Capitulo I – Alguém desconhecido
- O que aconteceu? – Perguntou Sakura ensonada, olhando para Mikaro, que estava sentada ao lado dela, como se fosse a primeira vez que a tivesse visto.
Mikaro por sua vez fazia sinais de alarme a Sakura, olhando para ela e para o professor, que estava quase a gritar.
- Kinomoto! – Exclamou o professor desde o quadro, fazendo Sakura saltar da cadeira, e olhar-lhe com uma gotinha na cabeça.
- Sim, professor?
Todos os que estavam na aula viraram-se para ver o que Sakura tinha estado a fazer, enquanto alguns riam baixinho.
- Senhorita Kinomoto – disse o professor tentando manter-se calmo – perguntei quem foi o presidente dos Estados Unidos da América em 1861!
Sakura pensou um bocado, enquanto, uma gotinha de suor aparecia atrás da cabeça de Mikaro e do professor.
- Ahhh...sim – Exclamou Sakura, após Mikaro ter-lhe dito entre sussurros a resposta – Foi o George Washington.
O professor olhou para elas, indignado, enquanto a gotinha de suor de Mikaro aumentava de tamanho. - Porque Sakura tinha de ser sempre tão esquecida! – Pensou.
- Sim, Srta.Kinomoto, mas a srta.Kihamo- disse referindo-se a Mikaro – não deve estar sempre dizendo o que a srta. Não sabe!
Mikaro olhou para ele, fazendo uma cara zangada, mas o professor nem sequer se deu o trabalho, de olhar para ela e continuou.
- Deve prestar mais atenção na aula, srta.Kinomoto!
Mikaro ia começar a refilar, quando Sakura lhe agarrou numa mão para que se calasse.
- Grrr... – reclamou Mikaro baixinho, enquanto, Sakura olhava para o professor.
– Senão os testes formativos vão correr-lhe muito mal!
- Lá não vai haver nenhuma Kihamo para lhe ajudar! - Acabou ele, olhando duramente para Sakura.
Sakura olhou para o chão, com a cara vermelha, tudo bem, que não gostasse das aulas de história, mas dai a dormir...
Olhou para Mikaro que estava com uma cara fechada, mandando olhares assassinos ao professor, e quase riu.
O sonho que tinha tido, começou a voltar a sua cabeça. Há tanto tempo que não tinhas sonhos assim...
Uns risinhos dumas colegas da turma dela fizeram-se ouvir, por trás dela, fazendo o professor olhar para trás.
- Posso perguntar do que estão a rir, meninas? – Perguntou.
- Nada, Prof. – Respondeu uma rapariga de cabelos castanhos compridos, calando as suas outras amigas com o olhar - Discul...
TTTTTTRINGGGggggGGGGGGGGGGGGGGGGGGG!
O toque de saída, interrompeu a rapariga, que tinha estado a falar.
- Ainda bem que tocou – Resmungou Mikaro, levantando-se – Não estava aguentando ficar mais nessa aula!
Sakura sorriu.
- Nem eu!
Mikaro olhou, para quatro raparigas que estavam saindo da aula e fez uma careta.
- Adeus professor! – Disse a rapariga de cabelo castanho, comprido, arrastando mais três colegas com ela, que continuavam a rir baixinho.
Sakura suspirou, e começou a arrumar as suas coisas.
- Obrigada por me ajudares! – Disse olhando para Mikaro, que estava já de pé, esperando por ela.
- Não faz mal, Sakura! – Respondeu ela sorrindo – Vamos lá comer, não estas com muito boa cara...
- Sim...
Começam a caminhar em direcção a porta da sala de aula.
- Srta.Kinomoto?
- Sim professor? - Perguntou Sakura parando.
- Quero falar consigo.
- Esta bem professor – respondeu, virando-se para Mikaro que tinha feito outra careta – Mikky, espera por mim um bocadinho, ta?- disse sorrindo, para a amiga.
Mikaro olhou para ela e fez um sinal afirmativo com a cabeça, ficando na aula.
- Srta.Kihamo, espere lá fora! - Disse o professor, mexendo nuns papéis.
Uma gotinha apareceu novamente, atrás da cabeça de Mikaro, enquanto fazia uma cara de poucos amigos ao professor.
- Se puder ser agora, por favor! – Exclamou o professor, agora olhando para Mikaro.
Esta ainda fez uma cara pior, e saiu ao corredor, onde estava Tomoyo, rodeada por um grupo de rapazes.
- Desculpem! Tenho de ir embora meninos – disse Tomoyo, ao ver uma rapariga de cabelos vermelhos e compridos, com olhos castanhos-claros e bastante bonita, sair sozinha duma sala de aula, dirigiu-se para ela – Onde esta a Sakura, Mikky?
