como...
Chegou ao primeiro andar, foi em direção à porta de seu quarto, quando sentira o corredor começar a rodar e aos poucos uma escuridão foi tomando conta do lugar...
Estava duelando contra um dos Comensais, na casa dos Black - não sabia quem era, pois o bruxo estava com o capuz na cabeça -, quando foi atingida por um "Expelliarmus!". Seu corpo estava dolorido, havia batido com muita força na parede, e sua varinha voara para bem longe...
Viu o Comensal responsável pelo seu desarmamento se aproximar cada vez mais dela. Seu coração começou a bater furiosamente. Seria assassinada? O homem apontou sua varinha para o seu rosto, ia pronunciar algum feitiço quando Lupin chegou bem a tempo e jogara um feitiço nele, deixando-o desacordado.
- Você está bem? – perguntou o bruxo apreensivo, ao chegar perto de Tonks.
- Sim, nada que uma boa poção não resolva. – sorriu ela em resposta ao ver que o outro demonstrava ceticismo. – Remus... obrigada.
Ele ia falar-lhe algo, porém, Tonks nunca saberia o que era, pois, Lupin agilmente virava de costas para ela, acertando a mão direita de Bellatrix, justo na hora em que ela ia lançar-lhe um feitiço. Ao ver que os membros da Ordem estavam ganhando a briga, um a um os Comensais foram aparatando, deixando o corpo de alguns Comensais na casa.
Lupin voltou-se para ela e beijou-a na boca. Aquele beijo fez com que Tonks esquecesse por um momento que estava com o corpo todo dolorido, e uma enorme alegria e curiosidade tomaram conta de si.
- Como você sabia que Bellatrix...?
- Alguém no passado me alertou sobre isso... Só há alguns segundos percebi que você era...
- Edwiges? Edwiges?
Tonks abrira os olhos lentamente. Era Lupin quem dava tapas leves em seu rosto para tentar reanimá-la. A bruxa passou as mãos no rosto e notou que estava suando frio. Com a ajuda do outro, ela conseguiu sentar-se.
- O que houve?
- Acho… acho que desmaiei. – ela ainda estava confusa.
Fora um sonho? Um dos meus vários pesadelos com aquele dia? Não... se fosse não teria tido um final tão feliz... Não sei... era tão... tão real. Oh, por Merlin! Eu tenho que sair daqui o mais rápido possível. Estou enlouquecendo, estou tendo alucinações!
Apesar de Tonks afirmar que estava bem e que poderia muito bem andar até o seu quarto, Remus segurou-a no colo, entrou no quarto dela, colocou-a cuidadosamente na poltrona que há algum tempo atrás havia ocupado, tirou o tabuleiro e as peças de xadrez bruxo que ainda estavam sob a cama, colocou-os em cima do criado-mudo, e, com cuidado, pôs Tonks na cama para, em seguida, tirou os sapatos da bruxa. Feito isso, o bruxo ia se retirar, mas antes, deixou bem claro que, se ela precisasse de qualquer coisa, era só bater em sua porta. Estava se afastando da bruxa, indo em direção a porta, quando, Tonks, virara para um das extremidades da cama e vomitara no chão.
- Ainda bem que combinamos de pagar meio-a-meio, pois, eu me sentiria muito ofendido ao ver você vomitando o jantar que eu tinha pagado. – brincou o bruxo.
Lupin deu meia volta, pegou sua varinha, sussurrou um feitiço que fez o vômito desaparecer e sentou-se na poltrona. Vendo o rosto confuso da bruxa, esclareceu:
- Ficarei aqui até você ficar melhor.
- Eu estou bem! – disse a bruxa, teimosamente pela milésima vez naquela noite.
Depois de muito discutirem sobre a saúde da bruxa, Tonks conseguiu convencer Lupin a ficar até ela adormecer. Ela não queria que o coitado passasse uma noite em claro a observando, afinal, ela sabia muito bem que o desmaio só poderia ser conseqüência da enorme emoção que tivera no jantar, e o vômito fora resultado do desmaio seguido pelo sonho estranho que tivera.
Passaram-se horas e Tonks não conseguia dormir. A lembrança daquele sonho permanecia em sua mente. Aquilo tinha sido tão real. Ela poderia jurar ter sentido o beijo que Lupin lhe deu... Será que aquilo realmente aconteceu? Que depois de anos, no meio de um duelo, ele lembraria da conversa que tiveram e além de salvá-la ele conseguiria salvar-se? Aqueles pensamentos a perturbavam, e o fato de ter ciência de que, uma versão jovem do Lupin, estava na poltrona a observando não a ajudava nem um pouco...
Ela fingiu estar dormindo. Remus cumpriu o prometido e deixou o quarto, pensando que Tonks estava no décimo sono.
Levantou-se da cama. Não agüentava mais ficar deitada, sem estar cansada nem ter sono. Estava decidida a sair daquela época e voltar para o seu tempo. Percebeu agora a loucura que tinha cometido ao usar levianamente um vira-tempo, e estava arrependida. Ver novamente Lupin e saber que não pode ficar com ele – isto poderia mudar o futuro dele, sem falar que depois ela não teria coragem de abandoná-lo -, a deixava arrasada. E saber que está presa naquele tempo à deixa pior ainda. Ela precisa voltar para o seu tempo, precisa saber se Lupin conseguira salvar-se do ataque de Bellatrix, ou se o que viu fora apenas um sonho.
