Capítulo Sete – Final Alternativo Um: Complexo
Sem dúvida, aquele que estava em sua frente era o Dumbledore do presente de Tonks. E isto deixou a bruxa chocada; se Dumbledore foi atrás dela no passado - ele que sempre foi tão ocupado, principalmente agora com a volta de Você-Sabe-Quem -, isto significa que houve algo muito grave.
- Sente-se. – disse o bruxo muito sério, apontando a poltrona a sua frente.
Desajeitadamente, a bruxa encaminhou-se para a poltrona e sentou-se, ainda mantendo o silêncio. Várias perguntas passaram por sua mente, mas ela fez apenas a que mais martelava a sua cabeça:
– Como você descobriu que eu estava aqui, digo, neste ano?
Dumbledore sorriu timidamente.
- Bem, eu, embora muitos não saibam, sempre fui um grande fã das Esquisitonas e, por isso, fui ver o ensaio delas em comemoração a derrota de Voldemort.
"E, nessas últimas horas, eu desmaiei, e novas lembranças foram adicionadas em meu cérebro: vi um casal dançando animadamente, e reparei que Remus Lupin era quem estava dançando com a jovem. Então, liguei uma coisa à outra e cá estou eu."
Terminada a explicação, Dumbledore novamente pareceu sério, parecia que por um momento ele tinha esquecido o motivo que lhe fez ir até o passado atrás de Tonks, e no outro, lembrar-se de tudo. A bruxa, ao notar que a expressão séria do rosto do homem voltara, ficou preocupada. Seja qual for o motivo que trouxe Dumbledore para o passado, não era bom.
- Sei qual era o seu objetivo; sei porquê voltou ao passado. – disse o bruxo, andando de um lado para o outro. – Devo confessar que, embora saiba de tais coisas, não entendo o porquê de você ter voltado tão ao passado...
- Foi um aciden... – Dumbledore a calou com um gesto.
- Bem, isto não está em questão... O que quero dizer é que, você atingiu o seu alvo: Remus Lupin não foi atingido por Bellatrix...
Então, aquele sonho... eu desconfiava, mas agora tenho certeza absoluta de que aquele desmaio e aquela visão... tudo aquilo era o meu cérebro arquivando as novas recordações! Ele está vivo... Ele está vivo!
Agora eu voltarei com Dumbledore e, dessa vez, não me envergonharei e confessarei o meu amor por ele... embora ele já deva saber disto, afinal, ele me reconheceu, descobriu que eu era Edwiges James...
A bruxa não conseguiu mais conter a alegria e sorriu, contudo, Dumbledore continuou sério.
- ...porém, Remus Lupin, morreu atropelado.
- Como?! – Tonks dera um pulo da poltrona. E de seus olhos, lágrimas brotavam e escorriam desesperadas pelo seu rosto. – Isto só pode ser alguma brincadeira! Eu vi ele se defender de Bellatrix, o vi vivo!
- Sinto muito, Tonks, mas isto é a pura verdade. – falou o bruxo, com os seus olhos cintilantes. – Certamente, você não pode ver toda a sua recordação nova... talvez algo tenha a feito você recobrar a consciência antes de absorver toda a informação.
Tonks lembrara-se de que fora acordada por Lupin. E ao ver que a estória que Dumbledore tinha coerência, a bruxa ficava mais desesperada. Ele está morto, está morto... morto! A mulher sentou-se na poltrona novamente, tremia muito, e estava encolhida como se fosse uma criança assustada. O bruxo repousou suas mãos no ombro de Tonks, para tentar consolá-la. Não obteve sucesso com sua tentativa, pois, a bruxa continuava da mesma maneira. Suspirou cansado e continuou:
- Ao saírem da casa dos Black, um trouxa embriagado estava dirigindo seu carro… perdeu o controle e atingiu Remus. Ele morreu na hora.