- Ela ficou a falar com o professor... – Respondeu Mikaro, olhando para a porta da sala fechada.
- Hummm... Ela fez alguma coisa errada?
- Não... não... só adormeceu – respondeu Mikaro, olhando agora, um grupo de rapazes que passava, e olhavam para ela e para Tomoyo, enquanto esta os ignorava. – Acho que isso não é nenhum pecado... Esse professor, dá aulas tão aborrecidas, que seria de esperar que metade da turma adormecesse pelo meio...
Tomoyo riu. Enquanto a porta da sala se abria e deixava sair uma Sakura triste.
- Então amiga que aconteceu? - Perguntou Tomoyo abraçando-a e olhando-a, a sua melhor amiga tinha mudado muito desde seus 11 aninhos, quando tinha ido embora para França com a sua mãe, tinha deixado uma Sakura ainda pequena e encantadora criança, que gostava de andar de patins, mas quando voltou, levou uma grande surpresa, ao ver uma adolescente bela e atractiva. Sakura levava os cabelos castanhos-claros, muito mais compridos do que antes. De facto o seu cabelo caia, pelas suas costas, brilhantes e macios, emoldurando um rosto de pele pálida, onde dois brilhantes espelhos cor de esmeralda sombreados por compridas e espessas pestanas, reflectiam, tanto a alegria de viver, como uma doçura e gentileza, só comparáveis com a sua humildade e sensatez. Sua boca, era pequena e vermelha, de traço fino e delicado. Sua figura era mais bem, esbelta e duma altura considerável, mas com um aspecto frágil e doce que lembrava as fotos da sua mãe e que obviamente, Sakura tinha herdado, ao igual do seu sorriso e encanto. O passo dos anos, tinham deixado para trás, uma doçura infantil, para faze-la mais encantadoramente feminina. A mesma pequena Sakura...tão doce, humilde e alegre como de costume, mas agora com dezoito anos...dezoito anos... que a tinham abastado de uma longa lista de pretendentes, igualando ou superando a sua própria lista. Tomoyo sorriu contente, e ouviu o que ela tinha para dizer.
- O professor ralhou comigo por não prestar atenção nas aulas – respondeu Sakura olhando para o chão. – E deu-me trabalho extra.
- O QUE?! – Gritou Mikaro, fazendo varias pessoas olharem para ela. – O aborrecimento dos aborrecimentos deu-te trabalhos extras?
- Sim! – Respondeu Sakura, pensando na sombra que tinha visto passar, enquanto falava com o professor.
- Espera que eu já volto! – Disse Mikaro, quase entrando na sala de aula novamente.
- Espera Mikky! – Disseram Sakura e Tomoyo ao mesmo tempo, agarrando-a dum braço, antes que ela fizesse alguma asneira.
- O que foi?! – Reclamou Mikaro indignada – Ele não pode dar trabalhos só a Sakura, haviam muitos que também estavam a dormir, na aula!
- Não faz mal, Mikaro... – Disse Sakura, tentando acalmar a amiga. – Se fores vais levar também trabalhos extras!
- Não me interessa!
- Sim te interessa! Vamos comer, ta?! – Exclamou Sakura, antes que Mikaro entrasse na aula, e com a ajuda de Tomoyo, puxando-a para longe da porta.
- Soltem-me!
- Grrrrr...!
- Vamos! – Disse Tomoyo, dando uma ultima puxadela no braço de Mikaro, fazendo-a desistir.
- Esta bem...mas larguem o meu braço, que esta ficando sem sangue.
Sakura e Tomoyo duvidaram, mas acabaram largando o braço de Mikaro, que começou a esfrega-lo.
- Pronto
Sakura olhou para elas sorrindo.
- Vamos?
- Sim... – responderam Mikaro e Tomoyo.
- BUUHHHH! – Exclamou um rapaz atrás delas, fazendo-as saltar.
- Ahhh! – Gritaram, Sakura e Mikaro ao mesmo tempo, fazendo que vários estudantes olhassem para elas, enquanto um rapaz atrás delas se começava a rir.
- És mesmo parvo! - Disse Mikaro batendo na cabeça do rapaz que as tinha assustado, que parou de rir.
- Aii! – Reclamou Hamuro, um rapaz de olhos pretos e cabelos castanhos-escuros, massajando a parte dorida da cabeça – E tu és mesmo má!
Mikaro olhou para ele, tirando a língua para fora, enquanto Hamuro fazia o mesmo.
Uma gotinha apareceu na cabeça de Sakura e Tomoyo, eles sempre estavam a discutir.
Após um momento de olhares fuzilantes entre ele e Mikaro, a porta da sala abriu-se novamente e saiu o professor Himotayu, um homem jovem de 27 anos e pouco, de cabelo preto, e olhos azuis-escuros.