O quarto parecia lhe sufocar. Ela não agüentava ficar mais naquele cubículo; queria sair, ela tinha que sair.
- E vou sair. – disse decidida.
Pegou os seus sapatos mas não os calçou. Abriu a porta de seu quarto com cuidado para não fazer barulho, pegou a sua varinha, sussurrou "Lumus!", e saiu. Mesmo estando descalça, caminhou até as escadas com as pontas dos pés. Ela conhecia Lupin e sabia que o bruxo estava acordado em seu dormitório atento a qualquer ruído estranho do quarto ao lado. Se ouvisse alguma coisa, certamente iria a procurá-la para verificar se estava tudo bem. Se ele a encontrasse ali, pretendendo sair do Caldeirão Furado, provavelmente a obrigaria a voltar para a cama, com medo dela ter uma recaída.
Chegando ao térreo completamente vazio (os hospedes já estavam em seus dormitórios, e o bar estava fechado para clientes), calçou seus sapatos e foi até o pátio dos fundos. Chegando lá, com a sua varinha, bateu no terceiro tijolo a contar da esquerda acima do latão de lixo e se afastou para que a entrada para o Beco Diagonal surgisse. O arco apareceu na parede, então Tonks sussurrou "Nox!" e sua varinha se apagou. No Beco Diagonal ela não precisaria usar a luz de sua varinha, pois a rua estava toda iluminada.
Todas as lojas ainda estavam fechadas, com exceção dos cafés, que ficavam abertos por vinte e quatro horas. Foi num desses que Tonks fez uma pequena refeição (apesar de ainda possuir alguns galeões de ouro, sicles de prata e nuques de bronze no bolso, ela procurou economizar; Tonks percebeu que se gastar todo o seu dinheiro antes de descobrir como voltar ao seu tempo, não conseguira tirar nada de Gringotes pois, provavelmente, sua conta nem exista. E mesmo se existisse, ela estava sem a chave do seu cofre...). Tonks caminhara pelo Beco Diagonal até o Sol nascer. Aos poucos as lojas foram abrindo. E quando, finalmente, a Floreios e Borrões abriu suas portas, Tonks entrou.
- Eu gostaria de ver livros sobre o vira-tempo. – disse a bruxa a um dos vendedores.
O vendedor saiu do alcance de seus olhos, e minutos depois chegou com uma enorme pilha de livros.
- Humm... – disse Tonks. Ela nunca imaginara que existissem tantos livros diferentes com o mesmo tema. – Eu posso dar uma olhadinha neles antes de escolher qual comprar?
- Claro que sim. – respondeu o vendedor magrelo.
O homem a levou até uma sala, cheia de mesinhas, que fazia qualquer um pensar estar dentro de uma biblioteca. Lá, Tonks pode examinar livro por livro. Minutos se passaram, e a pilha de livros ia diminuindo à medida que a bruxa, lia o índice e via se o livro seria ou não útil para ela.
Tonks estava à procura de livros que contassem sobre pessoas que se esqueceram, ou não lembram, de quantas voltas deram no vira-tempo; se é possível voltar ao seu tempo sem saber exatamente à quantidade de voltas, ou se só puder voltar ao seu tempo com a ciência de quantas vezes o objeto virou, descobrir algum modo de obter esta informação. Mas, infelizmente, a bruxa, não estava tendo sucesso com a sua busca. A maioria dos livros, falavam sobre as utilidades do vira-tempo; como usar a peça; listas do que se pode ou não alterar do passado... Mas não havia nada, absolutamente nada, sobre o que Tonks procurava. Será que eu, Nymphadora Tonks, sou a primeira pessoa no mundo mágico a não ter contado quantas voltas àquela porcaria de vira-tempo deu?! E para que tantos livros sobre este tema se todos falam exatamente a mesma coisa?
Faltavam agora três livros para serem examinados. Tonks, ia pegar o próximo, quando, leu o seu título... É isso!, pensou. Não se deu ao trabalho de examinar os outros dois e, segurando o livro de capa dura, com suas extremidades prata, foi atrás do vendedor que havia lhe atendido.
- Vou levar este. – disse a bruxa, colocando nas mãos do outro o grosso volume.
O vendedor examinou o livro, confuso. Por fim disse:
- Desculpe, deve ter havia algum erro. Eu, sem querer, acabei colocando este livro... Bem, não sei se você percebeu mas, este livro fala sobre o modo de se usar uma penseira.
- Exatamente. – disse a bruxa contente.
Nota da Autora: Bom, como prometi: atualizei. Dedico esse capítulo ao meu irmão; se não fosse ele este capítulo não estaria hoje no ar... ahahahahaha
Ah, e semana que vem, ou seja, sexta-feira, mais um novo capitulo! Enquanto o capitulo novo não sai: leiam a minha songfic ONE MORE TIME!
Enfim, desejo a todos um FELIZ e MARAVILHOSO ano novo!
Beijokas!