- Espere um pouco! – disse a bruxa, com sua cara que começava a inchar. – Eu posso... eu posso, reverter isto! Posso avisar a ele sobre este futuro acidente. Farei como fiz da primeira vez – se bem que da primeira vez eu o fiz sem querer... Eu serei sutil e então... ele poderá viver! – Tonks estava tão nervosa, que falara tudo muito rápido.
Dumbledore tirou suas mãos de Tonks, caminhou para frente da outra e a olhou com intensa ternura. Balançou lentamente sua cabeça, num gesto de negação.
- Não. Você pode utilizar o vira-tempo milhões de vezes, pode "sutilmente" contar a ele sobre sua morte, trilhões de vezes... que não adiantará. Remus, tem que morrer. – falou o bruxo, como se sentisse dor a cada palavra que pronunciava.
- "Ele tem que morrer"? – repetiu a bruxa horrorizada.
- Se você tivesse se informado antes, sobre o vira-tempo... saberia que a viagem no tempo seria inútil.
- Como assim? E-eu… não consigo compree-der! – soluçava loucamente a bruxa.
- Isto é muito complexo, mas tentarei te explicar: você utilizou o vira-tempo para poder salvar a vida de Remus Lupin, porém, se ele sobrevivesse, não existiria motivo para você usar o objeto, compreende?
A bruxa olhava-o, confusa. E então lhe perguntou:
- Isso não faz sentido. Há alguns anos atrás, Harry e Hermione usaram o vira tempo para salvar as vidas de Bicuço e Sirius Black! E não aconteceu nada de mal!
- Como eu disse: isto é muito complexo. Veja bem: quando Harry e Hermione voltaram no tempo, Sirius estava preso numa das Torres Oeste do castelo. A missão deles era salvar Bicuço para, mais tarde, poderem salvar Sirius. Acontece que o futuro não foi modificado, pois Bicuço, não tinha muitas ligações... Assim, se ele morresse ou não, pouca coisa mudaria – a única coisa que me preocupou no caso do hipogrifo, foi à inocência de Hagrid; ele poderia ser culpado pela fuga do animal. Já Sirius, é um caso diferente. Ele era um ser humano e tinha muitas ligações, se não fizéssemos o resgate do modo certo, obviamente, o caso seria parecido com o de Lupin...
A bruxa continuava o observando, entre um soluço e outro, tentava absorver todas as palavras que o outro falava, para entender o porquê de tudo ter terminado mal.
-... repare, Tonks, que eu só pedi para os garotos salvarem Sirius quando ele já estava na torre, preso, a espera do beijo do dementador. Agora vem a parte importante disso tudo: Harry e Hermione saíram da ala hospitalar para libertar Sirius, que estava preso, e não para impedir a sua prisão. Portanto, eles sempre teriam um motivo para voltar ao passado. Eles libertaram Sirius, porém, ele esteve preso… Está conseguindo me acompanhar, Tonks?
Ela continuava a encarar Dumbledore com uma expressão de absoluta confusão no seu rosto. Tonks tentara, mas ainda não compreendia o porquê desse final tão amargo.
- Vamos aplicar isto ao seu caso. Ao salvar Remus Lupin, você não teria um motivo para querer voltar ao passado, compreende, agora? Remus Lupin tem que morrer para você poder ir ao passado. Se Harry e Hermione impedissem a prisão de Sirius, eles não teriam motivos para voltar ao passado e isto provocaria algo parecido com o que está acontecendo no momento...
Agora tudo fazia sentido. O cérebro da bruxa começou a funcionar rapidamente. Por isso Remus tinha que morrer... Se ela soubesse disso antes... Mais um plano inútil, elaborado por uma cretina chamada Nymphadora Tonks!
Choro, revolta, raiva... Depois de tudo isso, Tonks – finalmente - recuperou o seu estado normal. Conteve suas lágrimas e sua dor, mas sabia que por dentro sangrava sem parar, e que não havia um jeito de poder conter aquilo.