Tomoyo e Mikaro olharam para ele com cara de poucos amigos, mas este não lhes ligou, e seguiu o seu caminho, atraindo ao seu passo, olhares de varias raparigas.
Hamuro sem perceber-se dos olhares que tinham feito Mikaro e Tomoyo ao professor, disse
- Vamos lá, comer, estou a morrer de fome!
- Sim... – responderam as três começando a caminhar, deixando Hamuro, sozinho.
- Esperem por mim! – Exclamou, ele indo atrás delas.
Ao saírem da escola, dirigiram-se para o seu bar preferido. Elas sempre iam lá, encontrar-se, comer e às vezes lanchar.
- O que tens Sakura? - Perguntou Hamuro olhando para Sakura, e interrompendo um comentário que Mikaro estava a fazer, sobre o seu professor de história.
- Ãããã? – Disse Sakura, saindo do transe de novo, tinha estado a pensar no sono que tinha tido.
- Não, nada! - Respondeu ela – O professor deixou-me trabalhos extras
- Porque? – Perguntou Hamuro, fazendo uma careta de dor, ao sentir a palmada que Mikaro lhe tinha dado no pescoço.
- Esta foi por me interromperes! – Replicou ela – E por não deixares de chatear a Sakura.
- Eu não lhe estou a chatear! – Respondeu ele – Só estou perguntando, porque o Prof. Lhe deu trabalhos extras!
- Não te interessa! – Replicou Mikaro novamente.
Uma gotinha apareceu novamente nas cabeças de Sakura e Tomoyo, enquanto entravam no bar.
- Onde estará o Xeng-si? - Murmurou Mikaro, olhando para todos os lados, quando entraram.
- Não sei, porque perguntas? - Perguntou Tomoyo, olhando para Mikaro, com os olhos brilhantes, parecia que Mikaro estava gostando dele.
- Ahhh...é q...que... – gaguejou ela – É que eu combinei com ele, para se encontrar connosco aqui.
- "ptimo! - Disse Sakura, sorrindo e sentando-se numa mesa, que estava vazia, ao lado de uma janela – Ele deve estar aparecendo, estou cheia de saudades dele.
- Sim, eu também! – Concordou Tomoyo – já não lhe vemos há muito tempo...
- Bom, eu tenho de ir... – Disse Hamuro de repente, fazendo as três olharem para ele.
- Porque?? – Perguntou Sakura.
- Bem...hummm...tenho de fazer umas coisinhas... – Respondeu Hamuro, não muito convincentemente.
- Quais coisinhas? – Perguntou Mikaro, olhando para ele.
- Não te interessa! Adeus meninas – Disse olhando, para Sakura e Tomoyo que já se tinham sentado, numa mesa ao pé da janela.
Mikaro ficou a olhar para ele enquanto saia do bar, confusa – Era impressão sua, ou tinha acabado de ser vítima do desdém de Hamuro?
A porta do bar fechou-se e Mikaro acabou sentando-se.
- Ainda bem que as aulas já vão acabar daqui a duas semanas – disse Tomoyo, suspirando e metendo outra colher de talharim chinês na boca.
- Sim... mas a parte mais difícil, também se esta aproximando – replicou Sakura, lambendo um gelado de manga com pistacho, que tinha nas mãos e fazendo uma careta, 'nunca mais compro estes sabores' decidiu.
-...Os testes – Disse Mikaro acabando a frase de Sakura, enquanto, bebia por uma palhinha um sumo de ananás, a porta do bar abriu-se, e um rapaz de cabelos loiros, e olhos azuis entrou, a sua pele era branca e palida, media 1,85 ou perto, e tinha um corpo bem trabalhado e formado, os seus olhos brilharam ao vê-las.
- Xeng-si!!! – Exclamou Mikaro, olhando contente, para ele.
- Olá Mikky! – Respondeu ele sorrindo e beijando-a na bochecha – Sakura, Tomoyo, a quanto tempo!
- Olá Xeng! - Disseram as duas em coro sorrindo, enquanto olhavam para uma Mikaro encarnada.
- Estávamos com saudades tuas! - Disse Sakura, olhando para ele, enquanto este se sentava, ele estudava numa escola diferente da delas.
- Porque demoraste tanto? Perguntou Mikaro olhando para ele, desconfiada.
- Estava com a namorada...- respondeu ele sem a olhar. Mikaro ficou de queixo aberto.
- O QUEEE? - Gritou, fazendo que varias pessoas, olhassem para ela.
- Estou brincando sua tonta! – Replicou Xeng, rindo abertamente, enquanto nas faces de Sakura e Tomoyo aparecia uma expressão de alívio, as duas tinham quase a certeza, que se Mikaro viesse alguma vez descobrir que Xeng tinha namorada, ia morrer de desgosto.
- Seu ESTUPIDO! - Disse ela batendo nele – Quase me matas do coração!
- Eu sei que gostas de mim! - Disse Xeng rindo, e olhando para Mikaro – Mas não é preciso, bater-me para me tocares, eu só queria carinho...
- Ahhh!!! - Exclamou Mikaro perdendo a paciência – Não fales mais comigo – disse, metendo mais uma colher de Talharim na boca, sem olhar para ele.
- Mikky...vá lá...! - Pediu Xeng, agarrando-lhe a mão que estava apoiada na mesa, ela rapidamente retirou a mão. Ele a olhou e disse levantando-se – Então! Adeus.
Ela continuou sem olhar para Xeng, fingindo-se concentrada no talharim, só quando a porta do bar fez-se ouvir novamente, ela levantou o olhar.
- Ele foi embora? - Perguntou sorrindo, mas por dentro desfazendo-se.
Sakura e Tomoyo olharam para ela admiradas. Sempre pensaram que Mikaro gostava de Xeng, mas então porque agora ela estava a sorrir?
- Foi... - respondeu Tomoyo, olhando-a fundo nos olhos, e vendo a tristeza que eles possuíam.
Continuaram o seu almoço, em silêncio.
Após uns 10 minutos a porta do bar abriu-se novamente, deixando ver o rapaz de cabelos loiros, com uma prenda (bastante grande) na mão.
Tomoyo e Sakura olharam para ele sorrindo, enquanto ele se aproximava, enquanto Mikaro, olhava para o prato tristemente, mexendo com os pauzinhos, os talharins.
Ele piscou o olho, as duas, e foi lentamente para trás de Mikaro, dando-lhe um beijo na bochecha.
- Ahhh!!! – Exclamou Mikaro assustada, olhando para ver quem estava atrás dela, e lhe tinha pregado o beijo e o susto. Quando viu a Xeng, sorriu com os olhos brilhantes – Seu parvo! Disse.
- Ai sim? Perguntou ele.
- Simm!
- Então já não tens prenda – replicou ele deitando a língua para fora.
- Hummm... – Mikaro tinha feito um som de desgosto com a boca.
- Ok ok...- disse Xeng – Toma a tua prendinha! Não mereces, mas eu vou dar-ta...
- OOOo! Obrigada! – Exclamou Mikaro deixando a prenda de lado, e dando um salto para abraçar, Xeng.
Sakura olhou para o relógio.
- Aconteceu algo Sakura? - Perguntou Tomoyo
- Err... tenho de ir para casa! – Respondeu, olhando mais uma vez para o relógio e sussurrou – Kero esta lá a minha espera...
- Ahmm... esta bem – disse Tomoyo, fazendo uma cara - mas não te atrases nas aulas da tarde esta bem?
- Claro! – Disse Sakura dando um beijo na face da amiga e levantando-se.
- Meninos, eu tenho de ir! Anunciou.
- Ir? Para onde?
- Para casa, Mikaro...- respondeu com uma gotinha na cabeça - para onde mais eu havia de ir?
- Não sei...podes ter uma vida oculta! – Disse Mikaro, olhando marotamente para Sakura, enquanto a gotinha na cabeça dela aumentava 'Mikaro sempre tinha uma larga imaginação.'
- Bem tenho mesmo de ir – disse Sakura, sem dar-se o trabalho de responder a Mikaro.
- Adeus Sakura! – disseram, Tomoyo e Xeng-si em coro, enquanto Mikaro, a olhava perdida nos pensamentos da "vida oculta de Sakura".
Sakura acenou-lhes e saiu do bar, esquecendo-se de pagar o gelado
- Menina! – Gritou o empregado, fazendo sinais com os braços a uma Sakura que já corria longe.
Uma gotinha apareceu na fronte, de Tomoyo, Mikaro (que já tinha saído das suas imaginações), e de Xeng, enquanto olhavam ao empregado, que chamava por Sakura desde a porta.
- Eu pago... – Disse Tomoyo suspirando, tirando a carteira da sua mala e aproximando-se dele.
Sakura continuava a correr.
O sonho começou a martelar-lhe na cabeça... aquela visão que teve de Tokyo destruída, ainda lhe dava calafrios, mas ainda bem que tudo fora um sonho, pensou, senão como é que conseguiria sobreviver, todas aquelas pessoas mortas, vidas destruídas, aquilo que ela viu, nunca poderia acontecer, ela nunca poderia viver na solidão, preferia morrer que ver tudo aquilo.
-... Se ao menos tivesse o Shaoran... – pensou, fazendo-a ficar com um peso enorme, e quase não mais conseguindo caminhar.