- Agora, temos que voltar ao nosso verdadeiro tempo. – informou o bruxo ainda com o seu olhar de ternura.
Remus Lupin acordava em seu quarto. Tateou, com os olhos entreabertos, a outra parte da cama e, ao notar que Tonks não estava mais ao seu lado, levantar-se. Pôs uma roupa, e foi até o quarto vizinho ao seu. Bateu. Nenhuma resposta. Deduziu então que Tonks poderia estar tomando café. Desceu.
O bar encontrava-se cheio. Há esta hora, vários hospedes e alguns bruxos, que faziam compras no Beco Diagonal, saboreavam um delicioso café da manhã. Remus procurou por Tonks pelo bar inteiro. Então, ao ver Tom, perguntou:
- Tom, por um acaso você viu Edwiges James por aqui?
O bruxo ficou sério e, em seguida, lhe informou:
- Ela acordou faz muito tempo; está há horas conversando com um senhor que não pude identificar, já que ele não tirou o capuz um minuto sequer, nem quis dizer o seu nome.
- Exatamente quantas horas?
- Aproximadamente umas duas, três horas.
- Quer dizer que você deixou Edwiges ficar trancada na saleta por cerca de três horas com um estranho?
- Bem, eu...
- Não me venha com desculpas. – falou com veemência. – Você não pensou que este estranho poderia fazer-lhe algum mal? – suspirou nervoso - Me leve a esta sala. – ordenou.
Mais uma vez, Tom caminhava pelo corredor que os levaria até a saleta. Ambos estavam com as varinhas em mãos, para o caso de terem que usá-las assim que abrirem a porta. Andaram, tentando o possível para não fazer muito barulho. Finalmente alcançaram à porta da sala e, com um movimento brusco, Remus abriu a porta.
A saleta estava vazia. Lupin e Tom procuraram por toda parte, mas não encontraram nem Tonks, nem o misterioso bruxo.
- Seu irresponsável! – berrou Remus. – Ele a levou! Agora como saberemos aonde encontrá-la? – o bruxo aproximou-se de Tom e apontou sua varinha em direção ao homem. – Eu deveria... o que é aquilo?
Lupin abaixou a varinha. Tom respirou aliviado. Atrás de Tom havia uma mesa e nela jazia um envelope branco. Remus pegou o envelope e leu o seu nome escrito em letras tremidas. Abriu a carta:
Remus,
Antes de tudo, gostaria de lhe dizer que a noite passada foi a melhor noite da minha vida! Você não faz idéia do quanto desejei e sonhei que aquilo acontecesse... Gostaria muito de poder repeti-la milhares de vezes – porque não dizer, por minha vida inteira? Mas, infelizmente, isto não poderá acontecer.
Não pense absurdos ao meu respeito. Não sou má e nunca cogitei em te usar. Sei que você deve estar se perguntando o porquê de eu sair sem me despedir adequadamente. Mas eu não posso lhe contar...! Sinto muito, sinto mesmo! Oh, só Merlin poderia imaginar o quão doloroso está sendo para eu, ter que deixá-lo, ter que escrever esta carta...
Remus, quero que saiba que te amei, te amo, e sempre irei te amar, mesmo sabendo que talvez, nunca poderemos repetir a noite de ontem... Mesmo sabendo que só sentirei suas carícias novamente em sonhos...
Por favor, perdoe-me. Perdoe-me. Saiba que não quero te magoar, embora tenho certeza de que estou fazendo isso ao ir embora. Mas eu TENHO que ir.
Gostaria de pedir a você para que não deixe a depressão lhe dominar de novo; gostaria de lhe pedir para que você esquecesse de todos os momentos ruins que passou pela sua vida e que só se lembrasse dos bons; gostaria de lhe pedir para que você viva do presente e não do passado... Seus amigos podem ter morrido, mas você não morreu. Viva!, sei que você pode; eu vi isto neste pouco tempo que passamos juntos.