- Porque será que ele nunca mais me terá falado? – Perguntou-se a ela própria, deixando-se guiar pelos caminhos que já tão bem conhecia, e vagueando pelas ruas.
- Será que ele já não gosta de mim? Esta pergunta caiu-lhe como um trovão na mente, e uma lágrima ameaçou correr pelo seu rosto, ainda o amava, e ninguém tinha conseguido ocupar o lugar dele no seu coração.
- Sakura... – ouviu de novo aquela voz de criança – Tudo vai correr, vais ver!
- Espero que sim... – pensou tentando reconfortar-se com os seus próprios braços.
Parou.
A sombra voltou a passar por ela fazendo-a tremer e olhar para cima, estava a ter alucinações, ou o tinha visto algo passar por ela...não definitivamente, estava a ter alucinações, não estava ninguém na rua...Olhou ao seu redor, não se tinha dado conta onde estava...
- O parque pinguim? - Perguntou-se – há tanto tempo que não vinha por aqui...
Aquele parque lhe trazia tantas lembranças da sua infância, estava decidida a seguir em frente, mas algo lhe chamou a atenção, havia um rapaz sentado num dos baloiços, estava tão se estivesse submergido por uma nuvem de pensamentos.
Ela olhou relutantemente para ele, e decidiu aproximar-se, cuidadosamente, para que ele não notasse a sua presença.
Tricccc
Uma gotinha apareceu na face de Sakura, tinha pisado uma folha seca, a gotinha de suor aumentou quando o rapaz virou-se e olhou para ela directamente.
- Humm... olá! Disse Sakura, vermelha, porque sempre tinha de ser tão descuidada...
- Olá! Respondeu ele
- Estas bem? – Perguntou Sakura, ainda corada, o rapaz era muito bonito.
- Sim... porque?
- Ahhh... é que estavas muito quietinho... - Disse Sakura, fazendo um sorrisinho.
- Estava a pensar - disse o rapaz, também sorrindo – Chamo-me Hakinaze Mutara.
- Eu sou a Sakura Kinomoto, prazer em conhecer-te Hakinaze.
- Igualmente – respondeu ele - Mas prefiro que me chamem de Haki.
- Esta bem... Haki – disse Sakura, piscando-lhe o olho e sentando-se também num baloiço, há tanto tempo que não o fazia, tinha estado evitando sempre o parque, porque este lhe trazia lembranças, que ela não queira relembrar.
Os dois ficaram calados por um momento, e começaram a falar ao mesmo tempo.
- Em...
- É que...
- Fala... – disse Haki, quase sem ar.
- Ahhh, não fala tu primeiro! - Disse Sakura vermelha.
O seu sorriso era tão amoroso como o seu olhar, amável, que aquecia Sakura por dentro, fazendo-lhe lembrar-se de como Li a olhava quando estava com ela, ou quando falava com ela, como ficava vermelho. Mas tudo era passado. Após de se prometerem escrever-se, ele tinha ido embora, sem responder a mais nenhuma carta ou telefonema.
- Bom... eu ia perguntar...hummm...em que estavas a pensar... – Disse Sakura meio indecisa, olhando para o chão.
Haki decidiu ser sincero, com aquela figura inocente que estava ao lado dele, ele sabia muito bem, que não deveria confiar em estranhos, ainda naquela sua situação, mas ela não parecia querer fazer-lhe mal, estava vestida com um uniforme duma escola qualquer, e parecia boa pessoa, alias também, era muito bela, os seus cabelos compridos e os seus olhos verdes o hipnotizavam, ela lhe fazia lembrar a uma pessoa, mas não se lembrava de quem era, alias nem se lembrava de nada, só que tinha acordado uns metros longe do balouço, e tinha ido lá sentar-se, tentando pensar em alguma coisa que fazer. Olhou para ela, novamente. Sakura a cada segundo que passava estava ficando mais vermelha, e tentava procurar um canto onde esconder-se dos olhos do rapaz.
- Bom...na verdade...eu não me lembro de nada...da minha vida - disse Haki, observando o olhar descrente de Sakura, mas sem que isso lhe incomodara ele continuou a falar –...o único que sei é que acordei, a poucos metros destes balouços, minutos antes que tu viesses para aqui e estava perguntando-me porque não me lembrava de nada.
- Ahhhhhhhh...- a expressão de confusão de Sakura, era tão grande, que fez Haki sorrir. – Como não te lembras de nada? Mas tu disseste-me o teu nome!
- Bom, é que do meu nome, eu lembro - disse Haki ainda sorrindo - não me perguntes porque, só me lembro do meu nome...
- Ohhh...claro – começou Sakura, ficando seria de repente, pensando que Haki estava a mentir-lhe - espero que te lembres o mais rapidamente para que me expliques bem isto...
- Se me lembrar, eu te digo... – Respondeu Haki, vendo a cara de Sakura, que tinha ficado seria.
- Tenho de ir embora - disse ela ainda seria, levantando-se do balouço.
- Espera, Sakura! - Disse Haki, olhando para a parte traseira dela. (não pensem mal)
- O que foi? - Perguntou Sakura virando-se, para encara-lo.
- Ah! Nada, só que eu ainda não te disse o que ia dizer - acabou Haki, pouco convincente.
- Sim? - Pregunto Sakura observando-o minuciosamente, como se ele fosse um insecto.
- É qu... que...- continuo Haki indeciso, já não se lembrava do que ia dizer...
Sakura mudou o seu olhar duro, para um mais doce ao ver o gaguejo de Haki, mas ele continuava gaguejando, sem saber o que dizer.
- Bom...Hum, queria perguntar-te quantos anos tens... – falou Haki, dizendo a primeira coisa que lhe tinha vindo à mente.
Sakura olhou para ele credulamente e respondeu.
- Tenho 18 anos e tu?
- Eu, não sei... não me lembro.
- Hummm, pois... – disse Sakura, lembrando-se, do que ele lhe tinha dito – Tens algum lugar onde ficar?
- Na verdade, não... – Respondeu ele, olhando para o chão.
- Bom se quiseres, podes ficar na minha casa - disse Sakura imaginando a cara que faria o seu irmão na visita que ia fazer essa tarde, ao ver o jovem e continuando com uma gotinha na cabeça disse - ao menos até que encontres um lugar onde ficar.
- Não, não quero causar incomodo - disse o rapaz corando um bocado, quando ela lhe convidou para ficar na sua casa. Sakura era tão inocente... Haki corou ainda mais, O que esta me acontecendo?
- Não vai ser nenhum incomodo - replicou Sakura - meu pai ficara contente por ter uma visita, desde que meu irmão saiu de casa, para viver em Tokyo, seu quarto tem estado vazio, acho que vais poder ficar nele.
- Hummm... não sei – Disse Haki indeciso – tens a certeza que não vai ser incómodo?
- Sim... certeza! - Respondeu Sakura ante a indecisão dele.
- Mas tu nem me conheces!
- Bem, este será um bom passo para faze-lo, não?
No caminho para casa, Sakura tinha submergido novamente nos pensamentos sobre o sonho e sobre Li.
- Estas bem? - Perguntou delicadamente Haki
Ah? - Disse Sakura, saindo de repente dos seus pensamentos – sim, claro que sim!
Li nunca mais lhe tinha telefonado, nem escrito uma única carta, ela também não tinha nenhum número da casa da família Li, por isso nunca lhe tinha telefonado, está bem, ela poderia ter procurado o número da casa dele, mas se Li não queria falar com ela, ela também não imporia sua presença, alias, ela já tinha desistido depois de mandar mais de cinquenta cartas, que nunca tinham sido respondidas.
- Não, eu estou bem - repetiu Sakura, olhando por primeira vez ao rapaz, de cima a abaixo, estava vestido com uns jeans sujos, e uma camisola preta encardida, sua face também estava um pouco suja, fazendo-o mais moreno, mas via-se que fazia muito exercício, já que tinha um bom físico, seus olhos eram castanhos, ao igual que o seu cabelo comprido, era muito mais alto do que ela, quase da altura do seu irmão, 1,83; mais ou menos, visto assim. No seu braço esquerdo estava uma ligadura, uma mancha vermelha se fazia notar, no meio de esta.
- Estas ferido! - Disse Sakura, agarrando cuidadosamente o braço de Haki, para não lastimar-lhe.
- Oh! Não é nada! - Disse Haki estremecendo ao toque de Sakura.
- Como que não é nada! - Replicou Sakura - quando cheguemos a casa vou limpar essa ferida que tens ai.
Haki não respondeu, só ficou olhando-a, enquanto ela observava o seu braço. Mas que diabo lhe estava a acontecer? Porque não podia deixar de olhar para ela?
- O que aconteceu? - Perguntou Sakura, vendo que Haki estava a olhar para ela, quase como se a examinasse.
- Ahhh?! Nãoooo!- Respondeu ele corando furiosamente.
- Hummm... bom continuamos? - Disse Sakura, começando a caminhar em direcção a sua casa, novamente.
Haki a seguiu.
Sakura, olhou para trás, e viu-o ainda examinando-a, os dois coraram. Haki começou a caminhar mais depressa para acompanha-la. Até que por fim chegaram a casa de Sakura.
Ele ficou observando à casa por um momento, tal como o parque esta lhe trazia lembranças fugidias.