É estranho este meu último conselho. Eu, assim como você, prendi-me muito ao passado... Mas, diferente de você, eu não tenho a coragem de enfrentar e esquecer os meus problemas e ferimentos – não do jeito convencional...
Não consigo escrever mais Remus, não consigo raciocinar direito...
Até um dia, Remus.
Lupin ficou parado, ainda observando a carta. Ela havia partido, e nem sequer explicou quem era o sujeito que estivera com ela naquela sala. Embora não tenha dito quem ele era, embora tenha se despedido de uma maneira bem fria, o bruxo não sentia raiva dela. Sabia que o que falava era verdadeiro, pois, a carta fora escrita com letras tremidas, e estava manchada em algumas partes; o que demonstrava que ela havia chorado. Ela o amava, e isto bastava para que ele pudesse continuar a viver.
O bruxo - com lágrimas se formando em seus olhos -, pôs a carta dentro do envelope e o guardou no bolso – futuramente, quando a saudade apertava, Remus lia e relia a carta. Tom olhava-o com curiosidade.
- É uma carta pedindo o resgate? – perguntou.
- Não. É uma carta de despedida. Ela se foi. Certamente aparatou e o sujeito que estava com ela fez o mesmo.
- Antes de irmos, eu queria pedir dois favores: deixe- me ao menos escrever uma carta de despedida a ele... e o outro favor, pedirei assim que terminar a carta.
- Escreva a carta, mas lembre-se: não lhe conte nada revelador!
A bruxa pegou um dos muitos pergaminhos que estavam em cima de uma mesa. Pegou a pena que estava no tinteiro, molhou-a e começou, com a mão trêmula, a escrever. Chorava. Por vezes parecia que não tinha força nas mãos, que não conseguiria segurar mais a pena. Finalmente – depois de várias pausas -, terminara a carta e Dumbledore apanhou outro pergaminho e, com o toque da sua varinha, fez com que o pergaminho se transformasse num envelope. Tonks pôs sua carta no envelope e quase não conseguira escrever o nome do destinatário. Estava nervosa; imaginava as barbaridades que ele iria pensar dela, imaginava que talvez ele nem ligaria para o fato dela ter partido… e pior: imaginava que nunca iria saber o que ele pensou de tudo aquilo.
- Agora – disse a bruxa numa voz firme -, gostaria que você apagasse de minha memória tudo que se relaciona ao meu amor para com Lupin.
- Você tem certeza, Tonks? – perguntou o bruxo surpreso – Saiba que se eu fizer isso, não haverá um jeito para recobrar o que se foi perdido.
- Dumbledore... tenho certeza absoluta disso. – continuou ela com o tom firme, embora as lágrimas, que escorriam em seu rosto, a denunciassem. – Senão o fizer, provavelmente cometerei outra estupidez... sei disso.
O bruxo ficou a analisando por um tempo. E, então, ergueu sua varinha lentamente e perguntou por uma última vez:
- Tem certeza...?
- Total. – respondeu a bruxa levantando-se da poltrona, se pondo de pé e fechando os olhos nervosamente.
- Obliviate!
A luz que saiu da varinha atingiu Tonks, que caiu bruscamente na poltrona. E foi assim que um romance que havia acabado de começar, terminou.
FIM 1
Nota da Autora:
Desculpem-me pela demora em postar os novos caps! DESCULPEM, mas devo admitir que a culpa não foi minha e sim do meu computador que resolveu pifar e só agora voltou do conserto.
Bem, este é o final oficial.
Agora que a fic já chegou ao fim, eu já posso dizer que me inspirei no filme "A Máquina do Tempo". Bom, se eu falasse isso logo no começo da fic, o final ficaria muito óbvio, não?
Enfim, não gostou deste final? Não fique triste. A seguir vem o segundo final alternativo.
Beijokas!