- Estas a lembrar-te de algo? - Perguntou Sakura, olhando-o suavemente com os seus olhos verdes.
- Ah? Não sei, mas acho que já vi esta casa – disse Haki, tentando lembrar-se de algo, mas a sua mente era um vazio negro.
- Bom, tudo vem com o tempo... – Disse Sakura, reconfortando-o e metendo a chave na porta.
Entrou em casa seguida por Haki, seu pai ainda não tinha chegado duma congregação, para a qual tinha partido já há três dias. Kero seguramente estava a dormir ou a jogar consola no seu quarto. Sua casa não tinha mudado muito desde que era pequena, seguia igual, só o quarto do seu irmão é que tinha ficado quase vazio, desde que ele se tinha ido embora, levando quase todas as suas coisas, deixando somente algumas roupas, e os móveis, para quando fosse dormir a casa, normalmente alguns fins-de-semana.
- Sakurita!!! - Gritou Kero voando escadas abaixo, ao ver o jovem parou aterrorizado, e deixou-se cair como si fosse um simples boneco de pelúcia, mas o mal já estava feito, e ninguém poderia apagar da memória de Haki, o que tinha visto.
Haki olhou a Sakura, duvidosamente. Ela tentou sorrir naturalmente, mas o sorriso saiu amarelo. Kero, Yue e Tomoyo, lhe tinham ajudado muito no tempo em que Shaoran, tinha ido sem dar nenhuma notícia, e por isso Sakura lhes estava muito agradecida, sem eles, ela não saberia que teria sido dela.
Ele é...Mmmm... um robot – Disse Sakura, falando a primeira ideia que lhe tinha vindo à cabeça – Ajuda-me muito, é de ultima geração, e quando ninguém esta em casa, cada vez que sente a minha presença, vem e alegra meu dia.
Haki olhou para ela ainda duvidoso.
- Em que ano estamos? - Perguntou.
- 2005 - Respondeu Sakura, olhando para Kero caído no chão, e indo recolhe-lo.
- Acho que ficou sem pilhas - disse olhando-o, e vendo a cara de raiva que Kero fazia, uma gotinha lhe saiu na cabeça.
- Hummm...OK - Disse Haki acreditando, 'na verdade' se disse pensando, estamos no século XXI, acho que tudo é possível, Quantos anos terei eu então?
Afinal de contas, lhe tinha saído uma boa mentira, pensou Sakura congratulando-se, mas tudo tinha sido graças a perda de memoria dele, e mesmo assim estava sentindo-se mal, por estar a mentir-lhe.
- Bom...hum...vem vou mostrar-te o teu novo quarto - anunciou Sakura começando a subir as escadas e pondo Kero no bolso do uniforme. Haki seguiu-lhe.
Sakura caminhou até o antigo quarto de Touya, e abriu a porta, deixando ver a Haki, um quarto muito bem iluminado, com uma cama, uma mesinha de noite e um armário.
- Vem! - Disse Sakura agarrando-lhe o braço ferido.
- Ahhh! - Exclamou Haki, afinal o seu braço, estava um pouco mal.
- Uyyy! Desculpa! - Lamentou-se Sakura, acariciando-lhe o braço suavemente, fazendo Haki corar novamente – Esqueci-me que estavas ferido... vem vou curar a tua ferida...- agarrou-lhe da mão e conduziu-o até a casa-de-banho.
- Senta-te ali - disse Sakura mostrando o rebordo da banheira, e ajoelhando-se para procurar uma caixinha de primeiros socorros, num armário que estava ao lado do lavabo.
- Deixa ver se a encontro... - murmurou Sakura, mais para si propria que para Haki - Aqui está! - Continuou, agarrando uma caixinha transparente, com coisas dentro.
Limpou bem a ferida e meteu uma nova ligadura.
- Pronto! Já esta... – Disse Sakura dando uma leve palmadinha no braço de Haki, e levantando-se do chão – Estas com fome?
Haki olhou para ela e corou, o seu estômago, estava começando a fazer sons estranhos. Mexeu afirmativamente a cabeça.
- Então vou cozinhar algo, vens? – Perguntou Sakura, arrumando a caixinha no seu lugar, e começando a sair da casa-de-banho.
- Queres ajuda? – Perguntou Haki na cozinha, enquanto Sakura, tirava os esparguetes, e mais alguns ingredientes dum armário.
- Não obrigada, tu és o meu convidado, e não podes cozinhar!
- Não faz mal – respondeu ele.
- Cozinhas muito bem – Disse Sakura, metendo uma colher de esparguetes com molho na boca.
Haki corou.
- Obrigado.
- Espera, um bocadinho, já venho! – Disse Sakura, levantando-se.
Haki, acenou afirmativamente com a cabeça, enquanto Sakura saia da cozinha.
Entrou no quarto, a sua cama ainda estava por fazer e algumas roupas estavam espalhadas pelo chão, tudo isto, porque tinha acordado tarde e tinha saído a pressa na manhã.
Kero saiu voando do seu bolso.
- Sakuraaa! – gritou.
- Kero... – Disse Sakura angustiada, com medo que Haki o ouvisse.
- Quem é esse ranhoso?
- É uma longa historia... – Disse Sakura suspirando, com uma gotinha na cabeça. Porque Kero tinha sempre de ser tão desconfiado.
- E tu vais me explicar!
- Sim, mas agora não posso... Eu vou voltar para a escola e...
- Vais deixar esse ranhoso aqui? – Perguntou Kero incrédulo, quase gritando novamente.
- Shhhh! – Exclamou Sakura, enquanto Kero fazia uma careta – Não me deixaste acabar, vou levar Haki...
- Até lhe chamas por seu nome! – Exclamou Kero zangado.
- para a escola – Acabou Sakura ignorando o comentário de Kero – Quando sairmos podes ir comer, e agora fica quietinho!
- Mas...
- Mas nada, Kero... fica quietinho – E dizendo isto, Sakura saiu do quarto, e voltou para a cozinha.
Já na escola, Sakura entrou na aula a correr.
Mikaro veio ao seu encontro.
- Como sempre, não é? Disse gozando um pouco com ela.
- Atrasei-me... Onde esta o professor? Perguntou Sakura, olhando para o quadro e não vendo ninguém.
- Ele ainda não veio – respondeu Mikaro, sorrindo radiante. E com uma expressão marota continuou – Mas ouvi dizer que te viram com um rapaz...
Sakura corou, e olhou para a sua carteira.
- Sim... é uma história muito comprida... – disse não querendo dar importância ao assunto.
- E onde deixas-te o rapaz mistério? - Perguntou ela, olhando para Sakura.
- Ele..humm... – Disse pensando, mas foi interrompida, pela porta da sala a abrir-se novamente, deixando entrar um homem de quarenta anos, um pouco gordinho e de cabelo ralo, seguido por um rapaz jovem, com o cabelo comprido, atado.
- Ahhh! – Exclamou Mikaro, fazendo vários colegas da turma, olharem de relance para ela.
- Desculpem, jovens, a minha demora...Vamos começar logo a aula? - disse o professor, pondo uma mala encima da sua secretaria.
Vários resmungos se fizeram ouvir, pelos alunos e o professor gozou com eles, sorrindo.
- Então, não estão contentes por me verem?
Ninguém respondeu a pergunta, e ainda se fizeram ouvir alguns comentários baixinhos, enquanto todos se sentavam.
- Bem, quero apresentar-lhe um rapaz, que só vai assistir a esta aula. – Anunciou o professor escrevendo o nome, Hakinaze Mutara no quadro, enquanto Haki olhava para todos com um olhar sério.
Todas as colegas de Sakura, olhavam para ele com estrelinhas nos olhos, enquanto algumas mandavam uns suspiros...
Fim do primeiro capitulo
Continua...
Notas (desesperadas) da autora: Bom, espero que tenham gostado do primeiro capitulo e da primeira vista a nossa personagem de dezoito anos, não saiu exactamente como queria, mas pronto, ficou um pouco aborrecido e muito longo... Vocês devem estar a perguntar-se e os outro personagens?? Paciência...paciência...Tomem tudo com calma e pouco a pouco...
Espero que a minha descrição de Sakura tenha sido toda a específica, como eu gostaria que fosse, bom e como sempre qualquer dúvida, sugerência, critica ou comentários... que relamente ajudam muito! Por favor enviem-nos ao meu mail, ou deixem rewiews!
Ahhh, sim e disculpem erros gramaticais e ortográficos, eu falo espanhol...lol...E o rapazinho, o tal de Hakinaze... só vai sair do mistério no quarto capitulo
Joana: foste a minha salvação...lol...sem teu comentário, não teria escrito mais nada...lol...Bem, os capítulos seguintes, vão aparecer, conforme, a minha hummm...imaginação...esteja boa, o capitulo 3 esta quase acabado, mas não sei quando vou posta-lo, pois estou numa época de testes... espero postar os capítulos de mes a mes .beijos e OBRIGADA! ;) espero que tenhas gostado deste capitulo.
Avances para o próximo capítulo: Um ataque deixa, Sakura e Haki, desacordados, quem é o novo inimigo, Touya anda ultimamente muito cansado, porque será? E quem é o rapaz que diz que se chama Haki? Porque terá ele perdido a memoria?
Capitulo II - A visita de Touya
Descubram tudo para o próximo episódio...
